Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada escrita por Eddie Stoff


Capítulo 10
Invadimos o Planetário. E, sim, é ilegal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783936/chapter/10

[Você deve estar se perguntando como eu fiquei ao ver Marie morrer diante de mim. Bom, me senti arrasado. Impotente. Fraco. Frágil. E todas outras palavras que possam definir como estou me sentindo agora. Ela esteve presente na minha vida desde... Bom, desde sempre! E está claro que não sabia tudo sobre ela, mas não importa. Se ela assim o fez, foi para nos proteger de quem quer que fosse. Era ela quem ficava comigo quando eu tinha pesadelos, quem me aconselhava sobre, principalmente como seria meu futuro (Não que ela tenha dito ser uma entidade divina responsável pela natureza e, que eu sou filho de uma deusa).]

Vê-la morrer trouxe à tona a minha verdade: eu sou um fraco. De uma forma ou de outra, a coloquei em perigo e não a consegui proteger quando precisou. Marie havia morrido e a culpa era minha.

Eu estava desolado, acabado. Lágrimas escorriam aos montes dos meus olhos. Minhas mãos estavam manchadas de sangue. O sangue dela. A dor de perder alguém que se ama é extremamente angustiante. Queria ficar ali, sentado, relembrando todas as coisas boas que Marie fez por mim, ou que tudo aquilo não passasse de apenas um pesadelo. Um maldito pesadelo. Infelizmente, não era. Aquela era a realidade, a vida real, por mais distorcida que pudesse ser. Deuses, Dêidas, Monstros, Remanescentes. Diversas coisas para processar em meio à dor do luto.

Por um momento fui desligado do mundo. Pra mim, eu estava sozinho no escritório, sem sinal da Sue ou Candence. Tudo que conseguia ouvir era uma voz. A mesma voz daquela mulher do sonho que tive na noite passada. Marie era uma ótima amiga, disse a voz. O destino que ela teve, já havia sido escrito anos atrás, quando ela decidiu cuidar de você por mim. Era ela. Minha mãe, aquela deusa que eu não sabia praticamente nada.

Não lembro como, mas fui despertado desse estado anestésico pela Candence:

— Adrian? Temos que ir.

— Dá um tempo pra ele, garota. — Susan repreendeu-a. Sua voz parecia distante, fraca, chorosa, assim como Candence. O que, infelizmente, me fez acreditar mais ainda que não fosse um sonho. — Ele tem o direito de ficar triste, eram uma família.

— Tá, tudo bem. — Disse Candence, dando fim a breve discussão. — Vou lá embaixo ver se Ferdinand já voltou. E aproveitar para ligar o carro, assim já estaremos prontos para partir. Claro, assim que você ter seu momento, Adrian. — Dava pra notar que ela também estava triste, não exatamente pelo mesmo motivo que eu, claro, mas estava. Ela saiu do escritório e deixou a porta encostada.

Susan ficou do meu lado. Colocou sua mão esquerda no meu ombro.

— Eu sinto muito, Adrian, pelo o que aconteceu. Deve ser muita coisa para processar. Eu sei que pra mim está sendo... Enfim, se precisar de alguma coisa estarei do outro lado da porta.

Ela ia se aproximando da porta, quando a chamei:

— Você pode ficar aqui, comigo? Só um pouquinho.

— Claro, Adrian.

Ela sentou-se do meu lado, na mesinha de vidro. Em outra ocasião eu teria ficado vermelho, mas, agora, não estava com cabeça pra pensar nesse tipo de coisa. Estávamos nós dois ali, sentados. Passou-se dois minutos sem nenhum de nós dizermos uma palavra sequer, até que tive iniciativa para falar algo.

— Sabe... — Comecei. — teve uma vez, morávamos noutra cidade ainda, eu devia ter o quê, uns nove ou dez anos por aí. Eu estava tendo problemas para dormir, tinha pesadelos todas as noites. Criaturas estranhas apareciam do nada e começavam a vir atrás de mim. Ocorriam sempre no mesmo horário. Marie vinha até meu quarto com um pouco de leite e uns biscoitos. — Relembrar aquele momento me fez dar um sorriso triste, breve, porém sincero. — Ela ficava comigo até eu adormecer, ela dizia que um dia eu enfrentaria esses pesadelos e sairia vitorioso, porque eles não eram mais fortes do que eu. Depois de um tempo, os pesadelos pararam, Marie disse que eu havia derrotado meus demônios. Eu era só uma criança boba, não que eu não seja uma criança, mas é que antes não entendia muito bem do que ela havia dito. Mas, agora, estou começando a perceber que, aqueles demônios, ainda estão aí para me assombrar. E que eles são mais reais do que apenas eu imaginava.

— Adrian... Não vou mentir dizendo que sei o que você está passando, ou como é perder alguém que você ama. Mas posso entender que eu, no seu lugar, estaria tendo a mesma reação. Não suportaria ver meu pai, ou até mesmo minha madrasta e a minha irmãzinha morrer. Não conheci a Marie do mesmo jeito que você, mas pelo que pude perceber, ela se preocupava bastante com você e com seu pai.

