Aquela Primavera escrita por Miss Siozo


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Sejam bem-vindos a minha mais nova fanfic! Quebrei o meu jejum de oneshots, nos últimos anos apenas tenho postado longas e uma história curtinha e leve é boa de se ler.
Essa foi a surpresa que eu prometi para as pessoas que acompanham a minha outra fanfic chamada "O Sacrifício Doloroso". Para compensar o clima de "drama de novela mexicana", eu trouxe algo mais leve e infantil (saindo da minha zona de conforto). Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783866/chapter/1

Perséfone estava intrigada com o universo do sonho que adentrara para conversar com seu marido Hades*. Mesmo com a hipótese levantada por ele sobre ter visto aquele lugar do sonho e o rosto do menino em alguma de suas andanças sazonais quando atende pelo nome de Koré, a deusa não se conformara e teve a ideia de investigar as memórias do menino deitado na cama a sua frente. Ela se aproximou do cavaleiro de Andrômeda e tocou-lhe a face com os dedos envoltos de cuidado para analisar com delicadeza alguma lembrança do menino em que ela esteve envolvida. Para os deuses durou pouquíssimos instantes o tempo que a imperatriz do submundo adentrou as memórias de Shun, mas, para Perséfone foi como se revivesse os doces dias daquela primavera.

~Alguns anos atrás~

O orfanato “Os Filhos das Estrelas” foi o lar de muitas crianças. Elas não sabiam o que o destino as reservava para o futuro. Então nada mais justo do que desfrutar o doce sabor da infância enquanto podiam. O pequeno Shun é mais uma das crianças que viviam no orfanato, chegou lá ainda bebê envolto nos braços do irmão mais velho que não desejava soltá-lo de jeito nenhum.

Ikki não era o mais querido entre as crianças e já tinha uma certa fama de encrenqueiro, seguir regras não era o seu forte e estava naquela manhã fria do início de primavera de castigo. Ele havia sido pego brigando com outro órfão, mas, as “tias” do orfanato não haviam visto a briga desde o início e o pequeno leonino se sentia injustiçado. Ichi estava implicando com o irmão mais novo de Ikki puxando o pequeno avião de brinquedo das mãos do menino que ainda completaria quatro anos naquele ano.

— Para!!! Briga não!!! – o menor chorava pedindo para que os dois parassem – Pode brincar Ichi! – estendeu o aviãozinho como oferta de paz.

— Ikki e Ichi! Parem agora mesmo com isso! Vão ficar no quarto do castigo até um pedir desculpa para o outro!

— Então esse dia vai ser nunca – disse o leonino.

— Digo o mesmo – respondeu o aquariano.

— Veremos o tempo que durará o nunca de vocês dois – puxou os meninos pelas orelhas até dentro da grande casa – E Shun tente não se meter em confusões como o seu irmão, brinque direitinho – deu um sorriso para o menor que estava com o semblante choroso por causa da situação.

Perto dali Jabu e Geki haviam presenciado parte da confusão e tiveram uma ideia para vingarem o amigo Ichi de Ikki que já havia brigado com eles também outras vezes. A melhor forma de fazer isso era atingir o ponto fraco do leonino que era o seu irmãozinho virginiano.

— Você ficou sabendo para onde nós vamos no final do ano? – o taurino questionou o escorpiano que negou – Uma tal de Fundação Graad, o Ikki e o pirralho do irmão também vão para lá. Acho que devemos dar um susto neles para ganhar mais respeito.

— E o que vamos fazer? Não pode sobrar pra gente – disse Jabu receoso.

— É só colocar mais gente na brincadeira – respondeu Geki – Eles não vão saber de nada, só a gente e não vamos ter problemas.

— Qual brincadeira?

— Esconde-esconde é perfeito. Tem uma área enorme lá pra trás que não tem nada construído e é fácil de se perder sozinho – o taurino deu a deixa do plano – Eu vou chamar o Nachi e o Shiryu para a brincadeira e tu chama o Seiya e o chorão ali.

— Está certo – correu em direção a caixa de areia – Ô Shun! Quer brincar de esconde-esconde com a gente?

— Eu não sei... – olhou para o céu – Acho que vai chover e o meu irmão...

