Improvável Amor escrita por Beykatze


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784005/chapter/2

Mônica usava um perfume doce adorável que Joaquim sentiu quando ela aproximou as poltronas. Ficou tentado a comentar, mas sabia que receberia um olhar mortífero como resposta, então ficou calado sentindo o cheiro gostoso.

—Vai dar essas cartas ou vai embaralhar até a morte?- A garota indagou levantando uma sobrancelha.

—Calma, me distrai.

—Estamos só nós dois aqui, não tem muito com o que se distrair.

Droga, aquela garota malvada sabia encantá-lo. Sim, ela tinha acabado de dar um soco na cara dele, mas ele conseguia ignorar isso.

—Sabe jogar?

—Se eu sei jogar Uno?- Ela fez uma cara exageradamente ofendida- Eu sou A melhor jogadora de Uno desse mundo inteirinho.

—Isso é um desafio?- Joaquim aproximou ainda mais sua poltrona marrom. Droga, aquele perfume. Provavelmente perderia, pois a única coisa que conseguia pensar era no cheiro bom que saia dela e em seus cabelos cacheados balançando ao redor do rosto suave.

—Não, meu querido. Porque tu já perdeu.

Joaquim sorriu iniciando o jogo.

***~***~***

—Hora do lanche- O coordenador cantarolou entrando na sala. Mônica e Joaquim jogavam Uno como dois viciados e só pararam porque o homem chegou- Podem comer o que trouxeram, eu só passei pra avisar isso.

E saiu da sala, orgulhoso. Talvez nem precisasse deixar os dois depois da aula, eles já estavam bem.

Mônica pescou em sua bolsa seu sanduiche de presunto e Joaquim pegou seu bolo de chocolate.

—Que saudável- Joaquim comentou vendo o lanche da garota.

—Meu irmão que fez. Ele sempre faz sanduiche pra mim. O dele é o melhor do mundo.

—Isso sim é um desafio- Joaquim falou. Estava feliz que ela estava falando sobre si mesma. Era quase como se o tempo não tivesse passado entre eles e estavam de volta seis anos, quando dormiam um na casa do outro e suas mães levavam bolachas e suco durante as tardes de brincadeiras- O meu é o melhor sanduiche!

—Como assim? Prova isso- A garota estendeu a comida e Joaquim mordeu o pão na mão dela mesmo, se afastando com uma cara de nojo- Seu fingido!

—Paz- Ele pediu rindo com as mãos estendidas- O sanduiche do Manoel é bom mesmo. Talvez o meu não seja melhor. O que ele bota nisso?

Mônica deu de ombros roubando um pedaço do bolo de chocolate dele.

—Eu sei lá. Ele só faz e eu como.

—Eu preciso dessa receita secreta- Joaquim comentou.

—E quem fez esse bolo?- Ela indagou e confidenciou revirando os olhos em chateação- Por que está muito bom. Lá em casa ninguém nunca faz bolo.

—Eu que fiz.

—Tu? Até parece que o nerd do vôlei vai saber fazer doces gostosos.

—Que absurdo!- Joaquim botou as mãos no peito como se tivesse ofendido- Eu bati e assei essa delicia fofinha.

—Isso ficou muito estranho- Ela constatou rindo dele.

—Ficou mesmo...

Os dois terminaram seus lanches conversando e logo voltaram a jogar cartas, sem nunca se cansar do jogo.

—O que estava ouvindo?- Mônica perguntou indicando os fones de ouvido que saiam pela camiseta.

—Three Days Grace, conhece?

—Eu amo!

Joaquim estendeu um fone e a garota aceitou, assim que ela colocou o aparelho na orelha, ele ligou o som e os dois cantaram baixinho.

—Das antigas, adoro- Mônica comentou- “I can't escape this hell/ So many times I've tried/ But I'm still caged inside”

—“ Somebody get me through this nightmare/ I can't control myself” – Joaquim completou e os dois cantaram juntos:

— “So what if you can see the darkest side of me?/ No one would ever change this animal I have become/ And help me believe it's not the real me/ Somebody help me tame this animal”

— “This animal, this animal”- O garoto sussurrou. Os dois seguiram cantando baixinho e jogando Uno. Alguns minutos mais tarde, Mônica voltou a falar.

—Então- Apontou para o caderno sobre a mesa na frente de Joaquim- Estava estudando quando eu te incomodei?

