Anne With An "E" - Versão Gilbert Blythe escrita por Bruna Gabrielle Belle


Capítulo 24
A chave do meu coração.




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Anne With na E – Terceira Temporada: Episodio 10

No dia seguinte, acordei cedo novamente e coloquei meu melhor terno e olhei para meu rosto no espelho.

Não estava com olheiras, como nas ultimas noites mal dormidas que eu vinha tento nos últimos tempos, e encarei seriamente a concha da praia ao lado do saquinho de veludo sob meu criado mudo e suspirei.

E quando olhei novamente para o espelho e lembrei tudo que fiz e passei nos últimos tempos... Naquele instante eu sabia com quem eu realmente queria passar o resto da minha vida e principalmente a quem eu dedicaria todo o meu amor, peguei logo o primeiro trem para Charlottetown certo do que eu faria naquela cidade pela ultima vez em toda minha vida, certo de que tudo que eu sentia estaca fixo como rocha e sorri.

Seria muito melhor ficar sozinho e me sentir um sucesso do que viver um relacionamento e me sentir um fracasso, tanto porque eu não amaria ela da mesma forma que agora eu sabia que amava Anne e sorri.

Cheguei na casa de Winifred em tempo recorde e respirei profundamente antes de bater na porta da casa.

Assim que o fiz ela abriu a porta com um enorme sorriso e aquilo me feriu, ele logo desaparecia e suspirei.

—- Entre Gilbert, vou pedir para que nos sirvam um chá – murmurou Winnie enquanto eu ia para a sala de estar, mas de onde eu estava em pé eu podia a ouvir conversar animadamente com a governanta da casa.

—- Qualquer homem teria de ser um tolo para não querer se casar com você – murmurou a mulher e Winifred que pelo espelho no canto da sala pude ver sua boca formar um O de pura surpresa com a observação da velha mulher.

—- Ah. Isso... Isso... É a coisa mais simpática que você poderia me dizer agora – murmurou Winifred sorrindo feliz.

Respirei fundo, e esperei ela voltar à sala de estar, infelizmente eu seria um completo idiota com o que eu falaria a ela, assim que ela indicou o sofá me sentei ao lado dela e respirei fundo, era agora ou nunca que eu falaria a verdade

—- É preciso muito para me surpreender... Muito bem... Você conseguiu – murmurou Winnie nervosa com o que eu dissera.

—- Há quanto tempo você sabe que não queria se casar comigo? – disse ela com lagrimas nos olhos azuis.

—- É tão confuso pra mim quanto pra você – murmurei preocupado com o choro de Winifred que parecia piorar ainda mais minha situação ali.

—- Improvável – murmurou Winnie ainda mais nervosa comigo e eu procurei controlar o nó em minha garganta.

—- Eu me preocupo muito com você Winnie, mas é que... – comecei, mas ela me interrompeu friamente.

—- Não tanto quanto se preocupa com uma certa pessoa não é mesmo Gilbert Blythe? – disse ela seca.

Permaneci em completo silencio, Winifred deveria ter percebido no dia da feira meu interesse em Anne.

—- Ela utilizou argumentos cruéis sobre alguma promessa de infância e te implorou chorando? – questionou

—- Sinto muito, Winnie – murmurei discordando e não respondendo sua pergunta ele a respirou fundo.

—- Nunca foi minha intenção causar nenhum tipo de mal a você – justifiquei conforme as lagrimas dela transbordavam mais e mais de seus olhos e aquilo estava me preocupando e ela me encarou seriamente.

—- Estou tão... Depois da sua conversa com meu pai no dia do jantar e... Deus, a minha mãe estava tão certa de que haveria um casamento que até marcou uma reunião com o ministro e até contratou um decorador para reformar o apartamento que temos em Paris... Essa situação é tão humilhante! – disse entristecida.

Permaneci calado entendendo que a aposta do amigo do doutor Ward podia ter me dado algumas certezas sobre os meus próprios sentimentos, mas eu havia ferido os de Winifred literalmente e respirei fundo.

—- Por que você me chamou para sair?! Me fazendo acreditar que você me amava! – gritou Winifred fria.

