Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 67
É o melhor que eu posso fazer nessa hora




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Capítulo 65

É o melhor que eu posso fazer nessa hora

 

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Izurdiaga, Nafarroa, Euskal Herria

23 de setembro de 1981

 

Era começo da manhã. Os céus de Navarra começavam a se colorir de rosa e abandonavam aos poucos o cinza da madrugada.  

Naquela manhã, as botas de Felipe estavam encharcadas de tanta água que havia entrado nelas. A marcha pelas margens pantanosas do rio Arakil foi penosa. Para piorar, os pés de Felipe estavam assados e cheios de bolhas.

O jovem monarca se aproximou das margens do rio e sacou a bota dos pés. Pisou na lama aliviado, feliz por se ver livre daquela coisa que estava matando-o aos poucos.

Felipe levantou a cabeça e sentiu uma pistola encostada na sua nuca. 

— Gelditu (parado!), Felipe! — disse uma voz masculina. Ele tentou correr, mas o homem foi mais rápido. Ele agarrou a gola de sua farda negra e quase sufoca o rapaz. 

— Majestade! — disse um outro soldado de farda negra que se aproximava. Ele era loiro, pele branquíssima e olhos azuis bem claros.

— Capitão Unai! — disse Felipe, sufocado.

— Então era verdade! o rei da Espanha está aqui! — disse o homem, voltando-se para El Rey. — O que acha, Majestade, de trocar sua coroa, sua vida, pela nossa independência, hein? É justo, não é? 

— Não escute ele, majestade! — disse o Capitão Unai, apontando uma pistola para o meliante.

— Como não escutar? Eu poderia ter matado ele, mas estou oferecendo uma troca justa! Ninguém escutou a gente! Por séculos, ninguém escutou! Não vou perder essa oportunidade! vamos resolver isso de forma pacífica, Capitão Bengoetxea? — disse o homem, encostando com mais força a arma na cabeça do rapaz. 

— Nenhum homem busca paz com a arma apontada pra outro… — disse Unai. O capitão disparou rapidamente no pulso do homem e a arma se soltou. Ele caiu se contorcendo na lama. O capitão Bengoetxea se aproximou dos dois.

— Capitão, será que a gente pode pegar ele como prisioneiro? — perguntou Felipe. 

— Jamais, majestade. Jamais tenha piedade com quem ameaça o senhor! Jamais negocie a sua coroa em troca da ameaça de um homem, jamais! Saiba que há gente aqui pra defender o reino e o senhor… — disse o capitão, entregando a pistola para Felipe. O jovem oficial entendeu o gesto do seu superior hierárquico. 

Hesitante, Felipe fechou os olhos e apontou para a cabeça do homem. 

— Encoste, majestade! O golpe do disparo vai ajudar a mandar esse infeliz pro inferno! — disse o Capitão.

E disparou.

 

I

Madrid, Espanha

4 de agosto de 2016 

Palácio real de Madrid

 

No quarto do palácio real, Felipe levantou-se da cama de súbito. Olhou para a hora no relógio de ponteiros e viu que ainda faltavam cinco minutos para as cinco da manhã. Das janelas, El Rey viu também que o céu já começava a clarear. Seu peito e sua testa estavam suados por causa do pesadelo. Fazia meses que não usava mais camisa para dormir, pois aquele tipo de pesadelo e suadeira já era constante.  

Sentou-se na cama e nem vontade de dormir teve. Ao seu lado na cama, Tomoyo mexeu-se e despertou-se com o susto de Felipe.

— Bon dia (bom dia), Felipe. 

O monarca não falou nada. Tomoyo já conhecia esse tipo de pesadelo dele. 

— Onde foi agora? Amezketa? Legorreta? Zumarraga? Zumaia mais uma vez, Felipe? — perguntou Tomoyo, com a mão posta gentilmente nos ombros dele. 

— Izurdiaga. Sabe, eu nunca tinha visto alguém do exército de libertação basco tão de perto. O infeliz tentou me enforcar. Na verdade, só queria negociar… O desgraçado voltou do inferno pra continuar a negociar comigo de novo…Nunca soube o nome dele…  

— Foi a primeira vez que você matou alguém, não é? O Capitão Unai colocou a arma na sua mão… Você não tem culpa disso, Felipe. — completou Tomoyo, massageando os ombros dele — Eu me lembro quando você me disse que o Capitão falou para não aceitar a chantagem de ninguém… não é?   

— Disse sim… Daquela vez, eu tinha uma pistola, eu tinha uma arma. Eu tava numa guerra. Agora, eu tenho o quê? Eu deixei o inimigo crescer e nem me dei conta disso…  — disse Felipe. — Cadê as pessoas que iam proteger minha coroa, cadê? 

