Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 56
A distância que faz refletir




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A distância que faz refletir

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07 de Novembro de 2012, 10:06 AM

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Manhattan – Nova York

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Depois de um dia de discussão com Nick Fury e o Conselho Mundial de Segurança, Mary Crystal era mais uma vez “obrigada” a ter de trabalhar por mais tempo com a SHIELD e os Vingadores, por conta da fase onde os experimentos com a partícula Pym haviam chegado.

Eles decidiam dar mais uma licença estendida para a garota, que agora tinha a missão de descobrir juntamente com Wanda e Natasha, o paradeiro da tal pessoa que estava no teto de um dos prédios de Manhattan com o Hulk, nas imagens que mostravam os Vingadores do futuro.

Não parecia uma missão difícil, mas depois de toda a confusão dos últimos dias, Mary estava um tanto cansada em começar a trabalhar com todos eles de novo.

A Segundo-Tenente se encontrava deitada desajeitadamente em um dos sofás do salão principal da torre, mas imediatamente a movimentação de alguns agentes, juntamente com Natasha, Clint e Steve, roubaram sua atenção e ela se levantou rapidamente.

Todos eles passavam por ela, com expressões sérias, uniformizados e equipados.

No mesmo instante, Mary os seguiu, rumo a rampa onde uma das aeronaves da SHIELD pousaria.

Ela observava Steve em seu uniforme escuro da SHIELD, com luvas, escutas, o capacete e o escudo de vibranium nas costas sustentado pelo arreio de couro.

Aquele uniforme era muito melhor do que o primeiro, pois sua composição possuía sensores táteis elevados. Era possível sentir a textura do solo sob seus pés, a pressão do vento em sua pele e a sensação tátil de qualquer coisa que captasse, caso necessário.

Quando a loira se aproximou de todos os agentes, se perguntando para onde iriam, notava que Steve demonstrava estar imerso em seus próprios pensamentos...

Ele estava concentrado e determinado, esbanjando uma aura perigosa...

O loiro se endireitava, apertando uma das fivelas do uniforme...

O Super Soldado era o líder da missão, o comandante... estava acostumado que suas ordens fossem obedecidas...

Bem... agora Mary conseguia ter uma boa noção do porquê o Capitão América trabalhava em missões secretas, de alto risco para a SHIELD, e sobre sua posição elevada como líder dos Vingadores, sendo que no começo, sempre o subestimava.

Só que... Steve percebia que a loira estava atrás dele e então, se virou para ela...

Ele a encarou com seriedade e rigidez. Seu rosto mantinha traços ásperos.

O loiro também ficava muito másculo e viril naquele uniforme... sua pose era intimidante...

Kiara se perdia na imagem do Capitão, e sem perceber, aproveitava a oportunidade para abaixar o olhar, traçando o contorno do peitoral atlético sob a parte de cima do traje, e eventualmente, descendo para a fivela escura do cinto, situado acima de seus quadris, o que fazia com que os olhos da Segundo-Tenente caíssem ainda mais, atentando para as coxas musculosas bem contidas pelo tecido do uniforme.

O olhar da garota se mantinha naquele ponto, se recordando da vez em que os dois estiveram juntos no banheiro do quarto de hotel em Los Angeles, e Mary o viu da forma como veio ao mundo, vislumbrada diante da potência majestosa do loiro...

Antes que pudesse notar, Steve percebia que Mary olhava indiscretamente para o meio de suas pernas... na direção exata do seu...

Sim, ela foi pega...

Quando o olhar dele cruzou com o dela, a Segundo-Tenente esquivou o rosto, envergonhada por ter sido flagrada contemplando as partes baixas do Capitão América...

O loiro se aproximou dela, a encarando com ímpeto...

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Era notório seu mal humor aquela manhã...

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Ele a fitou por cinco exatos segundos, e então...

— Você quer alguma coisa, Mary? – A questionava, num tom de voz impaciente.

Incomodada com a forma hostil ao qual era tratada, a garota perguntava o que tinha em mente.

— Para onde vocês estão indo...? – O indagava de volta, tentando disfarçar seu embaraço.

— Eu não tenho autorização de dizer nada sobre essa missão. – Steve respondia de forma ríspida, grossa e impaciente.

— Ah, claro, é uma das missões secretas do Fury, já entendi...

— Se sabe, não faça perguntas desnecessárias. – O loiro replicava, irritado com a presença dela ali.

