Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 50
Uma trágica e miserável despedida




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Uma trágica e miserável despedida

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04 de Setembro de 2012, 09:20 AM

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Manhattan – Nova York

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A SHIELD realizava mais uma reunião com os Vingadores, mas dessa vez, com mais participantes importantes: a cobaia, Scott Lang, que havia aceitado a missão de vestir o traje de Homem Formiga e encolher, após o Hank Pym ter pagado sua fiança.

Ainda que o cientista estivesse relutante, não havia outra forma. Eles estavam quase na metade das metas que haviam traçado, pois o próximo passo após Scott dominar as habilidades com o traje, seria encolher no nível quântico.

Bruce Banner, Tony Stark e Erik Selvig continuavam trabalhando no que seria a máquina do tempo, em conjunto com Hank Pym.

Tony estudava um pouco mais sobre nanotecnologia, mas não era algo fácil de se desenvolver em poucos meses, pois a tecnologia da época não lhe permitia avançar.

O Homem de Ferro se sentia como seu pai, algumas vezes... tantos mistérios a desvendar e a tecnologia daquela época estava lhe impedindo de prosseguir.

Na reunião, Mary dizia que suas atuais visões incluíam duas pessoas que precisavam procurar, e que basicamente eram um homem e uma mulher careca que ela não tinha ideia de quem era.

Com o término da reunião, a Segundo-Tenente era a primeira a sair do grande salão da torre, no intuito de conseguir mais pistas sobre as duas pessoas de suas visões.

A Segundo-Tenente não parecia bem aquele dia... ela trajava roupas escuras, o cabelo preso num rabo de cavalo mal feito, e carregava uma mochila repleto de coisas que ninguém tinha ideia do que havia dentro.

Ela percorria o imenso corredor, rumo ao elevador, mas...

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Alguém segurou seu braço com força, impedindo-a de sair dali.

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Quando a loira olhou para trás, viu que o Capitão América era a pessoa que a segurava.

— O que você quer...? – Ela o questionava, num tom de voz indiferente, em meio a uma feição gélida.

— Vai continuar me evitando até quando? Precisamos conversar.

— Eu não tenho nada pra conversar com você...

— Escute aqui, Mary, antes de tudo isso acontecer, nós estávamos alinhados em meio a essa missão, e agora, você tem agido sozinha, não me reportando mais nada. Preciso que colabore e me diga o que tem visto em suas visões, com detalhes.

— O Fury não me disse pra reportar nada a você, logo, não tenho que te dizer nada! Você não é o meu líder!

— Vamos separar o profissional do pessoal, Mary Crystal! Eu preciso que colabore! Sua missão junto comigo ainda não acabou! – Steve bradava, intimidando-a enquanto permanecia segurando o braço da garota com força.

— Ah, por favor! Largue agora o meu braço! – Ela gritava de volta, deixando claro que não cederia.

— Pare de fazer cena! Qualquer um pode te ouvir gritar!

— Se encostar em mim de novo, você não vai ter uma cena, vai ter um musical da Broadway!!! – E então, a garota puxou seu braço e o empurrou com muita força, fazendo com que o Super Soldado fosse arremessado contra a parede.

Mary o fitava com demasiado desprezo e ele podia sentir o ódio decorrendo em seus olhos esverdeados...

O loiro estava chocado... por que ela sempre agia daquela forma? Por que eles nunca conseguiam se entender?

Steve se levantava, sentindo uma dor latejante em suas costas...

Ele a encarava com cólera...

— Você estava louca por isso, não é...?

— De arrebentar com a sua cara!? Com certeza!

— Por que você tem que ser assim, Mary...? – O Capitão caminhava com um pouco de dificuldade, e a Segundo-Tenente via que a parede onde o arremessou, estava levemente quebrada.

Ela tinha pegado pesado...

— Se não quer se forçar a isso por mim, faça pelos Vingadores... você está aqui trabalhando conosco, e precisa seguir os protocolos...

— Pelos Vingadores!? Eu quero que todos vocês vão pro inferno, Steven Grant Rogers, especialmente você! E logo te adianto... se cruzar o meu caminho novamente, não vou hesitar em te fazer em pedaços! - Os olhos verdes pareciam ter ficado levemente amarelados... era notável o descontrole da Segundo-Tenente...

— Pare de ser infantil, Mary! Você realmente quer bater de frente comigo!? – Ele a cercava mais uma vez, impedindo-a de sair dali.

— Se você não sair da minha frente agora, eu vou arrancar o seu intestino delgado, te enforcar com as suas vísceras e fazer você agonizar e convulsionar até a morte!!!

— Então faça!!! – Steve a encurralava, bloqueando totalmente sua visão, pegando em seus pulsos, e a empurrando contra a parede.

O Capitão não estava de brincadeira...

— Se afaste!!! – Ela bradava, furiosa.

— Nunca grite comigo, Mary... o fato de você ser uma idiota não significa que eu seja surdo!

A garota virava o rosto, fitando o chão enquanto apertava o punho direito com força, se segurando para não dar um soco na cara dele.

— Só não te desejo nada em dobro porque é impossível morrer duas vezes... – Ela sussurrava, com muito ódio.

— Não pedirei desculpas pelo jeito que escolhi pra consertar o que você tem feito... – Ele redarguia, firme e implacável.

— É mesmo...? Mas se você me provocar mais um milímetro, sua vida corre um grave perigo, porque hoje, eu estou com um humor de deixar até o diabo com inveja... – Ela o encarava nos olhos, com um meio sorriso de canto.

— Você não passa de uma mentira materializada com um belo sorriso, Mary Crystal... – O Capitão tentava segurar a raiva que lhe acometia naquele momento. Seu coração cheio de fúria não cabia dentro dele...

— Saia da minha frente, Steve...

— Não vou sair...

Eles se enfrentavam violentamente através do olhar, enquanto a mantinha presa entre ele e a parede.

— Saia agora... é meu último aviso... – Mary o ameaçava, mas o Super Soldado não estava disposto a se afastar, e prova disso era a forma como o mesmo apertava os pulsos da garota com força, arrancando uma expressão de dor no rosto dela.

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— Eu posso ser o cara mais legal do mundo, mas isso não significa que não possa te machucar...

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E ao ouvir aquelas palavras tão árduas, estando ela com a mente instável nos últimos dois dias, Kiara mostrava que atual postura do Capitão mexia fortemente consigo...

Toda aquela insensibilidade, lhe atravessava fatalmente...

Ele estava sendo cruel e feroz...

E depois de tanto tempo, Steve via uma expressão de abismo no rosto dela...

Em poucos segundos enquanto a fitava colericamente, o loiro vislumbrava uma lágrima escorrendo pela face da garota, mesmo com a expressão petrificada e violentamente congelada...

Os olhos do Super Soldado arregalavam, a medida em que Mary Crystal começava a chorar, mas sem mostrar dor em sua expressão... a Segundo-Tenente ficava imóvel, com um semblante gélido...

Kiara não esboçou um soluço sequer... tudo o que ele via, era a feição férrea e tétrica em seu belo rosto, que o assustava de uma forma letal...

Ali, o Capitão percebia que Mary não parecia estar naquele estado por causa dele...

Com certeza a garota estava sendo atormentada por sonhos e visões do futuro mais uma vez.

A Segundo-Tenente fechava os olhos, deixando que todas as lágrimas acumuladas em seus olhos desabassem...

Ela segurou um soluço em sua garganta...