—- Você só pode saber algo quando o conhece e no instante que eu realmente consegui entender o meu coração eu vim até você para te contar o que ele vinha tentando me mostrar a anos e eu não soube ver.

Winifred me encarava como se eu estivesse falando algo completamente absurdo e eu respirei fundo.

—- Não teria sido pior se eu descobrisse que não te amava daqui uma semana?  Ou um ano? – questionei –a

—- Então... Quando é o dia feliz? – murmurou ela ironicamente com os olhos injetados de inveja e ódio.

—- Não tenho planos para me casar – e era realmente verdade, queria terminar a faculdade e depois de viver por um tempo e conquistar meus pacientes e exercer minha profissão eu pensaria em me casar.

Winifred arregalou os olhos tão surpresa quanto quando eu havia dito que “estava terminando com ela”.

—- Isso supera tudo... Essa informação está ainda mais confusa agora – disse ela nervosa e eu suspirei.

—- Ela não tem sentimentos por mim – confessei e aquilo apertou meu coração de uma forma mais doída.

—- Espera... Um amor não correspondido?— disse Winifred nervosa e segurou seus joelhos sob o vestido.

—- Eu estou sendo descartada por um amor não correspondido? É isso que você está me dizendo Gilbert?!

Permaneci em completo silencio e Winifred entendeu meu silencio e aquilo parecia a magoar ainda mais.

—- E você nem vai se contentar comigo?! Meu Deus! – ela gritou e aquilo foi demais pra mim e respondi.

—- Me contentar com você?! – murmurei com lagrimas nos olhos por causa da frase de Winifred que feria.

—- Você é uma moça magnífica e você merece muito mais do que... Alguém para agradar – murmurei sério.

Ela olhava para a frente e respirava fundo tentando controlar o choro que permanecia presente ali.

—- Não pense nem por um minuto que você não merece nada menos do que um amor verdadeiro – falei.

Ela se levantou caminhando em direção a grande janela da sala de estar e eu permaneci onde estava.

—- Jure para mim que não contara a ninguém sobre o que aconteceu aqui até eu arrumar minhas malas e ir para Paris sozinha... Deus há tantas pessoas esperado por um noivado – murmurou ela entristecida.

Continuei em completo silencio, eu não poderia viver uma vida em paz se mentisse para ela e suspirei.

—- Vou ficar no exterior longe das fofocas quando isto que aconteceu aqui vier a tona – murmurou ela seca.

—- Pode me dar duas semanas? Até eu conseguir resolver todos os meus assuntos e partir? – pediu ela.

—- Prometo – jurei a ela e ela saiu rapidamente da sala, mas parou no meio do caminho e me encarou séria

—- Posso saber se por algum momento nesse curto período juntos se você cogitou a pensar se já me amou?

—- Winifred, eu apenas amei todos os momentos do nosso tempo juntos – murmurei e ela suspirou triste.

—- Não é a mesma coisa – disse ela enxugando as lagrimas que ainda escorriam de seus olhos e suspirei

—- Eu sinto muito, Winnie – murmurei em pé e saindo de sua casa sem nem mesmo olhar para trás.

Voltei para casa aliviado com o que havia dito a Winifred, mas com o peso de ter ferido seus sentimentos.

Algumas horas mais tarde, estávamos todos na casa da senhorita Stacy aguardando o resultado das provas, eu estava me ocultando no canto da sala, mas de onde estava podia ver Anne conversando com Diana.

Procurei controlar meu coração que batia freneticamente no peito quando meu olhar com o de Anne se cruzava e tentei controlar as borboletas que haviam voltado a meu estomago com toda força dês eu bater de asas, tentei evitar olhar para ela, mas parecia impossível e entendia o porquê de isso ser tão difícil.

Quando a professora chegou anunciando que trouxera os resultados dos exames os risos foram muito altos

—- Gilbert e Anne empataram em primeiro lugar! – gritou Tillie e aquilo me surpreendeu e segurei um riso.

Mas Anne me encarou com os olhos azuis brilhantes e eu não pude evitar o sorriso em meus lábios.

