COEUR escrita por La Neige


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu já havia postado esta história antes, mas resolvi apagá-la e revisar todo o enredo e narrativa. Agora estou postando novamente com algumas atualizações e espero que vocês gostem.

Não revisei todos os capítulos, então vou postar aos poucos.

Críticas construtivas e elogios são sempre bem vindos.

Boa leitura a todos!



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Era uma manhã de sábado quando o conheci, ele tinha uma postura rígida, usava um paletó cinza da Calvin Klein, suas madeixas de um loiro escurecido, seu olhar era frio e desapegado.

Havia acabado de voltar da padaria quando ouvi os gritos da minha irmã, Julie na cozinha; provavelmente ela tinha visto outra barata. Quando cheguei no cômodo lá estava ele, parado em frente a península de madeira velha. Tenho que confessar, David Carter era cruel, mas era incrivelmente lindo.

— Papai você não pode fazer isso comigo, meu casamento é daqui a uma semana - gritava Julie aos prantos.

— Me perdoa! – era o que meu pai repetia com a voz turva em meio as lágrimas que escorriam pelas suas bochechas rechonchudas e rosadas.

Certamente algo sério estava acontecido. Será que Julie tinha voltado a usar drogas? E aquele homem? Será que ele é da clínica de reabilitação?

— Zoey, finalmente! Por favor, diga ao papai, que ele não pode fazer isso comigo – suplicou Julie, que havia notado minha presença no cômodo.

— Fazer o que? – perguntei tentando entender o que estava se passando.

— Vem comigo! - disse ela me arrastando para a sala de estar – Papai voltou a jogar – começou a dizer com a voz mais calma – Mas desta vez ele foi longe demais! – afirmou – Ele perdeu muito dinheiro para este homem, o senhor Carter, e para pagar a dívida ele entregou a escritura da nossa casa – voltou a chorar.

— Espera! – falei assustada – Isso não pode ser verdade! – disse a mim mesma.

— Esta não é a pior parte – continuou Julie secando as lagrimas que escorriam de seus olhos avermelhados. – Como não temos dinheiro para pagar a dívida ou outro lugar para morar o senhor Carter fez uma proposta ao nosso pai – Disse voltando a chorar.

— Que proposta, Julie? Diga logo! – perguntei com uma ponta de esperança de que não perderíamos o único patrimônio que tínhamos.

— Que eu me case com ele – cuspiu as palavras com raiva.

Congelei. Não sabia o que dizer, papai perder a casa já era terrível, mas usar a filha como moeda de troca era cruel. Que tipo de pessoa era esse senhor Carter para propor algo assim tão retrogrado?

— Você tem que me ajudar Zoey – suplicou Julie me despertando do transe. – Meu casamento é em uma semana, e bem – pausou. – Estou gra-vi-da. – Terminou gaguejando.

Conseguia sentir a cor esvaecendo de meu rosto e as forças indo embora. Sentei no sofá roxo da nossa pequena sala que já não via uma reforma a um bom tempo.

— Gravida? – Repeti sua última palavra sem acreditar que ela realmente havia sido dita.

— Você está realmente gravida Julie? – era a voz do meu pai. Estava tão submersa em toda essa história que não havia percebido a presença dele ali.

— Papai me desculpa, eu não queria. Por favor, pai me perdoa! – suplicou Julie desesperada ao se ajoelhar em frente ao nosso pai que estava parado na porta que fazia a divisão da cozinha com a sala de estar.

— Não queria? – disse indignada. – Vocês deveriam ter se prevenido, ou esperado até o casamento.

— Parem com isso - falou papai chamando nossa atenção. – Se isto é realmente um fato não há nada a ser feito. Teremos que entregar a casa ao senhor Carter – finalizou com a expressão séria.

— Não podemos fazer isso. - foi apenas o que consegui dizer.

— É tudo culpa sua – acusou Julie apontando seu dedo fino para o nosso pai. – Se o senhor não bebesse tanto e não fosse viciado em jogos nós não estaríamos nesta situação! – ela cuspia as palavras com raiva.

— Eu sei filha, eu sou o culpado de tudo isso! – respondeu papai em um tom tão baixo que quase não foi possível de se ouvir. – Eu realmente não sei como resolver esta situação – confessou angustiado.

— Calma pai, daremos um jeito – eu disse a ele, acariciando sua mão já enrugada pela idade em busca de acalmá-lo, embora eu mesma não soubesse o que fazer.

— Que jeito, Zoey? Por acaso você vai se casar com o Carter? - pronunciou Julie com sarcasmo.

— Nã.. – tentei dizer, mas Julie não me deixou terminar e logo foi dizendo.

— É isso! – falou ela como se tivesse tido uma grande ideia. – Se você se casar com Carter, eu poderei me casar com o Taylor e ainda ficaremos com a casa - concluiu como se fosse obvio.

—VOCÊ TA LOUCA? – minha voz saiu em um tom mais alto do que eu esperava.

— É o único jeito Zoey! – disse ela.

— Sua irmã tem razão filha, isso pode ser a solução - concordou Santiago. – Sei que isso é demais, após tudo o que você tem feito pela nossa família, mas pode ser uma solução provisória até encontrarmos uma brecha. - completou ele.

Talvez eles tivessem um pouco de razão. Eu poderia ganhar tempo dizendo que me casaria até conseguir o dinheiro para quitar a dívida da casa, e então nem precisaria me casar.

— Tudo bem, eu caso – concordei por fim.

Eles me olharam confusos como se não tivessem entendido o que eu havia dito.

— Eu caso! – repeti. – Vocês tem razão, essa é a única solução. Por enquanto – completei.

Os dois continuaram me olhando sem parecer acreditar nas palavras que acabaram de sair de minha boca, enquanto eu caminhava em direção a cozinha, onde o tal Carter permanecia parado em frente a península.

— Senhor Carter, correto? – questionei. Ele apenas confirmou acenando com a cabeça. – Podemos conversar lá fora um momento? – sem esperar por uma resposta abri a porta da cozinha que dava em nosso pequeno quintal na lateral da casa e sai.

— Acredito que o senhor tenha ouvido a nossa conversa, certo? – Falei assim ouvi ele fechando a porta da cozinha.

— Bom – começou a dizer enquanto seus olhos verdes encaravam os meus. – Digamos que esta não é uma casa com uma boa acústica – disse com um sorriso sarcástico.

— Então sabe que Julie não irá se casar contigo – falei ignorando seu sarcasmo. – Diante disso só temos duas opções – continuei. – Você esquece essa dívida e nos deixa com casa – sorri arqueando as sobrancelhas.

— Está não é uma opção - falou voltando a sua postura rígida cruzando os braços em frente ao corpo.

— OU – enfatizei em voz alta – Em vez da minha irmã, você se case comigo - conclui.

Ele me encarou e por um momento achei que ele não fosse aceitar o acordo. Então ele começou a andar em minha direção. Quase como instintivamente eu fui dando passos para trás, até que não tinha mais para onde ir. Conseguia sentir sua respiração em meu rosto, seu hálito cheirava a hortelã. Ele se virou chegando perto do meu ouvido. Senti os pelos do meu pescoço se arrepiaram. Estava prestes a empurrá-lo quando ele finalmente disse: Aceito!


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Notas finais do capítulo

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