Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 12
Capítulo 12




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"Depois de sonhar tantos anos

De fazer tantos planos

De um futuro pra nós

Depois de tantos desenganos

Nós nos abandonamos como tantos casais

Quero que você seja feliz

Hei de ser feliz também."

Marisa Monte – Depois

****

Maria não se despediu de Estêvão ao sair, nem dizer mais nenhuma palavra, mas o deixara sabendo o quanto ele a tinha magoado, mais uma vez.

Antes de voltar, ela preferiu ficar rodando de táxi, sabia que seria refém de muitas perguntas quando chegasse à casa um tanto exaltada e com os olhos vermelhos. Ao chegar, ninguém a esperava, para sua sorte. As meninas estavam em seus quartos, e seu marido também, ele a esperava acordado, e não fizera nenhuma pergunta, porém notou que ela não estava no seu normal.

...

Na manhã seguinte a família se reunia para mais um café da manhã. Parecia que tudo voltara ao habitual, eles estavam falantes, até mesmo Maria estava comunicativa, talvez para disfarçar sua frustração da noite anterior.

— Eu quero que as três vão ao shopping e escolham o vestido mais lindo que tiver na loja. Quero vocês impecáveis pra festa! – Cláudio era só animação. Ao ver a atitude do marido, Maria revirou os olhos discretamente.

— Festa? Que festa? – Um V se formou entre as sobrancelhas de Giovana.

— Ué, tá sabendo não, ô sabe tudo? – A irmã perguntou num tom de chacota.

— Fomos convidados para a festa de casamento que Estêvão e Fabíola vão dar, filha. – Cláudio respondeu paciente, e com um sorriso. Ele realmente estava animado para o evento.

— Eu me recuso a ir nessa festa! – A menina se irritou visivelmente, jogando o guardanapo sobre a mesa.

— Ué Giovana, e por que não? – O pai indagou sem entender a reação da filha.

— Ora pai – Giovana se ajeitou na cadeira, tentando disfarçar o seu incômodo – eu não meu dou bem com a Fabíola, não tem porque eu ir à festa. – Ela encarou a mãe, que devolveu um olhar sério.

— Que coisa feia Giovana! Ela é sua tia, e ele, como marido, é seu tio. Que tipo de comportamento é esse?

— Ele não é meu tio! – Exclamou. – Só é marido da irmã da minha mãe, que também não tenho como tia. Ah pai, você é muito sentimentalista, por Deus!

— Eu não quero saber das suas desculpas, família é tudo que temos, então temos que valorizar sim. Amanhã eles morrem, e você vai ficar chorando com remorso por não ter tido um bom relacionamento com eles em vida.

Maria olhou para as filhas, e as três acabaram rindo com o discurso sem pé e sem cabeça dele, que falava com toda a propriedade, como se aquele fosse o assunto mais sério do mundo.

— Bom, já terminei por aqui. Vamos Juliana? – Chamou a filha, ainda rindo.

— Vamos mãe. – Ela respondeu, também rindo do pai.

— Juízo, hein dona Giovana. – Aconselhou a mãe.

— Até parece que eu não tenho.

Cláudio e Maria foram até Giovana e com um beijo repleto de carinho, se despediram da filha, que ficaria em casa, devido ao castigo. Juliana, somente olhou a irmã com desdém, e seguiu a mãe.

Assim que os três saíram, Giovana foi até a porta e acompanhou o carro com os olhos, até que o perdesse de vista. Ao voltar, ela encontrou o tal convite, o pegou e, aproveitando que a mãe não estava, fora até a casa de Estêvão trocar meia dúzia de palavras com ele.

— Posso saber o que você tá fazendo aqui? – Estêvão pasmou ao saber que ela o esperava na sala de estar.

— O que significa isso, Estêvão? – Ela jogou o convite em cima dele.

— Não é claro pra você? Um convite do meu aniversário de casamento.

— Como você tem coragem de festejar com essazinha? E nós?

— Nós? – Ele riu de gargalhar. – O que eu tenho a ver com você, garota?

— Eu te amo Estêvão! – Se jogou nos seus braços, e começou a chorar no seu ombro. Estêvão suspirou sem paciência. – O nosso destino é ficar juntos, será que não entende?

