Quando eu pensava que tudo ia dar certo, que nós iríamos ganhar as nacionais, que voltariamos para o McKinley High School como vencendores, tudo desmorona.

~Flashback~

08 de maio 2012

Estavamos ansiosos para a apresentação, eu estava com o nervo a flor da pele, primeiro por que em 5 e 5 minutos o Finn vem falar comigo sobre a nossa volta que nao vai acontecer, segundo nao estou me sentindo muito bem, terceiro o Jesse entrou no clube, afim de querer reatar o relacionamento. 
Eu so queria um momento de paz antes de entrarmos em cena, então minha mente teve a brilhante ideia de ir para o único lugar no qual nem Finn ou Jesse podem entrar, o banheiro feminino. Me levantei do sofá e caminhei em passos rápidos para fora daquela sala, ainda escutei alguém chamar o meu nome porém não parei para procurar o dono da mesma. 
Assim que cheguei no banheiro pude respirar aliviada, parei enfrente a uma pia e me olhei no espelho por uns longos segundos, pisquei várias vezes e sacudir a cabeça, abrir a torneira, molhei a minha mão e passei ela molhada em meu pescoço, aquela água me relaxou um pouco. 
Meu coração estava dizendo que algo iria acontecer, so nao sabia se era coisa boa ou ruim. Escutei o primeiro chamado para a nossa apresentação, respirei fundo e me guiei para atrás do palco, afinal sabia que todos ja deveriam esta indo para lá.
Me posicionei atrás da cortinas, sentir o Finn se colocar ao meu lado.

—Quebre as pernas_ Foi a única coisa ele disse antes de abrirem as cortinas e nós iniciar a apresentação.

A melodia de Pretending ecoou pelo teatro e logo Finn e eu, começamos o dueto.
A musica era carregada de sentimentos de ambos, parecia que nossos corações estavam dilacerados, qualquer um podia vê e perceber que havia alguma coisa errada entre nós dois.
No fim da música, se aproximamos e Finn nao se conteve e me puxou para um beijo. 
E foi naquele momento que tudo desmoronou sobre mim

~Flashback off~

Today. 10 de junho de 2012.

Faziam exatamente 31 dias desde nossa desclassificaçao das Nacionais, desde a Santana tentando me dar uma surra, desde o Jesse tagarelando que o beijo fez a gente sair da competição, desde os olhares de desprezos que recebi dos meus "amigos". Isso tudo por causa de algo que nao foi a minha culpa, mas seria óbvio que nao iriam culpar o Finn, afinal ele era o capitão do time.
Finn até tentou me procurar, mas depois de um tempo percebeu que eu nao iria retribuir, então passou a me culpar também. Depois de tudo, até eu me culpo.
Hoje meu pai me obrigou a sair da cama e ir para o Colégio, mas como que eu poderia encara-los? Estava dificil me encara no meu proprio espelho. 
Estava cansada, cansada de ouvir "Por sua culpa perdemos as nacionais", "Por que não morre logo?", "Berry, seus pais devem sentir vergonha de você",.

Por um deslize acabei sendo alvo de raspadinha, não que isso não seja comum, pois desde que terminei com Finn, elas se tornaram mais frequentes.
Suspirei e caminhei para o banheiro, parei na frente da pia, lavei meu rosto e depois entrei na cabine para trocar de roupa, joguei a roupa suja no lixo, afinal depois de um tempo a gente aprende que por mais que tente a mancha da raspadinha nao sai.
Peguei minha mochila e caminhei para a aula de história, pedi licença para o professor que não gostou nada do meu atraso mas nao se opôs a minha entrada.
Sentei na penúltima cadeira e me encolhi ali mesmo, ouvi uma movimentação atras de mim e ja sabia que vinha bomba.

Hey Berry, soube que seu pai so ficou contigo por que não teve opções. Que se ele soubesse que você se tornaria uma inútil, teria te deixado no mesmo local que te achou, no lixeiro.
.- Um sussurro no pé do meu ouvido se fez presente.

Fechei minha mão com tanta força que sentir minha unha cravar na minha pele. Respirei fundo e continuei olhando para frente, antigamente eu teria dado uma resposta a altura, mas agora, sigo calada.
Quem diria, que um dia Rachel Berry perderia a voz.
A aula passou devagar e aquele idiota ainda sussurrava no pé do meu ouvido, ja nao aguentava mais ele ali, quando o horário bateu, esperei ele levantar e me levantei em seguida, antes dele sair de trás de mim empurrei a cadeira com força para tras fazendo a mesma bater na mesa e ela cair sobre ele.
Antes mesmo que ele pudesse fazer alguma coisa, sair rapidamente. Segui meu horário normalmente até que chegou a última aula.

