POV RENEESME

Acordei pouco antes do sol nascer e me dei conta da presença de Jake ao meu lado, eu estava deitada entre um de seus braços e a lateral de seu corpo. Me aconcheguei ainda mais nele inalando seu cheiro amadeirado que me fazia sentir sempre em casa. O cheiro dos vampiros era doce, mas o cheiro dos lobisomens e principalmente de Jake era forte, como o cheiro de terra molhada em uma floresta de pinheiros, era maravilhoso. Sua pele era quente, mas não queimava, era como se deitar em um campo aberto num dia frio e sentir o sol acalentar seu corpo. Eu sabia que não podia mais viver sem ele, não que antes eu pudesse, mas depois da noite passada era como se um pedaço de mim estivesse com ele. Não apenas por causa do sexo, mas a intimidade gerada por todos aqueles momentos me fez entender o quanto nós pertencíamos um ao outro. Enquanto eu me ajeitava ao seu corpo ele sentiu meus movimentos e acordou preguiçosamente.

— Bom dia, linda. – Ele disse enquanto me abraçava, ainda relutante para abrir os olhos.

— Queria ficar assim para sempre. – Eu disse e ele sorriu abrindo os olhos. – Eu também, tudo parece tão perfeito desse jeito. – Concordei enquanto ele beijava minha testa.

E então tudo que se seguiu aconteceu rápido demais. Ouvi passos na mata, ainda muito distantes, tanto eu quanto Jacob ficamos em alerta quando alguém irrompia pela porta da frente com uma fúria que daria para ser sentida a quilômetros. Nos vestimos tão rápido que parecia que nunca havíamos tirado aquelas roupas e então ouvimos. – Jacob Black, você está morto!

— Edward, se acalme! – Era a voz da minha mãe tentando acompanha-lo, mas ele era rápido demais e já estava abrindo a porta de meu quarto com um estrondo forte, a porta nem sequer resistiu antes de se desfazer no chão.

— Pai! Você está louco? – Gritei desesperada com sua reação, sabia que ele tinha lido nossos pensamentos a uma boa distância daqui.

— Jacob. Você. Eu. Lá embaixo. Agora. – Meu pai falava rosnando enquanto empurrava Jake pela janela e pulava atrás dele. Gritei e pulei atrás com minha mãe ao meu lado. Em alguns segundos todos os Cullen já estavam reunidos ali.

— Esperei muitos anos por isso. – Dizia tio Emmett rindo divertidamente. – Achei que esse dia nunca fosse chegar, eles já estavam tão mansos. – Tia Rose ria ao seu lado.

Meu pai estava furioso, mas Jacob se controlava. – Edward, se acalme, não tem motivo para isso.

— Não tem motivo, cachorro? Ela é a minha filhinha, e você nunca mais vai chegar perto dela! – Ele rosnava e ia para cima dele. Eu e minha mãe tentávamos entrar no meio, mas ele nos afastava com facilidade.

— Você sabe que essa não é uma opção! – Jacob exclamou ofendido. – Você sabe o quanto eu a amo e sabe que eu nunca faria nada de mal a ela.

— Querido, você sabia que esse dia iria chegar, não está sendo racional. – Disse minha mãe se colocando entre os dois e fazendo que meu pai olhasse para ela.

— Bella, como você pode concordar com isso?

— Filho, você sempre soube que o destino dos dois era esse, teve alguns anos para se preparar. – Disse Carlisle se aproximando e colocando a mão em seu ombro. Pelo canto do olho eu podia ver tio Jasper se concentrando e tive certeza que a calmaria de agora era graças a ele.

Meu pai suspirou algumas vezes antes de me encarar. – Você, está de castigo para o resto de nossas vidas.

Achava aquilo tudo ridículo, eu já havia chegado na idade adulta e eu poderia muito bem tomar minhas próprias decisões, com certeza não deveria estar de castigo ou coisa do tipo. Mas não disse nada. – E não esqueça que eu posso ler seus pensamentos, mocinha. – Ele disse irritado.

— Como eu posso me esquecer se eu não tenho privacidade nem dentro da minha própria cabeça! – Respondi exaltada, nunca, nem por um momento de minha vida eu podia pensar dentro de casa sem preocupação, sem me importar se alguém poderia ler minha mente. Aquilo me deixava louca. Mamãe apertou a sua mãe e ele apenas cerrou os olhos, mas não respondeu, apenas se dirigiu a Jacob. – O que está esperando, suma logo daqui!

— Tchau Nessie, eu volto depois. Amo você. – Ele disse com um meio sorriso em minha direção e meu pai rosnou novamente.

