Me And Death escrita por werneckelis


Capítulo 4
Quarto


Notas iniciais do capítulo

Por que era tão difícil ficar longe dela?
Cada dia que se passava mais eu desejava ficar perto dela, mas o que fazer quando não se pode ficar ao lado de quem ama?



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- Hoje trouxe algo para você comer. - Ela vinha em minha direção com um pote cheio de morangos.
Não gostava de vê-la em forma de gente. Era estranho e patético para mim.
- Pra que tudo isso? - Disse revirando os olhos enquanto me sentava em minha cama observando-a pegar mais alguns morangos e come-los.
- Não está feliz em eu ter vindo te ver? - Ela soltou uma gargalhada alta e forte. - Sempre é você quem me procura, achei que seria legal vir te ver hoje.
- Quem é esse? - Perguntei puxando um livro para perto sem lhe dar atenção.
- Não sei direito. - Disse se olhando no espelho.
- Você não reflete. - Lembrei.
- Obrigado. Não sei o que seria sem você. Mas... Você não gostou? - Disse abrindo os braços e dando uma volta para que eu desse uma boa olhada.
- Não. Sabe que odeio quando você fica assim. - Retruquei.
Ela parecia não me ouvir, pulou pra cima de mim tentando me beijar. Aquilo me irritou, não tive outra escolha a não ser joga-la contra a parede. O barulho oco de seu corpo contra a parede era desastroso.
- Devolva o corpo ao ser e mais tarde nos falamos.. - Eu já tinha planos para isso. Mas não sabia se queria vê-la depois disso.
- Não me quer? - Seus olhos começavam a ficar vermelhos, não soube dizer se era por raiva de mim ou se estava decepcionada.

Enquanto eu observava seus olhos mudarem de cor, seu corpo também acompanhava os acontecimentos e em meio segundo ela havia se transformado na minha Morte. A original; cabelos longos pretos, rosto cadavérico e os ossos a mostra do pouco que escapava de seu longo vestido. Porém, os olhos continuavam vermelhos.
- Melhor? - Ela perguntou sentando na beirada da janela.
- Saia dai! Alguém pode te ver! - Puxei ela depressa dali e fechei as janelas.
- Sabe que ninguém pode me ver. - Disse rindo de mim.
Meu cérebro rodou e eu não saberia explicar o que acontecia dentro de mim, uma louca vontade de manda os outros mortais para o inferno e poder ficar com ela sem ter que dividi-la. Aquilo não era bom, eu sabia que ia...
- Você também deseja os outros? - Olhei categoricamente para seu rosto pálido.
Ela não me respondeu.
- Normas. - Foi o que ouvi sussurrar em meu ouvido depois de longos minutos em silêncio.
- Então você deseja todos aqueles malditos que insistem em se suicidar? Aqueles velhos caducos que são obrigados a morrer porque aqui ninguém mais os quer? - Explodi de uma só vez.
- Cale-se, Elis! Como pode imaginar que quero-os? Eu só quero você! Como pode ser tão tola? - Ela começava a ficar com raiva. E eu nunca tinha visto-a daquela forma.
- Sou tola porque te amo! - As palavras correram da minha boca antes que eu pudesse pensar em dizer. Aquilo atingido-a da forma que eu não queria.
- Cale-se ou... ou...
- Ou o que? Vai me transformar em um de seus queridos e amados ceifeiros? - Gritei me colocando de pé num pulo.
- Pare de se queixar de nada, garota! Até parece que nunca te contei sobre as malditas normas que tenho que seguir!
- Você não precisa deseja-los para dar seu sopro fatal! - Gritei mais ainda.
- Eu nunca desejei ninguém! Nem você naquele dia! Como pude deixar isso acontecer? - Ela se questionava enquanto olhava pro chão com as mãos na cabeça.
- Deixou? Oras, e eu? Escolhi me apaixonar pela horripilante e malvada Morte?
- Calada, Elis! Como se você soubesse o que é amor. Sabe que conheço você, sabe que sei que você jamais gostou de alguém. Eu sou só mais um dos seus objeto de refugio!
Refugio? Então ela não acreditava em meu amor por ela? Queria ter certeza do que ela falava, se ela realmente não acreditava no meu amor, ou se falava isso para me magoar. Peguei a única coisa que me mantinha cada vez mais perto dela e fiz com prazer. Ela revirou os olhos e nos encontramos longe demais da civilização.
- Por que que fez isso?
- De-me o sopro! O beijo! Ou seja la o que for! Acabe com tudo isso. Acabe comigo. Tire-me a vida e me dê a morte. De-me o cajado e tornarei-me uma ceifeira. - Disse de uma tacada só, decidida e estufada.
Ela estava perplexa demais para fazer minhas vontades.
- Onde esta o que você sente por mim? Eu lhe pedi para me matar! - Gritei.
Ela me puxou contra seu corpo rápido demais transformando tudo em borrões. Meus olhos se encheram de lagrimas, eu sentia o cheiro de seu halito fresco e fechei os olhos para não pensar duas vezes.
- É o que você quer? - Sua voz saiu mais rouca do que das outras vezes me fazendo sentir mais vontade ainda de dizer-lhe não.
Mas assenti com a cabeça. Não tinha voz para falar nada. Ela me beijou apressadamente como se aquilo fosse a ultima coisa que fazia - talvez fosse. Retribui com tamanho entusiasmo deixando dessa vez minhas mãos percorrerem seu corpo sem pudor. Eu não teria outra chance, teria? Eu queria aproveitar cada segundo com ela, sabendo que aquele seria o ultimo. Mas o beijo acabou antes que eu pudesse pensar em fazer aquilo eterno.
- Tem certeza disso, meu amor? - Tinha lagrimas em seus olhos.
Como a Morte podia chorar? Isso não era possível. Será que causava-lhe dor me matar? Fiquei perplexa tanto com sua pergunta quanto com suas lagrimas.
- Não. - Respondi respirando fundo.
- Ótimo. - Ela não sorrio, mas também não me soltou.
Assenti mais uma vez me desvinculando de seu abraço.
- Preciso ir. - Disse sem pensar duas vezes.
- Eu só permito você sair daqui se me dizer aquilo novamente. - Ela me apertou mais contra seu corpo.
- Do que esta falando? - Tentava empurra-la com mais força.
- Diga. - Disse me apertando como se quisesse que as palavras saíssem de minha boca sem minha permissão. Aquilo me assustava e me machucava.
- O que quer que eu diga, criatura?
- Sabe o que é. O que eu não posso sentir...
- Amor? - Perguntei com sarcasmo. - Ok, eu te amo.
- Ótimo. Vá. Não quero vê-la novamente.
E senti algo me puxar para longe.

 


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Notas finais do capítulo

Se gostar, POR FAVOR faça comentario. Se leu, se gostou, se não gostou, qualquer coisa. Só para eu saber que está havendo retorno por aqui.



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