Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 17
Brincadeiras maliciosas




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Brincadeiras maliciosas

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18 de Abril de 2012, 9:18 PM

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Washington DC – Casa Branca

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Após um dia de compromissos importantes, o Coronel James Rhodes era chamado pelo Presidente dos Estados Unidos em sua sala na Casa Branca.

O melhor amigo de Tony Stark e fiel escudeiro do chefe supremo das forças armas estadunidenses cruzava a porta, cumprimentando a secretária de estado que abria a porta para que o mesmo pudesse conversar com Matthew Ellis.

A cortesia para com o mesmo era sempre muito polida, diplomática e animada.

— Mandou chamar, senhor Presidente?

— Quando é que você nunca vem? – O Presidente dos Estados Unidos cumprimentava o coronel com um sorriso.

Rhodes era conhecido pela maioria dos militares e congressistas como... o queridinho do presidente e às vezes as pessoas tinham a impressão que ele parecia ser o filho mais velho dele, por conta do imenso carinho e consideração do presidente.

— Te chamei aqui para falarmos da minha pequena princesa encrenqueira... – O pai de Kiara ia direto ao ponto.

— Eu já sabia que falaríamos sobre isso, mas me diga, o que quer saber? – O coronel se sentava na cadeira de frente para a mesa do presidente.

— Aquilo que te pedi... você... já providenciou?

— Sim. Sam e Riley ficarão de olho nela daqui pra frente, quando a mesma estiver fora das missões com a SHIELD.

— E como ela está...?

— Não está mantendo contato com sua filha, senhor Presidente?

— Já faz mais de uma semana que nos falamos ao telefone. Ela tem me evitado... você sabe, por causa da campanha...

— Eu já imaginava. Ela é contra sua reeleição.

— Acho que só Beatrice e Harry estão do meu lado, mas mesmo assim, me sinto deslocado sem o apoio de minha filha mais nova... minha família é o elo mais forte que tenho nesse mundo... – O chefe da nação mais poderosa do mundo, mostrava certa vulnerabilidade por conta das birras que sua filha andava fazendo ultimamente.

— O senhor sabe como Mary Crystal é temperamental. Ela está dando trabalho a Nick Fury e aos Vingadores por causa das missões que lhe foram designadas. Tudo o que ela queria, era estar de volta a Força Aérea. – Rhodes ponderava, explicando a situação da Segundo-Tenente a seu pai.

— Me quebra o coração vê-la sofrer por causa dessa licença, mas... não há outro jeito. Quando Harry me disse que ela chorou ao ser notificada, entrei em contato com o conselho mundial de segurança e até tentei fazê-los mudar de ideia, mas não obtive êxito.

— Eu lamento muito, mas esse caso é sério, senhor... a Kiara é uma peça chave para essa situação toda relacionada a viagem no tempo.

— Eu sei... e preciso me reunir com Fury no futuro para falarmos sobre isso... mas me diga... minha pequena está se comportando na frente de todos eles?

Rhodes engoliu a seco. Não podia simplesmente dizer ao presidente que sua filha havia dado um soco bem no meio da cara do Capitão América a poucos dias.

— Ela está se comportando bem, na medida do possível, senhor...

— Isso é ótimo... confesso que fiquei um pouco receoso caso minha filha agisse de forma mal-educada na frente do Capitão Steve Rogers... estou muito ansioso para conhece-lo e inclusive estarei enviando ao congresso um projeto para a construção de um museu em homenagem a ele, aqui em Washington.

O coronel ficou em silêncio, com os olhos um pouco arregalados...

As coisas estavam ficando estranhas... o presidente não podia saber que sua filha não estava tendo uma boa relação com o Capitão América.

O presidente Matthew Ellis era extremamente fã do Sentinela da Liberdade e possuía profunda admiração por Steve Rogers.

— Um museu...? É uma boa ideia e uma forma de agradecê-lo pelos serviços prestados na segunda guerra mundial.

— Sim... todos com quem comentei a respeito, me disseram a mesma coisa...

Rhodes observava o presidente dos Estados Unidos um tanto empolgado... ele era tão patriota quanto o próprio Capitão América.

