— O que você fez com eles? – Ladybug questionou atordoada, depois de ter visto ela e Hawk Moth petrificados e submersos na Paris destruída por Chat Blanc. Como ele pôde? Marinette não entendia, era tão... Aterrorizante.

— Eu não queria ter feito aquilo. – respondeu com um tom imparcial – Por que você não tenta me ajudar a consertar isso? – Chat Blanc olhou para Ladybug por cima do ombro e depois virou na direção dela – A verdade é que simplesmente você não me ama mais! – ergueu a mão, irritado – Então eu vou destruir você, eu, nossas memórias, tudo! 

— NÃO! – a azulada gritou, mas o poder branco da destruição começou a crescer na mão de Chat Blanc e tomar proporções catastróficas.

— Não, não, não! Ele está prestes a causar o fim do mundo, Ladybug! – Bunnix sentiu o desespero aumentar, assim que todas as telas da sua toca começaram a perder o sinal. Não havia mais linha do tempo, ao menos se Chat Blanc continuasse o que estava prestes a fazer.

— Ok, ok! Eu vou te dar o meu Miraculous, Chat Noir! – Marinette tentou chamar a atenção dele. Ao menos para pensar rapidamente em um plano. Precisava de mais alguns segundos.

Aparentemente o plano da heroína deu certo. Chat Blanc parou o que estava fazendo, contendo o poder que saía de sua mão. Em seguida, suspirou, fazendo uma expressão satisfeita.

— Eu não sou mais o Chat Noir. Eu sou o Chat Blanc. – deu um peteleco em seu guizo, fazendo Ladybug se dar conta de que o akuma só poderia estar ali. Então a heroína pensou no que deveria fazer e se aproximou.

— Você sempre será o Chat Noir para mim. – colocou as mãos sobre o peito dele e sorriu, se aproximando como se fosse beijá-lo. O garoto ficou confuso por alguns segundos, então Ladybug aproveitou para pegar o guizo e socar o objeto. – Chega de maldade, akuma! – disse assim que a borboleta negra saiu – É hora de aniquilar a maldade do Chat Noir! Peguei. – a capturou e abriu o ioiô – Tchau, tchau borboletinha!

Chat Noir voltou ao normal um pouco confuso e a borboleta branca pousou em suas mãos. O herói sorriu, fazendo Marinette sorrir também ao ver a cena.

— Sim, sim! Você conseguiu, Mini Bug! – Bunnix surgiu de dentro da toca.

— Nos dê um minuto, por favor.

— Claro, mas tome cuidado. – Ladybug assentiu e virou na direção do parceiro.

— Marinette... O que aconteceu?

— Nada demais.

— Sério? – arqueou a sobrancelha – Não sei se você viu, mas Paris está abaixo da água.

— É, eu sei. Mas agora já está tudo certo. – sorriu. Chat Noir retribuiu o sorriso, porém logo depois começou a relembrar as coisas que aconteceram antes de ter sido akumatizado.

— Espera... Eu fui akumatizado? – Ladybug assentiu com uma expressão triste – Meu Deus! E o Hawk Moth, ele é o... – a garota tapou a boca dele.

— Não, não, não. Você não pode me dizer nada, eu não sou daqui. Eu sou a Ladybug do passado.

— E cadê a Ladybug “daqui”? – a imagem de si mesma se transformando em cinzas veio na mente de Marinette. Não poderia dizer a verdade para o parceiro, pois não sabia como ele iria reagir e não queria mais emoções negativas no coração dele.

— Ela perdeu o Miraculous. Então achei mais seguro a deixar fora de alcance. – disse rapidamente e o loiro suspirou aliviado.

— Ótimo. Jamais me perdoaria se algo acontecesse com você, my lady. – se aproximou, colocando a mão sobre o rosto dela. Marinette engoliu em seco com a aproximação.

Chat Noir... Ou melhor, Chat Blanc tinha dito que o amor deles causou aquilo tudo. Então quer dizer que naquela linha do tempo ela e Chat Noir eram um casal? Ela tinha desistido de Adrien em algum momento, ou o loiro teria a magoado dizendo que não a amava à ponto de não querer saber mais dele? Quando ela e Chat Noir ficaram tão próximos? Eles se amavam mesmo?

Eram tantas perguntas, hipóteses e variáveis. Mas ela não podia pensar nisso agora.

O loiro surpreendeu Ladybug, quase encostando seus lábios nos dela, como se estivesse testando até aonde poderia ir. A heroína se assustou de início e quando ele pensou em se afastar, ela juntou seus lábios de vez. Precisava saber a verdade.

Era uma sensação estranha para Marinette, pois parecia muito certo. Chat Noir tinha razão, eles se amavam. E ela só conseguia pensar no que poderia ter acontecido para que chegassem a esse momento – poderia perguntar para Bunnix, que certamente sabia, contudo, ela não diria.

Adrien sorriu, enquanto Marinette permanecia com uma expressão de confusão.

— Eu preciso consertar as coisas. – disse timidamente e baixou o olhar, ainda com vergonha pelo que tinha acabado de acontecer.

