Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 30
A visita à Casa Branca




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784835/chapter/30

A visita à Casa Branca

.

━─━────༺☆༻────━─━

.

.

.

5 de Junho de 2012, 10:32 AM

.

.

.

Casa Branca - Washington DC

.

.

.

Steve e Mary acabavam de desembarcar num avião particular, rumo a Casa Branca em Washington DC.

O Coronel James Rhodes os acompanhava, juntamente de Sam e Riley.

Os aviadores iam na frente junto com o Coronel, enquanto o Capitão e a Segundo-Tenente caminhavam atrás.

Os dois andavam lado a lado e à caráter.

Steve se encontrava muito bem arrumado, trajado de roupas sociais claras.

Mary também seguia a mesma linha, com roupas sociais claras, um penteado simples e pouca maquiagem.

Embora não visse seus pais a meses, ela ainda tinha um protocolo a seguir, mesmo sendo a filha do Presidente.

O loiro desviava o olhar na direção da Segundo-Tenente.

— Sei que esse não é o momento, mas você ainda não me respondeu porque desobedeceu às ordens do Coronel Rhodes aquele dia e foi atrás de mim e do Tony. – O Super Soldado ainda não estava convencido das desculpas dela.

— Caso você não saiba, Cap, quem manda na minha vida sou eu. – Rebatia, ríspida e sem paciência.

— E se o seu pai souber disso?

— Bem, se você disser algo a ele, pode contar seus últimos minutos de vida, porque eu vou te matar. – E então, a loira o encarava com uma expressão firme, colérica e sombria.

Ela não parecia estar de brincadeira.

Por que o humor de Mary Crystal mudava drasticamente quando algo envolvia seu pai? Porque tanta apreensão em nunca o preocupar?

Passados alguns minutos, os dois entravam no local com Rhodes, Sam e Riley.

Steve cumprimentava algumas pessoas que o recepcionaram da forma mais requintada e patriótica possível.

O Capitão América possuía uma legião de fãs naquele lugar.

Alguns Congressistas faziam fila para apertar a mão de Steve Rogers.

Mary Crystal sorria, mantendo uma postura garbosa e alinhada, digna da filha dos Estados Unidos, mas por dentro...

Desejava sair daquele lugar o mais rápido possível... céus, como odiava toda aquela dissimulação...

Depois de cumprimentar a todos que recepcionaram o Super Soldado, Mary e Steve se despediam das pessoas ali presentes e seguiam na direção do Salão Oval, onde o Presidente dos Estados Unidos os aguardava.

Rhodes, Sam e Riley acompanharam os dois até o começo do longo corredor.

Enquanto ambos seguiam caminhando, alguns Congressistas transitavam pelo local, entre eles o Senador Stern.

Os olhos da Segundo-Tenente alargaram e ela mostrava uma feição perturbada por ver aquele homem por ali.

Sem pensar duas vezes, a única coisa que Kiara fez, foi...

.

Agarrar o braço de Steve com força.

.

O loiro desviou o olhar em sua direção, e já ia perguntar porque a mesma repentinamente segurava seu braço, porém, Mary esclarecia tudo logo de cara.

— Capitão, por tudo que é mais sagrado, me deixe segurar o seu braço até chegarmos no Salão Oval.

— Por quê? – O Super Soldado arqueava uma sobrancelha, desconfiado.

— Não posso deixar a diplomacia e educação de lado por causa do meu pai, mas... aquele Senador que está logo a frente, vive me assediando e eu não posso perder as estribeiras aqui na Casa Branca, então me ajude, por favor.

— Aquele homem vive te assediando...? Está falando sério...? – O loiro olhava na direção do político, que conversava com duas pessoas no corredor.

— Sim... o tempo todo sou assediada por esses velhos decrépitos e tenho que fingir indiferença e ser educada. Meu pai é o presidente, esqueceu?

— Está falando sério?

— Pode não ser nada pra você, mas pra mim é e... se pudesse, daria um soco em todos eles, mas tenho que aguentar a pressão.

— Eu não tinha ideia que passava por isso, senhorita Ellis...

— Infelizmente, uma presença masculina ainda é a forma mais fácil de espantar esses assediadores para longe e é por isso que agarrei seu braço... ele não vai mexer comigo se você estiver do meu lado.

— Entendo... mas sei que você é fisicamente capaz de se defender sozinha, senhorita.

— Sim e eu adoraria soca-lo, só que infelizmente não posso.

Steve respirou fundo, um pouco chocado com o relato da Segundo-Tenente.

Ela já havia testemunhado cenas parecidas com Peggy em 1942, quando alguns soldados a desrespeitavam e a assediavam, desferindo cantadas inconvenientes e até forçando contatos físicos, mas a agente sempre se defendia sozinha e mostrava que não cederia.

Steve olhava para o rosto do tal Senador, com certo... desprezo...

Desrespeitar uma dama, sendo ela a filha do Presidente dos Estados Unidos, era algo extremamente repugnante...

Com certeza daria cobertura à Mary, porque odiava aquele tipo de conduta, ainda mais vindo de um homem com poder e influência...

— Certo, senhorita Ellis... se fosse por outro motivo, eu não te daria nenhuma cobertura, mas se é para que não seja incomodada, então ficarei ao seu lado sem problemas.

— Ótimo...

O loiro a fitou com uma expressão firme e confiante e então...

