“Elizabeth via uma luz clara demais, que quase a cegava, e uma grande porta se abrindo, como a da igreja que ia quando criança com os pais, tudo estava decorado com rosas brancas e hortênsias rosas, ela caminhava lentamente vendo todos a sua volta a olhando. Com os rostos emocionados, Tomás estava no altar esperando a mesma que chorava e queria correr ao encontro dele, mas quanto mais corria, mais distante ele ficava. Logo ela sentiu a cabeça girar, ela sentou no chão no meio do corredor da igreja e colocou a mão na cabeça e viu toda sua vida ali, passar. Seus pais dançando uma música romântica enquanto ela e as irmãs brincavam de boneca no canto da sala e ela falando. “ Serei uma grande jornalista. ” As brigas com os pais para ir para Nova York, ela e Katherine chegando no apartamento vazio e pulando pela liberdade. Quando Chloe se juntou a elas, um ano depois. As irmãs dançando comemorando o emprego de Katherine, em saltos de tempos, dançando comemorando o emprego de Elizabeth no jornal e conhecendo John. Chloe ensaiando e irritando ela profundamente, quando conheceu Tomás, quando o beijou pela primeira vez. Logo a luz voltou a ofuscar sua vista e tudo se apagou e só sentiu a dor no peito e seu próprio sangue a engasgar, ela ouvia seu coração, bater lentamente, e um último pulsar que ecoou em sua cabeça, apagando tudo. ”

Katherine dava passos que ecoavam pela igreja silenciosa, onde se escutava apenas seu salto, subindo até o altar e respirando fundo diante de um papel que carregava, ela apoiou as mãos no palanque e observou os rostos de todos, Chloe se aconchegava em John que os olhos estavam inchados e vermelhos, com a bebê dormindo em seu colo. Olhou logo mais à frente os pais, que estavam visivelmente dopados, talvez algum calmante tomado. Do outro lado no primeiro banco, Tomás, quieto com olhos fundos de noites mal dormidas com os pais rigidamente sentados eretos, com um carrinho logo a frente com o bebê Steven, que ela olhou com pesar o bebê que dormia ali tranquilamente, com seus cabelos da cor da irmã com pele tão clarinha e bochechas rosadas como de Elizabeth e logo, olhou o quadro enorme da irmã ali, sorrindo para todos, ela pigarrou o que fez todos a olharem, então Katherine tirou o óculos e seus olhos inchados, vermelhos e tristes apareceu.

— Bom. – Ela disse baixo e pigarrando. – Olhando essa foto é exatamente assim que lembramos de Liz. Uma mulher que tinha como principal objetivo cuidar de todos. E ela cuidou, cuidou de mim mesmo não merecendo, cuidou de Chloe e John, quase morreu por cuidar de mim. O sonho de Elizabeth sempre foi vir para Nova York e ser jornalista, acho que desde de me lembro, ela lia jornais no café da manhã e falava que um dia seria redatora do Times. – Katherine suspirou e sorriu lembrando. – Ela foi sempre grandiosa em seus sonhos e ainda assim pé no chão, mas a um ano a vida dela virou de ponta cabeça, ela se apaixonou. – Lagrimas rolaram pelo rosto de Katherine e viu Tomás limpando o rosto. – Elizabeth teve apenas uma decepção amorosa e foi suficiente para não querer mais se envolver com ninguém, mas ela se apaixonou e fico tão feliz por ter conseguido isso, amar. – Katherine falava entre lagrimas. – Ela amou Tomás, como nos amou, ela tinha sonhos com Tomás, esperava nosso pequeno Steven, tinha uma linda casa, estava após tantas tribulações com o homem que amava, e feliz com a vida das irmãs. Ela foi tirada de nós, uma fatalidade. – Katherine respirou fundo. – Mas não temos que lembrar dela assim, temos que lembrar tudo que ela nos ensinou. Que é o amor, a esperança e nunca desistir do que realmente se quer. – Katherine olhou todos, a irmã chorando sendo amparada por John. – Elizabeth nos mostrou que não é preciso ser perfeito para nada, que quem torna as coisas perfeitas somos nós e é assim que quero lembrar dela, para sempre. Da sua força, da sua coragem e do seu amor. – Katherine começou a chorar assim que respirou fundo terminando seu discurso, logo todos se encontraram no cemitério, Tomás estava com Steven no colo, sendo amparado por todos. Chloe só sabia chorar e se lamentar em não estar próximo a ajudar a irmã. Katherine era abraçada por Matthew. Quando todos começaram a ir embora, Tomás jogou uma última rosa e foi andando em direção ao carro que esperava com Steven em seu colo.

