Never Had Love escrita por thainarayane


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma vida difícil


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente, escrevi essa história há alguns anos, e agora estou escrevendo ela novamente, espero que vocês gostem :)



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Minha mãe sempre foi uma romântica incorrigível, sempre extremamente apaixonada pelo meu padrasto, com quem estava casada há muitos anos, tantos anos que nem consigo me lembrar de nossa vida antes dele. Tivemos tempos felizes, não vou negar, talvez tivessem sido muito no começo pois minhas lembranças eram vagas. A fase feliz passou, pelo menos para mim. Quando me tornei uma adolescente eu e meu padrasto começamos a nos desentender, ele iniciou uma guerra, pegando no meu pé em qualquer oportunidade, transformando minha vida em um verdadeiro inferno.  

No começo eu tentava relevar, pela minha mãe, eu queria que ela fosse feliz e infelizmente para ela a felicidade era estar com ele. Minha relação com ela era tranquila e costumávamos ser inseparáveis, mas as coisas mudaram quando os desentendimentos entre eu e Billy começaram a ficar frequentes, e só pioraram com a chegada dos gêmeos, minha mãe passou a se dedicar ainda mais ao casamento e a nova família, e as vezes eu tinha a certeza que não estava inclusa nessa família.

Meu pai morreu quando eu tinha apenas um ano de vida, devido a minha pouca idade, eu não tinha lembranças dele mas costumava me sentir nostálgica e triste pela falta que ele me fazia, pela falta de ter um pai, ocasionalmente eu perguntava sobre ele, queria saber mais, queria saber como ele era, seus gostos, ou até mesmo como morreu, mas minha mãe evitava ao máximo falar dele.

Com o tempo Billy foi-se pegando raiva de mim, ele sempre teve muito ciúmes de minha mãe em relação a seu ex-marido e como ele mesmo me dizia eu era o que mantinha a presença de meu pai naquela casa. Eu não conseguia entender como a minha mãe podia amar um homem que tratava tão mal a sua filha, também não conseguia entender o quão cega e submissa ela havia se tornado, e tudo isso me revoltava profundamente. Meu desempenho na escola que antes era impecável começou a cair e eu comecei a me revoltar com toda a situação em casa, já não aceitava as broncas gratuitas dele, minha mãe vivia me colocando de castigo, mas os castigos só me faziam ficar mais revoltada, nem ela e nem ele conseguiam aguentar meu comportamento. Logo meu desentendimento se tornou geral com os integrantes daquela casa, nem com a minha mãe eu conseguia me dar bem, nossa convivência era insuportável e eu tinha absoluta certeza de que pra ela, eu havia me tornado somente um peso em sua vida perfeita

Na realidade eu me dava bem com poucas pessoas, me isolei tanto e criei uma imagem de durona, o que dificultava a aproximação das pessoas de mim, mas não era algo que me incomodava, na verdade eu até gostava, quanto menos gente se aproximassem de mim, menos gente eu teria que aturar. Mas claro que existiam umas raras exceções, algumas poucas pessoas que eu gostava de manter por perto, como meu melhor amigo Mike, a única amizade que cultivei na escola e que já durava anos e com minha madrinha, que eu só mantinha contato por telefone, pois ela morava do outro lado do país. Rose era uma mulher muito gentil, a última vez que a vi foi quando ela teve uma conferência do trabalho aqui na minha cidade e passou para me visitar, eu era apenas uma criança na época, mas apesar da distancia física, nós sempre mantivemos contato por telefone, já a minha mãe, estava tão concentrada em manter as aparências de sua vida perfeita, que se distanciou de todos os amigos e isso incluía minha madrinha Rose, que foi sua amiga de infância.

Era uma noite fria, a rua estava silenciosa devido ao horário, meu bairro era muito tranquilo, principalmente nesse horário. Mike estacionou seu carro em frente a minha casa e sorriu para mim, as coisas sempre ficavam mais leve com ele. Ele havia me chamado pra ir até a casa dele, depois de saber sobre a briga que tive essa manhã com a minha mãe, prontamente ele me convidou para ir até a sua casa e passamos a tarde jogando jogos antigos no seu videogame.

— Lar doce lar. — disse irónica, pois nem considerava esse lugar infernal como um lar. Mike me olhou com um olhar de pena, ele sabia o quanto eu odiava minha casa.