O Capitão América... o herói e ícone nacional impulsionado pelo soro do Projeto Renascimento, cuja imagem era um modelo de justiça... o defensor corajoso do mundo com a personalidade mais gentil e doce que existia, estava ali, a fazendo sofrer da pior forma possível... sim, porque não era só o fato de se encontrar fora de órbita por conta das malditas visões, mas também de estar sofrendo por culpa dele... culpa dos malditos sentimentos que nutria por ele...

Ao ver o sofrimento que a garota tentava esconder, Steve notava que havia pegado pesado... muito pesado com ela...

Ele largou os pulsos da loira e recuou dois passos para trás, arrependido... seus olhos demonstravam isso...

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— Mary... me desculpe... eu... não devia ter dito essas coisas a você...

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A loira continuava imóvel, sem expressão, sem responder nada...

Sua feição permanecia severa e indiferente, não restando um traço de emoção... seus olhos eram frios, não havendo o típico brilho encantador que Steve sempre achava tão atraente.

Havia uma confusão emblemática que se contorcia no rosto da garota...

Kiara não conseguia dizer uma palavra sequer... não conseguia...

— Você não vai dizer nada...? – Ele a questionava, apreensivo.

— Não tenho necessidade e nem vontade de responder nada a você, Steve. Me deixe passar e pare de ficar no meu caminho. Eu não quero mais olhar pra você...

Após aquelas palavras, o loiro sentia seu ritmo cardíaco aumentar, em pânico, inflamando sua mente em uma enxurrada de pensamentos e conclusões precipitadas surgiam...

Uma carranca adornava as linhas de expressão de seu rosto, com perplexidade...

Por que ela não queria mais vê-lo...? Como conseguiria lidar com Mary Crystal longe dele?

— Mary, não diga isso, por favor... – Ele implorava, desejando do fundo de seu coração que os dois pudessem fazer as pazes de novo...

— Apenas saia... – A garota segurava seu punho com força, ocultando o ódio que tentava aflorar por suas emoções.

— Por quê...? – O Capitão não aceitava que Kiara o afastasse. Sentia uma raiva desafiadora correndo por suas veias, fazendo seu coração bater contra seu peito violentamente...

— Saia da minha frente agora... – Ela insistia, segurando-se para não agir ferozmente de novo. O fogo que vinha fervilhando em seus olhos verdejantes, acendia a feição fúnebre, consumindo seu corpo, quase a fazendo se contorcer de raiva.

— Eu não posso e não quero sair de sua frente, Mary... me desculpe...

E então, a Segundo-Tenente sorriu, de nervoso, mas ficou em silêncio, porque temia fazer o que tinha em mente.

Após dez segundos em silêncio, Steve voltava a contestá-la...

— Estou te pedindo desculpas, então diga alguma coisa...

— Você quer que eu responda agora mesmo...?

— Sim...

E então... Mary Crystal olhou para baixo de novo, ficando cabisbaixa por um momento...

O Super Soldado pensou que a loira começaria a chorar em sua frente, mas...

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Kiara fechava o punho, desferindo rapidamente um soco no rosto dele, o pegando desprevenido...

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Steve recuou para trás com o violento baque...

Mary Crystal sorriu...

— Agora estou aliviada...

O loiro a encarava com assombro... completamente chocado... seu nariz começava a sangrar... lentamente...

— O que... você... – Ele ia terminar de questioná-la, mas a Segundo-Tenente o interrompeu de novo.

— Quer saber... não estou aliviada coisa nenhuma!

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E então, a garota se aproximava rapidamente, desferindo outro soco, muito mais potente, o derrubando com força, fazendo-o se chocar contra a parede mais uma vez....

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Kiara o mirava, com muito desprezo e indiferença...

— Como imaginava, ainda continuo com raiva... e não vai ser um ou dois socos que me farão deixar de sentir ódio de você, Capitão...

O loiro permanecia caído, segurando o rosto enquanto seu nariz sangrava ainda mais...

Assombro, sobressalto, hesitação e espanto decorria por sua face...

— Eu te peço desculpas e você me agride...!?

— Se você quiser revidar, tente a sorte! Eu não ligo de sair no braço com você, Steve! Pare de me enxergar como uma garotinha frágil que precisa ser salva!!! – Ela gritava com ele, desvairadamente.

— Você pode ser tudo, mas frágil fisicamente não é... – O Super Soldado passava o polegar pelo sangue que escorria de seu nariz, ainda atônito e assustado com os socos que a garota lhe deu.

— Eu queria te socar mais, te chutar, te xingar e cuspir na sua cara, mas vou me abster disso, porque não quero ficar pior do que já estou, então esse é o meu último aviso: FIQUE LONGE DE MIM!!! – E então, a Segundo-Tenente saia do local, caminhando rapidamente rumo ao elevador...

Steve a observava saindo dali...

Céus... o que estava acontecendo...? Por que de repente, ele e Mary chegaram aquele estágio? Ambos nunca tinham brigado daquela forma...

E por mais que odiasse estar numa situação tão assustadora com ela, o Super Soldado temia...

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Que eles jamais conseguiriam ter uma convivência normal de novo...

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No salão principal da Torre, Tony falava com Rhodes, Natasha e Sam sobre seu casal favorito: STARY.

O resto da equipe não tinha notado, mas os quatro sim, porque estava muito evidente...

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Steve tinha apanhado da loirinha.

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As contusões no rosto e o nariz sangrando deixaram isso muito claro quando o Capitão voltava do corredor, com uma carranca no rosto, totalmente irritado.

E então, os quatro começaram a teorizar.

— A Sailor Moon deve estar de TPM hoje pra ter arrancado o couro do Capicolé... – Tony comentava com Rhodes, que achava tudo aquilo muito bizarro.

— Olha Tony, pode parecer estranho isso que vou dizer, mas a Mary é uma menina carinhosa, gentil, amável e acolhedora. Eu não entendo como ela e o Capitão podem se dar tão mal desse jeito...

— Mal? Sabe de nada...

— O quê...?

— Nada... – O Homem de Ferro disfarçava, porque depois da madrugada onde ele e Pepper flagraram o casal aos beijos, era impossível dizer que eles não se gostavam.

— Ela tem essa mania de ficar interpretando personagens na frente do Capitão... e isso já devia ter acabado, já que eles estão trabalhando juntos a meses. – O Coronel especulava, sem saber o que de fato acontecia.

— Também queria entender porque ela o trata assim, embora eu tenha as minhas teorias, pelos meus cálculos, isso já devia ter acabado há um tempo. – O bilionário confessava, confuso.

— Talvez ela faça isso por medo. Medo porque sabe que gosta dele e não quer admitir. – Natasha dizia o que achava, e embora fosse obvio, não parecia fazer sentido. Ou fazia?

— Isso é ser cruel consigo mesma... – Dessa vez, era Sam quem opinava.

— Acho que a Mary pensa que não o merece. Desde criança, eu percebo alguns traços de baixa autoestima nela. – Rhodes surgia com outra possibilidade.

— Será que não é porque os dois são muito opostos? Eles vivem reprimindo vários flertes na minha frente. Já vi cenas onde ambos se encaravam com raiva e começavam uma discussão sobre coisas aleatórias, sempre transformando tudo numa briga regada a indiretas que mais parecia um jogo de sedução. – O Falcão declarava, se recordando do que via entre Steve e Mary quando estava presente, embora já soubesse que o Super Soldado era apaixonado por ela.

— Isso é verdade. A última vez que vi isso acontecendo, houve gritos e várias portas se batendo com força. – Natasha dizia sobre o dia que presenciou uma briga real entre os dois, que estavam sozinhos na parte superior da torre.