— Felipe… Você não contou para a Sophia, não é? Você não contou que ia se afastar do trono hoje, não é? — perguntou Tomoyo. Felipe não disse nada. — Você não quer adiar esse momento? Eu posso conversar com a Uxue para mandar de volta o pessoal da TVE que vai vir pra gravar… O que acha? Você quer mais tempo para conversar com a ela?

— Eu não quero nem ver a cara da minha filha hoje! Sabe o que eu queria? Eu queria ter uma pistola na minha mão agora! 

— Pra atirar contra o Jordi? Atirar contra o seu irmão? Atirar contra o homem que está te chantageando? Atirar contra a pessoa que jurou te proteger? — perguntou Tomoyo. — Felipe, não deixa sua raiva te transformar no monstro que você não é… — disse Tomoyo. Ela beijou a bochecha dele e Felipe agradeceu com um sorriso silencioso o carinho dela. 

— Pode mandar as câmeras entrarem. Depois eu me explico com a Sophia… Ainda bem que ela tem aula de espanhol até o uma da tarde hoje… Fala pra ela que eu não vou poder tomar café com as meninas… Preciso acertar os detalhes finais daquele documento.      

 

II

 

Uma maquiadora dava uma última pincelada de pó no rosto de Felipe. Um outro funcionário ajeitava o retrato do Rei Andoni I, logo atrás da cadeira onde estava El Rey. Todos estavam em um dos escritórios do palácio. As câmeras se posicionavam na frente do monarca e os últimos ajustes estavam sendo feitos no teleprompter. Atrás das câmeras, uma série de fotógrafos dos mais diversos jornais do país, estavam presentes para registrar aquele discurso. Não havia repórteres para perguntas, pois seria apenas uma mensagem de Felipe para a nação.

Nenhum daqueles funcionários sabiam o conteúdo do discurso do monarca, mas o aquela seria transmitido ao vivo para todo o território, em pleno horário do almoço. Era um momento em que todos estavam com a atenção ao máximo, muitos em pleno descanso do expediente. 

Era incomum Felipe fazer um discurso ao reino naquela época do ano e naquele horário. Em geral, os discurso do chefe de estado aconteciam no fim do ano em horário nobre. Por causa disso, ele também estava preocupado se o discurso afetaria o pregão da bolsa. Depois de tanto pensar e conversar com sua advogada Marcela e a Irmã Uxue, decidiu que o meio-dia era o melhor horário.  

As duas mulheres estavam com ele, coordenando as equipes de TV e os movimentos dentro do palácio. Tomoyo também estava lá e decidiu ficar com El Rey até o fim daquilo. Ela também quis ajudar no que podia, mas Uxue achou melhor que toda a atenção dela esteja voltada para Felipe e Sophia.  

Enquanto o figurinista fazia os últimos detalhes em sua farda, Marcela apareceu.

— Felipe, o Jordi já está aqui. Ele tá lá atrás, ele quer falar com você, ele disse que não tá sabendo de nada e… 

— Pois mande ele ficar esperando! Até eu entregar os documentos pra ele assinar, vai levar tempo! Ele já sabe o que se passa aqui, por que ele quer falar comigo ainda? — ordenou Felipe, questionando o irmão. 

Marcela entendeu o monarca e não mais o incomodou. Atrás da cadeira de Felipe, estava uma mesa com um documento oficial numa pasta de couro preto que os dois teriam que assinar depois da mensagem. 

Após Marcela sair, Uxue entrou com duas caixinhas nas mãos. 

— Irmão… O Raül tá aqui…

— Por que não falou pra ele entrar! Abra a porta pra ele! — disse Felipe. Uxue fez um gesto para onde havia saído e um homem magro, alto, de cabelos ralos e vinte anos mais novo que Felipe entrou. 

— Raül… 

— Majestade… 

Os dois homens se abraçaram. 

— Achei que não fosse vir… 

— Apesar de metade dos Socialistas da Catalunha me odiar por isso, eu não podia deixar de vir. Você é um militante do partido e, achei por bem, estar do lado de uma amigo querido que tanto fez pela gente enquanto caminhava conosco no nosso país, entregando panfletos na rua, assistindo nossas reuniões… Só eu sei o que já fez por nós! — disse Raül. Os dois gargalharam. 

— Agora eu vou ter mais tempo pra caminhar por lá, meu amigo… Tomara que meu irmão não ganhe as eleições ano que vem! — disse Felipe, apertando fraternalmente o ombro do homem.

— E também, meu tataravô, Príncipe infante Francesc Ferrer, foi filho de Cornelius Ferrer, o marido da Rainha Maria. Não podia deixar de estar do lado do meu primo na hora que ele mais precisa de mim… 

— Eles vão entender… — disse El Rey. Ele indicou uma outra porta onde estava Tomoyo para o amigo repousar e acompanhar a mensagem televisionada. Uxue abriu as caixas que havia trazido e colocou um colar em volta do pescoço do irmão. 