Estêvão se segurara ao máximo para não surtar com a menina. Demorou alguns minutos para desgruda-la de si, até que conseguiu. Ele a olhou nos olhos faltava-lhe lucidez.

— Giovana, entenda uma coisa: nós nunca ficaremos juntos, nem se você fosse a última mulher do mundo, você não significa nada pra mim. Ficou claro pra você? Então agora me dá licença, que eu já tô atrasado para o trabalho.

Giovana o olhara com um misto de raiva e despontando. As lágrimas escorriam dos seus olhos, era a maior decepção que sofrera em toda a sua curta vida.

— Então quer dizer que você anda dando em cima do meu marido, sua ordinária? – Fabíola aparecera no topo da escada, dando um susto na sobrinha, que secara as lágrimas rapidamente.

— Eu acho que eu não devo satisfação, Fabíola. – Ela respondeu astuta, encarando a tia sem medo.

— Ah não? – Fabíola parou frente a ela. – Pois eu acho que sim. Você está na minha casa, então, me deve o mínimo de respeito.

— Eu não te devo respeito nenhum, de mim você só vai ter desprezo, querida tia. – Debochou. – E pode se acertar de uma coisa: muito em breve Estêvão será meu, e nem você e nem ninguém vai impedir isso.

De imediato, Fabíola dera um tapa na face de Giovana, e não demorou muito, a mesma ficara vermelha e com a marca dos cinco dedos da tia zangada. Giovana, obviamente, não ficara só vermelha pelo tapa, mas de ódio também.

— Você ficou louca, sua bruxa? Por que fez isso? – Ela gritou a pergunta com a mão no rosto.

— Se sua mãe não te deu uns tapas quando era criança, eu faço esse favorzinho pra ela. – Ela ria. – Eu pensei que teria problemas com a mãe, mas a oferecida aqui é você. Olha Giovana, eu acho muito bom você se afastar do meu marido, eu não respondo pelos meus atos, ok?

— Você não passa de uma mal amada, sabia? Você não vai ficar com ele, escreve o que tô dizendo, Fabíola.

Giovana a provocou com um sorriso repleto de perversão, e deixou a tia possessa de raiva por tamanha ousadia da menina.

No horário do almoço, Maria havia ido para casa, sozinha, não confiava em deixar a filha por muito tempo sozinha. Isso era uma coisa em Giovana que a irritava muito, a sua falta de responsabilidade, infelizmente, ela podia esperar qualquer coisa da filha.

Entrando em casa, um dos empregados lhe passou o relatório do que acontecera pela manhã, e a mãe subira as escadas desesperada. Sabia que, provavelmente, a filha tinha aprontado, mas seu extinto materno fazia com que ela virasse um onça com quem quer que se metesse com qualquer uma delas.

— O que foi que aconteceu? – Ela entrou no quarto sem embaraços.

— Tá falando de quê, mãe? – Mexendo em celular ela estava, mexendo ela continuou.

— Me falaram que você chegou a casa com o rosto marcado. Quem foi? – Ela segurou o rosto da filha e começou a analisá-lo.

— Não foi nada mãe, para! – Ela tirou as mãos da mãe de si, ríspida.

— Como nada Giovana? – Maria saiu de perto da menina, já alterada. – Você sai de casa, desobedecendo a minha ordem, e volta com uma marca de mão no rosto! Fala logo, quem foi?

— Foi a Fabíola. – Respondeu sem encarar a mãe, fria.

Maria respirou fundo. Não queria acreditar no que ouvia.

— O quê você foi fazer naquela casa? – Gritou. – Eu já não disse que quero que você se mantenha distante?

— E eu já não disse que não sou obrigada a fazer o que você quer só porque você e o Estêvão são amantes?

Maria a olhou querendo deixar outra marca na outra parte do rosto, mas preferiu sair antes que fizesse algo que se arrependesse, não era uma de suas coisas preferidas resolver situações com tapas.

A mulher saiu da sua casa como um raio, que mal escutou quando a empregada perguntou o que queria que fizesse para o jantar. Ela chegou à casa da irmã e fora entrando como se a casa fosse sua.

Ela encontrou Fabíola na sala de jantar almoçando sozinha, e se surpreendeu quando sua irmã apareceu como um ninja na sua frente.

