{vulnerável}

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Havia muitas coisas que eram permitidas a um homem. E, ainda assim, muitas que lhes eram negadas. Oliver Wood aprendera aquela lição durante os seus primeiros anos de vida e nunca a esquecera, seguindo suas regras com perfeição. Homens eram fortes, eram sólidos, eram líderes, eram campeões. Homens não choravam, não vestiam rosa, não demonstravam qualquer emoção que não estivesse atrelada a agressividade. Homens não eram vulneráveis. Havia fraqueza na vulnerabilidade e um homem que se prezasse não era forjado para a fraqueza.

Ao longo de toda sua vida, o rapaz havia vestido a máscara do que se esperava dele. Seguira a performance e atuara em cada um dos malditos atos de sua existência masculina. Dedicara seus dias e qualquer emoção ao Quadribol – o que era bastante aceitável ao seu gênero – e colhera os frutos, se transformando no mais jovem capitão do Puddlemere United.

A posição fora a realização de um sonho, e também uma nova fantasia a vestir. Uma reafirmação de todas as normas atreladas ao seu eu masculino. Mais uma mentira que se tornaria sua segunda pele. Ele era o capitão de um dos maiores times de Quadribol de todos os tempos, o mundo inteiro estava olhando, não podia ser fraco. Não podia ser vulnerável.

E então havia Percy Weasley. O Homem do Ministério. Em algum lugar do passado, no entanto, ele havia sido apenas um monitor muito ruivo e muito sardento, percorrendo os corredores de Hogwarts com uma autoridade arrogante. Um colega de quarto desajeitado com o qual Oliver compartilhara incontáveis segredos e todas as suas primeiras experiências. Pecados juvenis que não significavam nada. Pelo menos, fora o que Wood dissera a si mesma durante anos, tentando abafar as memórias, tentando ocultar a verdade, tentando ignorar o desejo.

O maldito Weasley, de qualquer forma, encontrara um modo de voltar para sua vida. Aparecendo em um bar, em uma madrugada tempestuosa, e reacendendo uma chama adormecida. Oliver convencera a si mesmo que seria apenas uma noite, um fruto indolor de Whisky de Fogo, uma forma de expiar a tristeza por uma partida perdida, um abraço à nostalgia, um último equívoco.   

E, entretanto, continuou voltando para o Weasley, noite após noite, como um viciado. Chovia naquela madrugada, como chovera na primeira, mas dessa vez ele estava completamente sóbrio. Já não entorpecia sua mente ou seus sentidos, pelo contrário, ansiava por cada uma das emoções que eram despertadas apenas naqueles momentos.

Oliver Wood só se permitia ser vulnerável quando estava com Percy Weasley. Quando o Homem do Ministério o despia de suas roupas e medos, e o tocava em locais que nenhum homem deveria tocar, provocando gemidos e gritos de prazer. Quando o amante o abraçava, instantes após atingirem a glória, e ouvia sem julgamentos qualquer coisa que o goleiro desejasse lhe dizer. Já não parecia um pecado, um erro ou qualquer ação vil. Não parecia fraqueza. Na verdade, aquela se tornara a sua definição pessoal do paraíso. Na verdade, aqueles eram os únicos momentos em Oliver Wood se sentia real.