— Eu sei, Sue. Mas... Ela ter morrido é culpa minha.

— Como pode ser culpa sua, garoto? — Ela falou num tom um pouco mais forte, mas tentando manter a ternura em sua voz. — Se ela estava protegendo você antes mesmo do seu nascimento. Como você pode ter culpa nisso?

— É... Mas... Se eu não tivesse nascido ela não deixaria de ser uma Dêida e não morreria por minha causa.

Ela me encarou profundamente. Olho no olho. [Agora sim, talvez, eu tenha ficado um pouco corado.] Tentei desviar o olhar, mas sempre voltava a encarar seus olhos castanhos. Eu não sabia o que ela pensando o que me deixou um pouco apreensivo. Mas, por fim, ela me deu um soco no braço. E depois me abraçou com força, como um abraço de urso.

— Ai! – Resmunguei, passando a mão no meu braço depois que ela havia me soltado.

— Se você não tivesse nascido, bobão, não teria conhecido a pessoa mais legal desse mundo. — Ela apontou os polegares para si mesma. — Euzinha.

Por um momento, aquele breve momento, a tristeza foi embora. Permiti-me um sorriso, o que se prolongou para uma risada e Sue me acompanhou. Era a mesma sensação que tinha com a Marie. Talvez fosse algum sinal divino mostrando que a vida não terminava ali. Que por mais que a Marie faça falta, ela ainda estaria comigo aonde quer que eu fosse. Ela teria um lugar enorme reservado no meu coração e nas minhas lembranças.

— A vida continua, Adrian. — Disse ela. — Marie te amava e você a amava. Não se esqueça deste sentimento que você carrega e nunca a esquecerá. — ela se levantou. Espanou a roupa e foi em direção à porta. — Agora, não quero dar más notícias, mas você ouviu o que ela disse sobre seu pai. Ele também está em perigo.

— Meu pai. — Repeti. — Sim, claro. Não me esqueci dele. Temos que chegar antes que o ataquem e... — Eu não consegui terminar. Não pude deixar de pensar no pior.

— Não se preocupe. Vamos chegar lá e chutar as bundas de qualquer monstro que aparecer. Estarei esperando no carro, com aqueles dois lá. — ela saiu do escritório, indo à garagem.

De repente, senti minha nuca arder. Minha cabeça foi a mil. "Sua mãe é uma deusa", foram as palavras da Marie. Porém, ela não disse o nome. Mas, meio que não importava agora. Uma deusa. Anoitecer, meu relógio/espada, havia voltado para meu pulso, e começara a esquentar, vibrando e emanando a cada vez que isto voltava à cabeça. Como meu pai havia adquirido tal apetrecho? A quem pertencia? Será que era da minha mãe?

Fui até o banheiro do meu quarto, tentar tirar o sangue das minhas mãos, mas foi um pouco mais complicado que isso. Não há sabão que o tire por completo. Desci as escadas, peguei minha mochila na sala e fui até a garagem. Me deparei com Ferdinand junto às garotas, me esperando dentro do carro.

— Não há nenhum monstro na vizinhança, Tampinha. — Ele me atualizou do prognóstico, mas não dei muita importância. — Além disso... Sinto muito por não termos chegado a tempo para salvar sua babá.

— Ferdinand! — Repreendeu-o Candence. — Mais respeito, por favor. Ela era uma Dêida. Além do mais, você mais do que ninguém deveria saber a dor que ele está passando.

Eu não entendi do que ela estava falando, acho que nem a Sue. Ferdinand baixou a cabeça, talvez com vergonha ou arrependido pelo que havia dito. Porém, se estava, não disse nada.

— Prontos pra ir? — Perguntou Candence, no banco do motorista brincando com o volante do carro. Ela parecia empolgada.

— Sinceramente... Não mesmo. — Ferdinand parecia nervoso.

— Relaxa, Fer, eu melhorei muito nos últimos meses. – Ela se virou para o banco traseiro e deu um sorriso grande e malicioso. – Apertem os cintos, crianças. Hoje, a tia Candy vai dar aula de como dirigir.

— Não estou muito confiante nisso. – Sussurrou Susan.

Candence apertou o botão para abrir o portão da garagem. O grandão, Ferdinand, juntou as duas mãos, no que parecia ser uma oração. Susan checou o cinto duas, três, quatro vezes. E eu... bom, eu tive a sensação de que seria melhor me segurar na parte baixa do banco, sabe, só por garantia.

Ela rodou a chave na ignição. O motor gemeu. O portão subiu devagar, como se não quisesse que saíssemos. Candence abaixou o freio de mão. Passou à primeira marcha. Acelerou com tudo e saiu em disparada.

Eu tive a sensação de que não voltaria para minha casa tão cedo.

