Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada escrita por Eddie Stoff


Capítulo 6
Eu tenho uma crise




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Fui tirado daquele momento tocante de pai (Mesmo ele não estando lá) e filho, pela buzina do que imaginei sendo o ônibus escolar:

 BIIIIIIIIIIIIIIIIIIII.

Coloquei o relógio no pulso esquerdo, senti uma leve pontada no meu pulso, como se fosse uma agulha penetrando na pele. Uma pequena onda de choque percorreu por todo meu corpo.

Não tinha tempo para pensar sobre isso, desci correndo pelas escadas, Marie estava na porta me esperando e agitando a mão freneticamente. O ônibus amarelo estava parado na frente de casa, com dezenas de crianças olhando pela janela. Marie me deixou um beijo na cabeça, entregou o pacote com meu lanche e desejou boa sorte no primeiro dia de aula, fui caminhando até o ônibus.

Assim que entrei, a porta se fechou atrás de mim. O motorista tentou ser legal e disse:

— Primeiro dia?

Assenti.

— Bem-vindo à Castelo Branco. Meu nome é Marcos. Procure um lugar vago para sentar, porque o caminho vai ser um pouco demorado.

— Tudo bem. — Respondi, e fui em direção ao corredor do ônibus.

Segui lá para trás do ônibus, os alunos me seguiam com o olhar, quase pude sentir eles me julgando. Não tinham muitos bancos vagos, mas me sentei em um, ao lado de uma garota. Assim que sentei, ouvi uns sorrisinhos vindo de outras garotas que estavam no fundo do ônibus. Alguns garotos murmuravam algo sobre mim.

— Ouvi dizer que ele destruiu uma sala de aula todinha só porque a professora o deixou de detenção. — Disse um deles.

— Um amigo que estudava na High Tower, disse que seis alunos tiveram ferimentos graves, os outros alguns arranhões e ele foi o único que não sofreu nada. — Falou o colega do lado.

— Ele é uma aberração. — Comentou um dos garotos mais velhos. — Vocês viram os olhos dele? Aposto que é um experimento científico que deu errado.

Os demais garotos soltaram gargalhadas altas que reverberaram no ônibus. É claro que eu ouvia o que eles diziam, tive vontade de me levantar e destruir a cara deles só para mostrar quem é que manda, mas me segurei. Tinha uma promessa a cumprir (Fora que eu não era muito bom de briga). Tentei fingir que aqueles comentários não eram comigo. Procurava alguma forma de me distrair, ficava olhando para o chão, o teto do ônibus, para a vista da janela, mas quando eu virava a cabeça a garota que estava do meu lado olhava pra mim e ficava um clima estranho.

A garota era bonita. Devia ter a mesma idade que eu. Tinha a pele morena, os olhos eram castanhos claros. O cabelo também era castanho, mas quando o sol bateu nele, ficou meio ruivo.

Até que ela cutucou meu braço disse:

— Oi. — Sua voz era doce e carregava um sotaque da região norte do país, possivelmente de Geiça. — Você deve ser o novato... Adrian, não é?

Por um momento estranhei, geralmente as pessoas não eram legais ou iniciavam conversas comigo. Talvez ela estivesse com aqueles caras lá de trás querendo tirar uma com minha cara.

— Hã, sim. Oi. Sou eu mesmo. — Respondi tentando ser educado. — E você, qual seu nome?

— Ah, meu nome é Susan McMenning, com dois n. Mas pode me chamar de Sue. – Ela deu um sorrisinho e algo dentro de mim fez plim — Bem-vindo à Castelo Branco. Não ligue para aqueles dali — E fez um gesto com a cabeça apontando para eles – São uns bobões que se acham melhor que todo mundo. Com o tempo você se acostuma.

— Está tudo bem. — Disse eu — Lido com esse tipo de gente desde minha antiga escola...

Me xinguei mentalmente por isso. Não devia mencionar nada sobre a antiga escola. Tentei disfarçar:

— Eles já mexeram com você?

— Quem, eles? Não. Hoje também é meu primeiro dia. Sabe, toda escola tem que ter uns deles. É o ciclo natural das coisas. — Ela voltou ao assunto de antes — Sobre sua antiga escola... é verdade o que dizem sobre você? – Seus olhos brilhavam de curiosidade, mas também de receio, talvez pensasse que eu fosse dizer ou fazer algo que não devia.