Só esperava que Mary não estragasse a boa impressão que seu pai queria causar em Steve Rogers, já que o mesmo ainda não o conhecia...

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O que será que a pequena princesa encrenqueira estava fazendo naquele exato momento...?

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18 de Abril de 2012, 9:38 PM

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Los Angeles – Califórnia

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Mary Crystal caminhava na direção de Steve, Sam e Riley, já pensando em sentar com eles.

Steve virou de costas para ela, ficando de frente para o balcão, pegando sua bebida na mão, já pensando em ignorá-la.

— E aí, rapazes? Voltei...! Para alegria de uns e a tristeza de outros... – Kiara olhava para o loiro de cima embaixo, cinicamente.

— E aí, Mary? Vai se juntar a nós?

— Não sei, mas... quando forem falar de mim, me chamem! Adoro falar de coisas maravilhosas! – A garota sorria maravilhosamente ufana.

O Capitão revirava os olhos diante do narcisismo dela.

A loira se sentava ao lado de Steve, propositalmente...

Ela pegou a jaqueta de couro do Super Soldado que estava no banco ao lado, e a colocou por cima de seus ombros como forma de provocação, no intuito de lembra-lo do dia em que passaram juntos no Queensboro Bridge Parque.

Aquela peça de roupa já era familiar para Mary... e ela podia sentir a fragrância particular de Steve impregnada na jaqueta... era instigante e... delicioso...

A garota apoiou o cotovelo direito no balcão, descansando a bochecha em sua mão, o encarando na maior cara de pau, deixando visível que ela o fitava de forma intencional e com um sorriso sórdido nos lábios.

Steve a ignorava, segurando o copo de whisky enquanto olhava para o teto, tentando disfarçar.

Sam e Riley observavam a cena, achando engraçado. Era nítido que ela estava o provocando.

— Garçom, eu quero um... Speedball, por favor. – Ela pedia ao rapaz que secava os copos.

Imediatamente, o mesmo começou a rir de sua piada.

Assim como Sam e Riley.

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E o Capitão América... não entendia a referência... como de costume...

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— Você tá se perguntando o que é Speedball? – Sam perguntava ao loiro.

— Eu não... – O Super Soldado fingia indiferença.

— É heroína com cocaína. Vai querer também, Capitão? – A garota respondia à pergunta com muito sarcasmo.

Naquele instante, diante da resposta sarcástica, o Super Soldado se virou para ela, com um semblante rígido e duro.

— Você veio até aqui para me ridicularizar, senhorita Ellis?

— Não... vim para pedir a mistura favorita do Kurt Cobain e do Layne Staley pra saber se vale a pena morrer de overdose. – Ela piscava lentamente, expressando uma feição de anjo puro e inocente.

O loiro a fitava, com o olhar caótico, não entendendo uma vírgula do que ela dizia.

— Desculpe, mas não tenho ideia de quem sejam essas pessoas.

— Claro que não tem... você não estava acordado no início dos anos 90.

Steve respirou fundo, pela zilionésima vez naquele dia...

— De oito palavras que você diz, dez são irônicas, não é mesmo?

— Está aprendendo rápido, Capitão. – A Segundo-Tenente sorriu largamente, mostrando seus lindos e alinhados dentes brancos.

— Isso significa que você nunca será levada a sério.

— Ah, querido... sou igual pimenta. Nem todo mundo gosta... nem todo mundo aguenta...

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Sabe, senhorita Ellis... pra tudo tem limite, até para ser estúpida...

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— Uau, Cap... tá pegando pesado hoje, hein...! – A garota ironizava enquanto olhava para cima, achando engraçado as respostas ríspidas que ele lhe lançava.

— Quem sabe quando a senhorita começar a agir como adulta, meu comportamento não mude...?

— Ainda acho que você está muito tenso. Por que não relaxa essa noite? Veja ao redor, há várias mulheres de olho em você!

— Não estou interessado. - Ele segurava o copo, bebericando o resto de seu whisky, sem sequer olhar para ela.