***

Cruzávamos as ruas de Sempre Noite de uma forma assustadora. Nos primeiros, sei lá, cem metros após sairmos de casa, Candence quase bateu duas vezes. E eu acho que foi intencional. O rádio estava ligado numa estação de notícias, onde estava falando dos acontecimentos daquela manhã, no colégio Castelo Branco. O repórter no local confirmara que havia sido um terremoto que fez parte da estrutura do colégio desabar e, que, felizmente, os maiores danos foram materiais. Mas o que eles não sabem é que não foi um terremoto, e sim a minha luta contra Galiofeu. [E cá entre nós, ter resultado na destruição do colégio, ao invés das nossas mortes, valeu totalmente a pena.]

Após o intervalo do noticiário, o locutor voltou dizendo o clima e o trânsito para a parte norte da cidade. Por sorte, era pra lá que estávamos indo. O clima estava estável, com pouca chance de chuva, e o trânsito estava percorrendo normalmente e com poucos carros na pista.

Entretanto, a rodovia não estava com poucos carros, como o locutor do programa havia dito. Isto só atrasaria ainda mais a nossa chegada ao Planetário, o que significava que tínhamos menos tempo para chegar lá antes que mais algum monstro fosse atacar o lugar e matar as pessoas, incluindo meu pai. Mas o trânsito não impediu que Candence dirigisse em alta velocidade, ultrapassando os carros quase batendo, tirando tinta do retrovisor de um deles. Toda vez que ela se empolgava no acelerador, Ferdinand pedia que ela fosse mais devagar, para que nós Susan e eu — não ficássemos com medo. Mas estava claro que era ele quem estava com medo, o que pareceu ser engraçado. Candence tinha dito que ele era filho de um deus guerreiro, ou era da guerra? Tanto faz. Vê-lo naquela situação quase parecia ser vingança pela forma que ele me tratava.

Olhei para o lado e vi uma Susan distraída, talvez perdida em seus pensamentos. Ela não havia falado muito desde que partimos lá de casa. Para ser honesto, eu também não falei muito. Só que minha cabeça foi martelada por uma lembrança de minutos atrás: Marie havia dito, também, que o futuro da Sue seria tão conturbado quanto o meu. Algo também sobre uma escolha que ela teria que fazer. Qual seria escolha? E será que teria relação com o meu futuro? Então me veio um estalo na mente: pensar naquilo tudo não seria tão produtivo no momento. Ali eu só tinha um foco: salvar meu pai. Então deixei todos os outros pensamento de lado.

Porém, sair da rodovia Lincoln demorou um pouco mais do que Candence estipulara e, para nossa desagradável surpresa, fomos seguidos por uma viatura da polícia. Tivemos direito a tudo; sirene ligada, as luzinhas piscando em vermelho e azul e até mesmo o policial gritando no alto-falante, ordenando que parrássemos. Ótimo, pensei.

Candence xingou baixinho, mas ainda deu para ouvir. Ela deu a seta para a direita, indicando que ia encostar mais à frente. O policial seguiu praticamente colado a nós. Quando paramos, ele saiu do carro e veio até nós.

— E agora? — Disse Sue quase surtando. — Vamos ser presos? Eu não quero ser presa. Nem tenho idade pra isso.

— Vai ficar tudo bem, eu acho. — Falei, tentando reconfortá-la. Mas na minha cabeça estava surtando também. – Candence, você pode cuidar disso, não é?

Ela deu uma baita gargalhada sarcástica, tão alto que o policial deve ter escutado.

— É claro, minhas crianças. Tia Candy sempre dá um jeito. — Ela deu uma piscadela, e voltou-se para Ferdinand. — Fer, já sabe o que fazer?

Ele assentiu.

O policial passou por nós, analisando cada um que estava dentro do carro, por fim, parou diante a janela do motorista. Ele usava o uniforme padrão da policia rodoviária de Sempre Noite: uniforme na cor caqui, um casaco da corporação e botas grandes pretas. Ele bateu no vidro para que abaixasse a janela.

— Boa tarde, seu policial. — Candence tentou ser casual, enquanto abaixava a janela. — Algum problema?

— Não sei. Será que tem? — A voz do policial era dura, com certo ar de superioridade. — Você estava muito acima do limite de velocidade. Posso saber o porquê?

O policial olhou mais uma vez para dentro do carro. Deve ter pensado no que um bando de crianças estaria fazendo dentro do carro, dirigindo acima do permitido. Ele tirou os óculos e estreitou os olhos, pensativo.

— Me parece que vocês estão fugindo de algum lugar. Aliás, mocinha, você tem permissão para dirigir? Ou melhor, tem idade para fazer isso?

Pelo retrovisor esquerdo pude notar a expressão que Candence fez. Talvez fizessem muito essa pergunta pra ela. Ela pareceu um pouco ofendida e irritada.

— Claro que sim, senhor. De que outra forma eu iria pegar um carro para dirigir? — Ela pegou sua bolsa do porta-luvas, e dentro retirou sua carteira de motorista, entregando-a para o policial.

— Hm... — Foi tudo que ele disse e saiu andando até a viatura.