— Esquece isso Shun! Vai ser rapidinho – tentava convencer o pequeno – Vamos fazer umas três rodadas pelo menos e se chover a gente para e sai correndo de volta.

— ‘Tá bom Jabu – levantou da caixa de areia – Vou guardar o aviãozinho e já volto.

— Encontra a gente lá nos fundos, vou chamar mais gente pra brincar – correu para chamar Seiya.

Não demorou muito para ter um time formado, Seiya aceitou e Shiryu preferiu ficar dentro da casa brincando de damas com outra criança por causa da chuva que estava para chegar. Shun havia chegado no local combinado e já iniciariam a brincadeira.

— Quem vai primeiro? – perguntou Seiya.

— Pode ser você – respondeu Geki – Alguém discorda? – nenhuma objeção foi feita – Ótimo!

— O limite de se esconder vai do parquinho até aquele campo lá no fundo – falou Jabu.

— Vou começar a contar naquela árvore ali – falou o sagitariano – Vou encontrar todo mundo rapidinho!

— Eu duvido! – respondeu Jabu – Ninguém se esconde melhor do que eu!

Seiya começou a contar e os outros meninos foram se esconder. Geki estava marcando o lugar para correr o mais rápido que pudesse para ganhar de Seiya. Nachi se escondeu mais afastado dos outros na primeira rodada. Jabu subiu numa árvore próxima, também marcando o lugar e Shun se escondeu pelo parquinho para não se aventurar no terreno desconhecido. Não demorou muito para Geki e Jabu salvarem seus nomes e Seiya encontrou Shun facilmente e teve um pouco de trabalho para encontrar Nachi.

— Ei! Vocês ficaram marcando lugar, isso tira a graça da brincadeira – reclamou o pequeno sagitariano – Um de vocês dois vai ter que procurar agora, não acham turma?

— Eu concordo com o Seiya. Não foi justo com quem tentou se esconder de verdade! – disse o menino sem sobrancelhas – E você Shun?

— Eu... – o menino não queria estar metido em outro problema no mesmo dia.

— Pode falar Shun – encorajou Jabu – Ninguém aqui vai brigar, tudo bem em discordar do outro.

— Mesmo? – o pequeno apertava seus dedinhos em sinal de nervosismo – Então... eu concordo com o Seiya e o Nachi.

— Doeu falar? Então vamos fazer outra rodada, eu vou procurar dessa vez e espero que se escondam em lugares melhores – disse o taurino – Explorem a área, sejam aventureiros como aquele moço do gibi.

— Agora eu gostei de ver Geki! – bateu palmas – Eu me escondo melhor do que procuro.

— Veremos Seiya! Adoro um desafio.

Outra vez os garotos foram se esconder, Geki até demorou mais na contagem para dar mais tempo para garotos se esconderem. Seiya e Nachi ficaram não muito distantes, mas, bem escondidos. Enquanto isso Jabu “ajudava” Shun a se esconder.

— O parquinho foi previsível demais – corria mais para o fundo do terreno segurando a mão do virginiano – Vou te ensinar a se esconder de verdade Shun.

— E o que eu devo fazer? – pararam de correr.

— Eu quando quero me esconder eu fecho os olhos e giro até ficar um pouco tonto, a direção que eu paro sigo. Toda vez que fico na dúvida do caminho a seguir faço isso.

— Mais alguma dica, Jabu?

— Árvores ocas, fendas que você couber, lugares altos – o escorpiano se divertia ao dar mais dicas para o garoto a sua frente se perder – Sabe escalar árvores?

— Não sei.

— Então use essas dicas, pois eu vou me esconder ainda.

— Não vamos nos esconder juntos?

— Não, esse jogo não é coletivo Shun – correu para mais longe possível no menor em diagonal para chegar ao orfanato novamente.

O pequeno de cabelos esverdeados estava ali sozinho e ainda precisaria se esconder. Ele utilizou as “dicas” de Jabu, mas, sentia medo de se perder. No fundo torcia para que alguém o encontrasse logo para que voltasse para o casarão e tomasse um caldo quentinho que combinava com aquele dia frio. Não demorou muito para que uma chuva leve caísse no local e a brincadeira fosse dada como suspensa. Nachi, Seiya e Jabu foram encontrados por Geki sem muitas dificuldades.