— Por quê? Você é solteiro, livre e desimpedido!

— Esqueça a minha vida amorosa, senhorita Ellis. Deve haver coisas mais interessantes para falar...

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Não! Por que não achamos uma mulher legal nesse bar que possa tirar a sua virgindade? Essa é a sua chance, Cap! Carpe Diem, baby!

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E então, Steve virou o rosto na direção dela, com uma feição assustadoramente perplexa.

Como ela tinha coragem de falar aquilo na frente de seus colegas da Força Aérea?

Sam e Riley se entreolhavam, com os olhos arregalados...

Os dois se faziam a mesma pergunta, mentalmente...

Então, o Capitão América era mesmo virgem?

Steve mostrava uma postura extremamente embaraçada após as piadas ácidas de Mary Crystal, porém...

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Ele segurou o copo com mais força, chegando a trinca-lo.

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O Capitão a encarou com furor... segurando-se para não descontar toda a ira que sentia naquele momento através de um soco que quebrasse aquele balcão no meio.

Mary Crystal presenciava pela primeira vez, uma reação mais violenta no rosto do Super Soldado, sabendo que devia maneirar, mas... sua vontade de tirá-lo do sério era mais forte que ela... porque...

Estava amando deixa-lo furioso...

Então, Steve estreitou o olhar e a defrontou intimamente...

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— Sabe o que eu mais gosto em você, senhorita Ellis? Quando fica calada...

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— Ah, desculpe se te ofendi, mas você é frio demais pro meu verão intenso...! E se não aguenta, volte pro Alaska e tire uma soneca eterna. Quem sabe assim, a sua vida não volta a ter mais sentido? – E então, a loirinha sorriu, maliciosamente maligna.

— Pense em suas palavras antes de soltá-las. Tenho aturado todas as suas piadas porque estamos trabalhando juntos, mas se você passar dos limites de novo-

— Então, o quê!? Vai fazer comigo o que fez com esse copo? – O olhar dela apontava para o objeto de vidro que Steve ainda segurava.

O loiro balançou a cabeça, em desaprovação...

— Você é artificial por fora, vazia por dentro e tem necessidade de humilhar as pessoas para se sentir minimamente capaz de algo.

— Seu moralismo dá cãibra nos meus neurônios... – Mary revirava os olhos, cansada dos sermões que o Super Soldado lhe dava.

Sam e Riley ficavam em silêncio, assombrados em como os dois conseguiam discutir de uma forma tão intensa.

— É fácil criticar quando não se pode compreender...

— Ah, Cap, por favor! Não venha com filosofia que eu sou de exatas! – A garota o encarava e meio a um lindo riso de escárnio.

— Bem, então se não tem nada mais inteligente a dizer, acho melhor nos presentear com o seu silêncio, senhorita Ellis. – O semblante áspero e rígido de Steve mostrava que o mesmo já havia preenchido sua cota de paciência aquela noite.

Mary arqueou uma sobrancelha diante das palavras do loiro.

— Está me mandando calar a boca de uma forma requintada, Capitão Rogers?

— Interprete como quiser. – Rebateu, ríspido.

— Não tente jogar comigo. Eu sou um caminho sem volta... – E então, a loira lançou um olhar malicioso na direção dele, que sequer a olhou de volta.

— Desculpem interromper, mas... vocês vão ficar discutindo dessa forma a noite toda? – Riley os questionava, ainda achando muita graça.

— O Capitão diz que pode fazer essas coisas o dia todo, e como eu acho divertido, estou disposta. – Kiara jogava uma mecha de cabelo para trás, com muito glamour e charme.

— Seria muito irônico se um dia vocês acabassem juntos... sério, vocês dois têm química! – Dessa vez era Sam quem dizia tais palavras que...

Fizeram Mary Crystal gargalhar alto e Steve Rogers exibir uma careta perplexa.

— Eu nunca me apaixonaria por essa garota! – O Capitão enfatizava tais palavras, como se tal acontecimento fosse o maior absurdo da face da terra.

— Por quê, Cap...? Eu sou tão indigna do seu amor assim...? – E então, a loirinha fazia um biquinho, numa expressão chorosa, provocativa e cínica.