— E agora? — Perguntei, apreensivo.

— Não sei. Talvez, com sorte... — Deu um sorriso triste.

— E quando tivemos sorte? — Ferdinand fez uma imitação perfeita dela. O que fez o clima ficar mais tenso ainda.

— Temos que ter sorte, não? — Disse Sue. — O pai do Adrian está correndo perigo, e todos os outros que estiverem com ele. Temos que chegar até ele o mais rápido possível.

— Tá aí uma coisa que eu não achei que diria tão cedo, mas finalmente ela disse algo que tem razão. — Rebateu Candence, com deboche. — Mas, infelizmente, não posso arrancar até o Planetário. Com certeza o policial chamaria reforços, o que só iria piorar tudo.

Ela ter dito isso fez, mais uma vez, a tensão voltar e agora ficar mais impactante. Começamos a discutir entre nós, até que fomos interrompidos pelo guarda que estava voltando até o carro. E não parecia muito feliz.

— Vocês precisam sair do carro. Todos vocês. — Ordenou o guarda.

Sem entender muito bem o motivo, saímos do carro.

— Qual o problema, policial? — Ferdinand tomou a dianteira o que não foi muito bom pra nós. Ele é todo grandão e forte, um tanto ameaçador, além de que nunca usa não um tom mais amigável.

— Vocês estão com duas crianças datadas como desaparecidas desde hoje pela manhã. — Apontou para Sue e eu. — E, além disso, o carro está no nome do pai de um deles. — O policial deu uma risada nada amigável. —Terão muito que explicar na delegacia, não apenas sobre o sequestro desses dois, mas também sobre as armas que estão carregando. — Sua voz ficou ríspida e grave. — Vocês estão presos.

Nos olhamos e ficamos tipo: “O quêee? Como assim?” Sue e eu não estávamos desaparecidos. As únicas pessoas que iriam procurar por nós era meu pai, que estava, provavelmente, em perigo e a família da Susan, mas o pai da garota tinha dado permissão para que ela fosse seja lá qual fosse do Q.G.

Candence e Ferdinand se entreolharam. O grandão estava mexendo em seu bolso direito, pegando a bolsinha roxa. Bastava apenas um movimento rápido para sacudir o pó no rosto do policial e estaríamos livres. Mas, o policial percebeu a movimentação dele e gritou:

— Não mexa mais um músculo, grandalhão. — Quando ele chamou Ferdinand assim, parecia mais um insulto do que eu tentava transparecer. — Isto são drogas? — Ele pegou rapidamente a bolsinha da mão do Ferdinand. — Sequestrando crianças, roubando carros e portando drogas. A ficha criminal de vocês será enorme.

— Seu policial. — Começou Candence. – Faça de tudo, mas não despeje o pó na sua mão.

— É... fará um efeito indesejado em você. — Disse Ferdinand.

— Não me diga o que fazer, criança. – Repudiou-a. – Quem dá as ordens aqui sou eu!

— Tudo bem. — Prosseguiu. — Eu avisei.

— É para sua própria segurança. — Ferdinand sabia o que ela estava fazendo e entrou na onda.

Enquanto isso Sue e eu ficamos apenas olhando. Talvez se eu sacasse Anoitecer e chamasse atenção do policial, eles podiam pegar a bolsa e jogar o pozinho no rosto dele. Mas não precisou. O policial foi até a viatura e abriu a bolsinha e tirou um punhado do pó e colocou em sua mão, para analisar a droga mais de perto. Ele estava tão focado em tentar saber o que era aquilo, que nem percebeu que Candence se aproximava dele. Quando se deu conta de que Candence estava ao seu alcance, já era tarde demais. Ela o surpreendeu:

— Bu! — Ela assoprou o pozinho no rosto do policial. Assim, como o Sr. Perry, ele tossiu um pouco, para depois ficar com os olhos vidrados no além.

— Bããh? — O policial começara a dizer coisas desconexas.

— Eu disse para não pegar o pozinho. — Candence se divertia ao vê-lo assim. – Olha, vai ser o seguinte: Você não viu quatro adolescentes no carro, correndo como se estivesse na Fórmula 1. — Ela se virou pra nós. — Querem dizer alguma coisa?

— Não. — Respondemos uníssono.

— Tudo bem, seus sem graça. — Ela deu de ombro. — Fer, você era mais engraçado que isso.

— Não temos tempo, Candy. — disse ele.

— Você já pode ir, seu babão. Como sou uma pessoa legal, vá até uma loja de rosquinhas para se empanturrar. Conheço uma ótima: Confins de Júpiter, no centro de Sempre Noite. Chegando lá, você vai pagar o bolo para todos que estiverem lá.

O policial deu as costas para nós e foi entrou na viatura. Ligou-a e deu a volta em direção ao centro de Sempre Noite.

— Podemos ir? — Protestei, enquanto entrava no carro. — Meu pai não tem muito tempo. — Olhei no relógio e estávamos ficando sem tempo.