Clube do coral.- Falei baixo, respirei fundo e adentrei no local, o barulho cessou rapidamente, levantei o meu olhar e cada um dos meus colegas olhavam de forma diferente para mim.
Mercedes e Kurt ainda me olhavam com desprezo. Tina, Sam, Puck, Artie e Finn nao olhavam para mim. Brittany atônita sobre o que tava havendo ali. Santana me olhava com deboche, Quinn seu olhar era indecifrável, Mike sorriu, e o Senhor Shue agiu como se eu não estivesse ali.

E o coelho saiu da toca.- Santana falou quebrando o silêncio. Não liguei e me encaminhei para a cadeira mais longe de todos. Fiquem aérea por um longo tempo, não prestei atenção no que o senhor Shue falava, so me dei conta que era comigo quando percebi que todos me olhavam. Sacudi a cabeça e pedi para ele repetir.

Falei que você nao terá solo na proxima apresentação.- Comentou impaciente. Dei de ombros e continuei perdida em pensamentos. Aparentemente todos ficaram surpresos, afinal Rachel Berry sempre brigava por solos.

Certo, continuando...- Não escutei mais nada depois disso, e consequentemente nao percebir dois olhares em mim.

Olhei no relógio e ja estava quase no fim da aula, peguei minha mochila, levantei e simplesmente sair antes mesmo do sinal tocar. Ouvi senhor Shue chamar meu nome porém ignorei completamente, passei pela porta e segui meu caminho sem olhar para trás.
Sentia tudo dentro de mim se quebrar, não tinha vontade de continuar indo as aulas, meu sonho de ir para Broadway estava se apagando cada vez mais. Passei na frente de um mercado, parei, dei meia volta e entrei no mesmo. Caminhei até a seçao de bebidas e peguei duas garrafas de vodca, caminhei até o balconista que me olhou com o cenho franzindo, abrir minha carteira peguei minha identidade falsa que o Puck tinha feito para todos da turma do coral, coloquei no balcao, olhei para o lado e tinha um maço de cigarro a venda, peguei o mesmo e coloquei perto das garrafas, e aguardei o homem terminar de somar. Ele não fez nenhuma pergunta, mas tinha a noção que ele sabia que a identidade era falsa, porém nao comentou nada.

Deu 27 dólares.- Coloquei o dinheiro no balcão, peguei as minhas e disse que ele poderia ficar com o troco.

Sair do mercado colocando aquela sacola dentro da minha mochila, não queria que meus pais vissem as bebidas e muito menos o cigarro, caminhei em passos lentos na direção da minha casa, quando cheguei, fui na cozinha pegar um copo e encontrei um bilhete na porta da geladeira.

"Estrelinha, seu pai e eu tivemos um imprevisto por causa do trabalho, chegaremos amanhã a noite. Deixamos dinheiro para você comprar alguma coisa para se alimentar, não é para faltar o Colégio. Com amor pai e papai"

Confesso que fiquei aliviada, amo os meus pais, porém eles estão me sufocando, sempre me enchendo de perguntas, sendo que eu só queria ficar um pouco só. 
Depois de pegar o copo, caminhei direto para o meu quarto, abrir a porta, entrei e mesmo sabendo que não seria incomodada tranquei o mesmo.
Caminhei até a minha cama e sentei, coloquei o copo na mesa de estudo, coloquei minha mochila na cama e abrir, tirei as coisas que comprei no mercado, deixando-as sobre a mesa também. Joguei minha mochila no chão, peguei uma garrafa e abrir, despejei o líquido dentro do copo, assim que enchi por completo, peguei e virei dentro da minha boca. Sentir minha garganta queimando, procurei não pensar muito e enchi novamento o copo, bebi 1, 2, 3, 4.. Parei quando a primeira garrafa estava totalmente vazia. Ja não sentia mais meus lábios, minha garganta ja não queimava como antes, meu juízo ja não se fazia mais presente.
Escutei meu celular tocar e a voz de Barbra ecoar pelo meu quarto. E meu coraçao doeu, botei a mão sobre o meu peito e apertei ali.
As lágrimas escorriam sem permissão pela minha face, e logo um grito se desprendeu da minha garganta, e se envolveu com a música, parecia que a vida estava me lembrando que eu não iria mais seguir aquele sonho, que eu fui burra o suficiente para estraga-lo. Limpei meus olhos e olhei ao redor, os posteres, as fotografias, pareciam debochar da minha situação, então me levantei cambaleando e fui até a parede, puxava os posteres com raiva, fui tirando e rasgando cada um que estava na minha parede.
Quando terminei joguei tudo na lata do lixo, meu quarto ja não tinha mais vida, assim como eu. Ele se tornou o retrato do que tinha dentro de mim, um lugar vazio.
Cambaleei de volta para a minha cama e me joguei encima dela, pude ouvir a campainha tocar antes de apagar completamente.