— Parece que o Shun levou a sério a brincadeira dessa vez – falou Geki em tom irônico – Está chovendo e não dá para continuar a procurar assim.

— Quer dizer que vamos deixar ele sozinho?

— Se ele não voltar por conta própria vai saber se proteger da chuva. Acho que o Shun é mais esperto do que você, Seiya.

— Ora seu! – foi segurado por Nachi - Por que ‘cê tá me segurando?

— Acho que o Geki tem razão, por mais que eu não goste da situação, procurar o Shun agora nessa chuva não é seguro – a chuva começou a ficar mais forte – Ele deve estar esperando a chuva passar para tentar voltar.

— Então vamos para a varanda dos fundos esperar – sugeriu Jabu – A gente pode pegar algumas coisas na cozinha para levar para ele comer na hora que a gente o encontrar.

— Boa ideia Jabu – trocaram um olhar cumplice – Eu concordo, mais alguém? – Nachi levantou a mão – Ótimo, três contra um, vencemos!

...

Próximo de onde o pequeno Shun estava caminhava uma deusa. Perséfone há pouco trouxera a primavera ao Japão, o calendário dos humanos realmente conseguia prever o início de cada estação com certa precisão. As andanças da deusa da primavera trazendo suas flores e o colorido que os humanos agraciados pela estação precisavam em suas vidas. Fora do submundo a conhecida como Koré refletia sobre a conversa que tivera com sua mãe Deméter antes de retornar ao reino dos mortos no ano anterior. Com o passar das eras o sentimento negativo que teve pelo rapto que sofrera se dissipou. Os tempos eram diferentes e até os deuses já tiveram atitudes consideradas “primitivas” e obsoletas, muitos ali evoluíram e pararam com as destruições e guerras causadas por razões fúteis. Apesar do rapto, Hades sempre fora respeitoso com a esposa e ela poderia se considerar privilegiada por presenciar sempre o lado gentil e amoroso do deus considerado impiedoso. A deusa havia conversado com sua mãe sobre a maternidade, ela queria saber como é ser uma mãe.

“Por quê queres saber isso agora minha filha?” — Koré lembrava das palavras da mãe em sua mente – “Sabes que eu nunca aceitei o seu relacionamento com Hades. Tu terias um filho com aquele crápula que lhe sequestrara?”.

— Isso tem milênios...Então eu acho que sim mamãe... – respondeu baixinho o questionamento que não respondera naquela ocasião – Se bem que não possuo experiência alguma com crianças – se sentia energizada com as gotas de chuva que paravam de cair do céu e quando elas pararam de cair a deusa pode ouvir um barulho que parecia um chorinho, curiosa ela seguiu a direção – Olá? Alguém? – o ruído que alguns animais fazem lembram o chorinho de uma criança humana, a imperatriz do submundo esperava resgatar algum filhote.

— E-eu! – respondeu a voz infantil desesperada – Por favor, me ajude!

“Uma criança humana, e agora?” – agora que o menino sabe que tem alguém por perto seria uma maldade negar ajuda – Estou a caminho! Aguente mais um pouco! – se aproximou e viu a criança de cabelos verdinhos como as folhas das árvores encolhido de frio, ensopado e com a perninha presa dentro de um buraco que não conseguia sair.

— Graças aos céus! Obrigado! – a criança fungava enquanto enxugava as próprias lágrimas – Minha perna ficou presa moça, eu não consigo sair.

— Peço-lhe que segures em meus braços para que eu possa puxá-lo – o pequeno não entendeu muito do que a moça disse pelo vocabulário, mas, ao ver os braços dela estendidos pode compreender a intenção – Segures firme.

— Está bem – segurou com mais firmeza, então foi puxado e a perna saiu do buraco – Muito obrigado moça! – curvou-se em agradecimento.

— Pode chamar-me de Koré – deu um sorriso simpático para a criança, era a primeira vez em tempos que tivera um contato tão direto com um humano, ainda mais em tão tenra idade – Qual és o teu nome?

— Meu nome é Shun – respondeu o menino com o semblante mais calmo.

— E o que um rapazinho como tu estás a fazer sozinho em um lugar desses com este tempo instável? Teus pais devem estar muito preocupados.

— Eu não tenho pais – viu a expressão da deusa se entristecer – Mas, não precisa ficar triste por mim, o orfanato que eu vivo tem muitas crianças como eu para brincar e as tias que cuidam da gente – disse animado.

