De mentirinha escrita por nje


Capítulo 1
Capítulo Único: As confusões do amor


Notas iniciais do capítulo

Eu não assisto One Piece. Por esse motivo, as personalidades dos personagens podem não estar perfeitamente de acordo. Ainda assim, pesquisei e dei o meu melhor para fazê-lo.

Para Amanda C.: espero que goste! Escrevi com bastante carinho. Foi desafiador (não conheço OP e nem costumo ler ou escrever yaoi), mas bem legal. Me interessei até em ler/ver One Piece hehe Boa leitura e boas festas!



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Durante o horário do intervalo das aulas, um rapaz estava deitado na grama. Os fios verdes do cabelo mesclavam-se ao tom do mato, era como se fosse proposital estar ali para tentar se camuflar, algo bastante difícil levando em conta a aparência dele: a cor exótica do cabelo, alto demais, cicatriz nos olhos e no peitoral. O jovem chamava-se Zoro Roronoa.

Ele parecia chateado. Tinha nos lábios um bico formado e os olhos fixados em um ponto qualquer. Levou um baita susto quando percebeu que alguém havia se deitado ao lado dele. 

Contudo, ao identificar quem era não se importou muito, pois se tratava de Sanji. Fez amizade com ele logo ao entrar na faculdade, ainda que fizessem cursos diferentes. É que Zoro não tinha um bom senso de direção e acabou parando na sala errada. Sanji o ajudou e três anos haviam se passado desde aquele dia. A amizade entre eles se iniciou ali.

Zoro já havia se acostumado com as aproximações silenciosas do colega de faculdade e vizinho de bairro. Ele era um homem loiro, alto e tinha os olhos azuis. Gostava de implicar com Zoro. Além disso, ainda era bastante competitivo e pervertido. 

— Ei. — o Roronoa cumprimentou-o sem nem mesmo olhar. 

— Você estava igual a um idiota, deitado na grama com cara de choro. Achei melhor fazer alguma coisa sobre isso. — Sanji respondeu. Tentava ser hostil para camuflar a realidade: preocupava-se e secretamente até mesmo amava aquele homem, mas sabia que o rapaz só tinha olhos para Luffy, que por sinal enxergava Zoro apenas como um amigo. O famoso ciclo do amor não correspondido: Sanji amava Zoro, que amava Luffy, que amava outra pessoa e seguia dessa maneira.

— É o Luffy. Eu não sei como me aproximar. Ele não demonstra interesse nenhum. — disse Zoro. A frustração evidente em seu tom de voz. 

Sanji ficou em silêncio por alguns momentos, ponderando se faria ou não a proposta que andou rondando os pensamentos dele nas últimas semanas. Queria ajudar o amigo, e, honestamente, se aproveitar um pouco da situação. Por fim, tomou fôlego e coragem para fazê-lo:

— Olha, acho que eu sei uma forma, Zoro. E se você saísse comigo? Num encontro romântico de mentira, é claro. Talvez provoque ciúmes nele, algo assim. 

Zoro refletiu sobre o que Sanji dizia. Nunca antes pensara nele como um ficante ou algo do tipo. Contudo, seria mesmo interessante verificar se isso causaria alguma reação em Luffy. O rapaz era devagar demais no tocante de relações amorosas, precisava de um incentivo para pensar a respeito.

Após pesar os prós e os contras, Zoro acabou por aceitar.

— Te espero na minha casa às 18h. Luffy é meu vizinho e essa hora tá sempre saindo pra algum lugar. Vai te ver chegando, com certeza. — Sanji informou, levantando-se e em seguida e partindo dali. Zoro apenas observou a figura do amigo desaparecer, enquanto em sua mente se deliciava com a imagem de Luffy surpreso por encontrá-lo entrando na casa de Sanji. 

Zoro encontrava-se parado na frente de um prédio. Vestia camisa preta e uma calça em tom cáqui. Tentou se arrumar como se estivesse indo a um encontro de verdade, queria ser convincente. Levou até mesmo uma caixinha de chocolates. Não costumava presentear ninguém com o mínimo que fosse, mas caso Luffy o visse, seria bom que houvesse algum indício que tratava-se de um momento romântico.

