P.O.V Da Sam

— Então, são apenas amigos mesmo? - Bonnie estava super curiosa e empolgada.

Ela me conduzia pela loja de roupas de banho, acessórios, calçados e produtos com filtro solar, além de repelentes e protetores labiais, as diversas cangas, vestidos e toalhas coloridas chamavam atenção.

— Somos. - Respondi um pouco distraída, procurando um biquíni.

— Rosa, azul, vermelho e amarelo são cores que combinam com o tom da sua pele. - Mostrou alguns vestidos de alcinhas feitos de crochê.

— São muito bonitos. - Sorri.

— Que cores você gosta? - Separou mais alguns das araras.

— Azul. Roxo. Preto. Vermelho. - Citei minhas cores favoritas.

Ela foi pegando algumas cangas, vestidos praianos, biquínis e maiôs. E eu fui escolhendo os do meu agrado, coloquei dois biquínis, um maiô, três tangas, e quatro vestidos na cesta que Bonnie segurava.

— Agora você precisa de acessórios. - Me puxou. - Óculos escuros, colares, talvez umas pulseiras, gosta de bolsas e chapéus? - Me levou para a seção de acessórios. - Olhe esses brincos. - Apontou para as bijuterias no mostruário.

— São lindos. - Peguei um par que possuía uma pedrinha azul-celeste.

Eram ovais, todo detalhado em dourado.

— Melhor não. Já tenho tudo que eu preciso. Oh, só falta o protetor solar. - Lembrei.

Acho que meu dinheiro nem iria cobrir a conta. Eu só tinha 125 dólares.

— Freddie me deu o cartão dele. E eu tenho uma missão, vai por mim. Ele quer que compre tudo que deseja, e você precisa de mais umas coisinhas. - Tirou o cartão prateado da bolsa.

— Bonnie, não... Eu não posso aceitar, ele ficou maluco? - Eu estava pasma.

— Querida, quem convida banca tudo. Você não precisa pagar nada. Nós merecemos um dia de princesas. - Riu e pediu para passar as compras no cartão do Benson. - Não ache que meu marido me banca, eu pago minhas próprias contas. Mas se o Freddie faz questão, aceite. Depois se entenda com ele. Depois escolha mais acessórios. Gosta de gloss? Que tal um protetor labial sabor cacau? - Sorriu piscando os longos cílios.

O que eu poderia fazer? Ela não iria se permitir ser contrariada, Bonnie Sullis acabou me arrastando para mais compras.

Acabamos almoçando juntas num restaurante de frutos do mar ali perto de um aquário para visitantes, rodeadas de sacolas, com muitos rapazes, surfistas, turistas e meninas nos encarando, todas adolescentes.

Ela me lembrava aquelas moças bonitas e cheias de vida, de filmes onde a mocinha é uma patricinha que vive achando que compras melhora o dia de qualquer mulher...

Até me diverti com ela, embora minha preocupação fosse outra.

Eu não parava de pensar naquelas crianças.

[...]

P.O.V Do Freddie

Quando Bonnie e Sam voltaram das compras, Raymond riu batendo no meu ombro. Aquele ali era louco pela mulher, quando Sam apareceu segurando mais sacolas do que poderia dar conta de carregar, imediatamente levantei para ir ajudá-la.

— Se divertiram? - Perguntei a elas.

— Não se preocupe, Benson, cuidei muito bem da sua amiga. - A morena abriu um sorrisinho e me deu uma piscadela.

Estava tão na cara assim? Ah, por isso, o Ray fez piadinhas comigo o dia todo...

Peguei as sacolas da Sam, ela sorriu para mim, suas bochechas rapidamente ganhando cor.

— Cansada? - Indaguei.

— Muito. - Respondeu.

Eu já imaginava... Agradeci a Bonnie, nos despedimos dos meus amigos e subimos para a suíte onde estávamos hospedados.

— Gostei muito da companhia da Bonnie, mas... Ela exagerou. - Fez careta.

— Como assim? - Dei uma de desentendido quando deixamos o elevador.

— Me fez comprar muitas coisas, juro que não queria, eu...

— Está tudo bem, Sam. - A interrompi falando com calma, ela me olhou franzindo o cenho, tive vontade de rir.

— Vamos entrar. Precisamos descansar para hoje à noite. - Falei.

Ela assentiu ainda relutante, deixei as sacolas no chão para poder abrir a porta, passei o cartão no painel.

[...]