— Claro! — Exclamou. — Todos para dentro. A viagem da tia Candy continua! Próxima parada: Observatório Pérola Lunar.

— É Planetário. — corrigiu Sue.

— Me erra, garota. — Candence deu a partida no carro.

O carro arrancou em disparada pela extensão da rodovia Lincoln 48. Em poucos segundos estávamos a mais de cem por hora. O trânsito parecia estar melhor do que antes. Nesse ritmo chegaríamos rápido, claro, se não fossemos parados por outro policial.

Não demorou muito e mesmo de longe, já conseguia ver o prédio do Planetário, com um grande telescópio apontado para o imenso céu.

Era questão de tempo para chegarmos lá e salvarmos meu pai, para só depois irmos para Bahuessi. Mas eu não estava muito feliz com essa opção de ir para o tal Q.G.

Candence acelerou mais e mais. O carro guinava. O motor roncava resmungando por trabalhar de uma forma que antes nunca fora testado. O rádio estava ligado, na estação tocava um rock pesado. Era quase o cenário perfeito para entrarmos numa briga.

Estávamos quase chegando ao Planetário, esta era a boa notícia. A má notícia... Candence estava tentando nos matar. Agora, eu entendo por que Ferdinand estava rezando.

Ao meu lado, Sue mesmo com o cinto de segurança segurava forte no assento do carro. Seu rosto tinha expressão de medo, seus olhos suplicantes pareciam estar dizendo: "Alguém me tire daqui. Esta garota é completamente maluca". No banco dianteiro do carona, Ferdinand continuava rezando silenciosamente, às vezes, parava para gritar com Candence para ela diminuir a velocidade. O grandão está mesmo com medo. Olhei mais uma vez para Sue, agora, estava com a cabeça apoiada no encosto do banco da frente, ela virou-se pra mim e disse meio enjoada:

— Me avisa quando isso tiver acabado. — Ela precisou repetir algumas vezes para eu entender, porque o volume do rádio estava bem alto.

Dei um sorriso e fiz um joinha mesmo estando aterrorizado. Minhas pernas pareciam estar paralisadas, mal conseguia sentir meus dedos.

Candence continuava a dirigir a milhão, desviava dos carros por poucos centímetros, o que causou alvoroço com os motoristas. Ela tinha esse sorriso psicótico no rosto que dava para ver pelo retrovisor interno do carro. O rock metal tocava pesado na rádio, era uma gritaria que mal conseguia compreender o que eles estavam cantando. Chegava a ser engraçado o fato de ela gostar desse gênero musical, já que ela era toda colorida, alegre e tudo mais.

Não tinha muito que eu fazer, já que estava, basicamente, preso naquele carro. Susan estava enjoada o bastante para não conseguir falar uma palavra sequer, só gemia querendo vomitar, mas a convenci de que não seria uma boa. Ferdinand... bom, ele não era uma opção para interagir, o cara parecia me odiar sem motivos aparentes, tipo, eu não pedi nada disso, mas ele me via como um empecilho. Não me restava muitas opções, então, tentei fazer a única coisa que me restava: orar. Se possível, que fosse com minha mãe, queria ter uma palavrinha com ela. Mas o problema é que eu não sabia como, nunca havia tentando fazer isso antes na minha vida.

Imitei os passos do Ferdinand: juntei as mãos, abaixei a cabeça e fechei os olhos. Tentei imaginar conversando com minha mãe, seja lá naquele lugar, o Breu, ou em qualquer outro. Não deu certo. Era difícil me concentrar com aquele som alto. Talvez se eu focasse mais nela. Imaginei-a naquela cabana no meio do nada, minutos antes de sermos atacados pelo Galiofeu. Aquela calmaria, após a ventania. Fechei os olhos com mais vontade. E, então aconteceu. Tudo a minha volta ficou silencioso. Não ouvia o barulho dos carros, ou até mesmo daquela música hardcore da Candence. Se fosse para chamá-la, aquela era a hora. Foquei na sua imagem: principalmente nos olhos escuros com pontinhos brilhantes como estrelas

Então, ela apareceu. Bem, não do jeito que eu imaginei, mas ela estava lá. Eu estava de volta na cabana, sentado no sofá preto feito de mogno quando uma onda de sombras inundou o lugar, fui atingido em cheio. Fiquei cercado por ela, que chegava a encobrir até meus joelhos. Cerca de alguns metros, na cozinha, uma silhueta feminina se formou. Era ela!

— Mãe? — Chamei. Admito que a minha voz pareceu um pouco vacilante no momento. A ideia de ela ser minha mãe era algo novo e inesperado. Genuinamente bom. Uma sensação tão boa quanto ter Marie por perto. Só que também gerava um conflito dentro de mim: por mais que fosse bom tê-la por perto, ainda ficava um pouco ressentido por ter sido abandonado por ela, mesmo que ela tivesse seus próprios problemas.

Tentei me levantar do sofá, mas parecia que as sombras me impediam.

— Estou aqui, Adrian. — Ela falou calmamente. — Pelo que vi você levou a sério meu aviso da noite anterior.