Os colares eram símbolo da autoridade real de Felipe e só era usado em ocasiões de extrema importância. Consistia de uma cruz de malta pontuda, com o brasão da Família real no centro: metade com três flores de lis num fundo azul, representando as origens francesas da família Borbón e outra metade com as quatro barras vermelhas com fundo amarelo da bandeira da Catalunya. A corrente era composta por uma série de diamantes cravados em elos de ouro puro.

Sophia, Uxue e os outros membros da Família real também tinham o mesmo colar de cruz maltesa como esse, só que o material da corrente eram elos de prata e ouro para a herdeira do trono e para o cônjuge do rei ou da rainha, com as mesmas pedras de diamante. Os elos era feitos de prata para todos os príncipes. 

Algumas nobrezas importantes, como Barcelona, Girona, Montblanc, Bilbao, Alba, Valencia, Toledo, Sevilha, Salamanca, Ourense, Lugo, Segovia, Zaragoza, Huesca ou Pontevedra, tinham variações desse colar real com a cruz maltesa. Ainda era mantida a corrente com elos de prata, mas eram usados outros minerais cravados nós elos. O colar de Barcelona, por exemplo, tinha ametista nos lugares onde ficavam os diamantes e era exatamente igual ao colar do rei e da princesa das Astúrias.  

— Se lembra, Felipe, quando o tio Miquel colocou esse colar no seu pescoço? Se lembra do que você disse no seu discurso de coroação? — perguntou Uxue.

— Eu tô me lembrando de muita coisa hoje em dia… 

— Era Natal, não era? Você não quis adiar por nada a sua coroação, nem num momento importante como o fim de ano… Nem tão dolorido como a morte do Pai…  quis esperar uma semana de luto pelo pai pra assinar aquele documento do congresso, assumindo que era o Rei e mais ninguém. Só esperou as bandeiras saírem do meio mastro pra assumir sua coroa, seu colar como legítimo rei…  

— Eu me lembro o que eu disse… Eu só tiraria esse colar do meu pescoço, o colar de rei, quando eu morresse… — disse Felipe. Mesmo não querendo, um fio de lágrima saiu de seus olhos. Uxue também ficou emocionada.

— Pronto, já coloquei. Pode se virar! — disse Uxue, virando o irmão, vendo o colar bem destacado em sua farda de general de brigada. 

Ele não precisava usar aquelas divisas de general, pois, como rei e chefe de estado ele era o comandante das forças armadas. Felipe era quem não se considerava ainda comandante supremo do Exército. Entregou o cargo de Capitão General para o sobrinho, João das Neves Feijoo, de Ferrer-Borbón, filho de sua irmã, Maitê. Antes dele, o cunhado de Felipe, Xosé Feijoo, atual Duque de Pontevedra, assumiu o cargo até o ano passado. — Tire esse colar do pescoço, meu irmão, só quando você morrer! Você não fez nada! É uma injustiça te condenarem! — disse Uxue, já chorando. Felipe perdeu a vontade de chorar vendo as lágrimas da irmã. Ela deixou ele a sós na sala, só com a equipe de filmagem para se juntar à Tomoyo e Raül na sala anexa. Felipe olhou o relógio na parede e já estava para dar meio dia. Precisava se aprontar. 

— Majestade. Em seis minutos, entramos ao vivo. — disse o diretor da TVE. 

Felipe sentou-se na cadeira e esperou o tempo passar, vendo os primeiros trechos de seu discurso no teleprompter. 

Por incrível que pareça, não estava nervoso, nem ansioso.  

 

III 

Passanant i Beltant, Catalunya, Espanha

Ao mesmo tempo… 

 

Num bar, à beira da rodovia C-14 de Tarragona, Sakura e Kero assistiam a televisão enquanto mastigavam um pão com tomate. De repente, a programação foi interrompida, com uma grande bandeira espanhola no fundo. A cardcaptor temeu pelo pior.

— Hoe! Será que aconteceu alguma coisa com o Felipe? — perguntou Sakura.

— Sei lá, vamos ver… Só sei que é engraçado o dono do bar xingando feito doido porque todos os canais ‘tão passando a mesma coisa! Olha só! — disse Kero, apontando para o homem. — Eles não tem cabo aqui! 

— E verdade! Vamos ver! — disse Sakura. 

Depois das palavras iniciais, Felipe apareceu na TV e começou a falar. 

— Bona tarda a tothom! A cadascun dona o home que em está veient a tota extensió de nostre regne! Una bona tarda! Sempre, sempre um plaer poder parlar amb vostés amb la meva llengua mare, la llengua que parlo amb la meva filla i la meva família a la meva casa, que tothom, un dia pugui parlar amb la seva a qualsevol part de nostre país sense problemes… (Boa tarde a todos! A toda mulher ou homem que está me vendo em todas as partes do nosso reino! Boa tarde É sempre, sempre um prazer poder falar com você na minha língua materna, o idioma que falo com minha filha e minha família em minha casa, que todos, um dia, possam falar com ela em qualquer parte do nosso país sem problemas…) — começou Felipe. O dono do bar até parou de xingar só para ouvir o que ele estava falando. 

