Alex riu. Seu rosto estava um tanto corado com as ações de Jeon, que parecia ter travado naquela expressão séria e esperançosa. Alex acariciou ao rosto de Jeon usando das duas mãos depois de deslizá-las para fora do encontra das mãos do rapaz maior.
— Eu agradeço muito pelo seu sentimento. Eu não sei de onde eles surgiram, ainda mais depois de tanto tempo. Mas eu sempre te vi como um irmãozinho. - Falou Alex, com um tom de voz confortável e macio, pelo jeito estava dizendo aquelas palavras com cuidado, não queria machucar o rapaz.
Jeon, ao receber a carícia, ficou com o rosto corado, abaixou um tanto os olhos depois de ouvir o mais velho e assentiu com a cabeça, decidiu não insistir pois não adiantaria de nada além de provavelmente despertar um sentimento indesejado pela parte de seu... amado.
— Eu entendo. - Falou baixo mas audível.
Alex deixou o quarto depois de arrumar a cama com fofos travesseiros e cobertas felpudas e grossas que retirou de dentro do armário.
— Boa noite. - Disse o loiro, carinhosamente.
Jeon acenou, os lábios pressionados um ao outro num sorrisinho, apesar da aparente rejeita, ele compreendeu a situação... No entanto, não desistiria, se jogou sobre as cobertas e relaxou a nuca na palma das duas mãos, olhando para o teto, pensativo.

— E aí? - Foi o que Caleb, de pijamas e um grande headset que ele removeu ao ver Alex, encontrou o mais novo sentado ao sofá com um pote de sorvete nas coxas e uma colher de sopa na boca, Alex deu de ombros e sentou-se ao lado do rapaz, que colocou a costa da mão na testa do loiro. - Tá vermelho. É febre?
Alex mexeu a cabeça negativamente, pensativo, Caleb aos poucos aproximou o rosto, curioso, a colher enfiada na boca, passou a ponta do dedo no sorvete e esfregou na ponta do nariz de Alex que deu um pulinho de susto.
— Ei, ei !!! - Exclamou Alex. - Que foi isso?
— Tava congelado aí que nem um boneco de neve, um pouco de sorvete no boneco de neve é que nem... Que nem... Areia de gato jogada na praia?
— Pfffff... Que metáfora horrível, onde foi que viu isso? - Riu Alex.
— Eu não sei, só sei que eu consegui te tirar dessa... Paralisia que você tava. - Caleb fez um sinal de jóinha e um v de vitória.
— Ah, garoto... Diga, você estava lá em cima agora? - Perguntou Alex e Caleb assentiu com a cabeça. - Hm... E ouviu alguma coisa? - Caleb apontou para o grande headset que ecoava uma música agitada, obviamente não ouvira, tinha ido apenas ao quarto mudar de roupa.
— Aconteceu alguma coisa? - Perguntou um Caleb suspeito. Alex não respondeu mas pareceu voltar lentamente ao estado "paralisado" como dizia Caleb.
Caleb bruscamente deitou com a cabeça nas coxas de Alex ao perceber o que estava acontecendo.
— Oy! - Exclamou Caleb. - Aconteceu, não foi? O que foi que houve?
Alex teve um pequeno espasmo e sorriu, um sorriso pequeno.
— Nada que um rapaz mais novo do que eu precise saber. - Riu e Caleb fez uma cara feia, Alex olhou bem para o garoto... Ele realmente se parecia muito com seu pai, com exceções de acréscimos de beleza da mãe dele, Alex acariciou aos cabelos de Caleb, meio que automaticamente, o que fez Caleb desfazer a carinha feia que fizera e assumira mais um de surpresa e até mesmo de como se estivesse diante de uma situação nova.
Acariciou, acariciou, quando os olhos de Alex fixaram-se aos de Caleb e o choque de realidade veio, ele deu um sobressalto e parou com o que fazia.
— Não pare... - Pediu um manhoso Caleb, que pareceu se ajeitar melhor ao sofá. O rapaz de aura brincalhona, de energia de "zoeira", pareceu que se tornou outra pessoa. Com muito cuidado em suas ações, Caleb pegou na mão direita de Alex que estava a poucos centímetros de seu rosto e deslizou a mão deste pelo seu próprio rosto, fechou os olhos, Alex tremeu.
— Caleb, isso não é... Certo. - No silêncio cuja única coisa audível era a lareira crepitando, Alex sentiu como se seu coração estivesse fazendo ainda mais estardalhaço em seu peito, havia realmente muito, muito, muito tempo que não sentira aquilo. Até ouvir que Caleb adormecera, agarrado a sua mão, que estava ao rosto dele.
— Cheira... Tão bem... - Caleb murmurou em seu sono. Alex sorriu, com certeza seria apenas um sentimento protetor, paterno por assim dizer, que o rapaz tinha pelo loiro, só podia ser, claro.
Alex não teve coragem em acordá-lo, acabou foi passando a noite ali mesmo, para, no fim, ao amanhecer, os dois de alguma forma rolaram para o tapete fofo e a cabeça de Alex estava repousada ao peito de Caleb, que acordou antes e, ao ver a situação, sorriu e sentiu o coração disparar, estava tentando não ceder ao intenso desejo de abraçar o loiro e ficou ali, apenas fitando Alex adormecido e ao fundo, pela janela, a neve que ainda caia lentamente e o sol raiava preguiçoso.