.

Puxou o braço da garota para mais perto, fazendo com que o corpo dela ficasse ainda mais próximo do dele.

.

Kiara suspirava aliviada... sentindo-se... segura...

Os dois continuaram caminhando, naturalmente... e então, o Senador Stern parou na frente de ambos, para cumprimenta-los.

— Ora ora, veja só não é o Capitão Steve Rogers em carne e osso! – O Congressista erguia a mão para cumprimenta-lo.

— Senador... – O loiro o cumprimentava com um aperto firme a ponto de fazê-lo sentir o osso de sua mão estalar com a forte pressão.

Mary sorria de canto, obstinada, porém discreta, sabendo que Steve estava se vingando por ela, pois era nítido a expressão de desconforto do aperto que o loiro acometia ao cumprimentar o Senador.

O Congressista afastou a mão, sacudindo-a para se livrar da dor.

— Vejo que sua força física ainda é a mesma depois de quase 70 anos... – O Homem brincava, não entendendo aquele cumprimento dolorido.

— Sim... mesmo depois de décadas preso no gelo, ainda me encontro no auge. – Steve sorria confiante, puxando o braço de Kiara para mais perto, deixando claro que ele estava ali para impedi-lo de dizer ou fazer qualquer coisa inconveniente contra a filha do Presidente.

— Estar no auge da força é ótimo... – O Senador observava Mary Crystal ao lado do Super Soldado, já sabendo que não poderia se aproximar da garota e soltar suas... cantadas inadequadas...

Mas...

Isso não o impedia de convidá-la para uma confraternização que ocorreria no Senado em poucos dias.

— Então, senhorita Ellis... não gostaria de participar de uma celebração no Senado que acontecerá na semana que vem? É um evento onde figuras importantes discursarão e pensei que poderia nos dar a honra de suas habilidades no piano. – O Senador dizia tais palavras olhando indiscretamente para as pernas da garota, cobertas até os joelhos pelo vestido claro que trajava.

Porém, quando Mary pensou em responder algumas palavras ácidas, um homem alto, de cabelos escuros e que trajava roupas sociais, aparecia repentinamente ao lado dela, agarrando seu braço e respondendo em seu lugar.

.

.

— Ela não poderá comparecer, porque está ocupada trabalhando com o Diretor Fury, Senador Stern. Então acho que terá de chamar outra pianista...

.

.

Quando Kiara olhou para o lado, notou a presença de Harry Jasper Ellis, seu irmão mais velho, protegendo-a descaradamente daquele crápula assediador.

Steve franzia o cenho, não entendendo como e por que aquele homem surgia do nada, segurando o braço de Mary Crystal.

A Segundo-Tenente soltou o braço do Capitão rapidamente e gritou de forma escandalosa...

.

— HARRY!!!

.

— Monstrinha!!! – Ele respondia de volta e então, os dois se abraçaram com muito afeto, carinho, saudades e alívio, deixando um Steve Rogers alheio, no vácuo e sem entender absolutamente nada...

Já o Senador, resolvia sair dali.

— Bem, é uma pena... de qualquer forma, nos vemos por aí, senhorita Ellis. – E então, o Congressista os deixava, andando na direção oposta.

O Capitão continuava não entendendo aquela cena estranha...

.

Quem era aquele homem e por que Mary Crystal o abraçava com tanta força e felicidade?

.

O loiro observava os dois, sentindo-se descolado da realidade, mas se recordou da vez em que encontrou com Kiara no térreo da Torre Stark, semanas atrás, e a garota conversava com um rapaz que trajava uma farda da Marinha Americana.

Era a mesma pessoa então...? Mas o que ele fazia ali...?

A poucos minutos, a garota pedia sua ajuda e agora estava ali, agarrando aquele homem em sua frente, deixando-o de lado, como se ele nem mesmo existisse?

Uma sensação estranha percorria por seus sentidos, e Steve não sabia o que dizer ou fazer, até que uma voz no fundo do corredor o tirava de seus devaneios.

— Kiara!!! – Uma garota loira e de cabelos curtos gritava e corria na direção da Segundo-Tenente, que largava o tal rapaz e agora abria os braços para abraça-la.

— Amber!!!

As duas se abraçavam com força, mostrando que não se viam a um tempo.

— Parece que ficamos uma eternidade separadas! Que saudades!!! – A tal garota, que se encontrava com uma farda da Força Aérea Americana, abraçava Mary Crystal, desesperada.

E mais uma vez, Steve se sentia deslocado...

Quem eram aquelas pessoas afinal?

Mas depois de um minuto, Kiara largava Amber e começava abraçar Harry de novo, do nada...

O Capitão não conseguia entender o sentido de tudo aquilo...

Foi quando Amber, a tal amiga de Mary, resolvia esclarecer.

— Muito prazer em conhece-lo, Capitão América! A mal-educada da Kiara não quer te apresentar pra gente, então tomo a liberdade de fazer isso por conta própria. Sou Amber Rachel Collins. – A aviadora erguia a mão na direção do Super Soldado.

— Muito prazer, senhorita... Collins... – Ele apertava a mão da garota, um tanto sem jeito.

Já Mary, continuava abraçando Harry, girando com ele, de olhos fechados, matando as saudades.

Steve sentia-se incomodado com aquela cena... era um tanto estranho presenciar Mary Crystal dando afeto a um rapaz que ele não tinha a mínima ideia de quem era...