— Como Rei, não apenas quero mandar uma mensagem ao povo dos Países Catalães, mas à todos os cidadãos do nosso país. Tenho a firme esperança que, um dia, o catalão, o euskera e o galego vão ser a língua de todos os espanhóis também, creio eu que muitos compartem dessa esperança. 

“Estou aqui não para tomar o tempo de vocês, mas para anunciar uma decisão muito importante que eu tomei. Como bom catalão que sou, é inadmissível ver o chefe de estado envolvido com problemas na justiça ou ligado indiretamente com crimes cometidos por parentes ou conhecidos. Isso não seria diferente comigo. Anuncio desde já que, enquanto estiver envolvido no julgamento da décima quarta brigada de infantaria de Gernika e não tiver minha inocência respaldada pelo tribunal supremo, estou me afastando de todas as funções como chefe de estado.     

“Como a minha função, segundo a constituição, não é eletivo e só deve ser assumido por um membro da família Borbón, em meu lugar, assume meu irmão, o senhor Jordi Ferrer de Borbón i Lekuauribe. Jordi tem vasta experiência como líder durante a minha ausência no período da guerra civil. Durante vinte anos, ele foi o chefe de estado interino e agora, enquanto a minha filha for menor de idade e não puder assumir essa função, ele volta para assumir seu posto como Vice-rei e regente do trono de Espanha.  

“Para encerrar, quero fazer um agradecimento ao meu país, Catalunya, por me dar a coragem de agir com decência nesse momento. Quero destacar o inconformismo do povo do meu país por não permitir jamais que um chefe de estado investigado aja como representante da Catalunya no exterior. Eu ouvi os clamores do povo e aqui quero mostrar que sou parte de vocês: aqui está meu cargo, à disposição de vocês e dos outros países membros do reino. Sempre à serviço do povo, sempre à disposição do maior beneficiário do poder do Rei: o povo. Muito obrigado! Moltes gràcies! Eskerrik Asko! Moitas grazas!

Felipe levantou-se da cadeira e foi para a mesa onde estava o documento do afastamento (um funcionário da TVE rapidamente tirou a cadeira dele de cena). Por uma das portas laterais daquela câmara, Jordi finalmente entrou. Uma série de fotógrafos tirou um monte de fotos dos dois, desde a entrada de Jordi até o tenso aperto de mão dos dois. De cara, pareciam sorridentes, mas por dentro, não era nada disso.

Os dois sentaram-se à mesa e Felipe começou a assinar. Passou a pasta para o irmão e ele também assinou, sob a mira dos flashes dos fotógrafos. Levantaram-se e se cumprimentaram mais uma vez. A princesa Uxue entrou na sala e abriu a segunda caixinha que tinha trazido. Colocou o colar de regente e príncipe no pescoço do irmão, da mesma forma que tinha posto em Felipe. O colar de Jordi era prateado, com a cruz maltesa e cravado de diamantes. Desde 1999, não usava aquela jóia.

Um pelotão de guardas reais entrou ao fundo, numa porta lateral do lado do retrato do Rei Andoni I. Vestidos com roupas do século XV, deram finalização à cerimônia.

— ¡Y Viva el regente! — disse um dos guardas.  

— ¡Viva! — disseram os outros, em volta de Jordi. Ao lado dele, estavam Uxue e Felipe, que aplaudiam junto com os outros guardas no final dos gritos.  

O barulho dos guardas chamou a atenção de Sophia e Carmen, que driblaram o professor Ramón Gaspar com a desculpa de ir ao banheiro. Elas assistiam a tudo pela porta lateral, ao lado de Tomoyo.

 

IV 

 

Depois que viu a princesa, El Rey pediu para que ela, Carmen e Tomoyo ficassem na sala onde foi feito o discurso. Uxue, Jordi, o resto dos jornalistas e da equipe da TVE saíram, em respeito a privacidade do rei e da herdeira do trono. 

— Pai… Eu já sabia que você ia fazer isso… Eu só não queria que fosse tão cedo assim! — disse Sophia, no colo do pai, sem vontade de chorar, pois já estava com os olhos vermelhos de tanto que chorou antes.

— Sophia, eu não só estou me afastando do trono e dos meus compromissos como chefe de estado. Eu estou saindo do palácio.

— Saindo? — perguntou a princesa.

— Sim. Esse palácio foi feito pro chefe de estado. Eu não sou mais o chefe de estado. Você quem é agora, está bem? — disse Felipe, sorrindo.

— Papai… Se você não vai morar mais aqui, onde é que o senhor vai morar? — perguntou Sophia, quase chorando de novo.