O garoto estava adorando como ela estava puxando assunto. Entretanto, temia que, com o final daquele castigo eles voltassem a ser apenas desconhecidos que se trombam ocasionalmente e discutem sempre.

—Sim, já que não fomos para a aula.

—NERD!- Mônica acusou animada.

—Culpado, dessa vez.

—E como está teu olho?- Fez uma cara de dor olhando para a coloração arroxeada- É, bem não parece bom.

—Mas pelo menos não está mais doendo. Que força, hein.

—Eu treino com o meu irmão- Contou.

—Uau, mas eu também queria um irmão assim: faz sanduiche, luta... O que mais o homem maravilha faz?

—Ele é demais- Falou apenas terminando seu lanche. Joaquim não sabia o que tinha dito de errado, mas fingiu que não notou a mudança de humor.

—Ele era um cara bem legal- Deu de ombros, mas viu que já tinha perdido a atenção dela - Quer ajuda com biologia?

—O que?- A pergunta a pegou de surpresa.

—Eu vi que tu ficou para recuperação.

—Tá me espionando? Stalker maluco.

—Não- Joaquim riu- Mas a professora me pediu para entregar as provas corrigidas aquele dia, lembra?

—Hum- Mônica fez esperando ele detalhar melhor a situação.

—E eu entreguei a tua. Tu até me disse que não encarar conservava os dentes!

—Isso é a minha cara- A garota riu. O som era música para os ouvidos dele. Até mais gostoso de ouvir que Three Days Grace.

—E ai eu vi que tu tinha ficado em recuperação.

—E eu aposto que tu gabaritou- Comentou com desdém.

—Sim.

—Como o bom nerd que é- Mostrou a língua para ele.

—Ei, é minha matéria preferida.

—Biologia?- Olhou como se Joaquim viesse de outro planeta.

—A melhor matéria de todas? Essa mesma.

Mônica fingiu vomitar, arrancando protestos do garoto.

—Quer ajuda ou não?

—Olha ele, me botando contra a parede- Fez uma cara surpresa- Mas vou querer sim. É melhor que seja um bom professor.

Joaquim pegou os materiais de biologia, guardando os de português, enquanto Mônica juntava sua poltrona com a dele, aproximando-os ainda mais. Um calor absurdo se instalou no braço do garoto que ela tocou quando se sentou novamente. “Concentração, Joaquim. É só a Mônica: má, cruel, cheirosa, linda. Merda.”

—Por onde começamos?

—Pela matéria da recuperação?- Joaquim sugeriu, recebendo um aceno positivo.

—E estamos vendo o que mesmo?- A garota estava mesmo muito perdida.

—Peixes- Respondeu suspirando. Aquilo seria difícil, mas pelo menos tinham ainda algumas horas.

Entretanto, a dupla mal conseguiu estudar, pois meia hora mais tarde o sinal da saída soou e o coordenador apareceu.

—Estão liberados- Falou- E... Estavam estudando mesmo?

—Sim- Mônica respondeu raivosa- Por quê? Não pode?

—Enfim- Ignorou a pergunta da garota- Estão liberados, podem ir para casa.

O homem deixou a sala, desta vez aberta.

—Que droga, agora que eu estava entendendo essa matéria- Bufou arrumando os materiais.

—Eu posso te ajudar- Joaquim convidou esperançoso.

—Como? A recuperação já é amanhã.

—Posso passar na tua casa depois do treino de vôlei- Disse. Um sorriso se abriu na boca da garota.

—Sério?- Ele fez que sim com a cabeça e recebeu pulinhos alegres- Oba, oba, oba! Nem acredito nisso. Está bem, que horas mais ou menos?

—O jogo acaba às 17 horas, chego na tua casa umas 17:30.

—Certo. Sabe o endereço?

—Sim, eu ainda lembro- O comentário pegou a garota de surpresa, que sorriu.

—Então até mais tarde. E obrigada- Botou a bolsa no ombro e, com um gesto rápido, deu um beijo na bochecha de Joaquim.

Pra quem, no mesmo dia mais cedo, estava socando a cara dele, um beijo na bochecha era um avanço e tanto. Bobo como nunca, o garoto saiu da sala quase flutuando, indo para casa para almoçar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qualquer erro podem me avisar que eu corrijo :D
Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Improvável Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.