Após se passar alguns meses, Tomás desembarcou no JFK com Steven, era o casamento de Katherine e Matthew e ele era padrinho. Steven já estava maior, quando rumaram em direção a Manhattan, Tomás olhava para fora vendo as ruas passar e olhava o filho na cadeirinha do seu lado, ele estava ainda mais parecido com Elizabeth. O cabelo escuro, mas algumas mexas mel da cor do cabelo de Tomás, com olhos verdes e gordinho, sorrindo para os postes que passavam. Quando o carro parou em frente o edifício que ficava o apartamento deles, Tomás custou a entrar, mas Chloe e John o esperava, com Charlotte brincando no tapete de vestido e tão gordinha quanto Steven. Tomas engoliu seco para andar pelo apartamento, não vinha ali desde do enterro de Elizabeth a quase oito meses. Chloe abraçou apertado Tomás e beijou o sobrinho que pegou no colo e abraçou ainda mais forte, John cumprimentou Tomás gentilmente o abraçando e batendo em seu ombro.

— O casamento será daqui três horas se quiser descansar até lá. – Chloe falava balançando Steven e olhando Tomás com o olhar abatido. – Descansa, precisa.

— Vou colocar as malas no quarto e logo a babá que minha mãe contratou vai chegar para cuidar do bebê, agradeço que tenham vindo até aqui. – Tomas disse apático olhando tudo e engolindo seco ao subir para os quartos. Ele entrou então no quarto que era dele e de Elizabeth olhando tudo, foi até o closet que ainda continha as roupas dela, pegando uma roupa dela, com o perfume ainda e cheirando profundamente, sentando na cama e deitando ali abraçado com a roupa dela e chorando em silencio.

Katherine estava terminando de se arrumar com a ajuda de Chloe e da mãe, ela olhava as pessoas nas ruas andando apressadas, ela respirou fundo, pegando um medalhão com a foto da irmã e juntando ao buque, com lagrimas nos olhos, as três se abraçaram junto ao buque, logo o pai da mesma bateu na porta e entrou com um riso no rosto, indo em direção a filha e abraçando forte.

— Vamos? O carro chegou. – Ele disse, olhando Charlotte gatinhar e pedir colo que ele logo a pegou. Logo Katherine entrou em um carro clássico branco, e Chloe, Charlotte e seus pais foram em outro carro acompanhando ela. Quando o carro parou em frente a St Patrick Cathedral seu coração parecia que iria explodir, logo Chloe entrou com Charlotte e começou a tocar a música instrumental Thinking Out Loud, Matthew estava olhando ela no final do corredor emocionado, e com passos curtos ela foi caminhando até ele.

A cerimonia estava linda, todos emocionados, principalmente Chloe ao ver como Tomás escondia cada lagrima que escorria e entendia, pois podia ser ele e Elizabeth casando. Logo no final, quando todos foram para a cerimônia na cobertura de Katherine e Matthew, Katherine entregou a ele o relicário com a foto de Elizabeth que usou na cerimônia e ele não conteve as lagrimas, agradecendo incansavelmente o presente. Steven brincava com Charlotte no chão. Chloe então bateu na taça suavemente anunciando o brinde e chamando a atenção de todos.

— Bom, sou péssima nisso. Então serei breve. Kath e Matt, o casal mais improvável que deu certo, os dois são exemplos para nós de que no amor, tudo pode ser genuíno e lindo. Que apesar das tribulações tudo suporta, tudo supera e apenas se fortalecem um no outro. Há quase dois anos não me imaginava fazendo o brinde do casamento dos dois e agora estamos aqui, ambas casadas, eu com uma filha e olhando o lindo filho que Elizabeth no deixou e emocionada em casar nossa caçula, porque Elizabeth pode não estar aqui de corpo, mas sua presença pode ser sentida de todo coração por nós. Kath você merece o mundo de felicidade e Matthew acho bom dar isso no mínimo para essa mulher incrível que tem. Vocês merecem todo o amor que puder ter, toda felicidade capaz de sentir, está tudo impecável e valeu a pena a espera por esse momento lindo. Felicidades aos dois, aos noivos. – Katherine limpava a lagrima e sorria ao mesmo tempo levantando a taça junto com todos e sussurrando um obrigada a irmã. Quando Tomás pegou o microfone em fazer seu brinde todos o viu emocionalmente abalado, mas um sorriso genuíno brotou em seu rosto e os olhos brilhavam com as lagrimas.