Faltava cinco minutos para as seis horas quando Luffy estava saindo do prédio. Na cabeça, como o de costume, ele usava um chapéu bege. O desengonçado rapaz avistou Zoro e o cumprimentou.

— Eaí, cara. Tava me espiando, é? — perguntou cheio de humor. 

— Bem que você queria, né? Mas eu vim me encontrar com o Sanji. A gente tá saindo agora. — Zoro informou, com a intenção de provocá-lo. Ele analisava a expressão de Luffy, que se manteve divertida.

— Olha só! Não esperava. Vocês são próximos, mas tão sempre brigando. Deve ser engraçado os dois como um casal!

Ao ouvir a resposta de Luffy, Zoro ficou decepcionado. 

— Isso aí é até chocolate na sua mão? — perguntou o rapaz do chapéu, ainda em um tom risonho, porém curioso.

— É. 

— Olha só, que romântico. — Comentou Luffy. — Enfim, o papo tá bom, mas tenho que ir. Falou! 

Zoro apenas observou-o partir. Aquela conversa o havia deixado intrigado, no fim das contas. Será que Luffy se incomodou quando viu que presentearia Sanji com comida? Afinal, comida era o ponto fraco do senhor Monkey D. 

Animado com essa possibilidade, o rapaz alto e sisudo adentrou o prédio.

Não demorou para que Sanji abrisse a porta e ele parecia bastante animado. Pervertido como era, talvez estivesse interpretando mal a situação. “Talvez eu também possa aproveitar um pouco, afinal”, foi o que Zoro concluiu. Suspirou fundo e entrou na casa do amigo. Era grande e bem arrumada. O cheiro de comida gostosa tomava o local.

— O que é isso? — Sanji perguntou, apontando para a sacola que Zoro segurava.

— Ah, chocolate. Trouxe pra você, como agradecimento.

Sanji riu e respondeu em tom zombeteiro:

— Uau, que fofo! 

Zoro revirou os olhos e se acomodou, a refeição ainda não estava pronta e ele se sentia um tanto desconfortável. Era para ser natural estar na presença de um cara que era amigo dele havia já certo tempo. Todavia, mesmo que apenas como um fingimento, dizer que se tratava de um encontro deixou o clima ligeiramente esquisito.

Levando em conta que a proposta foi feita por Sanji, ele se esforçou para quebrar o gelo e iniciou uma conversa sobre assuntos aleatórios. Apesar de normalmente brigarem bastante, quando baixavam a guarda e largavam de mão das poses de durões, conseguiam se entender muito bem. Sendo assim, pouco a pouco, foi se tornando mais íntimo. Passaram a contar histórias da infância, planos para o futuro. Em alguns momentos faziam piadinhas um sobre o outro. A comida estava deliciosa, como era de se esperar. Sanji almejava ser um chef de cozinha e tinha potencial até para ter o seu próprio restaurante. Também estavam tomando junto da refeição bastante saquê. 

De sobremesa comeram os chocolates que Zoro levou. Àquela altura da noite, já nem se recordavam o motivo inicial para se reunirem ali. Ainda mais com o álcool começando a fazer efeito.

— Ei, tem chocolate no seu rosto. — Sanji avisou para Zoro, dando risada. Num gesto bastante ousado, aproximou-se do amigo e limpou a boca dele com o polegar, chegando a afagar-lhe os lábios. 

Zoro deu um pulo para trás, chocado, sem compreender o que estava acontecendo.

— Relaxa, Roronoa. Isso é tudo pelo Luffy, certo? A gente vai precisar ser convincente pra fazer ele acreditar, sabe? — Sanji continuou avançando e Zoro paralisou. Acabou permitindo a aproximação do outro, que colou os lábios aos dele. 

O beijo foi caloroso. Sanji puxava Zoro com força para que cada vez ficasse mais próximo de si. 

Após alguns amassos, o Roronoa acabou ligando para a mãe para avisar que dormiria fora pois iria realizar um trabalho da faculdade. Ele passou a noite com Sanji.

