Delinquente. Era assim como todos chamavam o novato Richard Scott. Tudo aparentava que ele havia sido transferido e rolavam boatos de que seu pai resolveu trazê-lo para cá, pois ele estava envolvido com drogas e começando a traficá-las.

Eu particularmente não acreditava – não muito – e tenho certeza; se não fosse por seu estilo; sua preferência por preto, coisa bem normal entre os jovens, passaria rapidamente de delinquente para deus grego.

Sabe como é, Richard tem aquele estereótipo que chama a atenção de todas e atrai a todas. Alto; musculoso; com aqueles olhos completamente azuis, nos dando a vontade de mergulhar; o cabelo mais loiro platinado que pode existir, como se mais sedoso não existisse e aquele sorriso extremamente branco de dentes perfeitos, como se tivesse vindo diretamente de uma propaganda de creme dental.

Às vezes, gostaria de não ter brigado com meu pai naquela noite, sobre ele querer me internar devido as vozes que ouvia e ver pessoas que não estavam vivas. Mas se não fosse a discussão que tive com meu pai, eu nunca saberia a verdade sobre o novato. Nem a minha.

Após a briga, sai de casa e resolvi andar pelas ruas. Não havia movimento, tudo estava calmo e silencioso. Dirigi-me para uma praça perto de minha casa e sentei em um balanço que se encontrava ao fundo. Ele passaria completamente despercebido devido à penumbra na qual se encontrava

Até que eu o vi. Ele estava correndo atrás de um rapaz e segurava uma espada azul elétrica. Estão tudo aconteceu muito rápido. O outro rapaz bateu seu pé no chão e este se abriu, saindo várias formas fantasmagóricas e atacarem Richard, enquanto ele tentava se proteger e proferir golpes nas coisas tremeluzentes.

Peguei meu celular que se encontrava no bolso da minha calça, dando graças a Deus por ele ter câmera e comecei a filmar tudo, caso mais tarde eu precisasse de provas.

Parei de filmar assim que eles sumiram e fui para casa, evitando pensar nos últimos acontecimentos. No dia seguinte, esperei todos entrarem nas salas e o abordei, querendo saber o que ele estava fazendo e o que era aquelas criaturas. Ele negou tudo e debochou, dizendo que eu até estava sonhando com ele.

Abri minha bolsa, procurando meu celular e comecei a mostrar o vídeo. Senti meu braço ser puxado abruptamente e ficar trancada em uma sala escura com o novato.

Então percebi que as criaturas que brotaram do chão não estavam aparecendo, e que Richard recebia golpes do nada e tentava atingir esse nada. Olhei-o de forma interrogativa, querendo saber do que tudo se tratava e porque eu havia visto aquela fumaça sair do chão e o atacar.

Caçador. Foi o nome que ele deu para si e disse que eu também era, já que pude ver os mortos que ele atacava. E também me chamou para ir com ele.

Disse que me ensinaria a lutar, a me proteger e identificar com o que lidaria. Talvez desse certo, e quem sabe assim, poderia enfim entender o que eu realmente era.