— Pare de brincar, senhorita Ellis!

— Mas eu estou falando sério!

— Tudo bem... se você não quer ficar em silêncio, então talvez seja melhor que eu fique.

— Mas esse é o problema, Capitão, você não consegue ficar em silêncio perto de mim!

— Por que não começamos agora? – Ele a desafiava.

— Hmmm... tudo bem...! Só que prefiro quando você está com raiva e correndo atrás de mim pra me repreender com seus tediosos sermões ultrapassados, então... acho que vou fazer alguma loucura essa noite pra ver se você muda de ideia! Até mais rapazes! – E então a garota levantava do balcão, tirando a jaqueta de Steve de seus ombros e colocando-a por cima dos largos ombros dele, num gesto de provocação.

Ela se despediu dos três com um sorrisinho travesso.

Sam e Riley acenavam para a garota, e chegavam a mesma conclusão: Aqueles dois tinham uma química tão forte que deixava todos à volta muito apaixonados, porém aterrorizados.

Steve a observava saindo dali, um pouco preocupado com o que a mesma faria.

Céus... por que tudo aquilo estava acontecendo com ele?

O Capitão avistava a Segundo-Tenente abordar três rapazes numa mesa, repentinamente...

Ele não sabia o que a mesma conversava com aqueles homens, mas em menos de um minuto os três levantaram das cadeiras e a cercaram.

Mary então saia do local acompanhada dos rapazes desconhecidos que a olhavam de uma forma... pervertida...

Sam e Riley se olharam, arquearam a sobrancelha e...

Ignoraram totalmente...

Steve não entendia a reação deles.

— Vocês não estão de olho nela? Ela está saindo daqui com aqueles caras estranhos.

— Bem... a Mary é meio imprevisível e... estamos proibidos de intervir nas escolhas que ela faz em sua vida pessoal, então... – Sam continuava bebendo.

Os dois nada fariam para impedir sabe-se lá o que a garota faria.

Mas o Capitão não compartilhava do mesmo pensamento.

Essa garotinha mafiosa só me causa problemas...

E lá estava ele, vestindo rapidamente sua jaqueta e correndo atrás dela, porque na cabeça de Steve, ela provavelmente poderia ser maltratada e hostilizada por aqueles homens...

Ele correu até o corredor iluminado do bar e chamou por ela.

Senhorita Ellis!

A garota e os três rapazes olharam para trás.

— O que foi, Cap? – Ela o questionava, fingindo inocência cinicamente, segurando o riso.

— Volte comigo agora para o bar!

— E por que eu deveria?

— Porque... porque precisamos discutir os detalhes da missão que faremos daqui a três dias.

— E por que só agora você quer falar sobre isso? Não disse que me daria tratamento de silêncio?

— Pare de contestar e volte comigo.

— Hmmm... não sei... eu estava agora mesmo indo me divertir com esses rapazes... – Ela apontava para os homens que a acompanhavam.

Os três sorriram de modo malicioso para ele naquele instante, e então, o semblante do Capitão fechou...

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Se transformando numa feição colericamente furiosa...

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Sem pensar duas vezes, Steve apenas...

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Pegou o pulso de Mary Crystal e a puxou dali, para longe daqueles homens.

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De uma forma possessiva, pensando que estava a protegendo, o Capitão a tirava do local, arrastando-a dali com força.

Os olhos dela alargaram de surpresa e Kiara sentia seu corpo sendo puxado para fora com muito impulso e exasperação.

Os três homens não moveram um milímetro sequer para socorrê-la, afinal...

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Mary tinha perguntado a eles na mesa do bar, se podiam ajudá-la a simular uma cena de ciúmes para que seu ‘namorado’ viesse atrás dela.

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— Acho que o plano deu certo. Ele a puxou daqui muito rápido.

— Nada mais nobre do que ajudar uma irmã em apuros... e ela tem muita sorte, porque esse boy magia é lindo de morrer. – Um deles redarguia e todos eles concordavam...

O grupo de homossexuais fazia questão de ajudar uma mulher desesperada em fazer ciúmes no namorado.