— E a não muito tempo atrás, eles viviam se tratando de forma polida. Era sempre “Capitão Rogers” e “Senhorita Ellis”. Isso parou já faz um tempo... – Sam redarguia, confuso sobre em qual estágio os dois estavam atualmente.

— Eu só sei que a Mary é uma pestinha, mas tem um coração amável. Muitas das coisas que ela fala, são da boca pra fora. Ela só faz tudo aquilo pra passar uma imagem de forte, por conta das coisas ruins que aconteceram em sua vida. – Rhodes revelava o que todos já sabiam.

— Se depender de mim, eles se casam amanhã e partem pra lua de mel, então, acho melhor a gente dar uma empurrada pra ver se o nosso casalzinho se resolve, o que acham? – Tony sugeria, fazendo Natasha revirar os olhos e Sam e Rhodes sorrirem.

— Só resta saber se os "noivos" vão querer, não acham? – A ruiva retorquia, não acreditando que qualquer coisa desse certo no caso deles.

— Eles querem, só não conseguiram fazer do jeito certo até agora. – Sam assinava em baixo a decisão de Tony.

— Então temos que trabalhar pra que os dois façam do jeito certo. – Rhodes também assinava em baixo.

— E então Romanoff, vai desistir de torcer pra Agente 13 e passar pro time STARY ou não? – Tony a intimava, fazendo a espiã respirar fundo.

— Pra começar, eu não estou mais torcendo pela Sharon há muito tempo e... vocês precisam saber de uma coisa importante... – Natasha os alertava, e pelo tom de sua voz, boa coisa não era.

— Diga imediatamente.

— Fiquei sabendo que o Fury vai revogar a licença da Mary amanhã, e que ela já está inserida num treino de duas aeronaves com um piloto da base de Colorado Springs no final de semana.

— Ela vai embora sem dizer nada ao Cap!? – Tony contestava, alarmado.

— Sim... a essa hora, a Mary deve ter voltado pro apartamento pra fazer as malas e pelo que pude perceber, ela não parece ter dito ao Capitão que vai embora, então, quem se candidata a ir até ele dizer isso?

— Eu vou. – Sam tomava iniciativa.

— Você tem que dizer a ele que é tudo ou nada, Sam! Se o Capitão não impedir a Mary de ir, então ninguém mais vai ter essa capacidade. – Rhodes respondia com convicção, afinal, ele conhecia a filha do Presidente como ninguém.

— Faça o seu melhor, Wilson. – Tony segurava o ombro do Falcão, enquanto Rhodes e Natasha o olhavam com firmeza.

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— Deixem comigo. Vou trabalhar no psicológico do Steve. Se ele não for atrás dela, então ele com certeza a perderá para sempre...

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Horas depois daquele mesmo dia, Sam encontrava Steve e dizia sobre Mary voltar para a Força Aérea, deixando-o completamente chocado.

Ele não conseguiu reagir de imediato, porque não sabia ao certo o que fazer, afinal, ele e a Segundo-Tenente tiveram uma briga violenta pela manhã, então, pensava que se a procurasse no mesmo dia, a probabilidade de se desentenderem e brigarem de novo, era muito alta.

Por ora, ficava decidido que a procuraria pela manhã do dia seguinte...

Teria de impedi-la de ir... e a única forma era sendo sincero com ela sobre seus sentimentos...

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05 de Setembro de 2012, 05:10 PM

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Syracuse – Nova York

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Mary Crystal se encontrava no campo Hancock, uma base da Guarda Nacional Aérea, prestes a partir para Colorado Springs.

Nick Fury havia revogado sua licença, e embora soubesse exatamente a real intenção dele, a garota achava que talvez era o melhor a se fazer. Havia decidido continuar com sua colaboração à SHIELD em relação aos eventos envolvendo o futuro do planeta e do universo, mas não tinha mais o porquê estar todos os dias trabalhando com todos os agentes e até mesmo os Vingadores.

A Segundo-Tenente finalmente conseguia o que mais queria...

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Retornar à Força Aérea...

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Enquanto aguardava seu transporte dentro de um dos prédios da base, ela pensava em várias coisas... dentre elas, se havia feito certo em simplesmente ir embora sem se despedir dos Vingadores, em especial, Steve...

Não porque os dois passaram muito tempo juntos como parceiros de missão, mas porque a relação entre ambos era muito mais estreita do que uma reles amizade...

A garota respirou fundo, desanimada e levemente aflita...

— Desencana, Mary... isso é o certo a se fazer... – Dizia a si mesma, tentando se convencer que não havia feito nada de errado.

Enquanto a loira esperava sua aeronave chegar, um dos militares da base entrava na sala onde a mesma estava.

— Com licença, Segundo-Tenente Ellis, mas há uma pessoa aqui que deseja vê-la antes de partir.

— Uma pessoa?

— Sim. Ele está aqui fora aguardando. Posso manda-lo entrar?

— Quem...?

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— O Capitão Steve Rogers.

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Os olhos da garota arregalaram, mostrando assombro e perplexidade. Steve estava ali...?

— Como ele chegou aqui e por que quer falar comigo...? – A loira não sabia exatamente o que dizer ou fazer. Sabia que não podia brigar com ele naquela base, porque jamais passaria tal imagem para seus colegas da Força Aérea.

— Não sei, mas ele pediu para insistir. Devo chama-lo?

— Sim... pode manda-lo entrar... – A contragosto, Mary achava que o correto era pedir para Steve entrar, e manda-lo ir embora com educação, afinal, não podia deixa-lo estar ali e estragar seu ambiente de trabalho só porque ela não disse a ele que iria embora.

E então, o rapaz mandava o Capitão entrar.

O loiro dava um aceno de cabeça para o aviador e os outros dois rapazes que trabalhavam ali.

Os aviadores deixavam o andar onde Mary estava com Steve, vazio. Era um pedido interno do Coronel Rhodes, que sabia que os dois precisavam de privacidade para conversar, logo, ninguém escutaria qualquer discussão que ambos pudessem ter.

Quando o Capitão entrou na sala, avistou Mary Crystal com um olhar enfurecido, mas ao mesmo tempo assustado. Possivelmente a loira não esperava que ele fosse atrás dela naquela base, que ficava tão longe da cidade de Nova York.

E então, o Super Soldado se aproximou e a encarou furiosamente...

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— Por que decidiu ir embora sem se despedir de mim...?

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O tom de voz do loiro era severo e autoritário.

— Por que você está aqui...? – Ela respondia com uma pergunta, desviando o olhar melancólico para baixo...

— Você não respondeu minha pergunta, Mary Crystal. Por que não me disse nada...? Depois de todos esses meses, pensei que tivesse alguma consideração por mim.

A garota suspirou, impaciente.

— Steve... apenas saia daqui. Eu não tenho que te dar satisfações de nada do que acontece comigo. Desapareça, por favor... – Ela redarguia, num tom frio e implacável, o suficiente para deixar o Capitão ainda mais irritado.

Ele se aproximou em passos firmes na direção da loira, com uma carranca assombrosa em sua face, a encarando com raiva... muita raiva...

— Você nunca cede, não é!? Quando vai parar de ser tão individualista e fingir ser durona!? Eu sei que você também não queria ir sem se despedir de mim!

Kiara o encarou de volta, com uma expressão colérica.

— Eu não estou fingindo nada!!! Dê logo o fora daqui antes que eu te dê outro soco, muito mais forte que o de ontem!!!

— Pode dar. Eu aguento...