—- Com esses resultados... Irei apenas dizer au revoir porque o nosso melhor colega de soletração vai pra Paris – disse Moody e eu apenas assenti, agradecido por seu elogio e não pela faculdade que eu não faria.

Anne apareceu do meu lado e meu coração novamente perdeu uma batida e eu a encarei seriamente.

—- Parabéns – disse ela estendendo a mão para mim e quando segurei um arrepio passou por meu corpo.

—- Obrigado – murmurei ainda segurando a mão dela e a soltei a contra gosto e as borboletas voavam.

—- Você gostaria de me dizer algo mais? – questionou Anne e aquilo me pegou desprevenido e eu travei.

Fiquei encarando a ruiva e muitas palavras se passaram por minha mente e eu apenas me limitei a uma.

—- Parabéns – murmurei segurando minha língua contra o céu da boca para controlar o que eu queria dizer.

Anne pareceu surpresa com isso, mas logo se afastou de mim e eu apenas quis me dar um soco por isso.

Quando ela saiu da casa da professa juntamente com os outros colegas resolvi falar com a professora a sós

—- Não tenho como explicar os motivos agora, mas eu não vou para Sorbonne em Paris e gostaria de saber se a sua amiga medica da faculdade de Toronto consegue uma vaga para mim na universidade de lá?

—- Vou mandar um telegrama para ela, não temos tempo a perder – disse ela e eu assenti indo embora para casa para resolver tudo que eu tinha para fazer na fazenda com o auxilio de Bash e respirei fundo.

Assim que cheguei em casa, Bash estava ajeitando o feno para colocar na carroça para não ferir as maçãs.

—- Olha só quem voltou, o noivo do ano – murmurou ele e eu permaneci em silencio enquanto ele descia do alto do celeiro e ajeitava o feno dentro da velha carroça e me encarou seriamente e sorriu para mim.

—- Sempre achei que, se eu planejasse tudo, o futuro não doeria tanto por você não estar aqui e não fazer parte dele... Espero poder te ver antes do seu casamento e de você se mudar para Paris com a Winnie.

—- Conversei hoje cedo com a Winifred e seremos amigos, mas tem que superar esse lance de amor.

—- Como é? – disse Bash ainda sob a carroça lotada de feno parecia não ter me ouvido direito e eu sorri.

—- Ela não pode fazer nada... Para mudar o que eu sinto pela Anne – murmurei e Bash abriu um imenso sorriso.

—- Obrigada senhor! Mary eu falei que ele amava a Anne! Eu ganhei! Oh céus obrigada por esse presente!

—- Então você realmente a ama? – murmurou Bash se aproximando de mim e tocando meu ombro.

—- Não consigo imaginar o dia que não amei – respondi e ele me abraçou quase me girando dentro do velho celeiro.

—- Tenho uma pergunta e espero que me responda com toda a sinceridade possível doutor Blythe.

—- Por que você terminou com a Winnie? – disse Bash e eu o encarei seriamente e ele apenas segurava o riso frouxo.

—- Fingir não amar a Anne foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz na vida – murmre seriamene e ele sorriu.

—- Então, Winifred  te pediu para escolher entre ela e Anne, não foi? – questrinou Bash com a mão sob meu ombro.

—- Sim – respondi coçando a nuca e Bash permanecia sério olhando para o nada e depois me encarou segurando o riso.

—- E qual você escolheu? – perguntou ele abrindo um imenso sorriso e eu respirei profundamente e lhe respondi.

—- Anne – falei em alto e bom som e ele novamente me segurou nos braços e me rodou até me jogar no feno macio.

—- Porque você a ama! Eu venci! Eu venci! – grita Bash feliz da vida e se joga no feno e eu e ele rimos como idiotas ali.

—- Porque é tão difícil cortejar alguém? – questionei Bash quando saímos do celeiro e ele riu alto de minha pergunta.

—- Se fosse fácil Blythe, ninguém cortejaria mais ninguém na vida – murmurou ele e me encarou seriamente e eu ri.

—- O que foi dessa vez Lacroix? – o questionei cruzando os btraços na frente de meu peito e Bash segurou o riso.

—- Você poderia ter qualquer mulher Gilbert – murmurou ele tocando novamente meu ombro e eu ri alto disso.