— O que acha de almoçar na minha casa amanhã? Assim aproveito e tento uma revanche! — ele deu uma piscadinha para mim que ri

— Pra que? Para você perder novamente? — sorri satisfeita, eu era muito melhor que ele nos jogos de luta dele. Ele bufou e revirou os olhos.

— Dessa vez vai ser diferente! Hoje eu estava distraído.

— Você está sempre distraído — agora foi minha vez de revirar os olhos, um movimento dentro da casa chamou minha atenção e eu bufei. — Bom, parece que alguém já chegou, é melhor eu ir. — disse em inclinando e abraçando meu amigo.  Abri a porta do carro e sem muito entusiasmo me coloquei para fora, a fechei com cuidado, sorri desanimadamente para Mike que apenas ficou me olhando, andei com passos lentos até a entrada da casa, coloquei a mão na maçaneta para abrir a pesada porta da entrada quando ouvi Mike me chamar, assim que me virei ele disse:

— Me ligue caso mude de ideia sobre amanhã. — Ele piscou o olho pra mim e eu acenei, virando me para abrir a porta e entrar no meu inferno pessoal.

Quando entrei na sala, a TV estava ligada em algum jogo de futebol americano qualquer, Billy estava jogado no sofá, cercado de garrafas de cerveja vazias, olhei pra ele com um misto de nojo e curiosidade em meu olhar. Geralmente ele não chegava tão cedo, bebia nos bares até tarde da noite e só voltava de madrugada quando eu já estava dormindo, a coitada da minha mãe sempre ficava acordada até ele chegar, já eu, tratava de ir pro meu quarto o mais cedo possível só para não ter que cruzar com ele. Se Billy era uma pessoa ruim sóbrio, não queiram o ver bêbado. Nossas brigas se intensificam muito quando ele está bêbado, então pra evitar estresse desnecessário para mim, eu me limitava a ficar no meu quarto e deixar as brigas para a minha mãe.  Billy soltou um enorme arroto e coçou a grande barriga nojenta e peluda, alheio a minha presença. Aproveitei a deixa para ir para meu quarto, quando eu coloquei meus pés no primeiro degrau ouvi sua voz arrastada

— Ei gracinha, onde pensa que vai? Onde você estava? — ele se levantou e colocou a garrafa que estava bebendo (agora vazia) em cima da mesa de centro e caminhou em minha direção.  

— Não é da sua conta. — Respondi, ríspida.

— Calma, não precisa ser grossa. — Agora ele estava bem perto, tão perto que eu conseguia sentir o cheiro de cerveja que exalava dele. — É da minha conta sim, já que sou praticamente seu pai. — Ele colocou as mãos em meus ombros me segurando no lugar e me obrigando a permanecer ali.

— Tire as mãos de mim, seu viciado. — Praticamente cuspi as palavras nele, ele pareceu nem ligar, por isso acrescentei — Você não é nada meu seu verme!

— Olha aqui sua garotinha mimada — agora ele me segurava somente com uma das mãos, me apertando forte demais, e apontava o dedo em meu rosto. — Vou te ensinar a me respeitar!

Dito isso ele me puxou bruscamente pelo pulso, me arrastando, assustada, comecei a bater em suas costas, mas isso não gerou nenhum tipo de reação nele, me jogou violentamente no sofá. Eu nunca havia o visto desse jeito, eu estava travada em choque, as coisas então aconteceram tão rápido que mal tive tempo para raciocinar. Ele tirou o cinto da calça e bateu fortemente com ele em minhas pernas, gritei de dor, ainda confusa tentando entender o que raios estava acontecendo, ele tornou a bater, dessa vez em meu braço, senti as lagrimas molharem meu rosto, ele estava totalmente descontrolado, eu nunca havia o visto agir dessa maneira. Ele tornou a me bater, de novo e de novo, tentei sair dali, mas ele me empurrou novamente para o sofá.

— Isso é pra você aprender a parar de ser mimada. — gritou. — Estou de saco cheio de suas malcriações. — Sua voz estava tão arrastada devido as cervejas que eu mal conseguia entender o que ele dizia, ergui as mãos em uma tentativa falha de me defender.