Sim, porque essa era a desculpa que Mary deu a eles...

Uma mentira descarada de que Steve era seu namorado, apenas para fazê-lo ir atrás dela...

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O Capitão ainda puxava o pulso da garota com fereza e ela sorria descaradamente.

Quando chegaram no meio do corredor, que se encontrava muito iluminado, o loiro soltou o pulso dela, e...

— Aonde estava com a cabeça de sair com três homens que nunca viu antes!? Você não sabia o que eles podiam fazer com você!? – Ele a repreendia, furioso.

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Aah, Cap... eu acho que sexo é uma coisa muito bonita entre duas pessoas... entre quatro, então, é fantástico...!— Mary sorria maliciosamente para o Super Soldado, que franziu o cenho, com os olhos visivelmente alargados diante das palavras absurdas que ela dizia.

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— Você... está sendo irônica de novo, não é...?

— Hmmm... quem sabe? Talvez...?

— Por quê...?

— A ironia é uma forma elegante de ser má... – Ela sorriu de canto, rebeldemente travessa.

— Você... é louca... – Os olhos dele a rodearam, caóticos...

— Achei que isso estivesse claro desde o início...

Steve a encarava com um semblante desacreditado... perplexo... assombrado... ele não se recordava de ter conhecido alguém tão inconsequente como Mary Crystal Ellis e não entendia como as pessoas não pareciam enxergar a loucura tão evidente e claramente visível nela.

— O que as pessoas veem em você, senhorita Ellis...?

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Impressionado, Cap...? Imagine quando a gente transar...

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Naquele momento, Steve sequer pensou duas vezes... as palavras dela foram tão ousadamente picantes que ele apenas reagiu instintivamente...

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Pegando nos pulsos da garota e os puxando para cima com força enquanto a prensava na parede do corredor.

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O Super Soldado a manteve presa, entre ele e a parede e os olhos esplendorosamente azuis, brilhavam furiosamente ferozes... a encarando com muita impetuosidade.

O Capitão América deixava claro que Mary Crystal havia passado de todos os limites com ele.

— Como você consegue ser tão repugnante, senhorita Ellis...? – Steve a contestava, com resquícios de repelência e antipatia no tom de sua voz, em seus gestos e olhar.

— Ok, Cap, prometo que vou parar por aqui, senão você vai acabar chorando... - Ela piscava, de uma forma sarcástica, tentando reverter a situação, divertidamente.

— Você me dá nojo... - Replicava, com sanha e ojeriza.

O Super Soldado jamais se prostraria diante das provocações asquerosas daquela garota.

E vendo que ele parecia extremamente irritado, quase perdendo o controle, Mary resolvia jogar mais lenha na fogueira.

Kiara elevou o rosto, olhando dentro dos olhos dele enquanto sorria de forma insolente e provocativa.

Fragmentos do perfume da Segundo-Tenente espalhavam-se pelo ar... deixando-o levemente narcotizado.

Ela mordeu o lábio inferior, olhando de forma devassa e pervertida para ele.

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Você fica tão sexy quando está com raiva...

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Steve apertou ainda mais os pulsos da loira.

— Pare de brincar!!! – O Capitão bradava com fúria, de modo veemente, completamente furioso.

— Aah, desculpa... sei que você não gosta de mim, mas não posso obrigar ninguém a ter bom gosto... – Ela sorria, provocativa e sedutora. Mas ele jamais cairia naquele joguinho.

— Se pudesse voltar no tempo, queria não ter te conhecido...

— Mas tem como voltar, esqueceu? Só falta o Doutor Hank Pym liberar as partículas...-

PARE DE BRINCAR, MARY CRYSTAL!!!

— Desculpe... se eu estiver incomodando, me avise... que vou continuar...! – A garota segurava o riso, desdenhando de forma cômica da raiva que ele externava.

— Não me provoque... posso ser o terror que você nunca viveu antes, entendeu!?

— Terror pra mim é filme. Você é só comédia... – Rebatia, subestimando o Capitão América.

Ali ela mostrava que não tinha medo dele...