Tê-la ali na minha frente – mesmo não a podendo alcançar era algo que havia sonhado muitas e muitas vezes antes. Mesmo assim, ela estando tão perto de mim, não fizera um movimento sequer para se aproximar mais. O que me deixou um pouco triste.

A minha cabeça martelava dezenas de coisas para perguntá-la, além de satisfações. Ela, certamente, poderia dizer o motivo de estarem atrás de mim e de todos que eu amo (O que se resumia a Marie e meu pai).

— Mãe. — Repeti. — Marie... ela... – Ela levantou a mão, pedindo para eu parar.

— Eu sei, Adrian. Marie está morta. Encontrei-a no Estreito. – Ela falou isso como se fosse uma coisa normal.

— Sinto muito. — As lágrimas já se enchiam aos montes em meus olhos. — Eu-eu... Queria ter feito algo para evitar que ela morresse. Não fui rápido o bastante. É minha culpa ela ter morrido.

— Não, Adrian, você não teve culpa. — Disse ela num tom solene. — Venho acompanhando os ocorridos desde cedo pela manhã, quando apareci no outro lado da rua no momento em que você foi até a janela.

— Então... era mesmo verdade. Achei que fosse mais uma pregação de peça da minha cabeça, assim como ter levitado instantes antes de cair com a cara no chão. Marie disse que você não poderia voltar à Terra, então como estava do outro lado da rua?

— Não posso levar todo crédito pelas coisas que aconteceram com você. – Ela riu, mas rapidamente voltou a ficar séria. — E sim, eu não posso estar na Terra, mas quando se tem milhares de anos e muito tempo livre, você acaba aprendendo uns truques novos, Adrian. —Contudo, criança, tem uma coisa que não compreendi direito, quem atacou vocês no colégio? Tinha uma áurea poderosa que me impediu de enxergar quem era.

— Hã, o Sr. Finchyn? — Retruquei. — Não... Galiofeu. Foi ele quem nos atacou e que acabou destruindo o colégio. Não foi minha culpa.

— O que ele queria com você? — Ela não parece ter dado a mínima para a destruição do colégio.

— Ele queria me sequestrar, levar para alguém que, antes que pergunte, não sei quem é. Só disse que eu era importante.

Minha mãe, ficou em silêncio por um longo momento. Ela parecia apreensiva, mas não dava para saber ao certo, seu rosto estava enevoado pelas sombras. Ficou indo e vindo pela cozinha. Até que finalmente falou:

— Não esperava que Ele enviasse Galiofeu, seu contratado mais exclusivo, até você. Os Zumbis de Areia eram quase certos de aparecerem, afinal, são soldados dispensáveis. Há milhares deles por aí, esperando que alguém pague o bastante por seus serviços. Esta afronta de Galiofeu só acelera cada vez mais a situação difícil que está para acontecer. A Fazenda... Só pode estar lá.

— Que fazenda? — A pergunta saiu como um reflexo. Ela mudava de assunto num piscar de olhos; Era sobre a morte da Marie, depois sobre Galiofeu e os Zumbis de Areia, agora sobre uma fazenda. Era tanta informação que meu cérebro parecia que ia explodir a qualquer minuto.

— Não... não é nada. — Ela mexeu a mão esquerda como quem diz "deixa isso para lá". — Adrian, eu sei que você está em busca de respostas, e eu prometo dizer-lhe todas, mas temo que nosso tempo esteja acabando. Queria poder ter mais oportunidades para conversarmos... Sabe, de mãe para filho, ou coisa do tipo.

— Sempre esperei por este momento de mãe e filho, mas acho que já tive vários com a Marie. — Respondi secamente, em um momento incomum. — Treze anos! Você teve que esperar todo esse tempo para vir falar comigo, mãe. Teve que esperar a Marie morrer para poder vir falar comigo.

— Como ousa falar assim? — Sua voz engrossou, ficou um tanto desforme, monstruosa. – Eu...

Não a deixei terminar.

— Você pode ser uma deusa e tudo mais, mas ainda assim, você é minha mãe. Tem o direito de ouvir o que tenho a dizer. Eu não a odeio por ter partido. Só que seria bom se pudesse, sei lá, dar notícias, no mínimo fingir que se preocupava comigo.

