Uma Caipira em Minha Vida escrita por Gibaroni


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ele sorriu e eu me perdi naquele momento. Ele não havia me notado; talvez isso seja algo bom, só assim eu poderia observar e contemplar a obra de arte que é a sua beleza. Ele era tão diferente de todos os garotos que eu havia conhecido nesses meus dezesseis anos. Eu sabia que não deveria estar alimentando – digamos – uma paixonite por Noah Centineo, afinal ele era um babaca convencido, e pelo pouco tempo que estou por aqui, já percebi que o seu tipo são as barbies populares do colegial e por isso eu sabia que o belo garoto de olhos tão marcantes jamais olharia para uma garota como eu de sotaque caipira e que usa camisa xadrez, calça jeans e botas de cowboy, afinal eu vim do texas e do campo e por lá todos se vestem como eu – que é algo considerado normal –, mas por essa bandas da Califórnia eu mais pareço um extraterrestre do que como uma jovem adolescente. Todos por aqui me olham e me encaram como se eu tivesse alguma doença contagiosa. A única amiga que fiz nessas duas semanas por aqui foi Emmy, que assim como eu é estranha e solitária. Ela está na minha turma de espanhol e desde o dia que entrei na sala dos professores achando que era a secretária, ela não desgruda mais de mim; na verdade se não fosse por ela eu não havia sobrevivido nem o primeiro dia por aqui.

— Elle, eu estou te dizendo, a Stace é uma vadia de peitos caídos, que usa aqueles sutiãs super caros da Victoria Secrets para parecer que tem uns super peitões e fazer os caras babarem por ela, sem contar que aquele cabelo loiro dela tá bem danificado. – Emmy fala rindo e apontando para um grupo de meninas que passa no meio da roda dos meninos do futebol. De longe avisto Noah amarrando suas chuteiras, sentado no campo um pouco distante do seu grupo e então posso ver Stace e suas seguidoras indo em direção a eles. – Porra, Centineo, como você consegue, cara? – Sou arrancada de meus pensamentos pela revolta de Emmy ao ver Noah se levantando e selando seus lábios ao de Stace. Digamos que eles tem um lance, como ele diz por aí. – Sério, Elle, como você consegue ver eles juntos e não vomitar? Tipo, ele é o seu "irmão" agora, você deveria socar a cara dele e dizer que essa garota é muito escrota, mano. 

Emmy me diz essas palavras já me puxando pela mão e me arrastando para o campo onde eles estavam. Quando me dou conta de que ela estava me levando até onde Noah se amassava com sua "namorada", eu travei e respirei fundo vendo aqueles globos azuis de Emmy parar e me encarar. Impedindo qualquer coisa que ela pudesse me dizer, eu me virei e saí correndo em direção contrária, mas antes de chegar ao banheiro feminino já sem fôlego, tropeço e surpreendentemente, não encontro o chão como imaginei que encontraria, pois sinto duas mãos grandes me segurar pela cintura, e no instante seguinte ouço a voz de Matt Becker perguntando se eu estava bem. Finalmente me recomponho e depois de recuperar meu fôlego, olho para meu salvador e respondo que sim, eu estava bem; fui logo o agradecendo por evitar que eu encontrasse com o chão logo cedo.

— Matt, muito obrigado por evitar minha queda desastrada – Digo colocando uma mecha das minhas tranças atrás da orelha, ficando vermelha de vergonha com o toque de seus dedos no meu queixo; eles eram suaves e seu cheiro era de um amadeirado adocicado.

— Não tem de quê, gatinha, eu não poderia te ver caindo bem na minha frente e não fazer nada para evitar essa fatalidade, bebê. 

A forma como ele disse me deixou sem graça, mesmo contra a minha vontade. Realmente, Matt era um galanteador, agora eu podia entender porque as garotas caíam de paixão por ele. E como todo garoto conquistador, ele não deixava de aproveitar de todas as formas possíveis esse fato. Eu admito, o acastanhado é bem gatinho, mas o que tem de belo tem de galinha. Ele e Noah disputam a tapas quem é o mais galinha de toda a escola. 

— Bom, Elle, eu preciso ir – Diz, me dando um beijo demorado na bochecha, antes de sai correndo em direção ao campo onde certamente irá se encontrar com o restante do time de futebol.

— Garota, o que deu em você? – Ouço Emmy gritar comigo, abrindo a porta do banheiro enquanto eu lavava meu rosto suado. – Você saiu correndo que nem uma louca e me deixou lá com cara de boba e o time todo me encarando. – Esbraveja enquanto entra em um dos sanitários.

— Sei lá, eu vi o Noah me olhando e fiquei sem reação. Além disso, também estava enjoada e antes que passasse mais vergonha na frente deles eu resolvi vir ao banheiro, e bom, eu quase que não consigo chegar até aqui inteira. 

No instante seguinte, eu conto tudo a ela sobre o bravo e heróico salvamento de Matt Becker, e ela se derrete de amores, dizendo que protagonizamos uma verdadeira cena de um de seus filmes clichês para adolescentes. E para deixar ainda mais estranho o meu dia, ouço dela no instante seguinte, que Matt tem uma quedinha por mim, o que me fez achar ser um grande exagero de sua parte; ele só falou comigo duas vez, e nas duas vezes foi evitando que eu quebrasse meu nariz ao encontrar o chão.

O dia havia sido bem entediante e rotineiro como todos os outros desde que vim para essa cidade completamente diferente da qual eu vivia. Havia acabado de tomar meu banho quando ouço batidas na minha porta; não demorei a ouvir o momento em que ela se abre, fazendo-me, consequentemente, encontrar Noah com os cabelos negros úmidos e com aquele sorriso lindo nos lábios. Desviei meus olhos para os brilhantes olhos âmbar dele, ao ouvir sua voz. Ele estava a procura de minha mãe. Eu apenas me limitei dizendo que ela deveria estar na cozinha preparando o jantar e então o vi desaparecer fechando a porta e me deixando outra vez no silêncio do quarto da empregada.


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Notas finais do capítulo

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