— Me ache comédia, ou o que for, mas você nunca vai entender um milésimo do que eu sou e do perigo que pode correr se me provocar...

— Não precisa ficar tão ofendido... tudo isso é só uma brincadeira...

— É melhor você tomar cuidado... eu não vou mais aturar os seus joguinhos, provocações e piadas idiotas... isso acaba hoje, aqui e agora. – A advertia, mirando o rosto dela com ousadia...

Mi dispiace, ma non posso resistere a far stupire il tuo viso carino! (Me desculpe, mas eu não resisto em causar espanto nesse seu rostinho bonito!)— Mary o respondia em italiano, deixando-o ainda mais confuso e irritado diante de suas sandices.

Qualquer outro homem se sentira extasiado por vislumbrar uma mulher tão bonita como ela, naquela posição e condições, porque Mary era alguém radiante, porém artificiosa.

Metaforicamente, ela parecia ser muitas coisas... uma princesa, uma sereia e até mesmo uma fada, como a chamavam por aí, mas sua aparência refinada lembrava um anjo...

Sua pele semelhante a marfim em consonância com os lindos cabelos dourados, apenas complementavam seu aspecto angelical.

Era esplêndido, divino e sublime...

Mary o sentia penetrando seus olhos... os traços pálidos que compunham seu rosto diante das luzes do corredor, transformavam a feição do Super Soldado em algo belíssimo de se apreciar... quebrando aos poucos, sua maior defesa...

Ela se perdia na estrada do olhar celestial de Steve Rogers... voando pelo horizonte azulado de seus olhos...

Mary velejava naquele olhar esplendidamente azul... Era fascinante...

E ele, obviamente notava...

Até que, diferente dela...

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Seus olhos me irritam...

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Ele redarguiu, num aspecto de aversão e antipatia.

E ao proferir palavras tão árduas...

Mary Crystal sorriu novamente... como uma criança...

— Invada o meu espaço e eu te mostro o porquê de ele ser meu, Capitão Rogers... – A Segundo-Tenente o encarava sem quebrar o contato visual, numa postura aguerrida, arrogante e destemida.

E então, Steve se sentia coagido diante do olhar perigosamente verde... e lutava com todas as suas forças para não se render à sutileza e ao tom desafiador daquela voz que possuía um timbre aliciante...

Ele jamais se compenetraria da exímia beleza de Mary Crystal... ainda que repentinamente a garota esboçasse um sorriso ofuscante que lhe fizesse sentir um arrepio congelante na espinha.

Aquele olhar verde, embora odiasse, parecia o esmagar e tentar violá-lo... penetrando sua pele como uma navalha afiada a ponto de sentir um frio agudo na barriga...

Quando ele a conheceu, seus olhos doeram... isto porque ela era incrivelmente bela...

O brilho de cristal que a envolvia, seus lábios tentadores, seu corpo ameno e suas palavras enganosas o faziam delirar...

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De ódio...

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Sim, porque toda aquela série de provocações, fazia a apatia de Steve Rogers se transformar num ódio descarado pela Segundo-Tenente. Não havia outra explicação.

Aquela garota ufana, sórdida e traiçoeira... lhe irritava profundamente.

A perfeita aparência angelical de Mary Crystal não combinava em nada com seu caráter cruel e arrogante.

E mesmo diante daquele embate estranho entre ambos, Steve ainda a prensava contra a parede. Seus rostos estavam muito próximos e os olhares dos dois se cruzavam, como se estivessem numa guerra mental...

Kiara o encarava com muita ousadia...

— Pode apertar com mais força, Capitão... eu não estou sentindo nada... – Ela o provocava ainda mais, deixando claro que não estava intimidada com o fato de o mesmo segurar seus delicados pulsos de modo violento...

E foi o que ele fez...

Steve apertou com muito mais força... mas Kiara... não expressou um milímetro de dor...

Se você acha que pode ser cruel, eu posso ser pior... – O olhar do Super Soldado queimava em fúria e cólera...