— Adrian... — Disse ela, sua voz tinha voltado ao normal. — Há treze anos, decidi visitar a Terra. Me encantei pelas maravilhas terrenas, nunca havia saído dos meus domínios. Nenhuma vez em milhares de anos, só via tudo apenas de longe. — Ela parecia triste, enquanto narrava um pouco da sua história. — Aí, seu pai apareceu, ele era completamente diferente dos outros deuses, de tudo. Me vi em meio a uma nova sensação: liberdade. Em poucos meses na Terra, me vi gostando do Albert e por todas as coisas que vivemos, e a melhor delas foi você, Adrian. Tinha largado tudo para viver com vocês. Largado as pessoas que dependiam de mim! Mas aconteceu algo terrível nos meus domínios enquanto estive fora, criança. Fui forçada a retornar imediatamente, e que jamais voltasse novamente a terra. Mesmo infeliz, voltei para meu lugar, e foi aí que Marie apareceu. — Fez uma pequena pausa para respirar. Até deuses cansam de falar muito, aparentemente. — Ela veio até mim, me dizendo que tinha tido uma visão: que meu filho mortal, traria paz a terra e aos outros mundos, mas para que isso acontecesse alguém o teria que guiar pelo caminho certo. Então, ela se ofereceu para ser esta guia, sua protetora. Abdicou de seu título, de sua posição, de sua imortalidade, tudo para proteger você, Adrian. Por treze anos ela cumpriu com excelência seu trabalho, sendo meus olhos e ouvidos na Terra, para manter você são e salvo. Então, sim, eu me preocupei com você desde o dia que nasceu. E não admitirei que me destrate de tal maneira, garoto.

Toda a minha coragem para me impor contra ela foi se esvaindo, fiquei me sentindo mal por ter sido rude com ela. Agora, já não me sentia tão mal em relação a ela, só queria dar-lhe um abraço apertado e dizer "eu entendo". Infelizmente, não tive tempo pra isso. A cabana estremeceu. Os móveis perderam o foco, pareciam estar derretendo. O próprio sofá onde eu estava havia sumido e eu agora estava em pé. A única coisa que se mantinha estável era a silhueta, envolta às sombras.

— O que está acontecendo? — Perguntei.

— Você está acordando, Adrian. — Respondeu. — Agora, você sabe um pouco da história. Deve ser muita coisa para processar no momento, certo?

Assenti.

— Nos encontraremos de novo, filho. — Era a segunda vez que ela me chamava assim. — Muito em breve.

Ela começou a se esvair, igual à cabana.

— Mãe... — Chamei-a antes de desaparecer. — Por que não me disse quem era na noite passada? Ainda não sei seu nome.

Não sei bem a expressão que ela fez, mas parecia estar sorrindo.

— Não contei quem eu era porque não era o momento certo. E ainda não é. — Ela foi sumindo lentamente, até que não restava mais nenhum vestígio seu.

As sombras se foram, e junto foi minha mãe. Mas ainda deu para ouvi-la dizer:

— Em breve você saberá. Agora acorda! Adrian, acorda!

Esta última parte foi um tanto estranha. A voz que ouvi não parecia ser dela, mas de outra pessoa. Talvez a da...

— Acorda! — Gritou Candence.

Abri os olhos com dificuldade e lá estava ela, a garota arco-íris, me sacudindo como se fosse um boneco de pano.

— Ai. — Foi tudo que consegui dizer, até acordar por completo.

Pisquei os olhos duas, três vezes para ter a certeza de que havia realmente acordado. A luz do sol, agora já fraca, não parecia incomodar tanto. Eu não lembrava de ter dormido. Só havia fechado os olhos para poder falar com minha mãe, que é uma deusa, e que ainda não revelara quem é. Todo esse mistério estava me matando.

— Chegamos, Planetário Pérola Lunar. — Sue se aproximou de mim, dando a mão para me levantar do carro.

Não tinha reparado [nem estava tão desperto assim, na verdade], mas já estávamos no Planetário.

O Planetário foi, desde que fui pela primeira vez com meu pai, um dos meus lugares favoritos. Meu pai explicou como o lugar foi construído durante uma das minhas visitas,  em 1954, por Otávio Pearl (Acho que agora dá para entender o nome do lugar), que era apenas uma casa para receber algumas maquetes de projetos, pequenas réplicas de naves, pedras lunares, uniformes dos astronautas, mas o principal atrativo era o telescópio Selin, que ficava em um quarto ao lado. Porém, o passar dos anos fez bem ao Planetário, que acabou sendo um dos maiores centros de pesquisas espaciais, mas “sem perder o apreço pelo conhecimento do público”, segundo meu pai.

Albert West, era o diretor-geral do Planetário e, também, o chefe do Departamento de Monitoramento. O trabalho pode parecer puxado, estressante, mas para ele é reconfortante estar perto das coisas que ele gosta.

Saltei do carro, peguei minha mochila e fui andando com meus companheiros de viagem até a entrada principal do Planetário. Tudo parecia bem até ver Davi. Ele era o segurança da guarita que ficava no turno da tarde. Mesmo longe dava pra perceber que ele estava diferente. Sua aparência trocava a cada instante, numa inconstante troca de roupa, ou de pele. Numa hora parecia o Davi noutra parecia alguém coberto de areia que já havia morrido há tempos.

— Zumbi de areia. — Confirmou Ferdinand. — Maldição! Eles chegaram à nossa frente.

— Eles podem possuir humanos? — Perguntou Susan.

— Puff! Que pergunta idiota garota. — Ralhou Candence contrariando-a, só para variar.