— Olha, acontece direto... eles brigam como cão e gato, mas o amor é muito maior do que as brigas... então uma hora eles vão lembrar que o tempo está passando e vão parar de se abraçar. – Amber esclarecia, colocando seus óculos de aviador, sorrindo enquanto olhava para a cena de Mary e Harry se abraçando.

— Aah... por acaso eles... estão em um relacionamento...? É que a senhorita Ellis nunca me disse que tinha um namorado...

— Namorados!? Não, não!!! Ele é o irmão mais velho dela! – Amber começava a rir da cara de Steve...

E o loiro...

.

Sentia seu rosto corar levemente, por ter feito conclusões precipitadas sobre os dois...

.

— Sua maluquinha... que saudades... – O Major da Marinha a apertava com força.

— Embora eu ainda ache que devia ter te empurrado daquele barranco na Sicília, confesso que também estava com saudades... – Mary redarguia, ainda abraçando seu irmão com força e de olhos fechados.

— Será que vocês dois podem parar com isso agora!? O Capitão América está aqui!!! – Amber interrompia os irmãos, que finalmente se separavam.

— Foi mal, Cap... – Mary tentava se recompor.

— Muito prazer, Capitão América. É uma honra conhece-lo. Sou Harry Jasper Ellis, irmão mais velho dessa boneca assassina. – O rapaz erguia a mão para cumprimentar o Super Soldado.

— Muito prazer, senhor Ellis... – O loiro apertava a mão do Major, com cortesia e se praguejando mentalmente por ter achado que o rapaz era... namorado da Segundo-Tenente.

— Por que não disse que estariam aqui!? – A Segundo-Tenente dava um soco no ombro de Amber e Harry.

— Surpresa! – A amiga de Mary respondia, animada.

— Olha, sei que você tá morrendo de saudades, mas o papai está te esperando junto com a mamãe lá no Salão Oval. Depois a gente se fala. Daqui a pouco, eu e Amber temos que partir. – Harry retorquia, no ímpeto de que a mesma se apressasse.

— E como estão as coisas lá na base, Amber?

— Tudo na mesma... exceto pelo fato de que o Johnny saiu de licença esse mês e... acho que ele vai atrás de você qualquer hora. – A garota piscava, com malícia, fazendo Mary revirar os olhos.

Johnny era um colega da Força Aérea, que diziam ser apaixonado por Mary Crystal.

— Lá vem vocês com teorias da conspiração sobre ele ser apaixonado por mim... gente, acordem, tá cheio de mulheres melhores do que eu na base. O Johnny jamais olharia pra mim!

— Certo, mas deixem pra fofocar depois. Agora leve o Capitão pro Salão Oval. Eles estão te esperando. – Harry apressava a irmã.

E então, a garota dava tchauzinho para o irmão e a amiga e voltava a caminhar na direção do Salão.

Steve, que estava alheio a tudo o que havia acontecido, se sentia um pouco incomodado com tantas coisas que nada tinham a ver com ele... ainda mais quando não entendia nada do que os três diziam...

Mary Crystal o jogava em cada situação constrangedora...

Ao chegarem na porta do Salão Oval, a Secretária do Presidente os recepcionava.

— Sejam bem-vindos, Capitão Rogers, senhorita Ellis... o Senhor Presidente os espera.

— Muito prazer, senhora secretária. – O loiro a cumprimentava educadamente junto com Mary.

— Vocês dois estão com uma aparência ótima! Parecem até um casal!

— Não somos um casal... - Steve respondia timidamente.

— Assim você me ofende, senhora secretária! Ele é muito mais velho do que eu! – A Segundo-Tenente rebatia.

— E daí? Vocês ficam tão bem juntos...! Mas vamos deixar de enrolação e me acompanhem. – A mulher os conduzia rumo ao Salão.

No caminho, Mary sussurrava algumas coisas para Steve

— Você pode por favor fingir que nunca tivemos uma discussão na vida...?

— Por quê...? – O loiro sussurrava de volta.

E então, a Segundo-Tenente fez o sinal de que o estrangularia, caso o mesmo dissesse para seu pai sobre as divergências que os dois tiveram ao longo das semanas.

Steve sorriu de canto, deixando-a ainda mais irritada.

A Secretária abria a porta do Salão Oval e finalmente os dois entravam no local.

.

O Presidente e a Primeira Dama os aguardavam, de pé.

.

— Senhor Presidente. - Steve cumprimentava o Presidente dos Estados Unidos com muita cortesia e polidez.

— Capitão Rogers, é uma honra conhece-lo. – Matthew Ellis apertava a mão do Super Soldado com um sorriso enorme, satisfeito por conhecer o maior ícone heroico americano.

Kiara abraçava a mãe, depois de meses sem vê-la.

— Que saudades, sininho... – A Primeira Dama sussurrava no cabelo de sua filha.

— Mãe... não me chama de sininho aqui... – Mary protestava, com vergonha daquele apelido.

Ao se separarem, Steve a cumprimentava também.

— Muito prazer, senhora Ellis.

— O prazer é todo meu, Capitão Rogers. Obrigada por ter aceitado nosso convite e ter vindo a Casa Branca.

— Imagine. Eu jamais recusaria um pedido do Senhor Presidente.