E então, Mary Crystal o mirou com o olhar semicerrado... um brilho funesto podia ser visto... não era o verde encantador de sempre, mas dourado... exatamente o mesmo brilho de quando a tal entidade “Nemesis” se manifestava nas pessoas que tiveram contato com as joias do infinito.

Ela estava explodindo por dentro...

Aquilo seria aterrorizante, isso se Steve não fosse quem era...

— Eu não vou ficar intimidado porque está me olhando com ódio. O seu ódio não vai me assustar...

— Mas deveria...

— Mary... pare com isso... eu vim até você porque-

— EU NÃO QUERO SABER, CAPITÃO! PARE DE SER EGOÍSTA! ISSO SÓ ME FAZ TE ODIAR MAIS! – A Segundo-Tenente declamava em voz alta... ela tentava esquecê-lo, mas Steve sempre aparecia para fazê-la relembrar aquilo que mais odiava: ELE... no entanto, aquele era o motivo pelo qual odiá-lo era impossível...

— Eu não me importo se você vai me odiar mais... – O loiro dava mais um passo para frente, a enfrentando sem se amedrontar.

— Se você continuar insistindo, eu vou te jogar do alto desse prédio!

— Não vou fugir de você porque está me ameaçando... eu não sei o que é fugir, então, esqueça...

Kiara não entendia como Steve conseguia ter certo domínio sobre ela... e aquilo a assustava de uma forma inexplicável...

— Você sempre mostra força quando está se sentindo fraca... e eu sei que no momento, é isso que está acontecendo, não é mesmo...? – O Super Soldado insistia, deixando-a ainda mais irritada.

— Ah, me poupe, Capitão! Está dizendo que só eu faço isso!? Você faz a mesma coisa! Não expõe as suas dores, os seus problemas, ou as suas fraquezas! Talvez as pessoas ao redor não tenham percebido, talvez nem os Vingadores saibam, mas eu sei!

— Sim, você está certa... você é a única que sabe... e eu sou o único que sei sobre suas fraquezas... somos iguais...

— Não somos iguais! Você sofre porque se importa e eu não! Eu não me importo! – A garota bradava, com fúria.

— Ou finge que não se importa, não é mesmo...?

— Você pode tirar as suas conclusões precipitadas o quanto quiser, mas jamais vai entender o que se passa na minha mente...!

— Posso não entender totalmente, mas tenho uma ideia...

— Suas ideias são imprecisas...

Os olhos verdes traduziam o que a loira sentia... ela estava confusa e perdida... e Steve entendia isso, quando ambos olhares se cruzavam...

— Mary, você não precisa ficar na defensiva comigo... eu... nunca fui seu inimigo... isso é algo que você inventou da sua cabeça...

— Todos são meus inimigos! É minha forma de me proteger pra não me decepcionar!

— Não precisa ser assim...

— É e sempre será assim, Capitão...! – A Segundo-Tenente redarguia, de modo descontrolado... porque era assim que se sentia por dentro... tudo estava bagunçado e fora dos eixos... justo ela que se sentia como alguém imperfurável, inatingível, inaudível e incompreensível... mas aos poucos, Steve ia neutralizando tudo aquilo, até não restar mais nada... Mary estava exposta e vulnerável... e só ele sabia o que havia por baixo de sua pele...

O Capitão estava ali... ele se importava... e Kiara sabia que poderiam ser bons amigos, bons parceiros, bons amantes, mas ela preferia fugir e se esconder...

Após a conversa estranha que tivera com Peggy há muitas semanas atrás, a garota estava convencida que ela e Steve seriam importantes na história um do outro, para sempre... independente de tudo o que aconteceria no futuro... porque ele não era uma pessoa qualquer em sua vida... ele era tudo o que mais desejava no momento...

E nem mesmo a promessa que fez a Margaret Carter, de tomar conta de Steve, valia naquele momento... ela sabia que era um monstro por decidir não cumprir o que prometia...

Steve sacudia a cabeça, impaciente, irritado, furioso... porque a Segundo-Tenente nunca conseguia ser honesta com ele? Por que escolhia tortura-lo e estragar tudo?

— Eu não aguento mais ver essa postura indiferente de sua parte... não depois de tudo o que vivemos...

— Eu deveria me sentir culpada!? Se você se sente assim, é um problema somente seu!

— Claro, porque a sua vida é um musical! Você é a estrela do show e a protagonista do espetáculo, não é mesmo, Mary Crystal!? – Ele gritava de volta, com ímpeto.

— Nem sempre vai ser eu e você, Steve... e isso não muda o que sinto...

— Sei exatamente o que sente por mim, Mary: Pena... – O loiro a encarava de modo furioso e intransigente.

A garota desviava o olhar novamente. Não sabia mais o que fazer... nem sabia ao certo porque estavam ali, discutindo...

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— Você não faz bem pra mim, Steve... por favor, vá embora e me deixe em paz...

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Ao ouvir aquelas palavras, num possante impulso, o Capitão se aproximou rapidamente dela, agarrou seus pulsos e a prensou fortemente contra a parede, encurralando-a, e deixando toda ira, ódio e desespero falarem mais alto...

Mary alargava o olhar, assustada com aquele movimento repentino, e ao erguer o rosto para encará-lo, ela encontrava os olhos azuis a defrontando colericamente... em chamas...

Steve mantinha seu rosto muito perto do dela, prestes a dizer tudo o que estava entalado em sua garganta...

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— É tudo culpa sua... todas as desgraças da minha vida... todo o meu descontrole... toda a minha falta de foco... as minhas noites de insônia... a desordem na minha cabeça...

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Assustada, intimidada e compelida, a garota não tinha ideia do que ele dizia... então... aquele era o lado possessivo que Peggy e Bucky diziam...?

Mary não sabia como controlar seu coração frenético por conta daquela revelação... desde quando ela causava todos aqueles efeitos nele...? E... por quê...?

Seu corpo era tomado por uma sensação de aflição e tormenta... era tempestuoso demais, e então...

Ela sorriu em resposta... sem saber como reagir, porque estava assustada e com medo, no entanto, precisava fingir que não sentia nada...

— Uau... nunca pensei que esse dia chegaria, mas... estou super feliz que finalmente te elevei a esse patamar... estou morrendo de vontade de saber o que você fará pra revidar... meu sangue está fervendo de excitação e euforia... meu coração está batendo mais rápido e uma adrenalina está tomando conta de todo o meu corpo...

— É... estou sentindo suas palpitações mais agitadas com minha audição de Super Soldado...

— Então como pode ver, não estou mentindo... – Mary mantinha uma aparência obstinada por fora, mas por dentro, estava tremendo de medo...

O que Steve queria dizer com tudo aquilo...? Por que ele estava tão nervoso? O que aquilo significava...?

— Você não se sente intimidada por nada e nem ninguém, não é?

— Não... e no dia que você conseguir me intimidar, é porque você venceu o jogo, Steve... mas isso NUNCA vai acontecer, entendeu...?

O loiro soltava uma risada, achando aquilo uma verdadeira mentira.

— Por que aceitou sair comigo num encontro, Mary...?

A garota arregalava levemente os olhos, não esperando por aquela pergunta.

— Porque... achei que seria legal sair com você... só isso...

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— Você é uma mentirosa...!

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O Capitão afirmava, com um sorriso no rosto, analisando até onde Kiara iria com suas negações.

— Eu não sou mentirosa! Você que é um idiota que coloca expectativa nas pessoas, esperando reciprocidade onde não existe!

— Você é tão infantil e mesquinha... – Aquilo soaria como uma ofensa, se Mary realmente não achasse o mesmo...

