Devout escrita por Stormborn


Capítulo 3
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Notas iniciais do capítulo

dispensar

transitivo direto e bitransitivo e pronominal
desobrigar (a si ou a outro) [de]; isentar, liberar.

bitransitivo
conceder, conferir.



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— Por que eu tenho a impressão de que você não está dando tudo de si?

A voz de Boruto não carrega malícia, ela contém apenas um divertimento que reacende a fagulha de competitividade em Sarada e a faz sorrir em antecipação; missões são divertidas, ela consegue admitir, mas nada supera a adrenalina de uma batalha com o seu rival.

Eles se encontram numa série de taijutsus rápidos e tomam distância um do outro novamente, calculando bem o próximo movimento. Nenhum dos dois quer perder, ainda mais quando o prêmio segue pendurado tentadoramente numa árvore mais afastada da clareira.

— Você vai perder, Boruto. — Ela provoca.

Sarada vê quando seu oponente se desestabiliza por alguns segundos e aproveita a abertura para engajar em Boruto mais uma vez. Eles continuam se encontrando em séries de luta a curta distância, até que Sarada finalmente sente o peso de tanta descarga de chakra e colapsa de joelhos no chão, seus pés tremendo e sua respiração ofegante. Konohamaru-sensei intervém e declara o duelo encerrado, com vitória para Boruto.

Sarada não deixa de notar o sorriso orgulhoso que ele exibe para seus dois alunos e, mesmo cansada, ela retribui o gesto do seu professor.

Mitsuki, que acompanhara o exercício de cima de uma árvore, salta ao seu lado e aplaude o trabalho duro de seus companheiros. Seu sorriso habitual está em seus finos lábios, e Sarada sabe pelo brilho incomum de seus olhos amarelos que ele ficou satisfeito com o que viu.

Uchiha Sarada fecha os olhos e se concentra em acalmar a respiração.

Por hora, ela aceitaria a derrota.

Barulhos de passos ecoam pelo gramado baixo e ela percebe, tardiamente, que é Boruto quem está se aproximando. Ele não diz nada, nem mesmo canta vitória, e apenas estende a mão direita para que ela possa se erguer. Sarada acha a atitude do garoto no mínimo esquisita mas, no fim, aceita a ajuda com gratidão.

Ela consegue sentir o olhar curioso de Mitsuki sob suas mãos dadas e, mesmo que o ato não seja comprometedor, Sarada sente as bochechas coraram levemente. E, para piorar, ela sabe que Mitsuki também está analisando sua reação exagerada.

Como se a palma de Boruto queimasse, Sarada retira sua mão da dele e toma uma distância mais confortável do Uzumaki.

Desatento as interações do próprio time, Konohamaru-sensei olha para o céu e com uma exclamação de surpresa, constata que já passou da hora de liberar seus genin do treinamento diário, antes que ele receba uma visita nem tão agradável de Sakura ou até mesmo Hinata.

— Desculpe, Mitsuki, nosso confronto vai ter que ficar para próxima. Vocês estão dispensados! — Konohamaru se despede com um último sorriso agitado e desaparece num redemoinho de folhas.

— Aa, eu estava ansioso para enfrentar o sensei. — Mitsuki se espreguiça e caminha até o lado de Boruto. — Vai precisar ir pro médico dessa vez também, Boruto?

Uzumaki Boruto fica visivelmente sem graça com a menção de sua mais recente derrota para Sarada num dos treinamentos em time e tenta disfarçar seu embaraçamento gritando com Mitsuki, que apenas o olha como se já esperasse tal reação. Sarada acompanha o argumento dos dois com um sorriso genuíno nos lábios, o cansaço até esquecido em favor do sentimento caloroso que invade seu coração nas tardes ensolaradas ao lado do Time 7.

— Oe, Sarada, sua cara tá muito feliz para quem acabou de tomar uma surra, dattebasa!

Ela tinha o temperamento curto de sua mãe e por isso não pôde deixar de começar a discutir com o garoto, mesmo que nem ao menos tivesse mais energia para isso ou tivesse ficado afetada pelo comentário em si de fato. Pelo menos, nem tão afetada assim.

A verdade é que a maioria das discussões que Sarada tinha com Boruto era mais por hábito e uma sensação inquietante que ela tinha de que era o certo a se fazer; que ela deveria ser antagonista do Uzumaki e vice versa para que os dois permanecessem no caminho certo, do trabalho árduo e crescimento constante como shinobi.

— Vocês definitivamente ficam bem juntos. — Ela viu então Mitsuki se afastar dos dois e desprender da árvore o prêmio pelo treinamento do dia, um bento feito especialmente pela mãe de Boruto, Hyuuga Hinata.

A frase ressoou pela clareira e demorou a registrar no ouvido dos dois.

Quando eles se viram para retrucar, percebem tarde demais que Mitsuki já havia desaparecido.

Sarada suspira e pega sua mochila do chão; ela não precisa olhar duas vezes para saber que seu companheiro de time havia levado não só o bento especial da árvore, como também o seu próprio almoço. Boruto ainda estava tentando não perder a cabeça com o que Mitsuki displicentemente jogara no ar, Sarada podia ouvir, e ainda não havia percebido que também ficara sem comida.

— Aa, não tem jeito. Boruto, vamos comer lá em casa, Okaasan vai gostar de ver você.

A Uchiha não espera para ouvir uma resposta e começa a andar em direção a estação de trem. Ela ouve Boruto soltar exclamações de surpresa e pedidos para que ela o espere, mas Sarada finge não escutar. Para a sua surpresa, Boruto pega no seu braço e a faz parar de andar, quase a virando em sua direção com a força do momentum.

Sua voz é séria quando ele volta a falar, mas seus olhos têm uma ternura incomum.

— Vê se da próxima vez descansa antes de vir treinar, eu quero te derrotar com você dando o seu máximo sempre.

Sarada apenas encara seus olhos estupidamente azuis antes de sorrir e se desvencilhar de sua mão, voltando a andar.


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