Inconformada com aquela resposta, a loira se aproximou dele, com o olhar estreito.

— Acordou de TPM hoje, Cap?

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— Se for para fazer piadas, eu sugiro que se retire daqui imediatamente, Mary Crystal. Isso aqui não é o primário e não tenho obrigação de ficar jogando palavras ao vento, já que você é criança demais pra entender...

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A entonação de sua voz era impertinente e Kiara esboçava uma careta grotesca em resposta.

— Isso tudo é raiva por que a Agente 13 te deu um pé na bunda aquele dia em Coney Island?

O Capitão respirou pesadamente enquanto sorria, impaciente com a resposta infantil dela.

— Diferente de você, a Sharon sabe resolver problemas como uma adulta civilizada.

— Aah, então se ela é uma adulta civilizada, por que vocês pararam de sair?

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— Por sua causa...

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— Eu não tenho nada a ver com isso. – Ela dava de ombros, como se não se importasse.

— É só isso que você tem a dizer, Mary?

— E o que você quer que eu diga? Quer que eu peça desculpas?

— Desculpas não corrigem erros...

— Ok, então você quer que eu me ajoelhe e implore seu perdão? – A garota o questionava, com um sorriso cínico nos lábios.

— Há uma gigante diferença entre se arrepender, e só sentir remorso, mas você não deve estar sentindo nem mesmo uma grama de um suposto remorso falso, não é?

— O que devo fazer então? Me atirar daqui de cima da torre pra que você se sinta melhor e me perdoe...!? – A loirinha rebatia, o fitando com uma expressão birrenta, mas ciente que havia passado dos limites.

Steve então se aproximou ainda mais, parando na frente dela.

Sua presença era de fato intimidante...

— Não peça perdão por erros que vão ser cometidos novamente...

A Segundo-Tenente revirou os olhos em resposta.

— Foi mal se minha sinceridade te machuca, é que eu não sabia que falsidade fechava feridas...

O loiro a encarava, desacreditado daquelas palavras...

— As pedras que você me atira só servem para construir o alicerce da sua ignorância, Mary Crystal! – E então, o Capitão fechou completamente a distância entre ambos, a defrontando através de um olhar colérico... sim, havia um toque de abismo naqueles olhos... uma habilidade de franzir o cenho e feito arma, apontar para o alvo... e naquele momento, Mary Crystal era o alvo dos frios e sombrios olhos azuis de Steve Rogers...

— Não critique minhas respostas, pois você não sabe os meus motivos, Cap.

— A verdade é que qualquer tipo de justificativa se torna descartável perto de atitudes e palavras estúpidas. – E então, o Super Soldado virava de costas, prestes a deixa-la, mas...

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Kiara agarrava a mão dele, evitando que Steve se afastasse.

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O loiro voltava o rosto para a garota, não entendendo por que ela estava o impedindo de ir.

— Eu sei que passei dos limites dessa vez... aliás, todas as vezes, mas estou sentindo o peso de tudo isso agora, então, eu realmente sinto muito... me desculpe... – Mary Crystal se desculpava, e dessa vez, parecia sincero, porque o medo de perde-lo a prendia... a prendia numa neurose inexplicável e a esgotava mentalmente...

Era um medo tão confuso, que a enchia de dúvidas, lhe deixava exposta e cada vez mais insegura.

Mas Steve não conseguia acreditar totalmente nas palavras dela.

— Não te darei mais oportunidades. Você não nasceu para elas. – E então, o Super Soldado fazia menção de sair novamente, mas Mary apertou sua mão com mais força, não desfazendo o entrelace de seus dedos.

— Eu estou sendo sincera... – A garota fitava o chão, se mantendo cabisbaixa, com uma feição apreensiva.

O Capitão vislumbrava aquela expressão, se praguejando por seu coração ser afetado...

Kiara o magoou até o último fio de cabelo, e ele continuava desejando as melhores coisas do mundo para ela...

E então, Steve resolvia aproveitar aquela brecha para perguntar o que mais andava tirando seu sono nos últimos dois dias.

Ele seria direto...

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— Por que você prometeu para a Peggy que tomaria conta de mim?

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A loira alargou o olhar, o fitando com espanto e assombro... como Steve sabia sobre aquela promessa?

— Quem te disse isso?

— A Sharon.

— E por quê!?

