Zaniah não se conteve e correu para junto do irmão.

— Você não deveria estar numa comemoração no seu Salão Comunal agora? – Sirius indagou.

— Não estou no clima de festejar...

— Eles nem prestaram atenção em você. – Aquilo não havia sido uma pergunta, fora uma afirmação.

A mais nova se agarrou com mais força ao irmão, sendo correspondida, e sentiu as lágrimas a preencherem.

— Eu não significo nada para eles. – Ela falou entre soluços.

— Você não deve se culpar por isso, minha pequena. – Sirius disse erguendo o rosto da irmã, obrigando-a a encara-lo nos olhos. – Nossos pais são idiotas, em todos os sentidos.

— Sirius! – Ela disse o repreendendo.

— Jura, Zan? – Ele interrogou-a. – Mesmo com a forma que eles a tratam, como lixo, você nem sequer hesita em defendê-los?

— São nossos pais, Six.

— Qual foi a última vez que eles demonstraram qualquer carinho por você? Por mais singelo que fosse? – Zaniah se manteve calada, não se lembrava, afinal. – Foi o que eu pensei.

Sirius olhou a mais nova murchar sob suas palavras.

— Você é filha deles, o que deveria significar muito mais. E eles nem pensam em você, ou em como você se sente. Você deveria... – O mais velho foi cortado pela irmã.

— Deveria o que, Sirius? – Ela falou irritadamente. – Me rebelar? Abandoná-los? Perdão se eu não sou tão corajosa quanto você, irmão. Nem tão corajosa nem tão cara de pau. Você abandonou a sua família. Nem no Natal você foi para casa! Preferiu ir junto do Potter. Qual o próximo passo? Passar as férias de verão com eles?

— Se eu pudesse, iria. – Sirius falou impulsivamente.

Zaniah olhou indignada ao irmão e virou suas costas, afastando-se dele.

— Zaniah... – Sirius falou com a voz macia. – Por favor. Qual foi a última vez que conversamos por mais de cinco minutos sem brigar?

— Nunca, Sirius. Nós somos irmãos. – Zaniah disse, olhando-o novamente e rindo levemente. – Eu sinto sua falta. Todos os dias.

Sirius foi em sua direção e a abraçou fortemente.

— Você acha que eu não? – Ele perguntou. – Você é a pessoa mais importante do mundo para mim. Não sou capaz de amar ninguém da mesma forma que te amo. Mas gostaria que você fosse ainda mais amada do que já é.

— Eu também te amo, Six. – Ela falou sorrindo e se aconchegando no irmão. – Tanto quanto amo Régulos. E não há ninguém que eu ame mais do que amo vocês dois.

 - Nem mesmo o Bartô? – Sirius perguntou divertido.

— Ele está muito próximo da quantidade. Mas ainda assim, não é a mesma coisa.

— E o Lestrange? – Sirius perguntou, enciumado.

— Rabastan? – Zaniah indagou confusa. – No damos bem, mas não é como se fossemos extremamente próximos.

— Achei que eram. Afinal ele é o melhor amigo do Rég. E vocês estavam juntos na janta do Club do Slug.

— Mas isso não significa nada...

— Eu sei que não, Zan. Apenas estou me certificando. – Sirius disse sorrindo.

— Cerificando-se do quê? – Ela perguntou.

— De que estão cuidando bem de você na cova das cobras. – Sirius disse simplesmente, levando um soco da irmã logo em seguida. – Ai!

— Sirius! Não fale assim da minha Casa!

— Ok, desculpa. Não precisava de toda essa agressividade também. – Sirius disse enquanto afagava o próprio braço.

Zaniah riu da situação do irmão.

— Não se afaste de mim de novo, babaca. – Ela disse e o irmão apenas sorriu.

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Sentia-se mais leve desde o momento que desceu da Torre de Astronomia. Ela e seu irmão seguiram caminhos diferentes, cada um indo para sua respectiva Casa.

Quando Zaniah chegou nas masmorras, era quase meia noite. Podia ouvir o barulho que vinha de dentro do Salão Comunal, o qual denunciava que a festa em comemoração do Título de Quadribol ainda ocorria. Dessa vez, porém, Zaniah sentiu vontade de comemorar com os amigos.

Não passou despercebida quando entrou pela passagem. Assim que pisou no chão frio da Sonserina, Rabastan correu até ela, com um rosto preocupado

— Zaniah! Você está bem? Onde estava? Você foi pega? Ficou louca de sair essa hora sozinha? – Ele perguntou à medida que Antony, Darwin, Juliet e Narcisa se aproximavam.

— Ei, ei, calma! Eu estou bem. – Zaniah assegurou. – Algumas coisas aconteceram e eu não me sentia com vontade de festa. Então preferi ficar sozinha. Foi quando eu fui pra Torre de Astronomia, e não, eu não fui pega. Também não percebi o horário. Mas agora estou bem e por isso voltei para cá, para festejar.

Rabastan rapidamente a evolveu em um abraço, fazendo Zaniah se assustar com a repentina aproximação.