E então, agora era a vez da garota abraçar seu pai, depois de meses sem vê-lo...

— E aí, Matt!? – A Segundo-Tenente sorria docemente, no ombro de seu pai.

— Querida, aqui você tem que seguir os protocolos, esqueceu? Não estamos em casa...

— Tem razão, Senhor Presidente. Desculpe... – E então, a loirinha abraçava ainda mais seu pai com força...

Steve observava a cena e achava tudo extremamente encantador... era algo belíssimo de se apreciar, já que Mary mostrava que amava seu pai mais do que tudo.

— Viu que os Dodgers arrasaram esse fim de semana...? – A garota falava no ouvido do pai.

— Claro. Eles acabaram com os Atlanta Braves... – O presidente afirmava, dando risadas com Mary, quebrando os protocolos da Casa Branca...

— Aah, perdão, Capitão. Eu aqui falando de baseball com minha filha deve soar estranho...

— Não é estranho. Ele torce para os Dodgers também. – Mary revelava, fazendo seu pai alargar o olhar em surpresa.

— É verdade?

— Sim... – Steve redarguia, um pouco tímido... não sabia que o Presidente também torcia para os Dodgers.

— Mais um grande motivo pra admirar ainda mais o Capitão América. – O líder supremo da nação sorria satisfeito.

— E como estão as missões do Diretor Fury, Capitão? – A Primeira Dama o questionava.

— São um pouco complexas, já que a HYDRA ainda está por aí... já devem saber sobre os dois jovens aprimorados, certo?

— Sim. O Rhodes nos reportou tudo. Parece que Alexander Pierce recrutou pessoas perigosas para tomar o controle da SHIELD. – O Presidente Ellis redarguia, com uma feição preocupada.

— Ainda não temos ideia de onde Pierce e os outros membros da S.T.R.I.K.E. estão, mas a SHIELD está cuidando de tudo. – O Capitão retorquia, deixando claro que todos trabalhavam para capturar os maiores criminosos do país.

— Eu fico mais tranquilo por saber que você está com minha filha... e confesso que eu e Beatrice fomos pegos de surpresa quando o Conselho estendeu a licença dela para que atuasse com a SHIELD. Eu fui contra, só que resolvi não intervir nas decisões, afinal, eles sabem o que é melhor para a segurança de todos.

— Mas eu contesto essa decisão. Sabem que não vou continuar calada, só obedecendo ao Fury, certo!? Eu quero voltar pra Força Aérea o mais rápido possível!

— Mary, querida... por favor tenha modos... - A mãe da garota demandava, segurando a mão de sua filha.

— Imagino sua preocupação com a senhorita Ellis, senhor Presidente, afinal, o senhor é pai. – O Capitão redarguia, mostrando compreensão.

— Sim... ela sempre será a minha garotinha... minha pequena... e me preocupo muito com sua segurança.

— Ah, pai, por favor! Menos né!? – Kiara revirava os olhos.

— Querida... vamos deixar os dois conversarem sozinhos, venha comigo... já faz algumas semanas que você não brinca com o Billy e ele está aqui. - A senhora Ellis puxava a mão da filha, no intuito de leva-la para brincar com Billy, o cachorro da família.

A garota olhou para trás, com uma careta assustadora no rosto e fez gestos com o polegar na altura do pescoço, semelhante a uma faca. Ela replicava mimicamente para Steve:

Se.você.disser.alguma.coisa.pro.meu.pai.eu.te.mato!” – A loira terminava, cerrando os dentes.

Steve sabia que não podia falar sobre todas as maluquices que Mary fez nas últimas semanas... não soaria bem...

As duas então cruzaram a porta do salão e os deixaram sozinhos.

O Presidente já logo pedia desculpas pelos modos de Mary Crystal.

— Por favor, perdoe os modos peculiares da minha filha... ela passou uma boa parte de sua vida na Itália, longe dos Estados Unidos e certos hábitos ainda estão enraizados... então ela acaba agindo muito informalmente com todos à sua volta, por conta da cultura italiana.

— Não se preocupe, senhor Presidente. Isso não é um problema. – Steve respondia com muito requinte e cordialidade, resolvendo não expor tudo o que Mary havia aprontado nas semanas em que passaram juntos...

.

.

Kiara e sua mãe percorriam o corredor que dava acesso ao Salão Oval, de braços dados.

A Primeira Dama fitava sua filha, maliciosamente...

— Me diz que você não fez nada de errado na frente dele...

— Sabe que isso é impossível, Beatrice. – A loirinha sorria, travessa.

— Mary Crystal Ellis, o que você fez!?

— Aah, ele é um pé no saco! Não tenho paciência... – A garota revirava os olhos.

— O Capitão América é um homem de uma criação antiga, sininho. Ele jamais entenderia uma garota do século 21, e é por isso que estou preocupada...

— Não precisa se preocupar comigo, mãe...

— Não é com você que estou preocupada, é com ele! Você é uma diabinha que gosta de pregar peças nas pessoas e temo pela segurança do maior herói do país!

— Uau, aposto que você jamais repreenderia o Harry dessa forma! – A garota bufava, com raiva.

— Seu irmão nunca deu trabalho... já você...

— Isso mesmo! Esfregue na minha cara que eu não presto e você prefere o Harry! – Kiara fazia uma careta.