— É você quem tem que me responder, Mary Crystal. Por que prometeu a Peggy que tomaria conta de mim? Você não se cansa de agir como uma criança!? A Peggy é uma senhora de idade! Por que mentiu pra ela!? – O Capitão aumentava o tom de sua voz, deixando a Segundo-Tenente assustada. Ela não sabia o que responder.

Notando o silêncio que Kiara lhe dava, Steve desprendia sua mão da dela.

— Reciprocidade é mostrar que gosta, que sente, que se importa. Joguinho sentimental não é reciprocidade, é perda de tempo. – Ele redarguia, com extrema frieza.

A loira elevou o olhar, o fitando, consternada.

— Por que está falando desse jeito comigo, Cap!? Você sempre encarou tudo o que eu fazia com um sorriso no rosto no dia seguinte!

— O meu estoque de sorrisos acabou porque você não compensou...

— Mas-

— Você está sempre fazendo escolhas erradas que me distanciam de você, Mary. Eu estou cansado disso...

A Segundo-Tenente não conseguia dizer o que sentia... ficava insegura e seus passos se tornavam tortos, então, andava vagarosamente, porque que o chão parecia de vidro e ela não desejava que tudo quebrasse e caísse...

— Eu sinto muito, Steve... – Isso era tudo o que Mary Crystal conseguia manifestar. Um pedido de desculpas que o loiro tinha dúvidas se era sincero.

Ele suspirou, sentindo seu coração cedendo mais uma vez, embora ainda estivesse extremamente magoado com ela.

O Capitão só queria que Kiara lutasse por ele, que fizesse algum esforço para enxergar além de seu traje tático e seu escudo de vibranium, que se esforçasse por eles... que entendesse de uma vez que ele era loucamente apaixonado por ela e que precisava de sua companhia todos os dias.

A aeronave da SHIELD finalmente chegava e os agentes se posicionavam na plataforma para embarcarem.

O barulho do motor alto e a pressão do vento bagunçava os cabelos da garota, que ainda fitava o chão.

Steve sabia que tinha que ir, mas antes, resolvia dizer o que seu machucado coração lhe pedia...

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— Sabe o que você tem, Mary Crystal? Sorte... por eu não conseguir desistir de você...

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E então, o Super Soldado se afastava, rumo a aeronave.

Kiara olhava para o Capitão América subindo a rampa ao lado de Natasha, Clint e os demais agentes.

Ele ia embora, mas a loira suspirava com força, aliviada por aquelas palavras...

Com um sorriso confino nos lábios, Mary finalmente admitia, que era incapaz de imaginar seus dias sem ele de novo...

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Duas semanas se passaram, e Steve ainda estava em missão com Natasha, Clint e os agentes que participavam da tal missão secreta que nem Tony, Bruce e Thor tinham conhecimento.

A Segundo-Tenente ia para a Torre todos os dias, sempre ajudando os cientistas com o que podia, já que ela era Bacharel em Ciência da Computação. Suas habilidades eram sempre muito bem-vindas.

Mas sua apreensão pela ausência de Steve era evidente. Ela tentava não demonstrar que estava preocupada, porque imaginava que algo muito ruim podia ter acontecido com ele.

Tantas coisas passavam por sua mente... dentre elas...

“Você nunca saberá o valor de um sorriso, até que não o veja mais...” e sensações estranhas, como se nunca tivesse desejado um abraço até precisar do abraço do Super Soldado...

A garota refletiu todos aqueles dias, disposta a encontrar um ponto de partida para que tudo o que desejava, começasse a acontecer.

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Ser sincera com Steve era uma delas, embora não soubesse por onde começar...

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Ela projetava seus futuros encontros e reencontros, imaginando aqueles belos olhos azuis a reiniciando... a resetando de todas as incertezas que possuía...

Mary tinha tantas coisas que queria dizer ao Capitão... tantas coisas que queria provar a ele... dentre elas, que encontrou em seu peito, um céu estrelado... porque tudo que havia dentro dela, era escuro antes dele...

Poderia ter sido simples, como na sua imaginação aquele momento? O que mais queria, era que Steve estivesse ali... e sentada no colo dele, o encarando bem de perto... sentindo seu cheiro... bagunçando seu cabelo loiro com as mãos... murmurando no ouvido dele que ela nunca mais agiria como uma menininha indecisa e medrosa, porque desejava estar perto e mais perto e cada vez mais perto... pra nunca mais se separarem...

