Reneesme e Jacob - Lua Cheia escrita por Bárbara Silva


Capítulo 1
Começo


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente não faço ideia se alguém vai ler isso...



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POV RENEESME

Me levantei atordoada com o sonho da noite passada. Me sentei na cama tentando entender o que se passara enquanto observada pela enorme janela de vidro do meu quarto o dia nascer preguiçosamente. Esses sonhos se repetiam várias e várias vezes, alguns bons, outros nem tanto. O sonho dessa noite não era um bom. Eu estava de pé na clareira e sentia que haviam outras pessoas do meu lado, porém eu não conseguia me mexer, estava completamente imobilizada pelo medo que fazia com que meus pés parecessem rochas. Então eu os vi saindo detrás das árvores, todos vestidos com capas pretas emoldurando seus rostos perfeitos. Meus olhos se cruzaram com os olhos vermelhos da garota na minha frente, uma jovem que aparentava ser a mais nova ali, seu cabelo loiro estava preso em um coque perfeito, não havia um fio sequer fora do lugar, mas a expressão era dura e fria, talvez a mais fria dentre todos aqueles rostos. Naquele momento um arrepio subiu pela minha espinha e eu sabia que iria morrer. Aquela lembrança sempre aparecia nos meus sonhos nas noites em que eu ia dormir preocupada com alguma coisa. Já se passara 7 anos desde aquele dia e por mais que tenhamos saído vivos daquele lugar, eu nunca fui realmente capaz de esquecer o pavor que percorria a todos.

Mas hoje eu não podia me dar ao luxo de me preocupar com um sonho, tinha outros problemas que disputavam para tirar a minha paz. Me espreguicei na cama e levantei relutante em direção ao banheiro do meu quarto, meus pés se arrastavam e quando parei em frente ao espelho observei as olheiras enormes e o desanimo estampado em cada feição do meu rosto. No chuveiro deixei a água cair lentamente, sem me preocupar com a hora, graças ao meu pesadelo eu teria muito mais tempo para me arrumar. Hoje eu teria meu primeiro dia de aula em uma escola normal e apesar da Escola de Forks não ser necessariamente um lugar aterrorizante, eu sentia medo. Meu surto de crescimento finalmente parou no ano passado e agora eu finalmente tinha 17 anos, meus pais concordaram que era a hora de eu aprender a conviver com os humanos e possuir experiências humanas, já que isso era metade de quem eu sou. Porém eu temia que meu lado vampira me entregasse, eu conseguia controlar o meu dom, mas não as minhas emoções. Quando perdia o controle das minhas emoções e tocava em alguém eu acidentalmente lhes mostrava pensamentos ou lembranças, o que nunca havia sido um problema em uma casa cheia de vampiros, mas com certeza seria um risco em uma escola lotada de humanos que não faziam ideia de quem eu era. Eu também tinha outro medo, nunca ficara tanto tempo perto de pessoas vivas e com sangue correndo por suas veias, se eu perdesse o controle jamais conseguiria lidar com as consequências dos meus atos, seria inaceitável. Bom, eu via vovô Charlie com frequência e também os Quileutes, mas a afeição que eu tinha por cada um jamais me deixariam sequer pensar no sangue que corria por suas veias.

Afastei os pensamentos de minha mente e fechei o chuveiro, caminhei até o armário e encarei as roupas com um suspiro. Eu precisava passar despercebida durante todo o dia, quais as chances de isso acontecer com um armário todo abastecido por tia Alice e sua tendência ao exagero? Eu nunca havia realmente me importado em sempre ter sido a cobaia de tia Alice para moda, adorava deixar ela feliz, mas com toda certeza não gostava de atrair atenção e sei que havia puxado isso da minha mãe. Enquanto me vestia¹ bufei, havia escolhido uma regata fina demais para o frio de Forks, peguei um casaco para ajudar na minha encenação mesmo sabendo que ele só me incomodaria o dia todo.

— Bom dia, Nessie – Era minha mãe, abrindo a porta do quarto e tentando forçar um sorriso quando percebeu o meu desanimo.

— Bom dia, mãe – Respondi enquanto me sentava com ela na minha cama e voltava o olhar para a janela, já era dia, mas não havia sol, apenas uma chuva fina e quase imperceptível.