—- Sim, mas eu quero a Anne – falei em alto e bom som e ele novamente começou com a dancinha ridícula no quintal

—- O meu primeiro amor foi tudo, de uma vez, e foi o tipo que nunca se esquece, nem tenta ou quer tentar e foi um amor tão grande, tão forte... Que nunca morre, nunca desaparece, nunca perde sua eletricidade, foi o tipo de amor pelo qual se luta e eu quero que faça isso pela Anne, não desista dela por nada e por ninguém entendeu Blythe? – disse Bash e eu assenti bebendo a água que tinha em uma jarra ali perto e ri.

—- Não foi uma amizade qualquer Bash... Éramos inseparáveis, sendo sempre separados – murmurei e ele sorriu.

—- O que você está sentindo agora que toda a sua confusão e tudo mais finalmente foi embora o que sente agora?

—- Eu estou completamente apaixo... Não, eu a amo tanto Bash, porque agora eu sei o quanto dói ficar sem ela.

—- “Entre o amor e o ódio existe uma linha tênue que divide dois sentimentos tão intensos” — citou ele e eu sorri.

—- Mas eu arruinei muitas coisas que poderiam ter sido incríveis, porque eu simplesmente estava confuso – falei.

—- O choro pode durar uma noite, mas a alegria virá pela manhã – murmurou Bash novamente e eu toquei seu ombro

—- Está sabendo demais sobre livros senhor Sebastian Lacroix – murmurei tocando seu ombro e ele sorriu para mim.

—- Quando vai contar a ela? – disse ele enquanto eu subia para meu quarto para trocar o terno todo sujo.

—- Acho que... Lá pelas quatro da tarde – murmurei subindo para meu quarto e Bash riu alto na porta da escada.

Troquei rapidamente a minha roupa, eu tinha muita coisa para fazer na fazenda e precisava falar com Anne

Olhei os bolsos de minhas calças e encontrei a caneta dela e sorri abertamente para o objeto e murmurei.

—- Não é curioso como uma caneta de uma garota pode mudar o curso de uma história? – sorri feliz e corri para fora de casa, entrei novamente no celeiro e coloquei a cela na hora que Bash passava na frente dela indo na direção para onde Hazel e Delly estavam em meio as arvores de maçã e sorriu para mim.

—- Você disse que ia esperar até as quatro – disse Bash quando viu ajeitando a cela do cavalo bege claro e eu sorri.

—- Eu esperaria a vida toda, mas estou ansioso – falei saindo rapidamente dali com um sorriso nos lábios, quando cheguei no portão de Green Gables, não fui recebido por Jerry então deixei meu cavalo do lado de fora e pulei a cerca caminhando para dentro da propriedade, a janela do quarto de Anne estava aberta e eu sorri abertamente.

Bati na porta e chamei alguém que poderia estar na casa, mas ninguém me atendia então entrei sem cerimônia.

Coloquei a caneta de Anne sob a mesa da cozinha, mas em meu coração eu sentia que precisava de algo mais e sorri.

Peguei um papel no qual tinha a letra de Marilla sobre uma lista de compras para Anne e respirei fundo.

Querida Anne;

Já que estamos nos separando... Talvez para sempre. Sinto que devo abrir meu coração. Você é a apaixonante razão do meu afeto e de meu desejo. Você e só você é a dona da chave do meu coração. Por favor, não se assuste. Eu não espero um favor seu. Mas eu não posso em sã consciência... Esconder isso.

Não estou noivo e nem vou ficara não ser que... Seja você, Anne... Minha Anne com “E”. Sempre foi e sempre será... Você. Com amor Gilbert. Obs: Obrigado pela canta e boa sorte na Queen’s.

Caminhei até o quarto dela e pude sentir seu cheiro puro e límpido dentro do local e me permiti respirar aquele ar como nenhum outro e deixei a carta sob seu criado mudo e voltei para minha casa à espera dela.

Coloquei o cavalo no celeiro e voltei para dentro de casa e ajudei Bash e Hazel com o que precisassem.