— Você puxou mais a mim do que a seu pai, querida... agora preciso que me confesse uma coisa... – A mãe da garota começava a cochichar em seu ouvido, enquanto andavam pelo corredor principal da Casa Branca.

— O que você quer que eu confesse, mãe...? – Mary não tinha paciência para as lamentações da Primeira Dama.

.

.

— O Capitão América tem um belo traseiro... você já apertou? Qual é a sensação...?

.

.

— MÃE!!! – A loirinha a repreendia, indignada com a pergunta descabida de Beatrice.

— Eu te conheço, mocinha... abra o jogo agora...

— Pare de fazer esse tipo de pergunta! E se alguém aqui dentro ouve esse absurdo!?

— Eu te conheço com a palma da minha mão, sininho... pare de fingir e confesse. – A mãe de Mary mostrava uma feição séria e rígida.

Já a loirinha, não conseguia esconder nada dela...

.

— Hmm... tá... eu dei um tapa na bunda dele. Satisfeita...?

.

— Ahahaahaha, até nisso você se parece comigo! Adorava beliscar a bunda dos rapazes quando estava na faculdade!

— Beatrice, eu quero saber o que você vai fazer se o Matt ouvir isso!? – A Segundo-Tenente rebatia, com uma careta horrível na face.

— Nada... eu belisquei a dele também...

— Eca, mãe, para de falar essas coisas na minha frente!

— Bem, de qualquer forma, trate o Capitão América com respeito, sininho, ou vou te dar umas palmadas, entendeu!?

— No fundo você só tá com medo dele vir reclamar com o papai, né!? Você só pensa em si mesma, Beatrice!

— Mais respeito com sua mãe, sininho...

— Tá bom... agora não me chama de sininho na frente dele, por favor...

— Vou pensar no seu caso... – A Primeira Dama sorria maliciosamente.

.

.

No Salão Oval, Steve revelava algumas coisas sobre a Batalha de Nova York, os Vingadores e os futuros planos de Nick Fury e da SHIELD.

Eles também falavam sobre Mary Crystal.

— Capitão, mais uma vez peço desculpas pelo mau comportamento da minha filha. Sei que ela tem dado muito trabalho e que existem agentes de elite mais capacitados do que ela para estar ao seu lado nas missões em que o Fury designou, mas... infelizmente minha pequena tem essas visões e sonhos por causa das habilidades que adquiriu quando aconteceu um incidente com o Tesseract...

— O Diretor Fury explicou tudo isso, Senhor...

— Não foi fácil naquela época, porque a nossa pequena tinha uma saúde muito frágil e muitas doenças que a impediam de sair de casa e até da cama, mas... ela se esforçava mesmo assim. Quando o incidente aconteceu, e depois de seis meses em coma, todos os problemas que Mary tinha desapareceram e a nossa pequena conseguiu essas habilidades, só que nós nunca pensamos que ela se tornaria alguém tão inconsequente e rebelde com o tempo... você sabe, Mary Crystal não tem medo de nada e se coloca em situações de risco, então, por conta disso, nos preocupamos demais.

— A senhorita Ellis é uma pessoa muito enérgica e descuidada com muitas coisas, mas acho que isso é um reflexo da raiva que a mesma tem sentido por ter sido tirada da Força Aérea e forçada a trabalhar conosco. – Steve ponderava, dizendo o que achava.

— Ela confessou isso a você?

— O tempo todo ela mostra insatisfação e sempre discute com o Diretor Fury.

— Céus... minha filha tem discutido com o Diretor da SHIELD? – O presidente mostrava perplexidade e choque diante de tais revelações.

— O Diretor Fury mostra que confia nela e releva muitas coisas que a mesma diz. Acho que ele tem muita consideração por sua filha, Senhor Presidente.

— Preciso conversar com Nicholas... preciso me desculpar pelas atitudes de Mary Crystal. Isso não pode continuar acontecendo. Ela deve respeito as pessoas mais velhas. – Matthew Ellis parecia estar indignado pela postura da filha e o Capitão não sabia que seu pai não tinha consciência das coisas que a filha fazia ou dizia por aí.

— Se me permite, seria demais pedir que possa orientar a minha filha a ser mais responsável...? Não pensei que ela estivesse dando trabalho a vocês...

— Eu sou a última pessoa que ela daria ouvidos, Senhor. A senhorita Ellis não leva nada do que digo a sério.

— Por quê? Ela era sua fã quando criança. Achei que mostraria mais respeito...

— Já ouvi falar que ela era minha fã a alguns anos, na infância, mas acho que essa admiração desapareceu com o tempo.

— Meu Deus... preciso conversar com ela...

— Não se preocupe, Senhor Presidente. Ela não tem sido inconveniente como está pensando. – Steve mentia descaradamente, apenas para não expor a garota.

— Peço desculpas mesmo assim... mas se minha filha fizer algo que o desagrade, por favor, me avise pra que eu possa ter uma conversa séria com ela. Mary Crystal não costuma dar ouvidos a ninguém, mas acho que ela leva mais a sério as minhas palavras do que as de qualquer outra pessoa.

— Tudo bem, Senhor. Depois que descobrimos sobre o incidente com o Tesseract, eu consigo entender melhor o lado dela... sei exatamente como é ser fisicamente incapaz de algo...

— Sim... antes do soro, certo?

— Exatamente.

E então, os dois sorriram um para o outro.