A partir daquela noite, Zoro e Sanji continuaram se encontrando com o pretexto de fazer ciúmes e chamar a atenção de Luffy. Foram ao cinema, ao parque de diversões, restaurantes e bares. Claro, ocasionalmente também passavam as noites juntos no apartamento de Sanji.

Fazia já quase dois meses que viviam aquela aventura. Gradativamente, Zoro percebia os sentimentos dele mudando. Sanji sabia desde o início como se sentia — interessou-se por ele desde o primeiro dia —, porém não havia encontrado até então uma oportunidade: quando o conheceu, não demorou para descobrir o sentimento de Zoro por Luffy. Ainda assim, não era possível negar que os meses compartilhados entre Sanji e o amado Roronoa foram intensos. Ele poderia sentir esperança?

Soube que Luffy e Zoro iriam sair juntos aquela tarde, a pedido de Luffy. Aquilo definitivamente estava enlouquecendo Sanji. Precisava focar nas atividades da faculdade, o fim do ano letivo se aproximava. Voltou todos os esforços para a massa que preparava, tentando ignorar as questões pessoais embora olhasse de minuto em minuto no celular, esperando por notícias sobre Zoro e Luffy.

Por fim, após algumas horas, quando Sanji estava indo embora da faculdade, o celular vibrou. 

— Alô?

— Sanji? Consegue me encontrar agora?

— Oh, sim. Tá tudo bem? Que voz esquisita, Zoro!

— Preciso conversar com você. Me encontre naquele parque na frente da sua casa.

Zoro desligou a chamada e Sanji ficou encarando o celular. Estaria próximo o fim dos momentos de alegria e romance que experienciaram juntos? Apertou o aparelho telefônico e saiu correndo rumo ao parque. Não poderia deixar que Zoro descobrisse como se sentia realmente. Faria de tudo para fingir não se importar com a partida do Roronoa. Afinal, desde o início Sanji soube que tudo se tratava de uma tentativa de chamar a atenção de Luffy.

Em apenas alguns minutos, estavam um de frente para o outro no local combinado. A tensão era óbvia na expressão de ambos. Foi Zoro quem começou a falar.

— Como sabe, eu saí com o Luffy hoje.

Sanji apenas manteve-se quieto, aguardando a continuação da fala do outro. Os olhos castanhos dele analisavam cada pedacinho da expressão de Zoro, que estava bastante difícil de decifrar.

— Ele queria me pedir conselhos amorosos. Sabe por quê? Está gostando de uma garota, e quer ser tão feliz com ela quanto ele vê que estamos felizes desde que começamos a sair. 

Os olhos de Sanji se arregalaram. Almejava fazer alguma brincadeira irônica, ser ácido. Mas não pareceu oportuno. Maior do que a vontade de manter o orgulho intacto, foi a preocupação com o amado:

— E como foi pra você ouvir isso? Está triste?

— Na verdade, me fez notar algo. — Zoro revelou. Não conseguia encarar Sanji. Os olhos fixos no chão, as mãos no bolso da calça. Notavelmente sem jeito. 

— O quê? — Sanji questionou cheio de curiosidade.

— Luffy tinha razão. Não sei quanto a você, mas estou mesmo feliz. Provavelmente esses foram os melhores meses da minha vida.

Ao ouvir aquelas palavras, foi como se um imenso peso saísse de cima dos ombros de Sanji, e principalmente do coração. A reação instantânea foi a de colocar as mãos no rosto de Zoro e colar os lábios ao dele. Um beijo urgente, liberando todo o afeto contido até então. Foi retribuído. 

Somente se separaram quando faltou-lhes o ar. 

— Nunca antes disse isso. Não sou bom com essas coisas, mas... sabe... Eu te amo. — As maçãs do rosto de Zoro tingiram-se levemente de vermelho. A boca de Sanji converteu-se em um largo sorriso.

— Eu te amo também. Fiquei com medo de te perder pro Luffy hoje. 

Os dois entrelaçaram as mãos e adentraram o prédio onde Sanji residia. Iriam celebrar o amor correspondido. 


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam! ;)



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