— Régulos e Bartolomeu estão loucos atrás de você. – Sussurrou durante o abraço. – Vou avisa-los que você chegou. – Ela concordou e sentiu o garoto se afastar.

Narcisa abraçou a prima mais nova de lado e com força, de forma protetora.

Rabastan rapidamente chegou com seu irmão e seu melhor amigo, que quiseram assegurar que a garota estivesse bem.

— Droga, Zaniah! A próxima vez avisa qualquer um de nós que você vai sair! – Bartolomeu falou. – Sabe tudo que passou pela minha cabeça quando a Juliet disse que você não estava no quarto?

— O eu poderia acontecer demais? Uma detenção?

— Zaniah, você percebeu como você estava depois do jogo? – Bartolomeu perguntou, sem ligar para os amigos ao redor, que pareceram se interessar muito pela conversa. – Você estava tão pra baixo que eu cheguei a pensar que... – Bartolomeu perdeu a voz no final da frase, seu olhar ficou vago e seus olhos lacrimejaram.

— Chegou a pensar o que, Bartô? – Zaniah perguntou.

— Que você poderia querer se matar, Zan. – Este falou após uma longa pausa, olhando nos olhos da amiga.

Todos os rostos que observavam a conversa se encheram de horror.

— Todos pro meu dormitório, agora. – Régulos disse, fazendo Antony, Rabastan, Darwin, Juliet, Narcisa, Zaniah e Bartolomeu o seguirem até um dos dormitórios dos meninos do segundo ano. No caminho, juntaram Rodolphus, Lúcius, Bellatrix e Andrômeda ao grupo.

Entraram no quarto e Zaniah sentou no que reconheceu como a cama de Rabastan. À sua direita sentaram-se Bartô e Juliet. À sua esquerda, Régulos e Rabastan. Todos os outros se acomodavam na cama do lado, a de Antony, ou no chão. Diversos pares de olhos encaravam Zaniah apreensivos.

— Conte para eles o que aconteceu hoje, Zan. Conte como você se sente sobre tudo. – Bartolomeu disse, encorajando-a a desabafar.

Olhou nos olhos do melhor amigo mais uma vez e respirou fundo. Foi quando encontrou os olhos acolhedores de Narcisa que se colocou a falar sobre seu relacionamento com seus pais.

E naquele momento soube que a festa acabaria para todos dentro daquele quarto.

Quando terminou, percebeu que Juliet estava encostada na parede, com lágrimas preenchendo seus olhos. Suas três primas, Bella, Cissa e Andie mantinham um olhar vazio, Lúcius, Antony e Rodolphus estavam visivelmente chocados. Rabastan apresentava fúria. Mas a pior reação havia sido de Régulos. Este já não estava mais sentado na cama. Se encolhera no chão, contra uma parede, numa posição fetal e completamente vulnerável. Lágrimas escorriam com velocidade e ele já não se preocupava em abafar os soluços.

Ninguém esperava ouvir o que ouviram. Não de Zaniah, a garota sempre tão amável com todos e querida por todos.

— Essa é minha história, até agora.

— Por que você nunca nos disse nada? – Rabastan perguntou, sendo o primeiro a conseguir formular uma frase.

— Eu sempre pensei que poderia consertar isso... Que ninguém além de mim havia percebido. Mas aparentemente, não.

— Como assim, Zaniah? – Andrômeda perguntou preocupada.

— Sirius me encontrou na Torre de Astronomia hoje. – Ela falou e muitos dos presentes arregalaram os olhos.

— Sirius? – Rodolphus disse com um leve desgosto na voz.

— Foi muito bom passar um tempo com ele, na verdade. – Zaniah falou sem importar-se com o comentário de Rodolphus. – Aparentemente, ele viu toda cena de meus pais com Régulos e depois eles me ignorando completamente. Talvez ele já tenha percebido tudo isso muito antes...

— Zan, tio Orion realmente disse que mulheres só servem para ter e criar filhos? – Bellatrix perguntou pasma.

— Sim, Bella. Com todas as letras.

Bellatrix não conseguia processar isso. Seu tio preferido, seu padrinho, falando que ela não serviria para nada além de procriar? O que ela era? Um bicho selvagem?

— Sirius, mesmo afastando-se de todos nós, percebeu o que acontecia na sua vida. – Régulos disse após um tempo. – E eu, que estou com você sempre, nunca sequer pensei nisso. – O garoto falou, visivelmente abatido.

— Nenhum de nós, Régulos. – Rabastan disse, consolando o amigo. – Talvez Sirius se afastar foi o que o fez perceber tudo isso. Ele começou a ver a situação de fora.

— Não importa. Eu fui um péssimo irmão mais velho.

— Régulos, não é verdade! – Zaniah falou, saindo da cama e indo em direção ao irmão. – Graças a você e ao Six eu sou como sou. Graças ao amor que vocês me deram, dês do meu nascimento.

— Não, Zan. Você merece todo o amor do mundo. Eu te dou todo amor que sou capaz de lhe dar, mas você merece muito mais.

Os olhos de Zaniah lacrimejaram.

Sirius e Régulos eram mais parecidos do que poderia imaginar, afinal.