Steve tinha uma boa impressão do Presidente e ambos continuaram conversando por mais de uma hora, sobre diversos assuntos, incluindo o plano que o Matthew Ellis tinha de construir inicialmente um museu em homenagem ao Capitão América, mas a ideia havia sido repensada e os Congressistas sugeriram criar uma exposição por tempo ilimitado com tudo o que os Estados Unidos tinha de material da segunda guerra sobre o Sentinela da Liberdade.

Steve sentia-se honrado, mas ao mesmo tempo tímido por fazerem algo a respeito dele.

O Capitão mostrava muita educação, cortesia e patriotismo em sua conversa com o Presidente. Sua conduta respeitosa apenas aumentava admiração que Matthew Ellis tinha por ele.

E então, os dois se despediram e a secretária guiava o Capitão América para o jardim onde Mary Crystal se encontrava.

.

.

Quando o Super Soldado chegava no jardim, notava a mãe da Segundo-Tenente gritando com ela.

— Mary Crystal Ellis, pare de deixar o Billy subir em você! Sua roupa vai ficar cheia de pelo e você vai ficar cheirando cachorro!!!

— Ah mãe, para de ser chata! – A garota rebatia, com o cãozinho por cima dela, brincando com a mesma.

O loiro colocava as mãos nos bolsos da calça, observando Kiara entretida com o animal.

Era incrível presenciá-la de longe... porque à distância, Mary não parecia aquela garota sarcástica, dona das piadas mais ácidas que existiam.

Beatrice olhava para ele, um pouco sem jeito...

Steve Rogers era um homem charmoso, bonito e elegante, cuja beleza era extremamente exuberante e desigual.

Ele era extremamente inteligente, de caráter inabalável... um homem incrível... um homem apaixonante...

Já Mary Crystal, era mimada, impaciente, desaforada, teimosa, pirracenta e agia de forma infantil na maioria das vezes... era um contraste que deixava a mãe da garota um tanto envergonhada...

— Minha filha parece ter oito anos de idade... peço que tenha paciência com ela... – A Primeira Dama sorria docemente, tentando disfarçar o constrangimento.

— Tratar os animais com carinho é uma forte qualidade, senhora Ellis.

— Vejo que o Capitão América além de herói, também é um homem que possui bons olhos...

— Sempre vou me esforçar para enxergar apenas o lado bom do ser humano, senhora...

— Isso explica porque consegue ter paciência com minha filha...

— Imagine, senhora Ellis. Pode ficar despreocupada... – O loiro tranquilizava a mãe da garota, que resolvia deixá-los sozinho no jardim, voltando para o Salão Oval, onde seu marido se encontrava.

Mary mostrava muita meiguice, carinho e bondade ao estar com seu cãozinho. Ele não imaginava contemplar tanta pureza e amor verdadeiro nos olhos verdes da Segundo-Tenente...

Mas repentinamente, Billy começava a correr na direção de Steve...

Ele o cercava, querendo brincar...

Kiara se surpreendia pelo fato de o cachorro se simpatizar com o loiro.

A garota corria na direção deles.

— Ele gostou de você...!

— Acho que sim... - Steve sorria, se agachando para fazer carinho no cão.

A Segundo-Tenente observava Billy estar à vontade com Steve.

Aquilo era algo surpreendente...

— Qual é a raça dele? – O Capitão continuava acariciando o pelo do cachorro.

— Pastor Australiano.

— Quantos anos ele tem?

— Ele só tem um ano e dois meses.

— Só isso?

— Nós o adotamos no começo da primavera do ano passado... ele é um cachorro dócil e muito animado...

— Estou vendo... – O Super Soldado sorria ternamente, vendo o quão feliz Billy parecia por Mary Crystal estar ali, brincando com ele.

O loiro agora percebia que Kiara tinha uma família estruturada e completa...

Ele se levantava e observava o cachorro correndo para longe, feliz.

Mary permanecia ali, vendo Billy brincar sozinho, correndo pelo jardim.

Ela se virava para Steve, o encarando com certa desconfiança...

— Não contou ao meu pai sobre nossas discussões?

— Não. Depois de me ameaçar, achei que seria melhor ficar calado. – Rebatia, ironicamente, deixando-a ainda mais desconfiada.

— Não sei se acredito em você, Capitão Rogers...

— Sabe, senhorita Ellis, tem algo que está me incomodando a alguns dias e queria te perguntar para sanar essa dúvida.

— E o que seria...?

— Aquele dia, no bar... antes do incidente com o Stark... por que me tratou mal na frente da Kate?

.

Kiara era pega de surpresa com aquela pergunta tão repentina.

.

— Eu... estava mal-humorada aquele dia. Só isso. – A loirinha desviava o olhar para o lado, incomodada.

— Mas o tempo que te observei, você parecia estar muito animada com sua amiga... qual é o nome dela mesmo...? Ah sim, a senhorita Palmer...

Ela voltou o olhar na direção do loiro e respirou fundo, sem paciência...

.

— Ok... eu admito... não estava preparada psicologicamente pra ver você fazendo amizade com outra mulher.

.

Steve arregalava os olhos. O que ela queria dizer com aquilo?

Ciúmes...? Não fazia sentido...

— E posso saber por quê?

— Porque eu sou a única mulher que pode te atentar... não quero que outra tome o meu lugar... – A Segundo-Tenente replicava, com cinismo e petulância.