Tinha vontade de confessar muitas coisas...

E cada vez mais perdida em seus pensamentos envolvendo Steve, não conseguia deixar de imaginar mil vezes como poderia ser quando se reencontrassem... quando ele retornasse de sua missão demorada...

Queria tanto encostar no peito dele, se cobrir com seu abraço e deixar que seus olhos conversassem entre si, para que seus corações pudessem se entender... ambos podiam tocar a alma um do outro assim... como fizeram tantas e tantas vezes antes...

Kiara mantinha-se quieta, contemplando Nova York naquele fim de tarde pela parede de vidro do salão principal da torre.

Tony, que passava por ali, olhava para a ela e resolvia dizer algumas coisas...

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— Falta algo né? Ou melhor, alguém...

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— Sem piadas, Stark. – Ela rebatia, ríspida.

— Sabe de uma coisa, cachinhos dourados, você está muito mais mal-humorada desde que o Cap foi embora. – O bilionário comentava, apenas para ver sua reação.

— Não estou. Sempre fui assim.

— Não é verdade. Você está deprimida porque sente falta dele.

— Acho que você está delirando. Peça para a Pepper marcar um terapeuta.

— Não precisa. Ela já é a minha terapeuta. – E então, o Homem de Ferro se aproximou, ficando ao lado dela, observando a cidade pela parede de vidro.

— Sei... aposto que ela deve surtar todos os dias por te ouvir... – Mary brincava, voltando seu olhar para o bilionário.

— Você sabe que tudo vai ficar bem, certo...? – Tony desconversava, tentando acalmá-la sobre a ausência de Steve.

— Como pode ter tanta certeza...? – A garota contestava, olhando agora para frente, concentrada na movimentação do lado de fora.

— Porque o Capicolé estará de volta antes que você perceba! Seguro, inteiro e de bom-humor, como sempre...

Kiara suspirava, querendo acreditar naquelas palavras... mas por que ele estava demorando tanto? Por que não podia ao menos entrar em contato e dizer que estava tudo bem?

— Seguro e inteiro eu acredito que sim, mas de bom-humor, acho que não... – Ela respondia o que esperava quando visse o loiro em sua frente novamente, mesmo imaginando que os dois teriam um belo reencontro, talvez Steve ainda estivesse magoado com ela.

— Sim, então vocês dois podem continuar fingindo que não estão namorando e se convencerem de que isso também não é uma amizade colorida...

— Muito engraçado... – A loira esboçava um leve sorriso, achando estranho a forma como Tony sempre os apoiou desde o início.

E por mais que forçasse não se sentir desanimada, ela sentia muita falta de Steve... mais do que tudo... mais do que as saudades que sentia de seus pais e seu irmão... mais do que sua carreira na Força Aérea... mais do que qualquer sonho que projetou desde a infância...

Sentia falta de tudo nele... de seu humor discreto, de sua gentileza e cavalheirismo, de seu abraço caloroso, do modo como a olhava e compartilhava seus pensamentos e sentimentos de forma tão genuína e cristalina... sentia falta de seu sorriso, de suas confissões amorosas ousadas, de seus embates ácidos e repletos de jogos de sedução, regados a muita atração física e tensão sexual... era tudo isso e mais um pouco...

E então, percebendo a melancolia da garota, Tony tentava lhe dar mais palavras de conforto.

— Fique calma e apenas respire fundo. Vocês dois vão acabar juntos, bem ou mal, Supergirl.

Vendo o quão gentil e animador o Homem de Ferro estava sendo, Mary se virava e sorria, agradecida.

— Obrigada, Tony. Quando você me diz essas coisas, tenho a sensação de que o Steve está por perto...

— Bem, se está mesmo agradecida, poderia convidar a mim e a Pepper como padrinhos do casamento de vocês? E por favor, queremos ser os primeiros, ok? – E então, o gênio das Indústrias Stark piscava para ela, se afastando lentamente, voltando para sua mesa no salão, segurando uma prancheta e lendo o que estava escrito ali.

Kiara respirava fundo, recuperando o fôlego e o ânimo...

Ela fechava os olhos, pedindo a Deus que Steve estivesse logo ali... seria muito pedir que ele voltasse naquele exato instante?

Quando a loira abriu os olhos, sentiu um tremor por todo o salão e o barulho de uma aeronave se aproximando.