— Eu tenho o apartamento que eu aluguei em Barcelona, não tenho? É lá que eu vou viver até tudo isso acabar. Eu tenho meu bico na oficina do tio Toni, não vou passar fome, nem nada do tipo. E você, trate de comer, está bem? Não quero ver você desnutrida, nem relaxando nos estudos… — disse Felipe. Cada vez que falava era como se um caco de vidro atravessasse o peito, arrancando o pouco fôlego que lhe restava. Sophia esfregava os olhos cada vez mais, tentando evitar as lágrimas. — E também, filha… Eu não vou deixar de ser seu pai, nem vou deixar de te perguntar como você está, está bem? A tia Uxue tá aqui pra te olhar… — disse Felipe, já sem ânimo para continuar. Tomoyo tirou a pequena do colo dele e ajudou a complementar as palavras que Felipe não conseguiu dizer. 

— Sophia, você ouviu, não é? Você ainda tem sua “mare” e seu “pere” do seu lado. A gente vai vir te visitar sempre que a gente puder e sempre vai manter contato! Nada de desobedecer seu tio Jordi e sua tia Uxue quanto a questões de disciplina! Comporte-se! — disse Tomoyo, fazendo de tudo para manter o tímido sorriso, passando a mão para limpar o rosto úmido e inchado dela, já rubro de emoção. A princesa abraçou a saia de Tomoyo com força. 

— Eu quero acompanhar vocês até o portão! Me deixa, vai! Me deixa! — disse Sophia. Enquanto as duas se abraçavam, Carmen chegou perto de Felipe e fez uma reverência, mas se lembrou que El Rey lhe pediu para não fazer mais isso. 

— Majestade, eu juro que cuido da Sophia. Sei que o tempo que a gente passou fui curto e… Não tive muita vivência com o senhor, mas eu agradeço muito o tempo que passamos juntos… Agradeço por cada presente carinhoso que o senhor me deu… O senhor, mesmo não querendo, foi a única coisa que eu tive perto de um “pai” por aqui… Obrigada por ser meu pai. — disse Carmen, sorrindo, olhando direto nos olhos de Felipe com seus olhos azuis bem claros, tão semelhantes aos dele. 

Felipe não aguentou ser chamado de “pai” por ela e começou a chorar com aquelas palavras. Ele tinha se segurado até agora e não resistiu quando se viu diante de Carmen. Apoiou os cotovelos nas coxas e escondeu a cara nas mãos. Até Sophia ficou preocupada com aquilo e parou de abraçar Tomoyo, pois nunca viu o pai com o espírito tão quebrado quanto naquele dia. El Rey ficou assim uns minutos até se ajoelhar na frente de Carmen e abraçar a menina. 

— Me desculpa, me desculpa! Me desculpa! — disse Felipe, beijando os cabelos lisos e curtos da pajem.

Durante um bom tempo, nem Sophia, nem Carmen, entenderam aquela reação. 

 

V      

Duas horas depois… 

 

A maleta que Felipe levava para fora do palácio era leve. Tomoyo e Raül Ferrer ajudavam o monarca a carregar mais duas maletas com algumas roupas e pertences pessoais de El Rey. A coisa mais pesada delas, com certeza, eram os retratos de Sophia e Carmen, além das outras fotos com a família. 

Felipe queria uma saída discreta, sem câmeras, sem pompa alguma. O anúncio da TV de uma hora antes já havia causado rebuliço o suficiente no resto do país a ponto de fazer o IBEX 35 cair ligeiramente meio ponto percentual. Ao seu lado, estavam, além de Tomoyo e Raül, sua filha que insistiu em acompanhá-lo e a pequena Carmen. Uxue esperava no lado de fora ao lado de Jordi, os dois com roupas cerimoniais do século 15. 

Saindo pelos fundos do castelo, todos tiveram uma surpresa. A Guarda real estava perfilada, à espera da passagem do chefe de estado. Algumas câmeras da TVE ainda estavam por lá, testemunhando o momento. O comandante da guarda real, General Ruy González de Clavijo, ordenou que todos fizessem posição de sentido e aproximou-se do rei, fazendo uma continência.

— Majestade. Eu não poderia deixar de me despedir do rei mais generoso com os soldados do reino. Desculpe-me, majestade, sei que o senhor não me pediu pompa, mas foi um desejo da guarnição fazer essa pequena homenagem ao senhor. — disse o General. Felipe deu um tímido sorriso. 

— Eu também agradeço sua lealdade com o país, General. Continue a proteger minha família, continuem a proteger a princesa das astúrias. 

— E também, uma pequena homenagem para o rei mais compreensivo com os trabalhadores. Um rei com coração de operário. Por isso, o nosso muito obrigado pela sua valentia e decência, majestade. — disse o General. Alguns funcionários do palácio real, gente dos jardins, da cozinha, pessoal da limpeza e manutenção, apareceram nos jardins, saídos dos arbustos nos fundos do palácio. Eles deram um aplauso para Felipe. Sem saber como reagir à homenagem não desejada, Felipe apenas continuou a sorrir timidamente e dizer:

— Obrigado pessoal! Continuem ajudando a minha filha, por favor! Por favor! — disse Felipe. Mesmo não querendo, aquele pessoal tinha muito a agradecer ao monarca. Felipe não tinha esnobismos, nem protocolos para falar com eles. Dirigia-se a eles como irmãos trabalhadores, dando “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” sempre que podia.          