— Candy, ela fez uma pergunta válida. — Ferdinand parecia calmo, como achei que nunca fosse vê-lo. — Não, Susan, eles não podem possuir humanos. Eles não são que nem os fantasmas. Mas eles podem assumir a aparência da pessoa caso...

Ele não terminou. Sabíamos o que ele queria dizer com isso.

— Ah, não. Pobre Davi! — Lamentei a morte dele. Eu o conhecia, ele era gente boa, sempre tinha uns biscoitos em sua gaveta. Algumas vezes tinha ficado com ele até mais tarde esperando meu pai sair do Planetário. — Ele não merecia isso! Temos que matar esse bicho antes que machuque mais alguém.

— Olha, Tampinha — Aí estava o velho Ferdinand de novo. —, eu mais que ninguém gosto de uma boa luta, mas não seria prudente atacá-lo. — Antes que eu pudesse perguntar, ele se adiantou. — Não sabemos em quantos eles estão. Talvez seja só um, ou dois, ou talvez dezenas deles. Este daí pode alertar os outros de que estamos aqui e aí sim será um banho de sangue, como eu disse hoje cedo.

— Então... Precisamos de um plano para entrar sem sermos vistos. — Indagou Sue. — Mas como?

— Adrian, você já esteve aí dentro mais do que nós três juntos. — Disse Candence. — Existe alguma forma de entrarmos despercebidos?

Revirei minha mente. Já tinha visto a planta dos prédios várias e várias vezes, até mesmo do projeto original. Eu me lembrava vagamente de uma entrada lateral que havia sido desativada. Se eu conseguisse lembrar onde exatamente ficava...

— E então, Adrian, sabe ou não? — Candence estava impaciente.

— Deixa-o pensar, Alegoria de Carnaval. — Disse Susan, irritada com a Candence.

— Você me chamou do quê? — Ela estava ficando vermelha como um pimentão. Havia invocado seu arco dourado, assim do nada.

— Vocês duas, parem! — Vociferou Ferdinand, mas não tão alto para que o zumbi ouvisse. — Não veem que esta briguinha não vai levar a lugar algum? Sugiro que parem com isso imediatamente, até pelo menos chegarmos ao Q.G e aí vocês podem voltar a se odiar.

Ambas cruzaram os braços e viraram o rosto em direções opostas. E não deram mais uma palavra.

— Ei! Terra para Tampinha. — Chamou Ferdinand, estalando os dedos em frente ao meu rosto.

— Hã, oi. — Respondi distraído.

— Sabe ou não, uma forma de entrarmos?

— Sim, sim. Conheço uma velha entrada lateral do prédio que, talvez esteja boa o bastante para termos acesso a parte interior do Planetário.

— Tá, então vamos. — Ele colocou sua mãozona no meu ombro. – Não me agrada em nada dizer isso, mas você irá nos liderar até chegarmos lá dentro. Não ferre com tudo, está bem?

Não o respondi. Apenas sai do meu canto e fui andando devagar até a lateral do edifício, com eles bem atrás de mim — Susan vindo logo atrás, Ferdinand no meio entre ela e Candence — que vinha por último — onde supostamente estava localizada a entrada encontrava-se cheia de mato. As plantas quase cobriam um terço total do muro, o que deixou mais difícil de encontrar a porta. Cada minuto que passasse meu pai estaria em perigo. Agora era real. Eles já estavam lá.

— Cadê esta bendita porta, West? — Reclamou Ferdinand. O grandão ficava batendo nos braços espantando os mosquitos.

— Está por aqui em algum lugar. — Respondi. — Sue, Candence, como está aí, acharam alguma coisa?

— Não! Ainda não! — Gritou Candence.

— É... Adrian acho que encontrei algo. — Falou Sue. — Aqui. Tem um barulho metálico, talvez seja a porta.

Fomos correndo até onde ela estava. O matagal estava alto, mas, mesmo com dificuldades, alcançamos a porta. Sue apontou para a suposta localização da porta e BINGO! Era lá. Tiramos o máximo possível do mato que tampava a porta, mas, infelizmente a porta parecia enferrujada pelo passar dos anos. Tentei forçá-la, mas não parecia sequer se mexer.

— Deixa comigo. — Pediu Ferdinand. — Posso colocá-la abaixo em instantes.

Bom, ninguém questionou. Ferdinand pegou distância da porta, e veio em disparada pra cima dela. A porta não teve a mínima chance contra ele. Por sorte o barulho foi abafado pelo tanto de mato ao nosso redor.

— Bom trabalho, Fer. — Candence não se aguentava de alegria, apertando as bochechas dele. — Esse é meu garotinho forte.

Ele parecia estar corando.

— Bom, vamos logo. — Interrompi o momento de ternura e carinho entre eles. — Não temos mais tempo.

Eles assentiram e entramos no Planetário pela porta secreta. O time Alpha Delta Operação de Resgate estava dentro do Planetário e não mediria esforços para acabar com todos os Zumbis de Areia que estivessem lá dentro, e proteger as outras pessoas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Remanescentes - A Fazenda Amaldiçoada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.