Ao olhar do lado da plataforma de pouso, a garota avistava o mesmo jato onde Steve, Natasha, Clint e os demais agentes embarcaram duas semanas atrás.

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Eles acabavam de retornar...

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O coração da loira começava a disparar no mesmo instante, agradecendo a Deus por realizar seu pedido.

Tudo o que ela queria, era saber se Steve estava bem...

Mary correu até a plataforma, e Tony ia logo atrás, rindo daquela reação preocupada e apaixonada.

No mesmo instante, acionava sua inteligência artificial para mais um de seus caprichos idiotas que pudesse ajudar o casal STARY.

— JARVIS, coloque uma música romântica de fundo para o lindo reencontro dos dois pombinhos.

— Qual gênero, senhor?

— Rock, qual mais seria?

— Alguma sugestão?

— Que tal Don’t Cry do Guns N’ Roses?

— É pra já!

E então, JARVIS deixava a música fluindo bem alto pelas caixas de som das laterais do salão.

Quando a aeronave terminou de pousar, Steve saía pela rampa da plataforma, com Natasha e Clint atrás dele.

Mary o esperava, de pé...

Os cabelos loiros da garota esvoaçavam por conta do impacto dos motores.

O Capitão não esperava ver Mary Crystal ali, aguardando sua chegada, com uma expressão impaciente, meio preocupada, mas ao mesmo tempo ansiosa e feliz no rosto.

Ela... com aqueles 1,61 de altura, quando cruzou as portas de vidro da saída no topo da torre, o dobrava ao meio feito origami e o tinha por completo na palma da mão... sim, Steve ficava vulnerável diante dela... como sempre...

Porque tudo com Mary Crystal tinha uma proporção de intensidade... o tempo parava e corria ao mesmo tempo e cada instante era suficiente para ser incrível e inesquecível...

E olhando para ela naquele momento, pensava que no dia em que partiu, devia tê-la abraçado com força, e não dito nada do que disse, nem deixado a raiva ganhado espaço entre os dois...

Se pudesse voltar no tempo, diria: “Esqueça tudo o que eu disse e guarde somente uma coisa: espere por mim...”.

A Segundo-Tenente sempre seria o seu ponto fraco...

Natasha e Clint observavam a cena dos dois se encarando, e instantaneamente os agentes se olharam, entendendo perfeitamente o que acontecia ali.

Eles passaram na frente de Steve, cumprimentando a garota rapidamente, caminhando diretamente para o salão principal.

Mary dava um tímido aceno de cabeça para os dois agentes, e logo depois seus olhos voltavam a se fixar em Steve...

Ele ainda estava de uniforme, só que sem o capacete...

Seu traje estava um pouco sujo e rasgado...

Na face, uma expressão de cansaço... uma pequena contusão na testa e um corte no canto do lábio inferior.

O Super Soldado parecia exausto...

Ela recuperava o fôlego, notando que o sol estava se pondo, e o céu se encontrava alaranjado...

Steve vislumbrava os raios solares colorirem ainda mais os cabelos da garota, aumentando seu brilho... tocando seus olhos esverdeados, deixando-os mais claros, num espectro de tons de verde incríveis...

O loiro encontrava com as estrelas, todas as vezes que contemplava os olhos cor de órbita da Segundo-Tenente...

O céu tornava-se radiante, ante a beleza dela...

Incitado com tamanha exuberância, o Capitão atentava para a brisa afagando as madeixas loiras... que completavam a resplandescência de seu olhar e que reluzia a paz que tanto precisava no momento...

O cheiro doce de sua pele, o deixava desatinado e despertava seus instintos mais sensíveis...

Mary parava na frente dele mirando o rosto do Super Soldado com atenção, e então tudo o que a garota conseguia dizer, era um simples e tímido...

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— Oi...

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Surpreendido por encontra-la ali no exato momento em que chegara a torre, o Super Soldado resolvia responder de volta...

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— Oi...

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E por mais que odiasse se sentir sem fôlego diante do Capitão, era um pouco difícil disfarçar seu nervosismo naquele momento.

O olhar focado no dele por mais de seis segundos, a aproximação lenta, a tensão nos lábios quase trêmulos, as mãos frias e suadas, o corpo ardendo, o arrepio na alma e o coração acelerado eram suficientes para se manter fora dos eixos na frente de Steve...