— Fiquei honrado em me chamarem mesmo estando do outro lado do mundo em compartilhar esse momento com vocês. – Ele suspirou profundamente. – Eu desejo o amor a vocês meus queridos, porque eu tive isso e ainda tenho aqui, materializado como podem ver se arrastando entre as pernas de vocês. – Ele apontou para Steven e todos o olhou. – Agradeço por fazer parte dessa família, por se tornarem a minha família, não podia desejar coisa linda. A vocês vendo o passado não tão distante, enfrentaram tudo e se fortaleceram para estar aqui, e não posso estar mais orgulhoso do amor que construíram. Nova York é uma cidade linda, que atrás de suas brilhantes luzes esconde coisas ruins e vocês venceram cada coisa ruim que cruzou os caminhos de vocês e não desistiram do que vocês tinham no processo. Eu olho vocês e sinto orgulho desse amor e um pouco de inveja confesso. – Ele sorriu respirando fundo e todos riram. – Todos sabem que não ando bem desde que Elizabeth se foi, e estar aqui era importante para ela então é importante para mim. Elizabeth foi quem me mostrou o amor de verdade, aquele sem maldade, aquele que te faz querer parar um trem com as mãos. E vocês estavam lá, quando eu quase parei um trem por ela. Quando ela entrou no meu escritório jurando acabar comigo, tudo que pensei era em como ela era linda e forte em me encarar daquele jeito. Juro que ela continuou a bater de frente comigo na mesma proporção. – Ele fez uma pausa olhando para o chão lembrando e sorriu e olhou Matthew e Katherine. – E sentindo ela nesse momento, sentindo nosso amor que não tem como não amar vocês, o amor de vocês. E brindo a isso, as dificuldades vencidas e tudo que passaram para estar aqui, isso é lindo. Aos noivos. – Todos levantaram as taças e Katherine chorava copiosamente, indo até Tomás e o abraçando e afundando seu rosto nas roupas do ex cunhado e agradecendo o brinde.

Quando Katherine jogou o buque partindo para sua lua de mel nas Maldivas com Matthew Tomás bebia no bar junto com John, logo ambos foram pegar seus filhos e eles se olharam com gentileza, Tomás olhou John com Charlotte e John apenas pensava em como as coisas tinham mudado e falta que sentia da melhor amiga vendo o filho ali com o mesmo sorriso dela. Chloe se aproximou do marido e da filha beijando ambos e sorrindo para Tomás e Steven que se despediam deles para irem descansar.

Nova York tinha dado coisas lindas as irmãs, assim como coisas horríveis aconteceram. Mas elas se mantiveram firmes, se apoiando e cuidando uma da outra. A imagem que Chloe tinha ao ver o sobrinho se distanciar e seus olhos reluziam Elizabeth dançando com a garrafa de vinho barata que sempre tomavam, assim como tomando café e lendo seu jornal. O sonho de Nova York era todo dela, mas ela dividiu com as irmãs. O amor por essa cidade a fez sofrer e ser feliz encontrar o amor, e ter um filho. Ao som baixo de Lady Gaga – Always Remember us this way, Chloe via ao longe a irmã, dançando com seu vinho e reclamando de tudo, o que a fez rir ao ver o sobrinho sumir ao fechar da porta, com olhos brilhando pelas lagrimas que se formavam ela sussurrou a frase da música cantada. “ E quando o sol se pôr e a banda parar de tocar eu sempre lembrarei de nós desse jeito. ” Então Chloe foi beijada no rosto por John ternamente e ali ela se viu o sonho e sorriu por isso, saudosa, mas feliz com a vida que lhe foi dada.