— E o que dizem sobre mim? — Fiquei mais curioso do que ressentido pela pergunta. Pelo o que parece eu tinha uma fama, não que tenha gostado. E, certamente, eu não queria puxar assunto sobre o incidente.

— Ah, você sabe. Sobre ter destruído aquela sala de aula na High Tower. Quando souberam que você ia estudar no Castelo Branco, imagino que... Muitos ficaram com medo de acontecer algo parecido.

As palavras dela ressoaram na minha cabeça. O incidente havia chegado aqui, mesmo estando alguns milhares de quilômetros de distância entre as cidades. Os outros alunos, assim como seus pais, estavam com medo de mim, do que eu podia fazer. Fiquei com aquilo remoendo na cabeça por um tempo.

Susan me cutucou novamente.

— Tudo bem se não quiser falar. — Disse ela — Entendo que deve ser difícil pra você. Se serve de consolo, eu não acho que você teve culpa. — O jeito como ela disse aquilo parecia mesmo que ela acreditava em mim.

— Não? — Ri de nervoso – Diga isso para o meu antigo diretor, os professores, alunos e, hã, basicamente todo mundo. Você é a terceira pessoa que diz que acredita em mim.

Ela parecia estar corando. Desviou o olhar para a janela do ônibus e ficou encarando a paisagem por um tempo. Achei que tivesse dito alguma besteira. Talvez ela não esperasse que eu fosse dizer aquilo. Enquanto olhava pela janela, Sue mexia as mãos freneticamente; colocava as mãos no bolso do casaco e depois tirava.

Ela era a primeira pessoa desde que comecei a frequentar escolas que estava sendo legal comigo e ainda por cima, acreditava que eu não havia feito o fiz na High Tower. Meu coração batia forte e rápido dentro do meu peito, talvez aquela fosse a sensação de fazer amigos. Até que o dia não está sendo tão ruim quanto eu imaginei que seria.

Durante todo o percurso do ônibus, Sue e eu ficamos conversando sobre diversos assuntos: filmes, músicas, algumas séries que tínhamos em comum. Ela até tinha uns jogos que eu sonhava em ter. E então, o momento de amizade foi interrompido pelo alto-falante do ônibus, Marcos disse que havíamos chegado à escola. Os alunos saíram em disparada para a porta, causando um tumulto enorme, todos queriam descer ao mesmo tempo. Foi a primeira vez que vi alunos correndo com toda vontade para dentro da escola, não tentando sair dela.

— Um de cada vez, pessoal. — Gritava o motorista. — A escola não vai sair do lugar. Um de cada vez.

Eu não estava com pressa de sair do ônibus, então esperei que a movimentação acabasse para depois descer. Ainda estava sentado no banco, quando senti uma dor nas minhas costas. Era como se tivessem pegado ferro quente e marcado em mim. Eu estava suando, as mãos tremiam.

— O que foi? — Percebi que Sue tinha ficado nervosa com aquilo. — Você está bem?

— Eu... — Não consegui terminar de falar. Não tinha forças. A dor estava aumentando. Tentei fazer um gesto apontando para as costas, mas não sei se ela entendeu.

— MOTORISTA! — Gritou Sue para o Marcos que ainda estava sentado lá na frente — Ajuda aqui. Ele está passando mal.

Depois disso, tudo que lembro foi de ter gritado de dor. Não ouvia mais nada. A visão ficou turva e por fim, escureceu.

Quando acordei, já estava na enfermaria da escola. Uma mulher colocou uma luz branca nos meus olhos tão inesperadamente que os fechei tão rápido quanto pude. Alguma coisa tinha mudado em mim, pude sentir. Só não sabia o que era. Eu pude ver a sala claramente, mesmo com os olhos fechados. Era uma sala grande, toda pintada de branco. Havia algumas macas espalhadas, uns armários enormes de madeira com adesivos de FAÇA SILÊNCIO. Como que eu fiz isso? Fiquei me perguntando, até ser interrompido por uma voz feminina:

— Pode abrir os olhos, devagar. — Falou a mulher.