— É mesmo...? O quão pior você pode ser mais do que eu, Capitão...? Estou curiosa pra conhecer esse seu lado obscuro que ninguém viu... então essa é a sua chance de liberar a sua real natureza... – A Segundo-Tenente sussurrava, numa doce e nefanda afronta que despertasse o que havia de pior no honrado e benevolente Capitão América.

— Por que gosta tanto de brincar com fogo, senhorita...?

— Se te provoco é porque dou conta do recado... – Ela permanecia o encarando, sem quebrar o contato visual, e Steve absorvia involuntariamente o doce perfume da garota, já que se encontravam muito próximos.

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É mesmo...? Se você quer guerra, então se prepare, porque eu não entro pra perder.— E então, a voz do Super Soldado soava intimidante, temível e sombria em meio a...

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Um sorriso esplendidamente aterrorizante...

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Os olhos dele reluziam de forma nebulosa, lutuosa e ameaçadora.

E era exatamente aquilo que Mary queria... ela queria ver o que havia de pior no maior ícone da justiça americana.

A Segundo-Tenente observava a face do Capitão América tão perto de seu rosto, e se sentia atraída pelas ameaças dele...

— Eu aposto que nesse jogo, quem sairá vitoriosa, sou eu... – Rebatia, perto o suficiente do rosto dele, num murmúrio suave que incitaria qualquer homem...

Menos Steve Rogers...

E mediante as últimas palavras da Segundo-Tenente...

— Vitoriosa...? Você...? É só uma garotinha mimada, senhorita Ellis. Você não passa de um empecilho no caminho daqueles que lutam por um mundo melhor. – E então, o Super Soldado sorriu audaciosamente de canto, porque no fundo...

Ele amava um desafio...

Mas as palavras do loiro apenas incitavam ainda mais a garota...

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Por que insiste tanto em me odiar, Capitão Rogers...? Medo de se apaixonar...?— Mary o defrontava, com uma expressão sórdida e vulgar.

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Ela esperava que o Steve se sentisse desconfortável diante de suas últimas palavras, mas...

O loiro sorriu de canto... mostrando que aquilo não o atingia... e então...

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Suas palavras são como whisky, senhorita Ellis... pra mim tanto faz...

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Sim, porque whisky não fazia a mínima diferença para o Super Soldado e...

O Capitão a olhava de cima abaixo, como um gesto de afronta, mas era impossível não notar o quanto o corpo dela moldava-se impecavelmente naquele vestido, realçando suas curvas... mostrando que a Segundo-Tenente se encontrava no auge de sua beleza e juventude.

E Mary Crystal se sentia estremecida por conta do olhar azul, tão catastrófico que congelava mortalmente tudo por dentro...

Finalmente, ela conseguia ter um pequeno vislumbre daquele que Steve Rogers escondia ser...

Não conseguia despregar os olhos do rosto do Super Soldado... aqueles traços tão majestosos e incríveis de se apreciar... e então, sua visão desceu para o contorno perfeito dos lábios dele... tão primorosos e convidativos...

Kiara notava suas entranhas se contorcerem e sua pele arrepiar... completamente excitada diante do duelo entre ambos...

Céus, o Capitão América de fato era um homem imponente que amedrontava qualquer pessoa que ousasse cruzar seu caminho e o desafiá-lo...

A Segundo-Tenente se deliciava com a expressão rígida e firme que o loiro exibia em sua frente...

O duelo entre os dois se estendia através dos olhares azul e verde... que se entremeavam, se confundiam e se desordenavam, numa mistura louca e avassaladora em quem venceria e dominaria...

A garota mordeu o lábio inferior mais uma vez, incitada pela forma como ele a encarava, sem medo... sem temor... sem receio ou debilidade...

Aquela expressão fazia todos os seus sentidos ampliarem... a visão, o olfato, o paladar...

Mas ela desejava ganhar aquele round e agiria da forma mais inescrupulosa que existia, porque de alguma forma, conhecia as limitações do Super Soldado.

— Sabe Cap... sou uma ótima amiga, mas como inimiga sou melhor ainda... – Revelava, ousadamente infame.