—- Os Barry vão vir para pegar a primeira leva das colheitas de amanhã – contei a Bash enquanto tomávamos conta do jardim de Mary -- Acho que temos maçãs o suficiente para a primeira exportação...

Bash arregalou os olhos e saiu correndo do jardim, me assustei com sua atitude e corri atrás dele rapidamente.

E ao longe do terreno da fazenda pude ver Elijah se aproximando e Bash parecia completamente fora de si.

O rapaz parecia ainda mais magro desde a ultima vez que eu o vira e estendendo a carta de Mary para inibir Bash me entregou a medalha do exercito de meu pai e aquilo me surpreendeu, segurei a medalha e suspirei lembrando dele.

—- Elijah, agradeço por trazer de volta a medalha do meu pai – murmurei segurando – a firmemente em minha mão.

—- Mas vou ter que pedir para que vá embora... – murmurei calmamente, mas Bash me cortou rapidamente seco.

—- Você teve a sua chance! Você teve todas as chances possíveis e impossíveis Elijah – gritou Bash a Elijah.

—- Posso visitar Mary antes de partir? – pediu ele calmamente e eu encarei Bash seriamente, era justo Elijah ter o direito de visitar o tumulo da mãe, mesmo depois de tudo que fizera a Mary durante sua vida terrena.

Bash consentiu o pedido de Elijah e eu e ele saímos dali, não haveria nada para ele roubar do celeiro sem que pudéssemos ouvir de nossos quartos no fundo da casa e voltei para o meu serviço em silencio.

Durante aquela noite enquanto eu via da janela de meu quarto Elijah fechar as grandes portas do celeiro, eu me deitei em minha cama iluminada pela luz da lua e respirei profundamente e lembrei que antigamente eu pensava que o amor era uma das muitas “lendas” escritas nos livros que ás vezes líamos na escola para interpretação de texto e até então eu nunca tinha mudado minha linha de pensamento, até que há alguns anos atrás eu encontrei uma linda garota ruiva no meio da floresta e adormeci pensando nela.

Bash e eu acordamos cedo e com a ajuda de Hazel fomos colher as maçãs e Elijah apareceu no campo de colheita com uma escada nos ombros, parecia realmente mudado e queria nos ajudar sem segundas intenções, Bash e eu trocamos um olhar questionador por alguns instantes e resolvemos confiar nele.

Os ajudei na colheita por um dia quase inteiro e quando voltei pra casa pensei em Anne e também em se eu tinha conseguido à vaga na universidade de Toronto, Bash me olhava esperançoso que Anne fosse aparecer ali na fazenda a qualquer momento, mas eu apenas deixei tudo em seu tempo, O que quer que aconteça amanha, nós temos hoje e com esse pensamento fiquei dentro de casa tomando o café da manhã no qual eu havia me privado para ter mais tempo para ajudar Bash e Elijah com a colheita e aguardei.

Estava terminado de beber uma xícara de leite quente quando ouvi alguém gritar meu nome do lado de fora da casa, meu coração subiu na boca achando que fosse Anne, mas era a senhorita Stacy com a carta de recomendação da Universidade de Toronto e eu sorri animado indicando a carta para o céu, para Mary e meus pais no qual eu estudaria e os faria de seja lá onde estivessem orgulhosos por minha profissão.

Algumas horas mais tarde preparei meus baús e minhas malas a caminho da universidade de Toronto, ficaria um pouco distante da Queen’s onde Anne estudaria com os outros, mas eu a veria nos verões em Avonlea, mesmo ela não respondendo a minha carta eu saberia que esperaria por ela e a amaria pra sempre.

Alguns dias se passaram até eu reservar minhas passagens e deixar tudo programado para onde eu ficaria no Canadá e tudo mais, senhorita Stacy me entregou uma copia da foto de quando fizemos o protesto na prefeitura e no canto da foto pude ver Anne sorrindo e guardei aquela foto em meu casaco e sorri com isso

Entrei no trem que passaria também pela cidade onde a Queen’s Academy ficava e encontrei o senhor Barry e Diana dentro do trem, sorri por poder me despedir de mais rostos amigos e me aproximei deles.