— Mesquinha...? Ainda bem que se convenceu disso, Steve! Eu sou tudo isso e muito mais! Sou egoísta porque vivo te magoando, e você tem que aceitar, porque eu sou assim e não vou mudar! Então tire de sua cabeça qualquer motivo ou razão que te convença que eu sou uma boa pessoa!

O Super Soldado a observava, impaciente...

— É por isso que está fugindo, Mary!? Você disse que não ia acabar porque não conseguia ficar sem mim! Você me disse isso aquela noite, perto do farol em Portland!

— Você merece um mundo melhor, mais belo, pacífico e de preferência bem longe do meu, Capitão! – Ela gritava, com fúria.

— O abismo que está nos separando, não fui eu que fiz, Mary! - Ele apertava os pulsos da garota com mais força, a olhando de modo férreo e inexorável.

O loiro não mandava no que sentia por ela... ele não aceitava, não queria, mas... era inevitável... como poderia se entregar, sem antes saber se podia ir inteiro?

— Eu não tenho mais motivos pra ficar, Steve! Não insista!!! – Kiara dizia tudo aquilo com o coração dilacerado... parecia amá-lo, mas ao mesmo tempo odiá-lo... era como se desse um tiro na direção de Steve e corresse para entrar na frente da bala...

— Você está saindo porque é mais fácil ir embora, do que lutar por aquilo que você realmente quer, não é mesmo...!?

— Se você me odeia por isso, então entre na fila, mas se você me ama, pense bem, porque talvez eu não mereça!!!

— Prefere sofrer em silêncio, mas não perde o orgulho... – O Capitão redarguia, totalmente decepcionado. Faltava muito pouco para que ele implorasse que Mary não desistisse dele... nunca...

— Pare de ser tão insolente! Você adora me julgar por meus defeitos e dizer que se importa comigo, mas enquanto o seu passado fizer parte do seu presente, não me inclua no seu futuro, Steve!!!

O loiro ouvia aquelas palavras desesperadas enquanto a Segundo-Tenente se mantinha vulnerável e entregue naquela posição onde a segurava com força. As declamações da loira o atingiam como um meteoro, chegando de surpresa... e pela primeira vez, vislumbrava sinceridade e veracidade em tudo o que Kiara dizia...

— Você tem sido uma mulher terrível, Mary Crystal... sempre fazendo as escolhas erradas... sempre me confundindo... sempre me torturando... mas, de todas as escolhas que eu estou fazendo, essa com certeza é a pior... então eu não arrependo...

— Não se arrepende...? – A garota inclinava a cabeça, confusa.

Steve lançou o olhar mais enigmático que existia, na direção dela... um brilho cintilante e assombroso podia ser vislumbrado... era assustador, mas apaixonante...

O olhar dele a exorcizava... atravessava sua alma... lhe tirava o fôlego... lhe arrancava arrepios espinha abaixo...

O tempo parecia correr em câmera lenta... e Mary não entendia o que viria a seguir...

O Capitão entreabriu os lábios, prestes a dizer a ela o que se arrependeria até a morte, porque fazer a escolha errada pela razão certa sempre funcionava para ele, e então...

.

.

.

— Eu não me arrependo de estar completamente apaixonado por você... sua garotinha mafiosa, gângster... irritante... egoísta... cínica...

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Kiara arregalava os olhos...

Aquela confissão, abalava totalmente suas estruturas... a deixando de pernas bambas...

Seu coração passou a bater tão forte, tão rápido, tão intenso, que parecia que explodiria...

As mãos dela suavam e tremiam ao mesmo tempo... aquela agitação lhe arrebatava quase que para fora de seu corpo...

Ainda sem acreditar nas palavras de Steve... Mary tentou dizer algo, mas sua voz simplesmente não saia...

.

Steve Rogers apaixonado por ela...? Não... era impossível... isso não podia ser verdade... ele estava mentindo, certo...?

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O Super Soldado a fitava detalhadamente, vendo sua expressão de assombro, perplexidade, receio e temor...

— Não consegue dizer nada, Mary Crystal...? Eu te assusto tanto assim...!? Vamos, me responda como sempre faz! Me desafie! Faça piadas agora! Eu estou esperando a sua risada de escárnio diante da minha confissão!!! – O loiro gritava com ela, ainda segurando seus pulsos com força, a coagindo de forma violenta.

Tudo o que Mary conseguia expressar naquele momento era um silêncio ensurdecedor, lábios e trêmulos e olhos marejados em lágrimas...

Steve acabava de transformar todos os seus sentimentos confusos num apocalipse...

E então...

— E-eu... eu... não sei o que dizer... – A garota redarguia, totalmente alarmada... queria dizer que não merecia, que não era digna, que era impossível por causa do passado dele, porque Steve amava outra mulher, mas simplesmente não conseguia terminar...

Uma lágrima escorria por sua face e reluzia como um cristal cintilante...

Ali, o Capitão percebia que...

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Os sentimentos de Mary Crystal eram recíprocos...

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Ainda a prendendo contra a parede, o Super Soldado não a deixaria sair dali sem ouvir uma resposta... a resposta que ele sabia... de que ela se sentia da mesma forma... porque era mútuo...

— Responda, Mary... você sente o mesmo por mim...? – O loiro a intimava, mantendo seu olhar fixo no dela.

A Segundo-Tenente não conseguia falar... e tudo o que Steve tinha como resposta, eram novas lágrimas se acumulando naqueles belíssimos olhos esverdeados... realçados pelos raios solares que adentravam pela janela da sala...

— Pela última vez, Mary... responda... – Ele insistia, fazendo com que a garota tentasse escapar.

A loira se arriscava em desprender seus pulsos das mãos do Capitão, porque a única coisa que tinha em mente era sair dali correndo e se esconder... fugir para nunca mais ser encontrada por ele...

Kiara o empurrou com força, mas Steve a puxou de volta, e a jogou violentamente contra a parede mais uma vez, impedindo-a de escapar.

— Você não vai fugir de novo! Eu não vou permitir! – Ele bloqueava o caminho mais uma vez, prendendo-a entre seu corpo e a parede.

— Steve... por favor... – A Segundo-Tenente sussurrava, completamente desnorteada...

E então, o Capitão se assustava ao vislumbrar a feição de pânico, terror e medo no rosto dela...

Mary Crystal estava com tanto medo de seus sentimentos...? Era tão aterrorizante que ele estivesse apaixonado por ela?

Instintivamente, o loiro afrouxou o aperto nos pulsos da garota e se afastou... lentamente...

O Super Soldado suspirou, perdido, decepcionado e desiludido...

— Se você quer assim, então será assim...

O Capitão virou de costas, se afastando completamente, decidindo sair dali e deixa-la em paz...

Mas...

Seu pobre e compelido coração não conseguia aceitar...

Aquela paixão arrebatadora que carregava no peito, na pele, na alma... não podia simplesmente desaparecer... era impossível...

Steve parou no meio do caminho, olhando para trás e encontrando o olhar compenetrado, aflito e perdido da Segundo-Tenente...

Ele a olhou convencido do que tinha em mente, e decidia ouvir seu coração...

.

.

— Quer saber? Que se dane...

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.

O Capitão andava rapidamente na direção da garota, que imóvel e sem forças, apenas o observava voltando até ela... como em câmera lenta, e então...

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.

.

Steve a empurrava novamente contra a parede, segurando os pulsos femininos na altura do pescoço, envolvendo-a totalmente contra ele e capturando seus lábios num beijo inesperadamente ardente...

.

.

.