Mesmo extremamente nervosa diante da presença imponente do Capitão, Mary não disfarçava que estava preocupada, olhando para o loiro de cima em baixo, apenas para verificar se havia algum ferimento grave e visível.

Natasha e Clint paravam na frente de Tony, segurando o riso por causa da música que ele colocava de propósito de fundo. Só o casalzinho a frente que parecia não perceber nada.

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Talk to me softly, (Fale comigo suavemente)

There's something in your eyes, (Há algo nos seus olhos)

Don't hang your head in sorrow, (Não abaixe sua cabeça na tristeza)

And, please, don't cry… (E por favor, não chore)

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I know how you feel inside, (Sei como você se sente por dentro)

I've been there before, (Já passei por isso antes)

Something is changing inside you, (Algo está mudando dentro de você)

And don't you know… (E você não sabe)

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— Eles nem estão prestando atenção na música, Tony. – A Viúva Negra alegava, num tom divertido.

— Mas nós estamos. Não é lindo ver os dois tão juntinhos depois de ficarem um tempo afastados? – O Homem de Ferro sorria, olhando fascinado para Steve e Mary.

— Acho que estou começando a shipar esses dois, depois de vocês insistirem tanto. – Clint confessava, achando que ambos de fato, ficavam lindos juntos.

— Até que enfim... – Tony fazia uma careta.

— Olha, se eles não se acertarem hoje, eu juro por Deus que vou cometer o maior pecado da minha vida. – Natasha revelava, deixando o Homem de Ferro e o Gavião Arqueiro assustados.

— Você tem um plano? – O bilionário indagava, curioso.

— Eu tenho uma carta na manga... – A ruiva sorria maliciosamente.

— É isso que eu gosto em você, Romanoff. Com você é tudo ou nada! – Tony redarguia, voltando seu olhar para os dois logo à frente.

Diante do “Oi” discreto do Super Soldado, Mary mordeu o lábio inferior, sem saber o que dizer.

A Segundo-Tenente reprimia a imensa vontade de estender a mão e tocá-lo, apenas para se certificar se estava tudo bem mesmo, se ele não estava gravemente machucado...

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Ela tinha vontade de abraça-lo com força, e xingá-lo por ter demorado tanto...

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Mas por ora, tinha de se segurar... e céus, porque estava tão nervosa...? Seu coração batia descompassado, como uma bomba relógio que só Steve conseguiria desarmar...

A expressão contida e serena da loira não expressava o que ela carregava em seu interior... em seus pensamentos desatinados por tê-lo em sua frente...

Seus olhos, por dentro, o olhavam profundamente, perdendo-se na íris azulada... ansiando vasculhar seu peito a dentro, só para se certificar que ela ainda ocupava todo o coração do Super Soldado... e se sim, a vontade era de agarrá-lo pelo colarinho e beijá-lo até doer... até o sol nascer... porque as saudades eram intensas demais...

Mas tinha de disfarçar...

— É bom ter você de volta, Cap... – A Segundo-Tenente dizia, brilhantemente, com um sorriso esplendoroso no rosto, ao qual Steve amava contemplar.

— É bom estar em casa... – Ele retorquia, sorrindo de forma simples e gentil, porém, com resquícios de tristeza e melancolia nas lindas e radiantes safiras azuis de seus olhos, adornadas pelo brilho celestial do sol.

Ambos continuaram se encarando em silêncio, até que...

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— Vocês vão se beijar ou não!? – A voz de Tony sobressaía ao da música de fundo, deixando-os desconfortáveis.

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Mas o bilionário era ignorado novamente, porque Steve e Mary estavam mais interessados em trocarem olhares, como se ambos estivessem se analisando detalhadamente, após duas semanas sem se verem.

O loiro notava algo de diferente nela...

Não havia piadas, nem joguinhos, nem sorrisos sádicos... Kiara parecia mais humana e receptiva...

O olhar dela, lembrava o de uma pessoa que ele amava muito...

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Sarah Rogers...

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Porque depois de tanto tempo, era em Mary Crystal que ele tinha a sensação de estar em casa? Por que sempre se recordava de sua mãe quando a garota desferia aquele olhar tão calmo e afetuoso em sua direção?

Havia uma poesia tão verde nos olhos dela, que Steve não conseguia não a desejar para si...

Depois daquela missão que mais parecia um pesadelo, tê-la ali, era como um presente divino...