—- Eu não sabia que vocês estavam aqui – murmurei ao cumprimenta – los e o senhor Barry sorriu Diana parecia estar mal humorada com alguma coisa e nem me olhou nos olhos e permaneceu sentada.

—- Você deve estar envolvido numa enxurrada de planos para o casamento – murmurou senhor Barry.

—- Senhor Barry, peço desculpas, mas eu não estou noivo e não estou indo para Paris – murmurei.

—- Significa que você vai pra Queens? – Diana perguntou delicadamente e me encarou seriamente e eu sorri

—- Eu vou pra universidade de Toronto – informei a ambos e Diana fechou novamente a expressão, aproveitei a deixa e me encaminhei para meu assento um pouco distante deles dois e respirei fundo.

No meio da viagem Diana apareceu se sentando na minha frente com cara de poucos amigos, estranhei,

—- Você não se preocupo em contar para a Anne sobre isso? – murmurou Diana enraivecida e eu a encarei.

—- Se eu tivesse a oportunidade, eu teria falado a ela... Mas... – Diana me cortou secamente enfurecida.

—- Você teve todas as oportunidades! Por anos! Admita: Você é apaixonado pela Anne desde que ela veio para Avonlea e quebrou a lousa dela acertando a sua cabeça! – dizia Diana em voz alta para mim.

Sorri abertamente com a afirmação de Diana e me lembrei da cena e meu coração se aqueceu com isso.

—- Havia tantos sinais! – dizia Diana e eu respirei profundamente, então Bash não estava mentindo quando dizia que o único que não via meu interesse em Anne era eu mesmo e ela por evitar os sentimentos e ri.

—- E você certamente não pode negar que ficou encantado por ela no ensaio para a dança do celeiro! E mesmo cortejando aquela garota de Charlottetown que você teve a ousadia de chamar para ir até a feira onde a Anne estava sem nenhum aviso prévio e aparece na nossa festa nas ruínas e dá apenas trinta segundos para a Anne pense no que sente por você e a faz nesse mesmo período repensar no seu futuro e a pior parte dessa história toda é que você simplesmente ignorou a carta que a Anne te escreveu mesmo ela tendo escrito do próprio punho naquele maldito papel que te amava! – Diana gritou a ultima palavra.

Aquilo me desarmou completamente? Como assim a Anne me amava? A Anne realmente me amava?

—- Que carta? – questionei Diana desesperado e ela parecia surpresa com minha pergunta e se calou.

—- Que carta Diana! – gritei me colocando em pé e olhando para fora para ver onde estávamos e graças aos céus estávamos na cidade onde a Queen’s Academy ficava, tentei descer do trem mesmo em movimento.

Antes mesmo do trem parar completamente na estação saltei para fora dela e sai correndo pelas ruas confiando na memória o endereço que eu havia lido no formulário para fazer a prova e onde seria a universidade, mas acabei errando o caminho e voltei correndo o mais rápido que eu conseguia pelas ruas e finalmente encontrei a rua onde ficava o alojamento das garotas e apertei o passo para lá, Anne havia me mandado uma carta semana passada e eu por alguma coisa idiota que ocorrera dentro de casa não a recebi e quando recebemos o resultado da prova na casa da senhorita Stacy ela me perguntou o que mais eu teria a falar pra ela e como eu fui idiota por não ter dito e mais ainda por não ter percebido nas entrelinhas o que ela realmente queria saber sobre os meus sentimentos por ela, o meu coração estava voando nas maiores alturas e assim que parei em frente ao alojamento das garotas vi Anne saindo dali.

Parei bruscamente em frente à escadaria da casa e Anne pareceu surpresa em me ver ali, deixando uma mala na porta da frente e se colocou na minha frente e eu estava completamente perdido ao olhar pra ela.

Coloquei minha mão no rosto dela no qual eu a anos sempre vinha observado e notei a delicadeza da pele de Anne e olhei profundamente em seus olhos azuis e me deixei levar a beijando fortemente ali na frente do alojamento, não me importando se alguém veria ou se ela não estivesse esperando por essa atitude.

Assim que afastei meu rosto do seu ela me encarava seriamente parecia não estar me vendo ali parado na frente dela e eu travei meu maxilar e tentei controlar meu coração e as borboletas em meu estomago.