E o Super Soldado ria divertidamente daquilo. Ele deu a ela um daqueles sorrisos enigmáticos que diziam algo que não conseguia traduzir... era incrível...

Não existia ninguém naquele mundo que não se renderia ao sorriso de Steve Rogers...

Ele curava todo o cansaço de sua retina e lhe causava uma sensação terapêutica...

Toda vez que Kiara contemplava aquele sorriso... era como se conseguisse sentir o gosto dele, era mágico...

— Bem, sinto muito por isso, mas a Kate não é o tipo de mulher que provoca os homens por diversão como você, então, quanto a isso pode ficar tranquila, porque nenhuma outra mulher tomará o seu lugar nesse aspecto...

— Sinto que isso foi uma ofensa e não palavras de conforto... – Ela estreitava o olhar.

— Exato. Até porque, não tenho interesse em inimizades, senhorita, mas estou totalmente aberto a amizades saudáveis. – Redarguia, convicto e com um sorriso de canto.

— Certo... como nunca serei sua amiga, vou ser a única a continuar causando um mal-estar tremendo em você e isso me deixa feliz! Esse espaço no seu coração é só meu! – A garota afirmava, animadamente e Steve atentava para o sol de mais uma tarde de primavera clarear os cabelos cor de ouro de Mary Crystal...

Os suaves fios loiros, de um fulgor tão vívido, esvoaçavam de forma harmônica e se espalhavam, exalando um aroma de lavanda...

Steve observava o cabelo da garota e se lembrava que desde a primeira vez que a viu, tinha o desejo secreto de enrolar seus dedos nas pontas daquelas lindas madeixas claras e senti-las lentamente...

Ele não conseguiu fazer isso por muito tempo, quando a reencontrou no píer de Santa Mônica...

O loiro também atentava para o atual sorriso dela... que coloria tudo ao redor...

Aquele sorriso, que não sabia se era um convite, mas se sentia convidado... não sabia se era abrigo ou abismo... Mary Crystal sorria e Steve sentia que seu peito sofria um doce impacto...

O sorriso largo, o olhar radiante, a alma florescida, a aura colorida... seus 1,61 de altura e suas curvas bonitas a tornavam tão imensa e infinita... mas ainda assim, era como se Mary não coubesse nas entrelinhas de seus esboços sobre ela... sua imensidão transfigurava-se a algo mínimo, que paradoxalmente continuava enorme mas acomodava-se naquele espaço...

— Tem razão... você ocupa a parte negra do meu coração, senhorita Ellis...

— Fico feliz por isso...! – A garota finalizava e Steve prestava atenção nas nuances de sua voz...

E então, os dois se entreolharam intensamente...

O olhar do Capitão América tinha a mágica de ser o lugar onde os olhos de Kiara desejavam sempre fixar... por causa da beleza e também por causa da paz que ele transmitia ao contemplá-la...

Mary gostava de se ver refletida naquele belo par de olhos azuis, porque tinha a sensação de pertencer a algo...

Naqueles olhos, ela enxergava o ponto de calmaria para tempos ruins, mesmo não entendendo o que se passava dentro dos mesmos, eles simplesmente lhe tranquilizavam... lhe afagavam carinhosamente num clima de serenidade...

.

Por que mesmo tendo um céu inteiro, as estrelas decidiam brilhar justamente dentro dos olhos do Capitão América...?

.

O Sentinela da Liberdade mostrava vez o outra, ombros caídos, de quem já viu a esperança ruir mais de uma vez... mas seguia tentando se reerguer, porque naquela vida, estávamos sempre tentando se recuperar de algo e respirar profundamente depois de um estrago... para encontrar motivos e voltar a viver...

.

Enquanto isso, o Presidente dos Estados Unidos observava atentamente sua filha ao lado do Capitão América pela janela do Salão Oval.

Ele sorria ternamente diante da cena...

Beatrice, sua esposa, que chegava no salão, notava Matthew Ellis concentrado na imagem de Mary com Steve.

— Por que está sorrindo desse jeito...? – A Primeira Dama o indagava, vendo que o mesmo observava os dois lá fora.

— Nada... – Respondia, com um ar de duplo sentido.

Beatrice estreitava o olhar, até que um estalo vinha em sua mente.

— Ah meu Deus... não me diga que-

— Sim... – O Presidente alargava o sorriso, já sabendo que sua esposa lia seus pensamentos...

— É sério!? Ele!?

— E quem mais poderia exercer um papel tão importante na vida da nossa pequena? O Capitão Rogers já está incluído na lista.

— Você está louco de colocar o Capitão América na lista de possíveis genros!? Ele é muito mais velho que a nossa filha!!!

— Mas é por isso mesmo. O Capitão Rogers tem os valores do meu avô. É um homem a moda antiga, respeitoso, bonito, extremamente educado, cavalheiro, forte e ainda é o maior herói dos Estados Unidos. Depois de passar uma hora com ele, tenho certeza que Steve Rogers é o homem ideal para a nossa Mary.

— Acho que você está passando dos limites, Matt...

— Não estou. Vou fazer de tudo para que os dois passem o máximo de tempo juntos...

— Como?

— O Rhodes está nessa missão junto comigo. E a partir de agora, ele é o número 1 da lista. – O Presidente revelava, deixando a Primeira Dama ainda mais chocada.

