Acrotomofilia escrita por Beykatze


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Escrito nos acréscimos dos 45 do segundo tempo, mas eu consegui.
Espero que gostem :)
Boa leitura ♥



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Era uma rua comprida e movimentada que Jorge descia. O homem passava observando as pessoas, tanta gente diferente, mas as que mais chamavam sua atenção eram aquelas com membros amputados ou com próteses para corrigir esse problema.

Nesta rua havia um consultório médico especializado na reabilitação de pessoas amputadas e era por isso mesmo que Jorge caminhava seis quilômetros a mais todos os dias antes do trabalho: queria deleitar-se com a visão daquelas pessoas excitantes antes de ter um dia chato no escritório.

Todos os dias começavam maravilhosos, depois se tornavam chatos dentro da caixinha que chamava de sala, e então maravilhosos mais uma vez quando voltava para casa fazendo o caminho mais comprido que passava pela bendita rua.

Voltando para casa aquele fim de tarde, viu uma bela moça que mancava levemente, devia ter alguma infecção ou irritação na cicatrização ou ainda estava se acostumando com a perna metálica fria e estranha ao seu corpo de carne quente. A visão daquela dor animou Jorge de tal modo que o homem teve que apressar o passo para chegar logo ao conforto do lar.

Assim que avistou sua porta, correu para dentro, se trancando em casa e ligando as luzes brancas. Largou sua pasta de qualquer jeito no chão e sentou na sala, retirando as peças de roupa que vestia e deixando-as pelo caminho de qualquer jeito.

Sentado no sofá verde velho e acolchoado, Jorge encarava sua perna desnuda. A coxa grossa e cheia de pelos, o joelho com cara de bebê recém nascido que tinha uma coloração engraçada, a canela cheia de roxos que era sua parte preferida no corpo e, por fim, os pés peludos com dedos crescendo em direções estranhas e com unhas esquisitas.

Observou bem o membro direito, sua mão calosa traçando suavemente uma linha imaginária onde ele gostaria de encontrar o metal frio de uma prótese reluzente.

Se animou com aquilo e lembrou da garota mancando, começando a tocar seu sexo freneticamente enquanto alisava a perna imaginando lançar seu olhar para ela e encontrar dedos colados e prateados em um pé duro, um tornozelo fino, um joelho mecânico... Podia quase sentir onde sua coxa tocava o corpo estranho, onde sua pele cicatrizada encontrava o acolchoado confortável.

Sentiu o orgasmo chegando enquanto sonhava em tocar sua preciosa prótese e despertou para a realidade com uma ideia urgente.

***

Jorge respirou fundo, seu corpo deitado na mesa de madeira da cozinha ampla. Sentou, levantando apenas o tronco e deixando as pernas retas e esticadas.

Olhou bem para as duas, refletindo se era aquilo mesmo que queria e, sem pensar duas vezes, soube que era sim. Ia realizar seu sonho.

Ao seu lado, na bancada da pia, já estava tudo preparado. Um machado grande e afiado, uma peça de borracha comprida para o torniquete, uma caneta para marcar, uma garrafa de álcool, grandes bolas de algodão e toalhas que já estavam finas de tanto uso para estancar o futuro sangramento.

Buscou seu celular no meio da bagunça e colocou Liu Wei para tocar a fim de relaxar durante o seu procedimento. Sabia que era muito comum os médicos ouvirem algo durante as cirurgias, fosse para se acalmar ou para se inspirar. O caso era os dois.

Inspirou profundamente e expirou sem demora. Era agora.

Com um algodão embebido em álcool limpou a região em que faria o corte, a brisa suave que entrava pela janela semi aberta resfriava perna de forma deliciosa. Depois, traçou com a caneta a linha que atravessaria com a lâmina brilhante. Marcação feita, amarrou a borracha bem firme, cortando ao máximo que conseguia aquela circulação. Fez a amarração três dedos acima de onde cortaria, não sabia se era o espaço correto, mas estava confiante de que tudo daria certo. Já se imaginava indo ao consultório do médico daquela rua, onde conheceria uma moça adorável e linda e os dois viveriam juntos e cuidariam de suas próteses e seriam felizes.

Voltando a atenção para a atividade que exercia, pegou o machado e limpou todo ele, desde a lâmina até o cabo, não era bobo, não queria pegar uma infecção ou algo parecido.

Aquilo seria difícil, a ferramenta era muito grande, entretanto, não tinha nada que fosse tão afiado quanto e de mais fácil manuseio.

Segurou o machado pela parte não cortante da lâmina e, antes de continuar, buscou as toalhas e as deixou sobre a perna que não seria retirada, para poder recorrer a elas rapidamente.

Com um golpe e um grito, enterrou a lâmina afiada na coxa grossa. Porém, sua musculatura desenvolvida e a falta de força aplicada, fizeram com que o machado não terminasse o serviço na primeira tentativa.

Controlando-se para não gritar, desistir ou chorar, Jorge se contentou ao resmungar um “merda” quando viu o sangue escarlate começando a sair torrencialmente da abertura. Repousou algumas toalhas sobre o local e continuou.

Com o machado enterrado na carne macia, o homem deixou as mãos em forma de punho e socou a lâmina mais fundo algumas vezes antes de desmaiar.

Jorge morreu de hemorragia naquela mesa de madeira na cozinha de sua casa.  Se foi esvaindo em sangue lentamente até que seu corpo entrou em choque hipovolêmico devido a perda de sangue. Seus órgãos não receberam mais oxigênio e pararam seu nobre funcionamento.


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Notas finais do capítulo

Curiosidades: Liu Wei é um pianista que perdeu os braços ao ser eletrocutado em um jogo de esconde-esconde. Hoje ele toca com os pés e venceu o programa Go Talent, da TV Britânica.
Espero que tenham gostado :D
Até uma próxima história ♥
E deixem um comentário ou uma mensagem, gosto de saber o que vocês estão achando :)



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