— Maria?! O que você tá fazendo aqui?

— Eu acho muito bom você ficar bem longe das minhas filhas, se você ousar se meter com qualquer uma delas, você vai conhecer quem realmente é Maria!

— Ah, a pentelha, bonitinha e ordinária já foi chorar pra você né. – Ela riu, dando uma garfada na sua comida. – Eu não tenho culpa se você não soube educar suas filhas, e menos ainda se você não ensinou que é errado dar em cima de homens casados. Ah, você não tem moral pra falar isso, você faz o mesmo.

— Você não sabe nada de mim, e muito menos sobre como eu educo minhas filhas, então limpa a sua boca, ok? Eu só vim avisar que essa foi a última vez que você tocou em Giovana, pois na próxima, quem é você quem vai sair com marcas de mão. Está avisada.

Ela não esperou nenhuma resposta de Fabíola, e saiu da casa com a mesma rapidez com que entrara. Mas antes mesmo que pudesse sair da casa, ela esbarrou com Estêvão, que queria até trocar alguma palavra, mas ela estava implacável.

— Maria, que bom te ver! – Ele tinha o maior sorriso do mundo.

— Não enche!

Ele não entendeu a sua reação, mas sabia que não era somente pelo ocorrido da noite anterior, havia algo mais, mas não sabia ao certo o porquê.

...

As duas semanas que antecederiam o dia da festa passaram num estalo. Com muito corre, corre, muitas coisas a fazer, mas no fim, tudo estava no seu eixo.

Era sexta feira, e já era quase dez da noite. Maria estava no seu quarto sozinha, fazendo uma pequena mala, com poucas peças de roupas e alguns itens pessoais. Ela seguia na sua arrumação, tranquila, ou quase isso, mas a sua, então tranquilidade cessou, quando Cláudio entrara no quarto e dera de cara com ela naquela situação.

— O que significa isso Maria? – Ela deu um pequeno pulinho com susto. – Você vai viajar?

— Ai Cláudio, que susto! – Exclamou com a mão no peito. – Eu vou passar o fim de semana fora, tô precisando me desestressar um pouco, e decidi ir pra Santa Izabel.

— Santa Izabel? – Ele ficou surpreso ao saber que ela decidira ir para a cidade natal de todos os acontecimentos ruins de sua vida. – E esse fim de semana? Esqueceu que amanhã e a festa da sua irmã?

— Não, eu não esqueci – ela foi até seu closet, e pegou mais algumas roupas – e tenho certeza que a Fabíola não vai morrer de tristeza se eu não for à festa dela.

— Então tá decidido? Você vai mesmo? E sem me consultar? Depois diz que eu tenho essa mania.

— Não vamos começar com isso agora. Nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia. – Após dizer isso, ela finalmente fechou a pequena mala de rodinhas.

— Tudo bem, sei que não vou conseguir mesmo. – Um pequeno silêncio se formou entre eles. Maria permanecia se arrumando, enquanto ele somente a acompanhava com o olhar. – Quer que eu vá com você?

— Não, eu quero ficar sozinha, preciso desse tempo pra mim.

— Tem certeza, Maria?

— Absoluta.

Outro silêncio se formou, e eles permaneciam na mesma posição. Quando Maria estava pronta, ele voltou suas palavras a ela:

— Tem alguma coisa acontecendo?

— Coisa? Não Cláudio, não tem nada acontecendo.

— Você não é a mesma, Maria, você mudou, só não quer me dizer o que tá havendo.

— Não é nada, fica tranquilo. – Ela o respondeu com certo pesar. – Ficade olho nas meninas tá, sei que elas já são grandinhas, mas ainda me aperta o coração deixá-las.

Maria fora até o esposo e o abraçou com carinho, como se fosse um irmão. Há algum tempo era isso que ela sentia por Cláudio: um amor de irmão.

As meninas estranharam a atitude da mãe, já que Maria raramente viajava sem antes dar uma série de instruções, deixar uma lista de coisas que elas deviam fazer, e nunca havia saído de casa às pressas, era a primeira vez, e gerou muito burburinho. Giovana sabia o real motivo.

...