— Querida, entendo que você não esteja se sentindo confortável mas sabe o tanto que o seu pai valoriza essas experiências humanas. – Ela disse pegando em minha mão. Recostei meu rosto em seu ombro e suspirei, estava com medo demais para formular qualquer frase.

— Querida, dentre muitas coisas você puxou o autocontrole de sua mãe. – Disse meu pai surgindo ao lado de minha mãe e colocando a mão em seu ombro. – Se não quiser ir não iremos te obrigar, mas você precisa viver, ficar o tempo todo conosco e com Jacob pode ser prejudicial.

Jacob. Queria que ele estivesse aqui agora. Bufei e meu pai riu lendo meus pensamentos.

— Vá a La Push depois da aula se isso te deixar melhor, já tem tanto tempo que vocês não se encontram mesmo. – Ele disse com um riso sarcástico e mamãe entendendo o que aconteceu acompanhou o seu riso. Eu vira Jacob antes de ontem quando ele veio me visitar, mas já não passávamos tanto tempo juntos.

Ele era o meu melhor amigo, ele sempre esteve comigo em todos os momentos que precisei e até nos que não precisei, ele quase tão presente quanto meus pais. Mas ultimamente eu não o via o tanto que gostaria, bem, eu o vejo quase todos os dias, mas ainda parece pouco. Jacob agora era o Alpha pois Sam finalmente conseguiu se controlar e parar suas transformações depois que Emily engravidou a dois anos e então agora Jake tinha responsabilidades com a matilha, no tempo que lhe restava ele trabalhava na oficina que agora atendia La Push, Forks e até algumas cidades vizinhas. Eu ficava extremamente feliz pelas conquistas dele, mas sentia sua falta.  

— É, eu com certeza vou a La Push depois da aula. – Suspirei me lembrando que ainda precisava ir para a aula e me levantando da cama contra minha vontade.

— Esme está preparando um café da manhã para você, vamos lá antes que ela precise vim aqui te chamar. – Disse minha mãe. Então nós três fomos nos encontrar com o resto da família que nos aguardava na espaçosa cozinha. Ninguém ali além de mim comeria, mas todos estavam sentados na mesa como um gesto de condescendência. Meu avô Carlisle resolveu 3 anos após o meu nascimento que já não poderia continuar trabalhando no hospital de Forks sem levantar suspeitas sobre a sua juventude eterna, mas todos concordaram que enquanto Charlie vivesse, Forks era o lugar da minha mãe e o meu – o que é ótimo pois não saberia como ficar longe de La Push – meus tios e meus pais também não podiam mais frequentar a escola e então a história contada foi que meus avós se mudaram para alguma cidade próxima mas não próxima o suficiente para que alguém fosse procurar por eles e que seus filhos haviam ido para a faculdade de Washington. A última parte não era bem uma mentira, todos decidiram cursar algo por lá, mas nada que os impedissem de ficar muitos dias em casa comigo. Vovô tinha dificuldade em parar de trabalhar, mas acabou criando um laboratório de pesquisas médicas no terceiro andar e isso estava ocupando bem o seu tempo. Na escola a história seria que eu era sobrinha uma de Carlisle que se mudara recentemente e ingressaria no segundo ano, mas eu esperava não precisar repetir essa história muitas vezes hoje.

O café da manhã passou rápido, mas não sem muitas perguntas sobre minhas emoções para o primeiro dia de aula e muitos desejos de que tudo corresse bem. Podia sentir tio Jasper tentando me deixar mais calma, funcionou bem até o momento em que sai pela porta. Peguei o capacete na garagem e subi na minha recém adquirida Harley-Davidson 883, era chamativa, mas não tanto quanto um Porsche, ou um Aston Martin e eu adorava sentir a rajada de vento no rosto. Parte ou senão todo o meu amor por motos veio de Jake, andar de moto era uma das muitas coisas que fazíamos juntos. Meu pai gostava de dizer que puxei o senso de perigo da minha mãe, mas não se impunha contra isso.

Parei no estacionamento que já estava começando a encher, a minha primeira aula começaria em 15 minutos e eu precisaria correr da forma mais humana possível até o prédio mais distante dali. Desci da moto sentindo todos os olhares nas minhas costas e então abaixei a cabeça. Com certeza a Harley não ajudaria mais do que um carro caríssimo e amarelo.


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Notas finais do capítulo

¹https://urstyle.pl/styles/2345520



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