— Isso é completamente ridículo. – Eu sussurrei encarando meu pai com ódio e então pulei para meu quarto.  

Na escola havia algo errado, o clima estava pesado quando desci de minha moto. Provavelmente era só o meu nervosismo por ter que dispensar Landon. Outra pessoa que eu com certeza não queria encarar era Connor, não sabia se ele teria a mesma sorte de ter alguém por perto se se aproximasse de mim novamente. Entrei correndo na aula pois já estava atrasada, o professor me lançou um olhar de reprovação mas ignorei sentando ao lado de Charlie que parecia preocupada. Olhei ao redor e não vi London, o que me fez relaxar.

— Tudo bem? – Perguntei a Charlie num sussurro e ela apenas fez que não com uma expressão que estava me aterrorizando.

— Landon está desaparecido desde aquele dia na festa do Connor, você não sabia? – Ela disse e então eu congelei. Como assim Landon estava desaparecido? Será que alguém fez algo com ele, ele e Connor brigaram aquele dia, ele poderia ter feito algo? Ou pior... Jake poderia ter machucado ele por ciúmes? Não, isso com certeza era ridículo. Quando a primeira aula finalmente acabou eu me virei pra Charlie com urgência. – Como assim Landon sumiu?!

— Não sabemos, os pais dele disseram que ele simplesmente não voltou mais para casa. Eles estão desolados. – Ela disse com uma expressão pesarosa. Eu estava mal, desejei tanto não o ver hoje cedo e agora tudo o que eu queria era que ele aparecesse. Não sentia nada romântico por ele, mas ele era um bom amigo e uma pessoa muito gentil e agradável. – Ninguém mais o viu, o telefone não pode ser rastreado, ele não ligou nem mandou mensagem para ninguém. – Ela continuou contando.

— Meu Deus, Charlie... isso é horrível! – Eu estava enjoada de tanto que me sentia mal com aquela situação. Será que havia um vampiro à solta em Forks?

Na hora do almoço mandei uma mensagem pra Jake.

Landon está desaparecido desde sexta. Quais as chances de ter um vampiro por aqui?

Sério? Não soubemos de nada, acho difícil algum ter estado aqui sem nós termos percebido.

Jake estava certo, a matilha teria farejado o rastro. Aquilo estava muito errado. A parte da tarde foi estranha e pesada, a polícia de Forks foi a escola para interrogar os alunos. Encontrei vovô Charlie quando estava me preparando para voltar para casa.

— Nessie! – Ele disse me dando um abraço animado. Era bom ver ele.

— Vovô! Estava com saudades.

— Nessie, prometa que vai se cuidar, não sabemos o que aconteceu com seu amigo e não quero que nada de mal aconteça a você. – Ele estava preocupado.

— Sabe que não precisa se preocupar comigo, vovô. – Tentei acalma-lo.

— Até onde sei você não se transforma em animal como Jake, então vai ter que se cuidar, garota. – Ele pediu novamente e eu concordei para acalmá-lo.

Cheguei em casa e contei sobre Landon para minha família

— Um vampiro? – Tio Emmett sugeriu.

— Não, a matilha teria sentido o cheiro. Respondi me lembrando da conversa com Jake. Meus pais concordaram.

— Ele não pode ter fugido ou algo assim? Adolescentes fogem. – Tia Alice sugeriu.

— Duvido muito. – Me lembrei do nosso beijo sem querer e olhei para o meu pai pelo canto de olho para analisar sua reação, mas ele com certeza estava mais calmo.

— Reneesme está certa, ele não fugiu. – Papai concordara.

— Não faz sentido então. –Era vez de vovô Carlisle dizer e vovó apenas assentiu.

— Nessie, podemos conversar um pouco? – Papai pediu e eu assenti, ele provavelmente brigaria comigo de novo. Suspirei.

Fomos para a varanda. – Bem, me desculpe por hoje cedo. – Ele disse me surpreendendo. – Foi exagerado, sua mãe estava certa. Não vou dizer que estou feliz, mas você já é adulta e é melhor que seja com Jacob que te ama e faria tudo para te proteger e te ver bem.

— Obrigada. – Eu disse abraçando-o. – Eu te amo.

— Também amo você, minha filha.

O telefone dele tocou e então estremeci com as palavras que consegui ouvir através do aparelho.

— Edward, é Jacob, preciso que vocês nos encontrem na fronteira, acho que sabemos o que matou o garoto da escola.

Landon realmente estava morto, e havia alguma coisa à solta por aí.