Anne se beliscou na minha frente e aquilo me assustou ela poderia se ferir ou algo parecido e a olhei.

—- Eu tinha que confirmar... A minha imaginação é muito real então eu tinha que ter certeza... Sobre você.

—- Anne, eu tenho que saber... – murmurei encarando aqueles olhos azuis profundos e respirei fundo.

—- Você realmente tem sentimentos por mim? – questionei com o coração aos saltos dentro do peito.

Ela me encarou seriamente por alguns segundos e puxou meu rosto para o dela me beijando profundamente e aquilo era o paraíso... Deus como eu era abençoado! Era algo que eu nunca ousaria esperar de uma garota e principalmente o sentimento que eu sentia eu jamais poderia ter sonhado que existia, mas aquela ali era a realidade a minha realidade e eu jamais a deixaria escapar, nunca mais mesmo.

Ouvi o sino da igreja anunciando que era o ultimo horário para estar no alojamento de Toronto e suspirei.

—- Meio dia... – murmurei para Anne que me encarou surpresa – Eu tenho que ir embora – murmurei triste.

—- Mas... Você acabou de chegar... Aonde você vai? – questionou ela e eu sorri com sua surpresa e suspirei.

—- Toronto, passei na universidade de lá e tenho que ir preciso chegar no alojamento ainda hoje – falei sério

—- Então... Adeus? – disse ela erguendo uma sobrancelha ruiva e eu sorri e segurei firmemente suas mãos.

Olhei profundamente em seus olhos azuis e beijei ambas suas mãos e sorri abertamente para a ruivinha.

—- Correspondências? – questionei e ela sorriu largamente e eu fixei o sorriso e o beijo à memória e sorri.

—- Você sabe que eu tenho uma caneta muito boa – murmurou ela sorrindo abertamente para mim e eu ri.

Ouvi o relincho do cavalo da carroça que levava até a estação e me afastei a contra gosto de Anne.

—- Tenho que correr... Larguei todas as minhas bagagens dentro do trem – murmurei e ela ficou surpresa.

Enquanto nos afastávamos vi novamente Diana e senhor Barry ali perto do alojamento e sorri com Anne ficando animada pela melhor amiga estar indo para a faculdade com ela, ela não ficaria sozinha lá e eu ri.

—- Gilbert, se apresse pode usar essa condução – disse o senhor Barry e eu o agradeci e muito por isso.

Assim que entrei na carroça e olhei na direção que Anne e Diana estavam não resisti e corri dando – lhe mais um beijo, ignorando os olhares de todos ali e sorri abertamente para Anne e encarei a minha ruivinha

—- Escreverei pra você – dissemos juntos e eu sorri largamente para Anne que sorria do mesmo jeito pra mim.

—- Tenho tantas perguntas... – murmurou ela e eu sorri indo de costas para a carroça que me aguardava ali.

—- Eu também – murmurei indo para a carroça que rapidamente se afastou dali e acenei para ela que sorria.

Quando entrei novamente no trem a caminho da universidade de Toronto eu sorri sozinho comigo mesmo e me lembrei que todos reclamavam por Anne ser do jeito que era e suspirei pesadamente enquanto o trem se afastava da estação e vasculhei o bolso de meu casaco, encontrando a foto onde Anne estava e sorri abertamente tocando a imagem refletida no papel por baixo do vidro que a moldura tinha e sorri. Anne não precisa de conserto e não tinha absolutamente nada de errado com ela e todos  finalmente sabiam que ela era perfeita, podia não ser perfeita para aqueles que não conseguiam enxergar o real  valor dela, mas eu agora enxergava, eu finalmente a tinha encontrado e nada mais me separaria dela, algumas pessoas me perguntariam , por quanto tempo eu iria amar aquela garota ruiva sardenta e completamente tagarela? A minha resposta seria que eu a amararia por quanto o tempo estivessem acima das pessoas  e a amaria por muito mais tempo se eu pudesse, pois ela era a minha alma gêmea, a única pessoa que tinha a chave do meu coração, ela era a minha Anne com E.

Fim.


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