Diante daqueles soldados enfileirados em quatro pelotões, Felipe buscou acelerar o passo. Uma leve tentação dos tempos de exército o levava a olhar àqueles soldados como uma inspeção. Mas aquilo já era passado já. 

Terminando a fileira de soldados, Felipe desgrudou-se da mão da filha. Diante daquelas câmeras, diante daqueles olhares dos soldados e dos funcionários do palácio, a jovem princesa foi obrigada a seguir protocolos que ela não estava familiarizada ainda. Não podia mais chorar, não podia berrar, nem gritar, tampouco protestar. Ela era a futura chefe de estado do país, tinha que se portar como uma, já tinha dito Felipe e Tomoyo antes no castelo. Por isso, por se tratar de uma cerimônia roteirizada como uma peça de teatro ou um programa de TV, eles não se abraçaram, nem se beijaram em público. Foi a primeira vez que a pequena teve contato com um protocolo na vida. 

Tanto Sophia, como Carmen vestiam um vestido marrom do século XV. A princesa não era acostumada ainda com aquela roupa enorme e pesada se arrastando pelo chão. A luta contra aquela peça de roupa drenava toda a energia que ela tinha para chorar, e os cabelos ondulados dela pareciam mais ondulados ainda, bagunçados, esvoaçados pelo ar. 

Felipe nem olhou para trás. No começo da fileira de soldados, as câmeras captavam um leve sorriso de Jordi, em sua roupa de vice-rei do século XV. Na frente do estreito portão traseiro do palácio, uma multidão de pessoas observava a saída do monarca, alguns para xingar, outros para exaltar a monarquia e uns terceiros que vieram para discutir, tanto com um, quanto com o outro lado da questão de apoiar ou não o chefe de estado e a monarquia naquele momento. Felipe não esperava encontrar eles por lá. Por isso, Raül tinha deixado o carro na rua mesmo. O carro já estava cercado por uma série de agentes da guarda real. A polícia fazia um cordão de isolamento nas calçadas de um lado e de outro do palácio. O trânsito na rua já havia sido cortado.    

Todo mundo viu Tomoyo ao lado de Felipe, todos viram Raül Ferrer, o jovem presidente dos Socialistas da Catalunya de 34 anos ao lado dele, viram os dois colocando as malas no porta-malas e começaram a fazer perguntas. 

Elas não seriam respondidas por eles naquele momento e por um bom tempo, aqueles dois ao lado de Felipe ficaram na imaginação do povo por um bom tempo.

 

VI

 

O retrato de Sophia não era exatamente um retrato oficial, nem muito menos era uma pintura a óleo como dos reis de outrora, mas a princesa estava lá, de pé, olhando friamente para os observadores, cabelos esvoaçados, olhos claros como uma bola de gude azul, com seu colar dourado de monarca no pescoço e vestido do século XV. O retrato estava pendurado na parede da sala de imprensa, cercado pelas bandeiras da Espanha e da União Europeia, atrás do púlpito cheio de microfones. 

Nunca na história da Espanha um retrato oficial foi substituído com tanta rapidez assim em todas as repartições públicas do país. E olha que Sophia nem tinha sido coroada ainda como rainha. Bastou Felipe colocar os pés para fora do palácio para que Jordi começasse sua nova vida de vice-rei. A primeira coisa que fez foi encomendar um novo retrato oficial. Mandou a princesa posar para a foto, sob protestos da irmã Uxue. 

— Jordi, você mal espera seu irmão sair e já vai fazendo esse tipo de coisa! Felipe ainda é Rei! — disse Uxue, protestando.

— Mas não é o chefe de estado mais, minha irmã, como você bem o sabe! Não vamos ser idiotas a ponto de acreditar no retorno dele! — disse Jordi. 

— Enquanto não temos uma sentença firme, não podemos sair por aí tirando o retrato dele, Neba! (irmão em basco, quando uma mulher fala de seu irmão) Você bem sabe! O Aita (pai) nunca aceitaria isso! — disse Uxue, gritando.

— Se não queria que eu fizesse isso, aceitasse a coroa que o Aita te ofereceu, Arreba! (irmã em basco, quando um homem fala de sua irmã) Seria rainha da Espanha até hoje! — replicou Jordi. Uxue ficou com tanta raiva que desistiu de continuar aquela discussão.  

Seja como for, Jordi pediu para o fotógrafo real tirar a foto de Sophia e colocar um filtro depois para parecer uma pintura a óleo. A princesa aceitou o pedido do tio resignada. Ouvir os tios discutindo em euskera a fez lembrar de Iñigo e Iñaki e por isso, só por isso, acalmou o coração quebrantado um pouco.