Sábado, dia da tão espera festa de aniversário de quinze anos de casamento. Fabíola estava uma pilha de nervos, ela estava a todo instante sendo acompanhada por Jacques, enquanto Estêvão só queria que aquele dia acabasse logo.

Os convidados começaram a chegar timidamente, e encontraram tudo do bom e do melhor, como era de costume nas festas dadas pelo casal. Como Fabíola ainda não estava pronta, Estêvão tinha o papel de recepcionar os convidados, e ele se sentia levemente incomodado pelas felicitações.

— Estêvão, meu bom amigo, meus parabéns, tá tudo lindo! – Cláudio o saudou simpático.

— Obrigado Cláudio, fico feliz em ver vocês aqui. E vocês – ele mirou as gêmeas – estão muito bonitas, aliás, vocês são muito bonitas, mas hoje, estão de parabéns.

— Obrigada Estêvão. – Juliana respondeu a gentileza com um sorriso tímido, Giovana mal o olhava, e quando o fazia, revirava os olhos.

— E Maria, ela não vem?

— Minha mãe viajou, ela foi pra Santa Izabel. – Foi Juliana quem respondeu.

— Santa Izabel? – Estêvão pasmou.

— Santa Izabel é a cidade que ela nasceu, ela disse que precisava descansar um pouco, espero que você e Fabíola compreendam.

— Ah, não se preocupe com isso Cláudio, sei que ela pudesse, estaria aqui.

Estêvão pediu licença a eles, e fora recepcionar os outros convidados. Ele estava muito ansioso, mal prestava atenção nas conversas, sempre dava um jeito de sair de outras, e nunca permanecia muito tempo no meio de um grupo de amigos.

A festa já rolava há algum tempo, Fabíola fazia questão de exibir para todos seu marido, mesmo todos sabendo dos dois, talvez ela quisesse mostrar aos seus convidados o quanto eles estavam felizes por estarem ali. Estêvão já não aguentava mais ser tratado como um troféu pela esposa.

Quando finalmente ele conseguiu se livrar de Fabíola, ele foi para um canto morto da casa, onde também estavam Henrique e Juliana. E foi naquele momento que ele tomou a decisão mais arriscada de sua vida.

— Henrique – ele quase gritava para o filho, já que a música estava relativamente alta – eu tenho que sair pra resolver um probleminha, se perguntarem por mim, avise, por favor.

— Como assim pai? – O menino também falava alto. – É a sua festa, e você quer sair? Você sabe que minha mãe vai virar uma onça, né?

— Sei, mas eu preciso fazer isso. Diz que é urgente.

Ele abraçou o filho, fez um carinho no rosto de Juliana, e saiu às pressas, deixando os dois encafifados com sua atitude.

— Algo me diz que isso não vai acabar bem. – Henrique comentou ao pé do ouvido de Juliana.

— Só espero que ele volte antes dos convidados começaram a sair.

Estêvão pegou seu carro e saiu disparado em busca de Maria. O percurso até a pequena cidade não era muito longo, talvez meia hora separasse a grande metrópole da cidadezinha.

Muita coisa havia mudado, pois desde que terminara o ensino médio, se mudara e não voltara mais ali. Então havia mais de vinte anos que não sabia o quer era botar os pés em Santa Izabel, e nunca em sua cabeça, pensaria que poderia retornar ali.

Ele rodou pelas ruas, foi até a antiga casa de Maria, mas ela não estava, os novos donos deixaram claro que nenhuma mulher com a descrição que ele dera passara por ali.

Como que num estalo, veio a sua cabeça o único lugar óbvio onde ela poderia estar. E foi para lá que ele seguira.

— Como eu não pensei nesse lugar antes? O lugar onde nos amamos por tantas vezes.

Estêvão a localizou no lago onde diversas vezes se encontravam às escondidas quando eram jovens. Maria, que estava sentada numa canga, observando a vasta escuridão a sua frente, se assustou com a presença dele, pois era a última pessoa que esperava ver naquele momento.

— Estêvão, o que você tá fazendo aqui? – Ela olhou seu relógio no pulso esquerdo. – Ainda está rolando a festa, você não devia estar aqui!

Estêvão se sentou ao seu lado, leve como uma pluma.