— Não sentes falta de uma família? De uma mãe?

— Eu sinto falta da minha mamãe, por mais que eu não tenha conhecido, o meu irmão fala dela às vezes – sorriu – Eu tenho um amuleto que era dela, quando estou triste ou me sinto sozinho eu pego nele e sinto que ela está cuidando de mim.

— Isso que falastes és muito bonito pequeno Shun. Tens uma sabedoria impressionante para a pouca idade que tens – afagou os cabelos do pequeno – Poderias contar-me como aconteceu para caíres naquele buraco?

— Claro moça! Digo... Koré – corrigiu-se envergonhado.

O menino contou sobre a brincadeira do esconde-esconde, de como o amigo do orfanato o ensinou truques para se esconder e a chuva que começou a cair. Ele tentou abrigar-se em algum lugar até a chuva passar, pois estava completamente perdido e pisou em falso em um amontoado de folhas e galhos secos e enfiou o pé no buraco que não seria nada para um adulto, mas, era muito para uma criança do tamanho dele. Após ouvi-lo, Koré decidiu ajudar Shun a retornar ao orfanato em segurança, ela coletou o máximo de informação do menino que poderia ajudá-la nessa busca e enquanto isso conversavam sobre as flores e brincaram um pouco.

— Sabia que você parece uma princesa igual à dos livros? Só falta aquela coisa que elas usam na cabeça.

— Uma tiara? Isso não é difícil de providenciar. Feche os olhos e continues a andar a segurar a minha mão – tocou em um arbusto poucos metros depois e dele surgiram diversas flores – Podes abrir os olhos.

— Nossa! Você achou flores tão bonitas! – disse Shun com os olhos brilhantes.

— Pelo visto gostastes muito das flores. Podemos fazer tiaras para usarmos, eu serei a princesa e tu o pequeno príncipe.

— Gostei! Koré é a princesa da primavera e eu posso ser...

— O principezinho da luz, acho que combinas contigo – um fez uma tiara para dar ao outro – Chegou a hora da coroação – ela agachou-se para ficar da altura para que o virginiano colocasse a coroa nela.

— Koré, eu a coroo princesa da primavera – Shun falava como nas histórias que escutava e a deusa achou engraçadinho a seriedade que o menino dava a aquele momento, já eras a deusa da primavera e fostes “coroada” princesa pelas mãozinhas de um meninote mortal.

— Agora é a sua vez de ser coroado –  posicionou a tiara para coroá-lo – Eu Koré, a princesa da primavera coroo Shun como o principezinho da luz – colocou a tiara de flores sobre a cabeça dele e com os dedos que tocaram-lhe brevemente a região da testa a sentiu bem quente – Tu estás quente, isso é normal?

— Não, eu devo ‘tá ficando com febre – espirrou – Eu peguei muita chuva e minhas roupas ainda estão molhadas. Acho que agora a gente não pode demorar muito – disse triste – Eu gostei tanto de te conhecer.

— Eu também meu pequeno. Eu acredito que seja melhor eu carregá-lo comigo, pois no ritmo que estamos vamos levar mais tempo – pegou o virginiano febril no colo – Espero que levem- o a algum curandeiro para que se recuperes logo – observou o rostinho com as bochechas coradas pela febre – “As crianças humanas são bem frágeis comparadas aos deuses” – pensou.

— Curandeiro? – questionou o menino curioso e cansado aconchegando-se mais no pescoço de Koré – O que é isso?

— O curandeiro é uma pessoa que ajuda a curar outras pessoas.

— A gente aqui chama esse curandeiro de médico – segurou o espirro para não ir na moça que o segurava.

— Bom saber. Agora deverias poupar tuas energias pequeno – tocou-lhe a ponta do nariz e ele sentiu o cheirinho bom de flores – Dormiu – deu um sorriso – “Devo estar próxima ao tal orfanato”.

A deusa viu alguns brinquedos do parquinho e placa da entrada. Eles haviam dado uma volta em comparação ao ponto que se encontraram. Koré pensava em como entregar o menino, não poderia ser notada por mais presenças humanas e estava atrasada para levar a primavera para outros lugares, não que estivesse arrependida de ter conhecido e brincado com a criança encantadora que conhecera. Ela então deixou Shun deitado no banco no estilo de praça e bateu a porta com urgência, em seguida se afastou para observar.