— Tudo bem. Em que ponto você pretende mudar as coisas, Marinette? – ela deixou os seus ombros caírem.

— Exatamente aonde você descobre a minha identidade. Foi de lá que eu vim.

— O quê? Não, por favor. – segurou os ombros da azulada – Aquele dia foi especial, o nosso primeiro beijo de verdade. Ao menos como Adrien e Marinette. – a heroína o fitou, com os olhos arregalados.

— Você não devia ter dito isso. – ele abriu a boca, notando o que tinha feito. Não tinha sido intencional, apenas disse.

— Marinette, me desculpe. – engoliu em seco. A garota deu um passo para trás, se afastando. Não tinha tempo para pensar sobre o fato de Adrien ser o Chat Noir, precisava sair dali o mais rápido o possível para consertar tudo e evitar as consequências da revelação inesperada.

— Eu preciso ir.

— Espera. – Adrien segurou a mão dela e a puxou levemente para si, dando um abraço apertado. – Eu te amo, Marinette. Por favor não desfaça isso. Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo.

— Mas eu preciso consertar as coisas. – seus olhos estavam marejados.

— Mini Bug, pronta pra ir? – Bunnix apareceu na toca do coelho.

— Sim, eu já vou. Só me dê mais alguns minutos.

— Ok, mas seja rápida. Quanto menos mexermos com o tempo, melhor. – Marinette assentiu e voltou a atenção para Chat Noir, que a encarava com tristeza.

— Meu Miraculous vai consertar tudo, então...

— Se vamos esquecer tudo depois, eu preciso dizer que o tempo que ficamos juntos, por mais que você não saiba, foram os melhores momentos da minha vida. – segurou a mão dela e colocou sobre o seu coração. A azulada notou que ele batia rápido e imaginava que o seu não estivesse muito diferente – Eu queria que as coisas fossem mais fáceis entre nós, porque eu amo você, Marinette.

— Por favor, Adrien... Não torne as coisas mais difíceis. – sentiu algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Era tão doloroso. – Eu também te amo, mas eu... – começou a chorar. O loiro rapidamente a abraçou forte.

— Eu sei, eu sei. Você precisa consertar as coisas. – sorriu de leve – E você vai, como sempre, my lady. – a garota se afastou e o encarou.

— Por que confia tanto em mim?

— Porque somos um time. Eu e você contra o mundo.

— Sempre. – disse automaticamente, arrancando outro sorriso dele. O contato visual dos dois foi interrompido por um bipe vindo do Miraculous de Marinette.

— Vai lá, antes que sua transformação termine. – ela assentiu dando alguns passos para trás.

— Vamos? – Bunnix surgiu novamente e Ladybug estava prestes a entrar na toca, quando virou na direção do parceiro.

— Vai ficar tudo bem, Chat Noir. – o loiro sorriu.

— Eu sei. Não importa o que aconteça, eu sei que um dia vamos nos encontrar de novo. Dessa vez sem qualquer máscara entre nós, Bugaboo. – a heroína sorriu e adentrou a toca.

Depois de colocar a tigela na cabeça – por motivos de segurança – e explicar para Bunnix o plano, Ladybug voltou no momento exato em que estava escrevendo o seu nome no presente que entregou para Adrien.

— Confie em mim, é melhor assim! – disse ao impedir a si mesma, enquanto apagava o nome. Em seguida respirou fundo e jogou a borracha para cima – Miraculous Ladybug!

Trouxe tudo de volta ao normal e saiu do quarto o mais rápido o possível, antes que Adrien a visse e acabasse suspeitando de algo. Estava fora de questão deixar que Chat Noir descobrisse a sua identidade novamente.

— Espera... O quê? – Ladybug se escondeu atrás da estrutura do telhado do prédio em frente à mansão e sua transformação chegou ao fim antes que pudesse descer. Tikki caiu nas mãos de Marinette, que possuía uma expressão indecifrável.

— O que foi? Aconteceu algo? – a kwami questionou preocupada.

— Eu... Mas... Como...

— Marinette, o que houve?

— O Adrien é o Chat Noir.

***

— Como não consertou? Isso devia ter sido consertado, Tikki! – Marinette andava de um lado para o outro dentro do quarto, deixando a kwami ainda mais preocupada – Isso é péssimo! Essa revelação que causou tudo aquilo, todas aquelas consequências, o que eu vou fazer agora?

— Primeiro você precisa ficar calma. Você não sabe se foi isso, afinal, pelo que você me contou, naquela linha do tempo ele quem descobriu primeiro.

— Então de certa forma eu mudei a minha do tempo. – concluiu um pouco mais calma, mas só um pouco – Porém eu não entendo porque o meu Miraculous Ladybug não consertou isso!

— Talvez porque você não quisesse consertar. – Tikki disse em um tom baixo, chamando a atenção da azulada.

— Como assim?

— O Chat Noir usa o poder dele para destruir somente o que quiser, certo? – ela assentiu – Logo, você pode criar ou consertar somente o que quiser.

— Achei que o Lucky Charm que criava um objeto útil pra situação.