Kiara não estava fazendo perguntas, nem brincando, nem insinuando coisas... e Steve gostava da forma tênue como aquele olhar de esmeralda lhe arrancava um sorriso de leve...

A expressão dela o acalmava... transformava tsunamis em pequenas correntes...

Durante todo aquele tempo, os dois andaram desastrados em caminhos tortos. Às vezes, ambos pegavam atalhos para evitarem curvas, tropeçavam, se desentendiam, brigavam, debatiam, se agrediam, mas depois de caírem, os dois se ajudavam a levantar e continuar a percorrer caminhos que ainda não tinham sido trilhados...

Eles trocavam olhares silenciosos... sabendo que era algo íntimo... porque haviam deixado marcas em suas almas, de todos os modos possíveis... inerentes e de uma forma tão profunda, que não se expressavam por meras palavras...

O loiro percebia que o mundo estava girando, quando finalmente ouvia a música ao fundo tocando...

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Don't you cry tonight, (Não chore esta noite)

I still love you, baby, (Eu ainda amo você, querida)

Don't you cry tonight, (Não chore esta noite)

Don't you cry tonight, (Não chore esta noite)

There's a heaven above you, baby, (Há um paraíso acima de você, querida)

And don't you cry tonight… (E não chore esta noite)

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E então, Steve esquivava o olhar para Tony, decidindo ir de encontro a ele.

Mary observava o loiro se afastando, notando que tinha algo de errado...

O Capitão não estava movendo seu corpo naturalmente. Com certeza havia se machucado naquela missão, mas o que dizer de seu humor? Ela conseguiu enxergar certa tristeza nos olhos azuis.

O que tinha acontecido afinal?

— Como foram as coisas nessas duas semanas que me ausentei? – O Super Soldado inquiria do Homem de Ferro, que arqueava uma sobrancelha.

— Tá tudo sob controle, chefe, mas por que não nos falamos depois? Você parece cansado. Seu quarto aqui na torre está todo equipado com suprimentos, então você não precisa voltar pro seu apartamento no Brooklyn pra ter que encarar aquele mala do Barnes te enchendo. – Tony sugeria, deixando-o de certa forma aliviado.

— Certo. Eu vou passar a noite aqui então. Não estou em condições de absolutamente nada no momento...

— Vá descansar, Cap. Eu resolvo os assuntos da equipe com esses dois aqui. – O bilionário apontava para Natasha e Clint.

O loiro assentia silenciosamente.

Ele virou o rosto na direção de Mary Crystal, que ainda estava do lado de fora na plataforma, o fitando com muita preocupação.

Steve manteve seu olhar no dela por poucos segundos, até decidir sair dali, sem proferir uma palavra sequer.

Ele descia as escadas, rumo ao corredor que lhe dava acesso ao elevador.

Kiara observava o Capitão de costas, se locomovendo com dificuldades.

Ela desejava perguntar por que Steve estava tão mal e se precisava de ajuda com os ferimentos que tentava esconder de todos, mas decidia não invadir a privacidade dele.

E então, quando a Segundo-Tenente voltou para o salão principal, resolvia contestar os dois agentes.

— O que aconteceu com ele? – Ela era direta, e os dois espiões se entreolharam, pensando se deviam ou não dizer a ela.

— Seu menino está bem, Supergirl. Ele só está... cansado depois de 78 horas acordado por causa dessa missão maluca. – Tony respondia o que tinha ouvido de Nat e Clint.

— Mas-

— Ele acabou se machucando demais, Mary. – Natasha explicava, tentando ser o mais breve possível.

— Por que e como...? – A loira voltava a questionar.

— Não estávamos presentes na hora em que o Capitão sofreu esse dano, então não sabemos da gravidade de seus ferimentos. – Clint retorquia.

— Ele está tão machucado assim?

— Não temos ideia. Ele se recusou a nos dizer. – A ruiva completava.

— Por quê...? Não era melhor pedir ajuda a vocês? – Mary continuava os contestando, mostrando o quão preocupada estava.

— Quando entramos na aeronave para irmos embora, percebi que ele estava mancando e segurando um gemido de dor, mas logo depois, o Capitão ficou quieto, como se estivesse meditando. Foi assim durante todo o voo. – Clint esclarecia, deixando-a ainda mais apreensiva.

O coração da loira gaguejou por um momento...

Céus... o que tinha acontecido?