Finalmente ele se cansou, jogou o cinto de lado, eu arfava e chorava, de medo, e de revolta, comecei a soluçar e me questionar por não conseguir fazer absolutamente nada, eu tinha que reagir!!! Ele desabotoou as calças e veio em minha direção se jogando em cima de mim, tentei afasta-lo, tentei gritar mas ele tapou minha boca com as mãos, seu peso em cima de mim dificultava meus movimentos mas eu continuei tentando fugir, já entendendo suas intenções e vendo o que ele pretendia fazer. Ele então começou a beijar meu pescoço e desesperada tentei bater nele com minha mão livre, mas ele mal se importava com os tapas que eu lhe dava, então minha mão tateou uma garrafa de cerveja vazia no sofá e eu a agarrei e sem pensar duas vezes bati com ela com o máximo de força que consegui reunir na cabeça dele. Ele se levantou e cambaleou desabando logo em seguida desmaiado no chão.

Não quis verificar se ele continuava vivo, não me importava, desesperada, corri escada acima indo direto pro meu quarto, tranquei rapidamente a porta atrás de mim, fui em direção ao meu guarda roupa e peguei minha velha mochila, a virando de ponta cabeças e jogando todo meu antigo material escolar, ali mesmo no chão do quarto. Rapidamente abri as gavetas e comecei a pegar algumas roupas aleatórias e soca-las na mochila, sem ao menos olhar o que eu estava guardando, me agachei embaixo da cama e puxei uma caixa onde eu costumava guardar meus documentos e os enfiei na bolsa também. Fiz tudo isso em poucos minutos, correndo contra o tempo, com medo do monstro adormecido no andar de baixo acordar e vir aqui terminar o que começou, corri para porta do quarto, parando somente para pegar meu celular que estava em cima da escrivaninha.

Destranquei a porta e com cuidado coloque apenas a cabeça pra fora do quarto, tentando avaliar a situação, estava tudo em um absoluto silêncio. Torcendo para que ele ainda estivesse apagado no chão da sala sai apressadamente do quarto descendo as escadas rapidamente. Quando cheguei na sala, para a minha sorte ele ainda se encontrava desacordado, ou dormindo, já que babava e acho que ouvi um ronco, ou algum barulho saindo da boca dele. Corri pra cozinha e tentando não fazer muito barulho procurei embaixo dos potes de tempero o que eu tanto procurava ali: dinheiro. Quando achei, enfiei tudo no fundo do bolso da mochila e sai desesperadamente pela porta da frente, a deixando aberta e correndo dali.

Corri por cerca de dez minutos, em desespero, totalmente sem rumo, quando minhas pernas começaram a doer foi que eu parei para pensar, não tinha pra onde correr e nem pra onde fugir, o que eu faria agora? Respirei, diminuindo o ritmo, agora eu caminhava e senti o vendo forte fazer meu cabelo bater em meu rosto violentamente, um tremor percorreu meu corpo, não pelo frio mas pelo que eu acabara de passar, lagrimas escorriam do meu rosto e na calçada de uma rua escura eu cai de joelhos e fiquei ali, chorando e me tremendo, totalmente perdida e sem saber o que fazer.

Tentei ligar para Mike, ele foi a primeira pessoa em quem pensei, o telefone tocou e tocou, mas ninguém atendeu, tentei novamente e nada. O desespero começava a crescer e eu sabia que estava há um passo de surtar, e eu não iria conseguir lidar com a situação se não me acalmasse. Tentei ligar para a única pessoa fora Mike que poderia me ajudar de alguma forma. Procurei rapidamente seu contato em meu telefone, me certificando que já eram quase 23:00h da noite, espero que ela ainda esteja acordada, apertei o botão ‘’discar’’ do telefone. A princípio o telefone também só tocou, e a ansiedade me dominou e finalmente parei para pensar nos ‘’e se’’, e se ela não me atendesse ou pudesse me ajudar?  O que eu iria fazer? Morar na rua ou em um abrigo? Qualquer coisa, menos voltar pra lá.

— Alô Elena? — Rose atendeu o telefone, e ao ouvir a voz dela eu comecei a chorar novamente. — Querida, o que aconteceu? Você está chorando?

— Sim — respondi entre soluços. — Dinda, aconteceu uma coisa horrível. — Suspirei pesadamente e comecei a contar entre soluços o pesadelo que tinha acabado de vivênciar.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Deixem um comentário pra mim!!!

Beijos!!



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