— É mesmo...? E o que uma garotinha mimada como você é capaz de fazer...? – A desafiava, ainda prensando os pulsos da loira contra a parede, não se sentindo um milímetro coagido pelo atrevimento dela.

Um brilho nefasto e indecente percorreu pelos lindos olhos esverdeados da garota...

Naquele momento, Kiara via a deixa perfeita para mostrar a ele, tudo o que podia fazer...

E então, o loiro não percebeu o movimento inesperado e veloz dela...

Em frações de segundo, Mary Crystal fechou rapidamente a distância entre ambos e...

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Fez estalar um lindo e rápido selinho nos lábios de Steve...

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Naquele instante, o Capitão afrouxou o aperto ao redor dos pulsos femininos e sua frequência cardíaca acelerou ligeiramente.

A timidez mesclada com a insegurança, neutralizava toda confiança que Steve mostrava dois segundos atrás, antes de ser surpreendido por...

Mais um beijo roubado...

Ele se afastou, assustado, sem reação, atônito e sem saber o que dizer...

Já ela...

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Sorria maquiavelicamente impetuosa...

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— Por quê... você... fez...  isso...!? – A contestava, ainda não acreditando que a loira tinha lhe beijado de novo sem o seu consentimento.

— Ah, é que você fica tão lindo quando tá bravinho, dando sermão, que não resisti! – Ela piscou enquanto sorria.

— Por que você age dessa forma inconsequente!? E se eu fosse alguém sem escrúpulos que desejasse se aproveitar de sua fragilidade!?

— Eu sei que jamais tentaria nada comigo... você é um gentleman de respeito... mas eu também não sou tão fraca pra não deter qualquer homem que se aproxime de mim. – A garota contrapunha, tranquilamente, sorrindo como um anjo para ele.

— Ainda assim...

— Capitão Rogers, nunca deixe essa boquinha livre e solta perto da minha, porque eu não resisto... – Replicava, desavergonhadamente.

— Você... não presta... – O Capitão rebatia, ainda com o rosto muito enrubescido.

— Awn, eu acho tão fofo a sua timidez! É tão raro ver um homem do seu tamanho corando porque foi beijado!

— Você não pode agir desse jeito, senhorita Ellis... – Steve redarguia, constrangido, virando o rosto na direção da parede, já sem argumentos.

Tudo o que ele podia ouvir com muita clareza eram os batimentos cardíacos irregulares em seus ouvidos.

Não estava acostumado a contatos físicos tão repentinos... muito menos quando tais contatos eram de uma loira que apenas pensava em se aproveitar dele, lhe roubando um beijo.

Céus, como ele odiava mulheres loiras...

— Não foi você que disse que podia ser muito mais cruel do que eu? Não disse que venceria a guerra? Acho que isso é impossível, mas te dou a chance de tentar de novo. Quem sabe da próxima vez eu não fique com medo? – E então, Mary Crystal se afastou, caminhando na direção do bar.

Mas antes...

Ela olhou para trás, virando o rosto.

Não desanime com as decepções, Cap. Amanhã tem mais!— E então, ela jogou um beijo, soprando-o com a mão.

A Segundo-Tenente o deixava ali... transtornado e perdido...

Naquele momento, Steve tinha certeza...

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Ele se vingaria... e ela se arrependeria pelo resto de sua vida...

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Notas finais do capítulo

Sei que vocês devem estar pensando que haverá um próximo round, mas... do próximo em diante, Steve e Mary erguerão uma bandeira branca um para o outro... o próximo capítulo será mais sério e pela primeira vez, veremos esses dois dando uma trégua de verdade, por conta dos problemas que Steve tem com o TEPT. Será um capítulo fofo, porque vocês descobrirão que a Mary não é essa badgirl o tempo todo. Ela também tem seu lado humano, só que ela esconde isso porque é o melhor jeito que achou pra não sofrer. Ela não gosta de parecer uma menina fraca, então por isso a vemos sendo tão piadista e irônica o tempo todo. Tudo isso será esclarecido mais pra frente. Porque o único que conseguirá fazer essa garota rebelde andar na linha é... STEVE ROGERS!

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