Outro ato de Jordi foi assinar um decreto trocando o comandante da Guarda Real leal à Felipe por outro leal à ele, além de transferir quase toda a guarda real para outros quartéis pela Espanha e chamar novos soldados. Quando a notícia saiu na TV, o partido trabalhista entrou com uma queixa na justiça pedindo o afastamento de Jordi e a cassação de seu mandato como deputado, por entender que ele não podia ser Vice-rei e parlamentar ao mesmo tempo. O processo levaria meses para ser julgado pela sala do contencioso-administrativo do Tribunal Supremo e, enquanto isso, Jordi seguia como deputado e Virrey. 

Cercado de nobres, duques e barões de toda a Espanha e América latina, o presidente do partido conservador, Rafael Barrenetxea, começou a entrevista como se estivesse em um comício:

— Nada, nem ninguém tentou defender o rei como o partido conservador! O problema é que o Rei Felipe já não queria saber do trono que o parlamento lhe confiou há quase quarenta anos atrás! Ele só quer saber de japonesas e dos parceiros separatistas dele na Catalunya, em especial os Socialistas comunistas do PSC! Nosso Virrey já nos alertou do perigo há vinte anos! Temos que admitir que, se um rei é incapaz de continuar no poder, temos que tomar remédios drásticos! O fundador do Império espanhol, o Imperador Dom Carlos I, não substituiu sua mãe, Dona Joana I, quando ela não pode mais governar? Por que não substituir um rei, amigo de separatistas, por nossa rainha Sophia? Por que não? Trocamos uma rainha ruim pelo fundador de um Império! Imagina o que virá com Sophia sendo guiada por Dom Jordi? Os separatistas vão tremer! — perguntou Rafael. Nenhum jornalista ousou fazer mais perguntas, nem trabalhar em cima da especulação dele. As perguntas eram para Jordi, não para ele. O senhor Barrenetxea continuou.

— Jordi nos alertou do perigo há tempos! Nós não demos atenção na época e deu no que deu! Agora, nossa rainha está livre para ter uma infância saudável sem influências de uma educação perniciosa! E viva o Virrey e viva Sophia! — disse o líder da oposição. Os nobres não aplaudiram a intervenção dele, nem os ataques públicos contra Felipe. Ficaram com a cara séria de paisagem de sempre, ouvindo aquelas barbaridades. Mesmo sendo o líder do partido conservador, as palavras na boca dele eram as palavras de Jordi, o vice-presidente do partido e porta-voz no congresso, seu subordinado “de jure” na hierarquia política.

— Muito obrigado pelas palavras, presidente. — disse Jordi. abraçando o homem. Quando ele chegou ao púlpito, as perguntas começaram.       

— Dom Jordi, os trabalhistas entraram com um processo contra o senhor na justiça. Pensa em renunciar? — perguntou uma jornalista de um jornal de esquerda.

— Nunca passou pela minha cabeça. Eu não sou oficialmente um representante da coroa e continuo não sendo. Se eu voltasse para o palácio real e reassumisse minha função como príncipe infante seria uma coisa, mas é todo o contrário.  

— Ano que vem vai ter eleições. Caso o senhor seja escolhido como candidato, vê compatível as duas funções de Vice-rei e presidente de governo? — insistiu a mesma jornalista.

— Estou fazendo um favor para minha irmã e minha sobrinha. Insisto: não tem o mínimo sentido o pedido do partido trabalhista. Ao meu ver, o pedido deles é uma tentativa barata para desestabilizar as eleições. O partido trabalhista está ciente dos seus erros de gestão e sabe que vai perder as eleições. A tentativa vã do presidente Sanchez para adiar as eleições desse ano pro ano que vem é tentar empurrar sujeira pra debaixo do tapete! O tribunal supremo vai me respaldar porque eu mesmo entrei com o recurso sobre a minha compatibilidade de cargo antes no Tribunal Supremo, eles não trazem nada de novo! Os trabalhistas que leem o jornal de vocês estão totalmente atrasados até nisso! — respondeu Jordi. 

— Virrey Dom Jordi, o senhor Rafael fez algumas acusações à sua majestade, nosso Rei Felipe I, chamando-o de “amigo dos separatistas”, quando o próprio Rei acusou inúmeras vezes esses mesmos separatistas de tentar “rasgar o reino”. E… — começou a perguntar uma Jornalista do jornal conservador ABC até Jordi cortar a fala dela no meio.

— Raül Ferrer é presidente dos Socialistas da Catalunha, o PSC, não é? O que ele veio fazer aqui então, colocando as malas do Felipe no carro dele? Pra ser chofer é que não foi… — respondeu Jordi.