— Isso é verdade. Mas ele não dá o objeto que você quer, você nunca sabe o que vem porque a sua vontade quando aciona o poder é ter um objeto útil. E é o que ele faz. – explicou resumidamente. – Aí é só descobrir como usar.

— Então se eu quiser algo, o Lucky Charm vai me dar? – a kwami assentiu.

— Mas é perigoso pensar assim. Você precisa manter a sua mente focada em criar um objeto útil, e não em criar um objeto que você acha ser útil.

— Entendi, mas... O que tem a ver com o fato de eu ainda saber sobre o Adrien?

— Você não quis consertar isso.

— Eu quis sim.

— Talvez você esteja dizendo para si mesma e para o Adrien que sim, mas lá no fundo, você não desejou isso. – Marinette parou para pensar e deixou seus ombros caírem. A garota sentou sobre a cadeira e deu um longo suspiro.

Lembrou da conversa que teve com Chat Noir depois de ele ter voltado ao normal. Parecia tudo tão mais fácil com eles sabendo as identidades por um momento. Marinette desejou ter vivido naquela realidade. Queria poder saber o que tinha acontecido entre eles e o que levou Chat Noir a ser akumatizado. Será que era culpa dela? Ele estava certo quando disse que o amor deles causou aquilo? Na verdade...

— Chat disse que estava tudo bem até Hawk Moth descobrir.

— O que quer dizer?

— Ele deu a entender que as coisas estavam bem entre nós até que o Hawk Moth descobriu tudo. De alguma forma, Hawk Moth descobriu sobre nós.

— Através do namoro de vocês?

— Provavelmente. O Adrien é famoso e a Ladybug e o Chat Noir também. Se a gente estava namorando, a mídia e os fãs devem ter ficado em cima da gente. O que torna bem mais difícil nós dois sairmos escondidos para lutar contra um akuma, ou voltar para casa depois. – Marinette ficou de pé e começou a ligar os pontos – Eu, ele ou os dois, podem ter cometido um deslize e alguém acabou descobrindo.

— É uma possibilidade.

— Então para as coisas darem certo... Nós dois não podemos ficar juntos. – disse a última parte com um tom de voz triste. Sentou novamente, prestes a chorar. – Isso é pior do que eu pensava. – riu sem humor.

Tikki encarou a sua portadora, tão triste quanto ela. Era horrível a ver dessa maneira, precisava fazer algo à respeito.

— Ou vocês poderiam ficar juntos, sem que ninguém descobrisse. – Marinette a fitou – Ao menos até Hawk Moth ser derrotado.

— É uma solução, mas eu não posso simplesmente chegar no Adrien e despejar todas essas informações.

— Você pode falar aos poucos.

— Não sei nem se eu conseguiria falar. Eu sou um completo desastre perto dele.

— Se o problema seria você e o Adrien ficarem juntos, porque não fala com o Chat Noir como Ladybug? Você sabe que ele te ama. – a azulada sorriu involuntariamente – E o mais importante, ele continuou te amando ao descobrir a sua identidade. – suspirou, se sentindo feliz ao lembrar daquilo.

— É verdade.

— E você? Continua amando o Adrien mesmo sabendo que ele é o Chat Noir?

— Chat Noir esteve comigo nos melhores e piores momentos e sempre acreditou em mim. Se eu consegui ser a Ladybug, foi porque ele me ajudou a enxergar que eu podia ser. Ele sempre demonstra o quanto se importa comigo. Estamos juntos nessa batalha. – encarou Tikki – Eu o amo e nunca tive tanta certeza de algo.

Tikki sorriu.

Os dois se amavam, não importava em qual de suas vidas duplas.

***

— Um gatinho no telhado, sozinho sem a sua lady! – Chat Noir cantarolava enquanto observava a vista da cidade do topo de um prédio e logo Ladybug pousou ao lado dele. – Hey Bugaboo. Você tinha algo que queria me dizer? – a heroína sentou ao lado do parceiro e o encarou com afeição.

— Tinha sim. – Ladybug pousou sua mão sobre o rosto dele, o deixando surpreso – Olha Chat, não posso te explicar tudo o que está passando pela minha cabeça agora, mas eu também não posso fingir que nada mudou. Passamos por tantas coisas e eu sou muito grata por ter você ao meu lado.

— Bugaboo, o que você...

— Eu te amo, Chat Noir. – o loiro piscou, assimilando a informação. Marinette então se aproximou para beijá-lo. O garoto não sabia se aquilo era um sonho, ou se estava no paraíso, mas não demorou muito para se aproximar e beijar Ladybug. Aquele com certeza era um dos melhores momentos da vida dele.

Marinette sabia que mais cedo ou mais tarde teria que contar a verdade para Adrien. Também sabia que precisavam manter o que tinham em segredo – ao menos até que Hawk Moth fosse derrotado. Mas aquilo tudo não importava naquele momento. A única coisa que importava, era que finalmente poderiam ficar juntos.

Os dois se separaram com sorrisos sinceros e apaixonados. Marinette então deitou sua cabeça no ombro de Adrien.

— Só pra confirmar, eu também te amo, Bugaboo. – ela riu.

— Sei disso, Kitty.