Mary Crystal não esperava por aquilo e ofegava com o susto...

O choque dos lábios do Capitão contra os da Segundo-Tenente parecia uma eletrizante trovoada... alucinante... quente, inflamado, excitante e desesperadamente apaixonado...

Ele inclinava a cabeça, ávido para aprofundar aquele beijo e prolongar a intensa sensação de furor, exaltação, paixão e desejo...

Steve a beijava enfurecido e atormentado, porque não havia mais ninguém na terra, passado ou presente que desejasse beijar... ela era a única em todo o espaço e tempo...

E ele teimava em insistir no mesmo erro... porque o erro tinha o sorriso mais lindo do universo...

Kiara suprimia um gemido, sentindo seus lábios sendo esmagados pelos dele...

O Capitão a beijava com força... e era diferente de todas as vezes que se beijaram antes... era violento, indômito, libertino, excitante e desesperado...

A mente da garota dizia para ir embora... sua razão dizia para ir embora... e sua coragem respondia para ir embora, mas sua boca não a ouvia e ela o beijava de volta...

A loira tentava resistir, porém, era difícil e... céus... ele estava começando a ficar bom naquilo...

A Segundo-Tenente sentia seu estômago sendo invadido por centenas de borboletas... era uma compressão forte e aguda demais para suportar...

Mary sabia que precisava de Steve... mas tinha medo da compulsão... de querer ele sempre e sempre e pra sempre... e amanhã e depois... e de dia, e de tarde, e de noite, e de madrugada...

Enquanto o Capitão continuava pressionando sua boca contra a dela, a Segundo-Tenente acabava cedendo... cada vez mais...

O Super Soldado a conduzia de modo persistente, incontrolável e avassalador... porque só se acalmava quando sentia o sabor dela em seu paladar...

Steve tinha o gigante desejo de fazê-la tão dele a ponto de não sobrar mais nada... nem um pedaço... nem um centímetro de sua pele... nada ficaria sem que seus lábios provassem... nem um fio de cabelo passaria sem seu toque...

As mãos do loiro soltavam os pulsos femininos e agora deslizavam para os ombros dela... numa carícia intensa... descendo... lentamente...

Mary apenas se entregava, submissa, com os lábios calados pelos dele... e seus gemidos soavam como uma doce canção para o Capitão... fazendo seu corpo arrepiar pelo calor de seu toque...

Se pudesse, ela ficaria ali com ele, desde o nascer até o pôr-do-sol... presa em seus braços fortes e confortantes...

Por um segundo, o Super Soldado se perguntou se beijá-la iria quebrar aquele feitiço sob o qual os dois estavam... mas era tarde demais para parar... quando seus lábios encontravam os dela, Steve sabia que poderia viver até os duzentos anos e visitar todos os lugares mais lindos do mundo, da galáxia e do universo, que nada iria se comparar ao momento em que beijava a garota de seus sonhos...

A loira permanecia ali... totalmente entregue a ele... e navegando no mar de sua boca, o loiro sussurrava seu nome... a beijando cada vez mais forte...

Seus longos dedos subiam e percorriam os fios dourados da Segundo-tenente, emaranhando-os... deslizando-os pelo comprimento daquelas lindas madeixas tão onduladas e brilhantes sob o fulgor do sol...

O Capitão a puxava pelo cabelo, numa excitante carícia... forçando-a se inclinar cada vez mais para ele, apenas para que pudesse senti-la com mais intensidade... apenas para que pudesse provar seus lábios com mais avidez...

Os dedos de Steve escorregavam pelos longos cabelos... e Mary se desfazia em seus afagos... se perdendo naquele embaraço... desejando que ele fizesse de seu corpo um mapa... onde pudesse explorar cada lugar... e tocasse em cada curva, nas áreas mais sensíveis...

Kiara encontrava o paraíso nos lábios do Super Soldado, desarmando suas defesas, desabotoando sua timidez, preenchendo os espaços, seu coração, sua alma, sua vida... tudo o que podia sentir eram gemidos, dilatações, cores, suspiros e sabores... queria se perder para sempre naquelas sensações, no corpo dele, nele todo, para nunca mais se achar...

O loiro traçava caminhos na pele da garota... tocando sua nuca... e finalmente fazendo suas mãos deslizarem pelos ombros, até alcançarem a cintura... tão curvilínea... tão acentuada... e que se encaixava perfeitamente em suas mãos firmes...

Mary sentia seu mundo virar de pernas para o ar... do avesso... completamente fora dos eixos... estremecendo... enlouquecendo...

Seus corpos se encontravam... suas almas se comunicavam e se uniam, para algo mágico acontecer...

A pele nívea arrepiava... e não sabia se era seu mecanismo de defesa que lhe dizia para recuar ou atacar...

As mãos do Capitão desciam mais uma vez até alcançar os quadris femininos, apertando-os, necessitando intensificar ainda mais o entrelace de seus corpos...

Mary Crystal ofegava... e aproveitando a brecha, o loiro a levantava, pegando-a no colo, a prensando com mais força contra a parede...

Perdida diante do possessivo Steve Rogers, Kiara se perguntava se a pose de “bom garoto” do Super Soldado era mesmo impenetrável, ou se conseguiria atravessar totalmente sua barreira através de beijos quentes e toques ousados...

A Segundo-Tenente encaixava suas pernas na cintura dele, prendendo-o completamente... se pendurando em seu pescoço...

As mãos delicadas tocavam os cabelos loiros do Capitão, num afago desesperado... céus, ele era tão perfeito...

Steve a apertava com tanta força, que sua excitação era óbvia...

O Capitão tinha vontade de trancá-la ali com ele, pressioná-la com muito mais força, arrancar sua roupa, segurar aqueles maravilhosos cabelos loiros tão longos rente a nuca, se apossar de seu pescoço e marca-la com seus lábios...

Ele ansiava despi-la completamente... porque a desejava com todos os seus ânimos, sem defesas... aspirando entrelaçar seus corpos num encaixe perfeito... almejando fazê-la sua, ali... e agora...

Mary Crystal não tinha ideia do quão preciosa era para ele... do quanto Steve a apreciava mais do que sua própria vida...

O Capitão a segurava pelos quadris, a beijando intensamente, sem parar... de todos os ângulos e de diversas formas...

Gemendo contra o beijo, Mary alcançava a borda da camiseta que o loiro vestia, levantando-a lentamente, permitindo que seus dedos tocassem de modo delicado o abdômen definido...

Ele a deixava explorá-lo e traçar um caminho em direção às suas costelas...

As delicadas mãos agora espalmavam o peitoral musculoso por baixo da camiseta... céus, Steve era tão poderoso e sequer tinha ideia disso...

A medida em que Kiara avançava, o Capitão sentia um suspiro escapar de seus lábios... mas lá estava a garota... encaixando sua boca na dele de novo, e dessa vez o dominando...

Ela voltava a arranhar o abdômen trincado... contornando o desenho de sua definição com a ponta dos dedos... e o loiro sentia uma sensação vulcânica lhe atingir...

Um gemido trêmulo ecoava no fundo de sua garganta através do beijo desesperador e lascivo que a Mary lhe presenteava...

Aos poucos o Super Soldado ia perdendo o fôlego...

Os instintos de Steve imploravam em assumir o controle e ele reivindicava a liderança novamente...

O Capitão quebrava o beijo, e abria parte do casaco da garota através do zíper, puxando sua regata para baixo, deixando o pescoço, a clavícula e uma pequena parte do decote feminino à mostra...