Fiz o que ela pediu. Abri os olhos lentamente. A claridade das lâmpadas incomodou de início, levei a mão até a frente do rosto para tampar a claridade. Após uns segundos com os olhos abertos, meus olhos voltaram a se acostumar com a luz. A mulher, que agora reconheci como uma médica estava sentada do meu lado num banquinho cinza.

— Quem é você? — Perguntei meio desorientado.

— Eu sou a médica da escola, me chamo Josefa Martins. — Ela falou educadamente.

— E por que estou aqui, exatamente?

— Você não lembra? — Questionou a médica.

Balancei a cabeça em negativa.

— Estranho. Você não bateu a cabeça, porém está com perda de memória temporária. — Ponderou e fez algumas anotações. – Bom, Adrian, você começou a gritar de dor no ônibus. — Fez uma pausa, para que eu acompanhasse o ritmo — Você chegou aqui inconsciente e ardendo em febre. Sua amiga, Susan, acho que é esse o nome dela e o Marcos trouxeram você para cá. Fiz alguns exames e não constatou nada. Você está cem por centro saudável.

— Tem alguma ideia do que aconteceu comigo? — Fiquei curioso sobre isso. Se eu não tinha nada, então por que senti aquela dor agonizante?

— Infelizmente, não. — O jeito como ele falava parecia que havia algumas dúvidas.

— Doutora... — Pensei em falar sobre aquela queimação que havia sentido nas costas, mas algo dentro de mim impediu que eu dissesse algo. — Vou poder assistir normalmente às aulas?

— Não vejo motivo para não ir, Adrian. — Ela se levantou do banquinho e foi até sua mesa. — Você está sentindo alguma coisa?

— Não. — Me sentei quase perdendo o equilíbrio, mas logo consegui recuperar rapidamente.

— Ligaram para meu pai? — Perguntei na esperança de não terem o feito. Não queria importunar meu pai com problemas bobos como esse. Fora apenas uma dor passageira, já me sentia melhor, em certo ponto.

— Não achei necessário ligar para o responsável, não foi um problema grave. Na verdade, não teve nada de errado com você. — Disse ela — Então, você está liberado pra ir. — A médica pegou uma folha do bloquinho de papel e começou a rabiscar algo. – Tome. Vai dar a permissão para você entrar na sala de aula.

— Obrigado. — Me levantei da maca e fui em direção a sala.

Assim que sai da enfermaria, no lado esquerdo da porta estava Sue. Ela sentada no banco, balançando as pernas. Quando me viu ela sorriu. Deu-me um abraço tão forte que por um momento achei que ia ser espremido até a morte. Por sorte, ela me soltou.

— E aí, como você está? — Claramente ela estava preocupada. Afinal, eu surtei ao lado dela, qualquer um no lugar também ficaria eu acho.

— Ah, me sinto como novo. — Respondi. — Só com uma leve dor de cabeça, apenas.

— Fiquei preocupada. — Ela estava ficando vermelha. — Isso acontece direto?

— O tempo todo. — Brinquei.

— Haha! Muito engraçado. — Ela me deu um soquinho no ombro. — Você vai para a aula?

— Eu até iria, mas não sei qual é a sala.

— Vamos. Por sorte não estaremos tão ferrados.

Sue saiu correndo em disparada, eu fui logo atrás dela. Tinha algo nessa garota que me deixava curioso. Pelo que pude perceber, ela é bem alegre e sorridente, mas quando toca em certos assuntos ela se fecha, quando, por exemplo, perguntei sobre a família dela. Não estranhara, também, o meu incidente na escola High Tower, o jeito que ela falou que essas coisas acontecem o tempo todo, não saia da minha cabeça. Talvez ela soubesse de algo mais. Ou não. Pode ser apenas paranoia minha. Acho que o fato de não ter feito muitos amigos enferrujou minha habilidade de socializar.

Paramos em frente a sala quinze, onde tinha um professor de costas para o quadro, falando com os alunos. Bati na porta e ele fez sinal com a mão para entrarmos. Fui à frente e Sue logo atrás, fechando a porta em seguida. O Professor sorriu para nós, os outros alunos olhavam desconfiados, sobretudo para mim. Tinha duas carteiras desocupadas: uma mais no meio da sala e outra no final. Optei pela do final da sala.