— Alteza, não é fato novo que os dois tem uma amizade de longa data, Raül veio muitas vezes aqui no palácio real de Madrid  por ser tataraneto da rainha Maria I e o próprio Felipe VII devolveu a visita, participando de um comício do PSC em 2009 e 2013… — disse uma terceira jornalista de um jornal da Catalunha. 

— Sim, sim. Você é catalã, né? Vejo que você sabe muito bem quem é Raül Ferrer, não sabe? O partido dele decidiu fazer pactos com os separatistas da CiU e da ERC nas eleições municipais em vez de fazer com a gente! Os conservadores perderam dez prefeituras nessa brincadeira! — respondeu Jordi. — Se isso não é amizade com os separatistas, isso é o quê, hein? — disse Jordi, retrucando a jornalista. Ela não quis perguntar mais nada depois do tom que ele usou. A jornalista do ABC continuou:

— Alteza, seja lá como for, essas “observações” não são nada novos comparados com o artigo que o senhor escreveu contra seu irmão em 1999. O senhor vê esses ataques compatíveis com o espírito do partido conservador, que proíbe claramente esse tipo de atitude por parte de seus filiados? 

— Eu entendo suas preocupações. Eu entendo mesmo. Como Rafael aqui disse, o Rei Felipe estava tomando atitudes perigosas demais e precisávamos salvar o poder executivo dos ataques dos separatistas e dos republicanos. Nós não podíamos permitir isso! O partido conservador está totalmente alinhado com El Rey, mas também, estamos totalmente alinhados com  monarquia, com o poder executivo. Durante quarenta anos, quarenta anos, tentamos fazer Felipe compreender que o lugar ele era em Madrid, e não pisando em lama no País Basco. Durante quarenta nós fizemos esse alerta à ele. O que ele fez? Deu de ombros à todos os nossos avisos e continuou a seguir sua própria cabeça! Agora está aí, tendo que responder na justiça pelos atos dele como um criminoso comum! Uma vergonha e uma indignidade para um Rei que nunca foi vista em nenhum país de Europa! — respondeu Jordi.  

— Alteza, eu entendo vossa preocupação. Comentando o que o senhor disse sobre o julgamento do Rei e aproveitando que a nossa rainha, Dona Maria I foi citada aqui, queria fazer uma regressão. Uma coisa que ela fez, durante seu breve mandato no século XIX, quando começou o parlamentarismo no nosso reino foi nunca proibir que membros da família real se expressassem livremente para a imprensa, se assim desejassem, nem para esconder preferências políticas e nem deixar de fazer pedidos ao parlamento. Tudo bem que era uma tentativa de conseguir apoio pra se manter no trono e se defender do irmão, Dom Carlos, E…  

— Eu sei a história toda, eu sei o que a minha bisavó decretou no século XIX por conta dessas guerras bestas pela sucessão. — disse Jordi, interrompendo a jornalista. — Se não fosse por isso, eu não estaria falando aqui com você, não é? Mais alguma coisa?  

— O que eu queria perguntar Alteza, nem era bem uma pergunta, mas fazer uma observação. Foi o próprio Rei Felipe que pediu ao congresso para retirar a própria imunidade real do chefe de estado. O chefe de estado tem imunidade penal em uma série de países, mas aqui não. Foi ele quem optou por ser julgado na reabertura do processo da décima quarta brigada de Gernika, junto com seus antigos companheiros e acabar com essa imunidade penal. Se não fosse por isso, ele ainda seria chefe de estado e seria impedido de ser julgado pela lei, por mais que fosse acusado sem provas materiais. 

— Eu sei, sei… Se não tiver mais perguntas, vou passar para outro. — disse Jordi, irritado. 

— Tenho sim, alteza. Dom Felipe I nunca cometeu nenhum crime em declarar seu apoio público ao partido trabalhista desde sempre, nem em chamar a Catalunha de país como ele fez hoje, pois isso já está na constituição do reino. Mas o senhor infringiu uma norma do partido conservador quando se filiou em 2000. Um ano depois do vosso artigo.  

— Mas que violação é essa? — perguntou Jordi.

— O partido conservador proíbe claramente qualquer atentado contra a figura do rei e à monarquia, seja verbalmente ou fisicamente falando e não aceita filiados com esse tipo de problema em seus estatutos. O partido conservador aceitou o senhor como filiado mesmo assim, mesmo o senhor chamando seu irmão no artigo de “retardado mental”, “galinha” e “vagabundo”, além de outras coisas mais que não cabe dizer aqui. O que o senhor pensa disso? — perguntou a jornalista do jornal conservador ABC. 

— Tá encerrado essa entrevista! Tá ok? Obrigado. — disse Jordi, dando uma leve batida de palmas no final. Ele se retirou da sala, junto com o resto de nobres ao lado dele. Alguns jornalistas ainda insistiam em tentar fazer perguntas, mas os guardas reais que lá estavam fizeram uma barreira entre eles e os nobres.

 

Continua…  

 


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