— Por Deus, Shun! Estávamos preocupados contigo! – a criança continuava em seu sono profundo e tranquilo – Está todo molhado e sujo – resmungou ao pegar o menino no colo – Nossa como arde em febre! Vamos acordar rapazinho – sacudiu-o mais um pouco.

— Tia Mizuho – disse ainda sonolento – Eu ‘tava perdido e com a perna presa no buraco.

— Quem foi que te ajudou?

— Uma amiga que eu conheci. A princesa da primavera Koré – deu um sorriso ao lembrar-se da moça bonita e gentil que o ajudou – Onde ela está?

— Sua febre está alta, deve estar delirando. Vai tomar um banho e colocar roupas quentes, eu terei que chamar um médico – levou- o para dentro do casarão – Espero que não pegue uma pneumonia.

Koré observou a tiara de flores de Shun caída sobre o banco e tratou de pegá-la. Ela já fazia seus planos de vê-lo até o final da primavera, para ver se a criança meiga que conhecera já teria se recuperado. A deusa da primavera decidiu ficar mais um pouco pela área do orfanato, explorou a área externa e cobriu-se com seu manto para não ser notada por mais humanos. Então viu quatro meninos que pareciam esperar alguma coisa nos fundos do casarão.

— A chuva já passou, nós temos que procurar o Shun – disse o menino mais novo dos quatro – Ele deve estar com frio e fome.

— Nós já sabemos disso Seiya – disse o mais velho – Já vamos procurar ele.

— Meninos! O Shun já apareceu, não precisam procurá-lo, não quero que mais ninguém se perca. Entrem! – disse outra mulher que trabalhava no orfanato – Vou colocar uma nova tranca no portão dos fundos – Seiya saiu correndo para dentro da casa para ver se seu amigo estava bem – Devagar Seiya! Não se esqueça de tirar os sapatos!

Nachi entrou em seguida mais devagar que Seiya também preocupado. A funcionária do orfanato deixou a porta encostada para que Jabu e Geki entrassem. Os últimos já resmungavam antes de entrar e Koré estava atenta as palavras e reações dos meninos.

— Então o bebê chorão do irmão do Ikki conseguiu voltar – disse o mais baixo – Acho que o subestimamos.

— Pelo menos não seremos pegos pela nossa pegadinha. Acho que pelo menos ele deve ter ficado assustado em algum momento – riu.

— Ele já estava com medo quando eu o larguei para se esconder sozinho – abriu a porta – Vamos entrar.

— Sim.

“Também há pequenos humanos ruins” – pensou a deusa – “Não posso dizer que meu marido esteja completamente errado a respeito dos humanos. Até os pequenos botões de flores podem pegar uma praga e não florescerem” – caminhava para fora do orfanato – “No entanto, eu acredito que possa haver esperança se existirem mais girassóis** como o pequeno Shun” – sorriu ao lembrar da doçura de menino que conhecera.

...

Muito havia acontecido naquela primavera e Perséfone não pode cumprir com sua promessa de rever o seu amiguinho humano. Ela ficou aliviada por não o ver em seu retorno ao submundo, o que significava que os “curandeiros” conseguiram cuidar bem da criança. Com o passar do tempo a lembrança do encontro com a criança do orfanato de olhos claros ficava cada vez mais distante na mente da deusa que tinha outras preocupações como o prazo para uma nova Guerra Santa que se aproximava. Novamente não tomaria partido, mas, esperava que no final das contas tudo acabasse bem e que pudesse trazer a primavera novamente para alegrar os olhos de quem precisava do colorido em suas vidas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Referência a minha outra fanfic chamada “O Sacrifício Doloroso”.
link: https://fanfiction.com.br/historia/781389/O_Sacrificio_Doloroso/

**O Girassol é conhecido como a flor do sol e como Perséfone “coroou” o Shun como o principezinho da luz, nada mais justo do que fazer referência a essa flor. A deusa quis dizer que se houverem mais pessoas iluminadas como ele, a esperança de um mundo (sociedade) melhor é possível.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Espero que tenham gostado da surpresa! Abraços e até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aquela Primavera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.