— Então, turma, temos dois colegas novos na turma de vocês. — Disse o professor. Sua voz era grossa e potente e um pouco familiar. – Deem as boas-vindas.

— BEM-VINDOS — A turma toda vez um coro para nos saudar.

— Muito bom. — Falou o professor — Para vocês que estão chegando hoje, meu nome é Arthur Finchyn. Por causa de toda aquela burocracia de aluno e professor, vocês podem me chamar de Sr. Finchyn. Sou o professor de história de vocês, durante o restante deste ano e do próximo também.

Sue se adiantou e ficou em pé, os outros alunos olharam para ela.

— Meu nome é Susan McMenning, com dois n. — Disse Sue.

— Prazer em conhecê-la, Susan. — Disse o Sr. Finchyn. Dito isso, Sue se sentou e o professor virou-se para mim. — E você, meu rapaz, como se chama?

Me levantei, as pernas tremiam um pouco. Não sou muito bom com pessoas, ainda mais em falar em público.

— M-Meu nome é Adrian Vest, senhor. — Estava tão nervoso que errei meu nome, limpei a garganta e repeti. — West. Adrian West.

O Sr. Finchyn fechou a cara. Uma expressão horrenda e ao mesmo tempo de uma alegria maléfica coroou seu rosto, coisa que aparentemente nenhum dos outros alunos notou. Alguns garotos ficaram murmurando coisas, ouvi um deles falando sobre o ocorrido na High Tower. Nesta altura do campeonato, não adiantava mais esconder o que eu havia feito.

— Ah, sim, eu sabia que você vinha, Sr. West. — O senhor Finchyn deu um sorriso diabolicamente mal-intencionado. — Pode voltara a se sentar.

Assim que sentei na cadeira, pude sentir minhas costas queimando de novo. Tentei ignorar a dor, o que pareceu dar certo por algum tempo. Vez ou outra percebi o Sr. Finchyn olhando friamente para mim, enquanto explicava a matéria, como se estivesse pensando no melhor jeito de... Caramba! É claro. Como não pensei nisso antes?

Demorei mais tempo do que gostaria, mas reconheci de onde já tinha ouvido aquela voz: no meu sonho da noite passada. Aquele gigante-não-tão-das-cavernas-assim tinha o mesmo timbre de voz do nosso professor de história. O jeito como ele havia falado que sabia da minha chegada à escola. As mensagens no espelho e na janela do meu quarto feito por aquela mulher misteriosa "eles estão atrás de você". Eles, no plural. Quem seria o outro? Susan, talvez? Ela estava sendo legal demais comigo. Não. Não pode ser ela. Pode?

Olhei para Sue, ela parecia estar concentrada na aula, em cada palavra que o Sr. Finchyn, estava dizendo. Ela não me parecia ser algum monstro gigante capaz de matar uma pessoa. Bom, nesse ponto, o nosso professor também não, mas as aparências enganam.

— Sr. West? — Chamou o professor. — SR. WEST? Está conosco ainda? — Falou mais alto.

— Hã? Sim? — Respondi distraído.

— Ótimo. Poderia responder a pergunta que acabei de lhe fazer? — O Sr. Finchyn se afastou do quadro e sentou na beirada de sua mesa. Fiquei tentando lembrar comigo mesmo qual tinha sido a pergunta. — Então, Sr. West, pode responder à pergunta sim ou não?

— Sim. — Disse eu — Qual foi mesmo a pergunta?

O Sr. Finchyn. Revirou os olhos, retirou os óculos e limpou na camisa.

— A pergunta, Sr. West, foi a seguinte, é bem simples, até: Os Deuses Antigos são divididos em panteões, mas, três deles são os mais importantes. Você saberia dizer quais são?

— E-Eu acho que sim, Sr. Finchyn. — Não sei por que eu disse que sim, eu não sabia quais eram. Nem sabia por que eles seriam relevantes para uma aula de história. Senti minhas mãos tremendo, coloquei-as embaixo da mesa. Contei até dez mentalmente, do mesmo jeito que minha antiga psicóloga havia ensinado.

— Você acha ou pode nos dizer quais são? — Perguntou ele, se inclinando na mesa.

