Despedaçado. escrita por Melody Holy


Capítulo 1
Capítulo Único




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Os olhos ardiam, o coração batia desritmado no peito, e Lupus nunca pensou que teria que lidar com aquela tempestade de sentimentos que havia se tornado.

A imagem de Melanie, sua mãe, indo embora sempre mexera muito consigo, e o ódio que nutria por seu pai misturado ao amargor em sua boca sempre que pensava na mãe nunca deixou de ser combustível suficiente para que se movesse, para que vivesse no ódio, invejando aquela criança mestiça idiota que tivera a atenção dos pais por mais tempo do que ele próprio teve.

Odiava Lass. Odiava Regis. Odiava todos os idiotas que solicitavam seus serviços.

A euforia que sentia junto às lágrimas que traçavam caminho por seu rosto lhe trazia uma lucidez que não fazia sentido. Ódio… Passara a maior parte da vida sendo movido por esse sentimento.

A constatação de que não tinha família lhe era certa até pouco tempo atrás. Mesmo que Regis e Lass ainda existissem, esse pensamento não lhe trazia nada além de uma sensação horrível lhe queimando a boca do estômago.

Odiava aqueles dois.

Odiava especialmente Lass. O mestiço, seu meio-irmão… Não. E era justamente aquilo que fazia com que seus sentimentos saíssem de controle. Melanie… era ela. Diferente, humana, mas ainda assim era ela. Sua mãe, aquela que sempre lhe tratara com carinho e a única que conseguia lhe trazer boas e más lembranças ao mesmo tempo.

Lass não era seu meio irmão. A ideia de ter um irmão da mesma mãe lhe era tão absurda que se não fosse por aquela visão, jamais acreditaria.

Como estava sobre aquilo? Bom, as lágrimas que agora traziam soluços junto parecia ser uma boa resposta. Estava confuso, nada daquilo fazia sentido. Não sabia como se sentir.

Estava sozinho, trancado no quarto onde temporariamente dividia com Dio e Mari (eram a opções menos piores) enquanto escutava as risadas no andar de baixo e todos se divertindo.

Odiava aquilo, odiava… não, não sabia mais o que odiava. Céus, não era possível que aquela simples constatação de ter um irmão fizesse sua mente entrar em pânico daquele jeito. Odiava… merda, não sabia nem dizer ao certo o que odiava.

Odiava algo? Deusas, tudo o que precisava naquele momento era um trabalho para distrair a mente.

Se tivesse um trabalho, não teria se permitido ficar confuso.  Se tivesse um trabalho, não teria procurado uma garrafa da bebida mais forte vendida naquela espelunca. Se tivesse um trabalho, não estaria sentado no chão sujo do quarto enquanto chorava e soluçava, sem ao menos ter certeza do motivo pelo qual estava tão frágil.

Era patético. Essa era a palavra que melhor o definia. Patético. Era patético demais ficar trancado remoendo por uma vida que jamais teria, por sua família que jamais agiria como tal. Era patético.

Estava reduzido àquilo.


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