— Mas e o Johnny Watson? O colega dela na Força Aérea?

— Ele passa a ser o número 2, caso o Capitão Rogers não queira esse papel.

— Matt... o Capitão não vai entrar nessa... Kiara tem um gênio difícil... ela é debochada, impaciente, encrenqueira, birrenta, ciumenta e instável. Ele vai querer distância da nossa menina...

— Mary Crystal tem excelentes qualidades. O Capitão pode não ter conhecido essas qualidades ainda, mas é só questão de tempo... – O Presidente continuava olhando os dois pela janela... céus, eles ficavam tão bem juntos...

A primeira dama massageava as têmporas, desacreditada do que ouvia...

Sabia exatamente que Kiara era o extremo oposto do Capitão América.

Beatrice não tinha nada contra Steve Rogers, pelo contrário, também estaria a favor, mas...

Naquele momento, a Primeira Dama dos Estados Unidos sentia vergonha ao constatar que não era Steve Rogers a pessoa inadequada para aquela relação, mas sim sua filha...

.

Do lado de fora, enquanto ainda discutiam sobre os pontos incomuns, Kiara chamava Billy, com o intuito de voltar a brincar com o cãozinho.

Mas no momento em que a garota deu um giro de 180 graus para ir atrás dele, a mesma pisou numa pedra que lhe fazia perder o equilíbrio e escorregar...

A loira cairia de costas no chão, isso se...

.

.

Steve não a pegasse rapidamente em seus braços, impedindo sua queda...

.

.

A Segundo-Tenente alargava o olhar, encarando-o totalmente assustada devido ao movimento tão repentino e veloz...

Os braços do Capitão se encaixavam perfeitamente ao redor do corpo feminino...

O Super Soldado a segurava com precisão... e tudo soava como em câmera lenta...

A epiderme da garota era como seda e o envolvia com delicadeza quando sua pele encostava na dela e podia naturalmente sentir a textura daquele instigante toque...

Kiara o mirava, atônita diante da mobilização do Capitão...

A incerteza decorria nos olhos dele...

Steve parecia ser atingido por ela... por aquele olhar esverdeado que o trespassava de todas as formas, em todas as partes e em todos os âmbitos...

O Super Soldado sentia-se perdido diante dos olhos de Kiara, que o atraíam como um imã...

Ela era doce e fria... como uma adaga afiada... queimava como gelo, mas ardia... afogava quem não a compreendia, mas matava de sede quem se entregava...

O vento meneava levemente os cabelos loiros do capitão... trazendo alguns fios para frente de sua testa...

A mesma brisa balançava as folhas das árvores do jardim... e espargia o perfume das flores no auge da primavera... se misturando com a fragrância fresca e amadeirada, suavemente gélida, límpida e delicada do Capitão...

O aroma inconfundível que abrigava a curva entre o ombro e a nuca masculina, era assombrosamente inebriante...

Kiara sentia pulsações espontâneas, arrepios sem consentimento e uma adrenalina à flor da pele...

O cenário esplendoroso ao redor, apenas reforçava suas impressões...

Tinha a sensação de estar nas nuvens... sendo segurada por um anjo...

Mary Crystal piscava... lentamente... o vislumbrando com atenção...

Seus olhos de luneta, conseguiam enxergar uma alma interminável e estrelada... e o brilho da íris azulada, iluminava seu lado mais escuro...

Ela perdia a noção do tempo diante daquele toque... era como se a eletricidade que irradiava do corpo do Super Soldado, penetrasse lentamente sua essência... ele observava a mudança da respiração dela e seus olhos largamente assustados...

Kiara tinha cheiro de rosas... uma pele macia e sedosa... uma beleza encantadora... olhos hipnotizantes, grandes e profundos... era o oceano perfeito para navegar... naufragar e se afogar... um perfeito labirinto que poderia se perder para nunca mais se achar... e nunca mais sair...

.

8 segundos...

.

Foi esse o tempo que durava o olhar de Steve, parado no dela...

8 segundos...

Foi tão rápido... foi tão fácil... tão efêmero, tão complexo... mas tão eterno...

Foi esse o tempo que demorou para que Mary Crystal se interessasse... e o enxergasse de uma forma que não estava acostumada...

Era estranho e... assustador...

.

Dentro do Salão Oval, o Presidente, a Primeira Dama e agora Harry, que havia entrado no local para se despedir dos pais porque retornaria para uma das bases da Marinha Americana, observavam a cena de Steve Rogers segurando Mary Crystal nos braços...

Os três se encontravam...

Completamente...

Abismados...

E boquiabertos...

— Eu disse pra você, querida...! – O Presidente puxava o braço da esposa, freneticamente, com um sorriso satisfeito.

— Acho que agora tenho que concordar com você... – Beatrice, permanecia com os olhos muito abertos, enfeitiçada pela imagem linda de sua filha nos braços do maior herói americano.

— Eu não sei do que vocês estão falando, mas se é sobre esses dois parecerem um casal, estou de pleno acordo e já estou imaginando os meus sobrinhos correndo na nossa casa de campo... – Harry declarava animado, achando o máximo sua irmãzinha ao lado do Capitão América, naquelas circunstâncias.

.

.

Na cabeça de muitas pessoas, Steve e Mary já eram... um casal...

.

.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nemesis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.