— Eu acho que deveria estar onde meu coração manda, e meu coração me manda ficar ao seu lado. – Ele tentou conter algumas mexas do seu cabelo que o vento gelado insistia em bagunçar.

— Por favor, Estêvão, o quê você quer com isso? Quer complicar ainda mais a minha vida? Você sabe o que vão falar quando souberem que você está aqui comigo?

— Danem-se eles, Maria! – Sua voz saiu um pouco mais alta do que esperava. – Chega de pensar nos outros, vamos pensar um pouco em nós!

— É muito fácil falar né – riu – já que você não faz questão nenhuma de seguir com seu casamento, mas eu valorizo muito o meu, pois não sei se você sabe, mas quem ficou ao meu lado todos os dias quando você fez o que fez comigo, foi ele.

— Eu sei disso tudo, e sou muito grato a ele por ter ficado você quando eu não fui capaz de fazer, mas não é ele que você ama, você fala dele como quem tem gratidão, não com amor, pois eu sei que sou eu você ama.

— Não seja tão presunçoso. – Sua voz abaixou em algumas oitavas, enquanto ela negava com a cabeça.

— Eu não tô sendo presunçoso, tô sendo realista. Se você não sentisse nada por mim, não teria fugido, como fez.

— Eu não fugi!

— Então por que você está aqui agora, e não na festa, como sua família?

Ela não soube o que responder.

— Tá vendo? Sua atitude diz o que sua boca tem medo de dizer. Por que não largamos tudo e assumimos logo o nosso sentimento, Maria? – Estêvão era insistente.

— Não é tão fácil assim!

— Eu sei. Mas para de pensar um pouco nos outros, pense em você ao menos uma vez, pense em nós! Nossos filhos já são bem grandinhos pra entenderem certas coisas, e nossos cônjuges, eles também vão ter que aceitar nossa decisão.

— Estêvão...

— Maria, eu tô disposto a largar tudo por você, a me redimir, a tentar recuperar o tempo perdido, será que isso não é suficiente pra você? – O pobre homem gesticulava o tempo todo, devido à intensidade do momento.

— Eu não sei. – Seus olhos se voltaram para o lago escuro.

— Olha – ela o encarou novamente – tudo depende de você. Se você quiser, eu fico e vou fazer o máximo pra te fazer a mulher mais feliz do mundo, mas se disser que não, que não quer, eu volto agora pra casa, continuo fingindo que sou feliz com sua irmã, mas dessa vez, vou agir como se você tivesse morrido pra mim. E então?

Maria o olhou, e permaneceu calada. Só Deus sabia o que se passava em sua cabeça. Estêvão, por sua vez, queria logo uma resposta dela, mesmo que fosse aquela que ele não queria ouvir. Mas ela permaneceu em silêncio. Ele obteve sua resposta.

— Ok, é assim que você quer, é assim que vai ser. Eu não tenho direito de exigir nada de você, só não vai dizer depois que eu não tentei.

Com o coração partido em mil pedaços, ele se levantou e começou a caminhar em direção ao carro. Maria não fazia a menor questão de olha-lo.

Ela ouvia seus passos lentos atrás de si, e seu coração estava na mão. Mais uma vez não sabia a quem deveria ouvia: sua razão ou sua emoção. Maria sempre fora uma mulher centrada, sempre tivera as rédeas de sua vida, sempre soubera que caminho deveria seguir, mas então surgi um homem e faz todo o seu mundo virar pelo avesso.

Ela sabia que talvez não suportasse perdê-lo mais uma vez, e sabendo que dessa vez ela teria a chance de escolha, foi então, que deixando seu coração falar mais alto, ela virou e olhou para ele de costas, a poucos metros de onde ela estava, e gritou seu nome:

— Estêvão! – Seus batimentos estavam sobremaneira elevados. Ele a olhou. – Por favor, fique.

Estêvão voltou a ela sorrindo, esperançoso, pois era essa a resposta que ele queria desde o início.

— Eu não quero te perder de novo – ela disse assim que ele se abaixou, ficando a sua altura – vinte e cinco anos já foi tempo suficiente.

— Maria, eu esperei tanto que você dissesse isso.

— Por favor, Estêvão, me ame agora!


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