— Ouça, Barbiezinha, você tem acesso irrestrito ao quarto do Cap. Vá até lá e o ajude com seus ferimentos. Acho que ele vai se sentir melhor. – Tony sugeria, com apoio dos dois espiões.

— É uma boa ideia. Talvez ele precise se abrir com alguém, e você é a pessoa mais próxima dele, depois do Barnes... – A Viúva Negra recomendava, a deixando embaraçada por um instante.

— Mas... e se ele me mandar embora...?

— Insista. Ele não vai dizer não pra você tantas vezes. – Clint concluía, fazendo com que a Segundo-Tenente aceitasse a sugestão deles.

— Certo... estou indo então. – No mesmo instante, Mary Crystal começou a correr na direção do corredor, prendendo seu cabelo num coque bagunçado, com alguns fios rebeldes caindo por seu rosto.

Os três observavam a cena, achando muito bonitinho a forma como Kiara estava se comportando naquele momento.

Steve precisava de apoio, de conforto, de carinho, e nada melhor do que receber isso de sua amada e mimada Mary Crystal.

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A loira parava na porta do quarto do Super Soldado, sentindo seu coração pesado e a respiração engatada, temendo que ele a expulsasse dali...

Mas resolvia seguir adiante...

Ela bateu na porta dele e esperou por dez segundos.

Quando Steve abriu, seus olhos alargaram.

— O que está fazendo aqui, Mary...? – O Super Soldado franzia o cenho, assustado com a presença da garota ali.

— Você está precisando de alguma coisa?

O Capitão estreitou o olhar.

— Por quê...?

— Porque eu sei que você está machucado e queria te ajudar... claro, se você quiser a minha ajuda...

Steve respirou fundo, tentando se acalmar.

— Eu não sou uma boa companhia agora, Mary... me desculpe...

— Eu sei. Não vim aqui para fazer piadas, ou seja lá o que você está pensando que eu faça...

— E por que eu deveria te deixar entrar...? O que você acha que pode fazer pra me ajudar? – O loiro desconfiava da gentileza da Segundo-Tenente.

— Por quê...? Bem... você sabe que eu trabalhei na ala de enfermaria de uma longa missão da Força Aérea há muitos anos, não é? Aprendi a tratar ferimentos complexos e prometo que farei o que você pedir... Natasha e Clint disseram que você se machucou feio nessa última missão...

O loiro olhou para cima, irritado pelo fato de os dois espiões terem dito que ele havia se machucado.

— Agradeço a sua ajuda, mas eu estou bem, Mary. Posso me cuidar sozinho.

— Eu posso te ajudar com seus ferimentos, fazer algo pra comer que ajude em sua recuperação e posso te ouvir se você quiser desabafar... então... aconteceu alguma coisa muito grave para te deixar assim?

Steve a encarava irritado.

.

— Não...

.

— Por que não quer me dizer?

— Porque não é da sua conta, Mary... - Steve a defrontava furiosamente, e Kiara dava um passo para trás quando o olhar azul tão penetrante travava no dela.

— Mas-

— Por favor, Mary... eu preciso ficar sozinho... – O loiro suspirava, impaciente.

A Segundo-Tenente olhou para baixo por um momento, tristemente...

— Ok... me desculpe te importunar... – Ela virava de costas, prestes a sair dali.

O Capitão assistia a garota indo embora, com uma expressão triste e decepcionada no rosto.

Embora não soubesse o motivo da loira estar tão preocupada, oferecendo ajuda e querendo ser prestativa, sempre havia motivos para desconfiar, afinal, eles sempre brigavam, mas...

Steve se recordava de quando ela o ajudou com seus problemas de insônia. O comportamento era o mesmo, então, logo ela estava sendo sincera...?

Ele respirou fundo, vendo-a se afastando cada vez mais, porém, sua voz interrompia os passos lentos da Segundo-Tenente...

.

— Mary, espere...

.

Kiara se virava, no meio do caminho, com o olhar semicerrado.

— Me desculpe te tratar assim... você não tem culpa de nada...

— Me desculpe por insistir... – A garota encarava o chão, abalada por vê-lo naquela situação.

— Se você prometer não me fazer perguntas, eu aceito a sua ajuda... – O loiro enfim cedia, mas esperando não ser questionado.

— Claro... eu prometo que não vou perguntar nada...

.

.

E então, Steve abria a porta de seu quarto para que ela pudesse entrar...

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