Fascinado pela visão tão sedutora da pele nívea e perfumada, o loiro voltava a beijá-la, descendo os lábios pela mandíbula da loira, alcançando seu queixo, e em seguida a lateral do pescoço...

A respiração de Mary engatava ao sentir os lábios do Super Soldado beijando seu pescoço loucamente... era intoxicante a maneira como ele lhe tocava... acariciando com ardor sua pele...

A respiração do Capitão era tensa... seu peito abaixava e subia lentamente...

A garota gostava daquilo... gostava do jeito como Steve a fazia se sentir naquele momento... e gostava mais ainda de como ele reagia a ela... de como parecia ficar sem defesas como ela, e de atacar... gostava de como ele a desafiava, de como a intrigava... de como a excitava...

Enquanto o sentia beijando as áreas mais sensíveis de seu corpo, Kiara tinha uma enorme vontade de terminar de quebrar todas barreiras que ainda restava entre ambos e fazê-lo seu...

Aquele jeito de bom moço lhe instigava a ter vontade de tirá-lo totalmente dos trilhos... de sua zona de conforto na qual ele se agarrava com tanto afinco...

Ainda o sentindo lhe acariciar de uma forma doce, porém picante, Mary reprimia o instinto de mordê-lo com força e beijar os locais marcados...

Ansiava que Steve perdesse totalmente o controle, apenas para contemplar mais de perto aquele lado possessivo tão excitante que lhe fazia estremecer e ofegar...

O maldito Super Soldado enchia seu estômago de borboletas coloridas e sua alma de suspiros apaixonados...

Ela queria ele... queria ele perto, próximo, colado, dentro... Mary o queria de qualquer forma... queria dormir abraçada com Steve e no dia seguinte acordar cedo só para observá-lo dormir... queria ser a paz dele, queria ser a saudade dele, queria vê-lo sorrindo, queria poder beijá-lo, abraça-lo e acaricia-lo todos os dias... queria se entregar a ele e chama-lo de seu, mas acima de tudo, queria ter uma história com ele... uma vida ao seu lado... ela o queria mais do que tudo no mundo...

O loiro continuava a beijando intensamente... aspirando o perfume de sua pele delicada... reprimindo o forte anseio de dizer no ouvido da garota que ela o tirava dos eixos... que seus olhos o deixavam nas nuvens... que fazer carinho em seu cabelo era a melhor sensação do mundo... e que ter seu coração batendo junto ao dele era a melodia mais linda que existia...

O Capitão agora trilhava beijos do pescoço, subindo pelo queixo, até voltar aos lábios da Segundo-Tenente... sugando-os com força... se deliciando com toda a maciez, delicadeza e docilidade... mas resolvia parar ali...

Sentindo a boca dela tão próxima, ambos respiravam juntos... na mesma frequência... sincronizados...

Um forte arrepio descia espinha abaixo, e então o loiro se mantinha imóvel...

Steve apoiava sua testa na dela... apenas sentindo o hálito gélido da garota tocando sua face...

Ambos abriam os olhos lentamente...

As faces enrubescidas... vermelhas... embriagadas...

Os dois se entreolhavam... piscando lentamente... ofegantes...

E então, Steve sorria... olhando para Mary... tão linda, charmosa, luminosa... com os cabelos levemente desgrenhados, os olhos verdes brilhando, os lábios úmidos e seu corpo ameno totalmente preso em seus braços...

De repente, o Super Soldado não conseguia tirar um sorriso apaixonado do rosto...

A feminilidade da Segundo-Tenente lhe excitava enlouquecidamente... e sabia que tudo aquilo só podia ser contemplado por ele...

Mary o fitava maravilhada... era evidente...

— Eu adoro quando você mostra essa expressão pra mim... porque significa que te surpreendi... o que é extremamente difícil... – O loiro confessava, num sussurro rouco e sensual...

— Você não tem o direito de fazer isso... – Ela redarguia, com os olhos semicerrados... completamente apaixonada...

— Claro que eu tenho...

— Por quê...?

.

.

— Eu sou o Capitão...

.

.

O coração de Mary Crystal disparava ainda mais ao ouvir aquelas palavras tão ousadas...

— E daí...? – A garota sussurrava, enfeitiçada pelo olhar azulado...

— Pela hierarquia, você está abaixo de mim, e deve acatar as minhas ordens... então fique quieta e apenas aceite que hoje você perdeu, Mary...

Pela primeira vez desde que conheceu Steve Rogers, ele nunca havia sido tão determinado, ousado e decidido...

Ela amava aquele lado que ele quase nunca mostrava...

— Você não pode aplicar a hierarquia militar nessa situação... – A loira rebatia, rendida nos braços dele, que ainda a segurava contra a parede.

.

— Eu sou o Capitão América... eu posso fazer praticamente o que eu quiser...

.

Ele sorria... ousado, deslumbrante e atraente...

O olhar esverdeado da Segundo-Tenente semicerrou... porque de fato, Steve possuía um lado possessivo que nunca teve chance de contemplar antes.

Ele jogava duro e ela amava isso...

Seu abraço a excitava... sua fala a atiçava... sua respiração a incendiava... e seus lábios a seduziam... era como se fizessem amor através de palavras subtendidas, não ditas e por pensamento... os dois já eram tão íntimos...

Só que tudo ainda girava... estava confusa, perdida e sem rumo...

A relação deles não tinha futuro...

Os dois não se entendiam nunca... era uma conversa e cinco brigas...

Como o Super Soldado podia chegar ali, a encurralar e dizer que estava apaixonado? Aquilo não fazia o menor sentido...

— Você não pode fazer o que quiser, Steve... você chegou aqui me coagindo, gritando comigo e jogando coisas na minha cara, então agora que já teve o que queria, poderia me soltar...? – Ela dizia, de cabeça baixa, num tom de voz melancólico.

— Vai continuar fugindo de mim, Mary Crystal...? Mesmo depois de confessar que sou apaixonado por você...?

— Não estou fugindo, mas não posso corresponder às suas expectativas...

— Por que está fazendo isso comigo...?

— Porque essa sou eu. Você sempre soube quem eu era de verdade...

— Você não se importa? Vamos ficar muito tempo sem nos ver... nossos caminhos com certeza vão se desencontrar e talvez... nós... nunca mais nos veremos de novo...

— Eu sei... mas entenda de uma vez por todas, Steve: eu sou a pessoa errada para você...

.

— Você é a pessoa errada mais certa pra mim, Mary! – Ele a rebatia, convicto. Tinha plena certeza sobre seus sentimentos por ela.

.

— Não, eu não sou... – Ela virava o rosto, suprimindo um soluço... céus, por que tinha vontade de chorar...?

— Não preciso que seja certo pra você... não preciso que seja certo pra ninguém... é certo pra mim e isso basta...

— Não, Steve... não é assim que as coisas funcionam... – A garota fungava, segurando o choro...

— Pode dar certo... se você permitir que as coisas funcionem...

Os olhos dela encontraram os dele, num olhar firme e severo de advertência...

— Não vai funcionar! – Kiara rebatia, num tom áspero.

Os olhos azuis do Capitão estavam emoldurados pelo cenho franzido, confuso, e agora se transformavam num aspecto profundo de decepção e tristeza... era notável a expressão de dor na feição de Steve...

— Por que não, Mary...? – Ele a questionava, com o olhar obscuro e eclipsado...

A loira apenas o fitava de modo severo e congelado... como se estivesse erguendo uma espécie de escudo... uma barreira para se proteger...