Meu nervosismo estava se esvaindo, respirei fundo e respondi:

— Os três panteões são: Os guerreiros, que eram voltados mais para as guerras e batalhas, é liderado por Advirane, a Senhora das Batalhas; os Sábios, que, segundo as estórias, foram os responsáveis pela criação dos homens e de tudo, são reconhecidos também pela manipulação dos elementos da natureza, seu líder é Mystorian, o Rei dos Deuses; e, por último, os Magos, estes eram cultuados por feiticeiros que veneravam os dons com a magia, seu líder é Baphoraz, O Mestre Feiticeiro.

O jeito como eu havia dito, a confiança nas minhas palavras, faziam parecer que tudo aquilo era realmente verdade.

— Parece que alguém fez bem o dever de casa. — Sr. Finchyn desceu da mesa e voltou a escrever no quadro. Mesmo estando de costas voltou a falar — Diga-me, Adrian, mais especificamente sobre os “Sábios” — Essa última palavra ele disse em tom de desdém — Como que Mystorian assumiu o título de Rei dos Deuses?

— Mystorian liderou os outros deuses na batalha que ficou conhecida como "A Batalha do Alvorecer", contra seus inimigos e o Deus da Escuridão, Call’uh. Após a vitória, Mystorian os baniu para a parte mais profunda dos planos: O Breu.

Breu. O mesmo lugar do meu sonho. De uma forma bem estranha, as coisas começavam a se encaixar. E eu não estava gostando disso.

— É uma versão resumida dos fatos. Mas, está certo. — Sr. Finchyn falou por cima dos ombros e voltou a escrever no quadro.

Passou dois minutos e então me dei conta do que tinha acontecido. Eu não sabia nada sobre esses Deuses Antigos que mais pareciam coisas que Marie contava, só que eu não prestava muita atenção nisso. Porém, as informações vieram a minha cabeça como se sempre estivessem lá. Eu nem me interessava por essas coisas. Quem era Advirane? Ou Mystorian? Ou Baphoraz? Ou Call’uh? E por que o Sr. Finchyn perguntara especificamente para mim? Tinha, sei lá, uns vinte e cinco alunos na sala.

Enquanto a aula prosseguia, eu fazia alguns desenhos no meu caderno. Alguns eram desconexos, apenas rabiscos: monstros com asas reptilianas, ou apenas com um grande olho em envolto de uma massa gosmenta esverdeada. Isso tudo era novidade e estranho para mim, eu nem curtia muito essas coisas.

 Nem percebi que a aula havia terminado, só voltei à realidade quando o sinal tocou, ecoando pela sala. Os alunos saíram correndo da sala. Olhei ao redor, não havia ninguém. Até mesmo Sue já tinha saído. Guardei o caderno na mochila, e peguei o lanche que a Marie havia preparado pra mim. Dei uma espiada e tinha sanduiche com peito de peru e tiras de bacon e umas maçãs (É a cara dela colocar frutas).

Assim que coloquei os pés fora da sala, o Sr. Finchyn apareceu do meu lado direito, como uma assombração. Tinha esse sorriso fantasmagórico no rosto que me deixou assustado.

— Indo a algum lugar, Sr. West? — Sua voz havia ficado mais grave do que já era.

— Eu estava indo ao refeitório, Sr. — Disse eu, tentando andar em direção ao refeitório, que eu nem sabia onde ficava. Mas, num movimento rápido, o Sr. Finchyn segurou meu braço com muita força. Olhei para a sua mão e as unhas dele estavam grandes, afundando no meu braço. Eram garras.

— Receio que não, Sr. West. Venha comigo, sim? — Não era bem uma pergunta. Ele saiu me arrastando. — Ah, e nem pense em gritar, pois se fizer isso irei matar todos estes sacos de carne.

Tentei escapar da sua pegada, mas ele era forte demais. Esmurrei, dei tapas, beliscões, petelecos, até um pescotapa, mas nada adiantou. Passamos por um corredor cheio de alunos, mas eles nem pareciam nos notar. Olhei ao redor procurando se alguém podia nos ver, até que encontrei alguém. Sue estava lá atrás perto da sala de história, com os olhos arregalados, sem compreender o que se passava. Ela conseguia nos ver? Pensei. Olhei fixamente para ela, mexi os lábios falando Preciso de ajuda, torcendo para que ela entendesse.

Ela assentiu e veio nos seguindo de longe.


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