Devout escrita por Stormborn


Capítulo 1
Lively


Notas iniciais do capítulo

vivo
adjetivo
1.
que vive, que tem vida; vivente.

2.
cheio de vivacidade, entusiasmo, vigor; animado, vivaz.



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A primeira coisa que Uchiha Sarada nota ao ver Uzumaki Boruto pela primeira vez é que ele não é nem um pouco parecido com o Nanadaime das histórias que sua mãe lhe conta antes de dormir.

Claro, sua aparência denuncia o parentesco com Naruto - cabelos loiros e olhos azuis são comuns, traços semelhantes a uma raposa nem tanto. Mas o jeito como sua postura permanece tensa durante todo o encontro, mesmo que seu pai estivesse bem do seu lado, e o modo como o garoto lhe encara como se soubesse de seu maior segredo denunciam a distância que existe entre Boruto e um garoto travesso e propositalmente barulhento.

­­— Eu aposto que eles vão se dar muito bem. — A voz do Nanadaime a faz desviar o olhar do garoto para o kage. Ele coça o queixo pensativamente, enquanto olha de seu filho para Sarada, e de Sarada para seu filho. — Afinal, nós somos bons amigos, Sakura-chan!

— Não há dúvidas, Naruto. — Sarada consegue ouvir o sorriso de sua mãe ao responder, e ela imediatamente se pergunta de onde os adultos tiram tanta certeza das coisas; para ela, uma amizade com o garoto a sua frente parecia muito distante da realidade. — Mas eles definitivamente vão ser que nem você e Sasuke-kun eram antigamente.

Seu interesse pela conversa aumenta quando Sakura menciona o nome de seu pai. Ultimamente, ela se encontrava com mais e mais vontade de saber do misterioso shinobi que lhe dera seu sobrenome, ao mesmo tempo em que se via relutante de fazer tantas perguntas quando claramente ninguém as queria responder com muita animosidade, exceto por sua mãe e também quando tópicos sensíveis não eram abordados, como por que o papai não está aqui, mãe?

Sentindo a agitação de sua filha, Haruno Sakura coloca uma mão no seu pequenino ombro e lhe sorri ainda mais abertamente.

— Você é muito parecida com seu pai, Sarada. Não só em aparência.

Boruto escolhe aquele momento para chamar atenção para si através de uma bufada de indiferença, e Sarada fica com a ligeira impressão de que ele estava esperando esse tempo todo por esse exato ponto da conversa. Ela percebeu que ele ainda a encarava.

— Oe, seu pai é como o meu? — A voz de Boruto é a padrão de um garoto da sua idade, mas o desdém velado pela palavra ‘pai’ não escapa aos ouvidos de Sarada, e a faz ver uma certa aspereza no Uzumaki que ela só conhecia antes nos livros de história.

Sarada não sabe ao certo como responder e isso a pega de surpresa; tudo o que ela sabe dos dois shinobi havia sido contado por sua mãe. E não é que ela ache que Sakura exagere as histórias ou conte mentiras, mas Sarada é esperta o suficiente para entender que certas coisas ela só vai saber cem por cento quando for mais velha e os adultos a tratarem com um pouco mais de seriedade.

Sarada franze o cenho.

— Como assim?

Boruto levanta seu braço esquerdo e aponta com o polegar para seu pai, que o olha com certa reprovação.

— Igual a ele, sabe. Sumido.

Naruto imediatamente repreende seu filho, com a voz grossa e a autoridade de um Hokage. Boruto não se intimida, nem mesmo quando recebe um tapa na cabeça e logo ouve para ter mais respeito pelo próprio pai. Sarada não tarda a perceber que Boruto parece até gostar daquela situação.

Ela olha de relance para sua mãe e percebe, como suspeitava, que o sorriso de Sakura agora era afetado, e um sentimento muito semelhante ao que a própria Sarada sentia pensando em Sasuke rodava por seus olhos verdes e agora tristes.

Decidindo que já era o suficiente e que elas duas poderiam continuar em sua caminhada sem parecer desrespeitoso para com o kage, Sarada pega na mão de Sakura e a puxa na direção em que elas estavam se dirigindo antes de ser interrompidas.

Ela vagamente registra que sua mãe se despediu de Naruto e Boruto, desculpando-se pela pressa da filha. É somente quando elas abrem uma relativa distância dos dois homens que ela solta a mão de sua mãe. De repente, ela pára de andar e se volta para Boruto, que a observava se afastar.

— Não espere que eu vá ser sua amiga por causa de nossos pais... Boruto.

Sarada vê quando ele cruza os braços e sorri pela primeira vez durante o encontro, embora por uma animosidade diferente, num jeito velado de provocação e desafio.

— Digo o mesmo... Uchiha.

Sarada sente o coração palpitar mais forte ao ouvir o nome de sua família. Ela não sente particularmente orgulho do sobrenome, tendo pouco conhecimento da história do clã de seu pai, mas ela sabe que é uma das coisas que liga seus sentimentos aos de sua mãe e seu pai também. Uchiha...

Ela sorri discretamente e volta a andar ao lado de sua mãe.

Uchiha Sarada sabe que a base de sua amizade com Uzumaki Boruto foi fundada, bem ali, sob o reconhecimento mútuo que nem mesmo adultos são capazes de ter sobre duas crianças querendo ser amadas por seus pais mais que tudo nessa vida.


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