— Porque nós dois sabemos que eu não fui feita para isso... eu não posso te dar o que você merece, e... – Os lábios da garota pararam de se mover no meio da frase, como se tivesse perdido subitamente sua voz...

Steve sentia decepção, melancolia e mágoa se transformarem numa raiva aquecida que fervia violentamente dentro de si...

Por que ela queria afastá-lo...?

— Termine o que você ia dizer... – Ele a incentivava a finalizar o que havia parado no meio.

Kiara queria dizer com as palavras mais propícias, que não haveria nada de benéfico num relacionamento entre ambos... mas o fogo da raiva e do sofrimento de Steve não se extinguiria só com isso... por que não existia justificativa que o convencesse...

— Vamos, Mary Crystal, seja sincera comigo pela primeira vez! – O Super Soldado bradava, esperando que a Segundo-Tenente fosse corajosa o suficiente para acabar com tudo, ali.

Ele encarava a expressão indiferente e fria dela, notando que os olhos de Mary possuíam um brilho vítreo, como se estivesse segurando lágrimas que ameaçavam sair.

O coração do Capitão batia forte... um possante aperto no estômago o incomodava, e ele se preparava para ser acertado por um golpe invisível extremamente poderoso...

Ele sabia que ia doer...

E então...

.

.

— Eu não sou ela, Steve... nunca serei... e você devia parar de se enganar pensando que eu poderia ser...

.

.

— De quem você está falando...?

— Peggy... eu sei que você está procurando por ela em mim... e sei que ela pode ser encontrada em outra pessoa...

— Quem...?

— Sharon...

— O que você está dizendo...!? Você não tem nada a ver com a Peggy, e a Peggy não tem nada a ver com a Sharon! Todas vocês são únicas e diferentes!

— Se você olhar para dentro de si mesmo, vai compreender seus sentimentos e entender que eu não sou a pessoa que você gosta...

— Não! Não é nenhuma delas que está em minha mente 24 horas por dia! É você, Mary! Só você...! – O loiro segurava o rosto da garota com desespero... o que podia fazer para convencê-la?

Kiara estava perdida... perdida em seus medos e receios... traumas, mágoas e cicatrizes... ela não o merecia... e essa era a verdade brutal e mais honesta que existia...

O Capitão sabia que a garota estava em conflito...

— Ouça, Mary... eu estou com medo porque o que sinto por você é arrebatador demais e meu corpo não suporta o que você me faz sentir... você... me afeta demais... você faz uma gota de água se transformar num tsunami... e o que sinto me consome, até me afogar...

A loira o fitou com um semblante confuso, melancólico e deprimido... porque suas palavras não pareciam uma declaração de amor, mas uma declaração de sofrimento...

A garota balançou a cabeça em desaprovação, respirando fundo.

— Se você se sente assim, isso significa que eu te faço mal...

— Não... você entendeu tudo errado...!

— Não, Steve, eu entendi o suficiente...

— Você vai continuar dizendo que prefere ir embora e me deixar...!? É isso que você realmente quer!?

— Eu tenho uma vida... tenho um trabalho que é o meu maior objetivo e uma carreira militar muito promissora na Força Aérea... não posso ficar com você só porque está me pedindo...

— A sua carreira na Força Aérea não é um empecilho, Mary... eu jamais pediria pra você deixar seus objetivos de vida por mim, mas... eu não quero que você me dê as costas e diga que nunca mais vamos nos ver de novo...!

— Eu não posso me comprometer com nada e nem ninguém, Steve... por favor entenda...

— Por quê...?

— Porque todos esses anos, tenho vivido apenas por mim mesma... não quero que você me roube aquilo que tanto lutei pra conquistar...

— O que você tanto lutou pra conquistar...?

— Minha impenetrável fortaleza, que não pode ser perfurada por ninguém...

O Super Soldado a encarava, abismado com tais declarações...

— Me deixe quebrar essa fortaleza, Mary... e eu te prometo que vou segurar sua mão e te conduzir para outra fortaleza ainda mais impenetrável e segura... – Steve implorava, enquanto a fitava com aqueles olhos azuis aflitos...

E por mais que a garota desejasse pegar na mão dele e deixa-lo assumir o controle, ela ainda tinha muito medo...

Medo dela, medo de estragar tudo, medo de machucá-lo ainda mais, medo do passado dele, medo do amor que Steve ainda nutria por Peggy e de sua conexão estranha com Sharon... eram muitos motivos e muitas variáveis... e ela não estava disposta a se arriscar...

— Não... eu não posso...

Steve ficou em silêncio mais uma vez, não aceitando aquelas palavras...

— Eu sei que apesar de não abalar sua vida em nada, você precisa de mim... então me dê uma chance pra te convencer do contrário... – O Super Soldado pedia mais uma vez, em vão...

— Eu... não consigo...

Um impetuoso choque percorria pelo corpo do loiro ao ouvir aquelas palavras... e então, o desespero passou completamente a tomar conta de seus instintos...

Steve aproximou seu rosto novamente do dela, sussurrando doces, desoladas e inacreditáveis palavras em seu ouvido...

.

.

.

— Por favor... não vá, Kiara...

.

.

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Aquela súplica era o auge do sofrimento e desespero do Capitão América... ele não conseguia aceitar que Mary Crystal o deixaria...

A Segundo-Tenente sentia uma lágrima escorrer por sua face ao ouvi-lo lhe chamando de Kiara...

Céus, por que não conseguia ceder...? Por que tinha tanto medo...? Por que tinha que estragar tudo...?

— Me coloque no chão, Steve...

Depois de longos segundos, o Capitão resolvia acatar o pedido da garota.

Ele a colocava no chão... depois de se entrelaçarem tão intimamente... depois de declarar sua paixão por ela... depois de se humilhar e pedir para ela ficar...

O Capitão virou de costas, respirando pesadamente, tentando recuperar o fôlego e então...

.

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.

Ele saia pela mesma porta que entrou... respeitando a decisão de Mary Crystal...

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O Super Soldado a deixaria partir, não porque queria, mas porque pensava que as decisões da garota eram muito mais importantes do que seus sentimentos por ela...

Quando Steve terminou de bater a porta da sala, um suspiro rouco subia pela garganta e penetrava os pulmões da Segundo-Tenente, fazendo-a ter a sensação de estar à beira de um abismo...

Tudo caia...

Tudo...

As lágrimas que mais doíam não eram as que escorriam de seus olhos, mas sim as de sua alma...

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Essas, não tinham como segurar...

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Após um tempo, esperando o jato particular que Tony pilotava em direção a cidade de Syracuse, na base onde Mary estava, para levar Steve de volta, o Capitão observava a garota ao lado do Major Johnny Watson pela parede de vidro do local, de longe...

Os dois aviadores estavam prontos para embarcarem em dois aviões da Força Aérea.

O olhar do Super Soldado a seguia pelo lado de fora da base... e ele sentia que seus olhos começavam a arder com a feroz ameaça de lágrimas se acumulando...

Steve exalava intensamente sua respiração... uma fúria incontrolável se esvaia através de seu punho direito, ao qual aperava com tanta força, que chegava a sangrar...

Seu corpo sentia a sensação excruciante da dor e da perda... era insuportável...

Ele se encostava na parede de vidro, segurando a cabeça, sentindo o sangue escorrer de sua mão direita...

O Super Soldado pedia a Deus que aquele não fosse o fim para ele e Mary... porque não poderia deixa-la ir tão facilmente...

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Depois daquela trágica e miserável despedida, o Capitão América achava agonizante a forma como Mary Crystal podia partir seu coração e ainda amá-la com todos os pedaços quebrados...

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