Sam dormia esparramada na cama, os cachos espalhados pelos travesseiros. Usava uma blusa folgada, short não muito curto e meias coloridas. Estava ressonando num sono profundo, uma das pernas afastada, uma mão sobre a barriga e um braço estirado sobre a cabeça.

Uma visão e tanto... Ela era uma bela "bagunça".

Só acordei quando ela me chutou para fora da cama, ocupando mais espaço para o corpo pequeno que tinha. Como uma criatura daquelas conseguia ser tão espaçosa?

Ri mentalmente observando-a, Sam Puckett me intrigava, fascinava, me encantava de tal forma que eu sequer conseguia ou poderia explicar.

Fui para a sacada tomar um ar, me encostei sobre o parapeito, olhando para o azul infinito do céu e depois para a paisagem que se estendia à minha frente, até o horizonte.

As palmeiras alinhadas. Calçadão. Quiosques.

A areia branquinha e logo o mar intenso se estendia ao longe. Ondas subiam, cresciam e por fim se quebravam.

Banhistas de todos os gêneros e idades, até mães ou babás empurrando carrinhos no calçadão.

Uma tarde linda que prometia uma noite linda.

— Dormi muito? - Ouvi a voz sonolenta e me virei para a pequena loira, encostada na porta.

— Não muito. - Respondi.

— Que horas começa a festa do seu amigo? - Indagou.

— Às 18h:30min... - Falei.

— É melhor você se aprontar primeiro, talvez eu demore um pouco. - Disse risonha.

— Está bem. - Concordei.

[...]

Já fazia alguns minutinhos que eu estava aguardando a Sam, ela havia se trancado no banheiro com a mala e uma das sacolas. Faltava 10 minutos para às 18h. Quando a porta foi aberta e ela surgiu um pouco acanhada, meu coração disparou.

Sam deu mais alguns passos à frente, desci meu olhar e logo voltei a fitar seu rosto angelical.

— Acho que já podemos ir. - Sorriu corando.

Levantei devagar, engulindo em seco. Dei mais uma analisada nela.

A loira estava de vestido... Um vestido vermelho. Com um pequeno decote em V, tecido soltinho, a saia rodada, e sua cintura fina estava bem marcada com o tecido justo naquela região.

As sandálias pretas de tiras se entrelaçavam nos tornozelos. Pulseiras douradas nos pulsos. Brincos combinando.

O tom dos seus olhos realçados parecia mais vivo do que nunca. Ela havia passado algo nos cílios, estavam longos. Prendeu os cachos para o lado usando um broche com formato de uma rosa vermelha.

Nos encaramos, Sam mantinha o sorriso de menina, segurando uma bolsinha dourada.

Eu já não tinha mais nem palavras para descrever a beleza daquela mulher.

Estava terrívelmente ferrado.

Pensamentos inundaram a minha mente... Deveria até ser pecado desejar ela como eu estava ansiando desesperadamente naquele momento.

— Você está linda. - Foi apenas o que tive coragem de dizer.

— Obrigada. - Sorriu.

E por Deus, até quando eu iria conseguir me controlar?

[...]

P.O.V Da Sam

Freddie e eu descemos, saimos do hotel rumando para a praia. A festa seria ao ar livre, tudo estava enfeitado e iluminado, Raymond alugou um quiosque para os convidados. Várias mesas e cadeiras foram postas, pessoas foram contratadas para servir, convidados estavam chegando.

Uma música de origem latina tocava, batidas envolventes contagiavam e animavam o ambiente.

Bonnie estava deslumbrante num vestido verde-esmeralda, ele era longo e se abria na frente, deixando as belas pernas à mostra. Parecia uma sereia morena com a pele reluzindo. Seus olhos escuros brilhavam muito.

Raymond recepcionava à todos com um carisma e uma simpatia sem iguais, um amor de pessoa. Um homem lindo com um sorriso iluminado.

Freddie depositou o presente na caixa grande e toda enfeitada junto com os que continha ali.

— Feliz aniversário, Raymond. Desejo tudo de bom. - Abracei o amigo do Benson.

— Obrigado, Sam. Que bom que veio, fique à vontade. Bonnie não para de falar de você. - Sorriu para mim.

Olhei para sua mulher, ela estava com outras moças e acenou para mim, toda alegre. Acenei de volta.

— Vamos procurar uma mesa? - Freddie repousou uma mão na minha cintura que quase me fez sobressaltar.

— Oh, claro... Vamos. - Assenti um tanto desconcertada.

A festa estava apenas começando, assim como a noite. Raymond prometeu muita diversão para todos.