V E N U S - Origin (Segunda Temporada) escrita por badgalkel


Capítulo 3
2.2 Callisto




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Segundo planeta da décima galáxia. Sovereign, Via Cósmica.

A escuridão.

Esta tomava posse de todo o cenário em um infinito de breu lastimável.

Harriet não enxergava um palmo a sua frente, simplesmente vagava pelo nada de sombras recorrentes.

Ao longe, uma faísca avermelhada irrompeu e destoou toda aquela escuridão. Chamando-lhe a atenção.

A iluminação era fraca, mas já permitia que Harriet conferisse o próprio corpo e notasse que estava coberta apenas por um vestido de seda da cor preta, qual batia na altura de suas coxas.

Assim que constatou que seus pés descalços não tocavam o solo abaixo de si, percebeu estar flutuando. Contudo, antes que pudesse se desesperar por tal fato, a iluminação se intensificou piscando vagarosamente em sua direção.

Seu ritmo compassado era hipnótico e Harriet sentiu-se imediatamente atraída por tal luz avermelhada. A medida que se aproximava da luz, de suas costas surgiam asas gigantes com penugem negra. Estas, completamente sombrias.

Surpreendentemente, ela não hesitou em seguir em frente e ignorar aquele fato, voando feito um anjo diabólico enfeitiçado pelo ponto brilhante.

Assim que atravessou a faísca iluminada caiu de joelhos em um solo barroso, machucando-os por estarem descobertos.

Percebeu agora estar trajada com o uniforme do exército. Saia da coloração verde musgo, camisa social bege de mangas compridas adequadamente limpa e passada, gravata enlaçada perfeitamente, cabelos presos em um coque impecável escondidos sob um cape igualmente verde musgo.

As asas haviam desaparecido.

Ao olhar ao seu redor seu peito congelou.

Soldados ensanguentados caídos aos montes aos seus lados gemendo de dor enquanto outros, ainda sem ferimentos graves, corriam em diversas direções tentando desviar-se das bombas que caiam do céu claro.

Harriet se levantou rapidamente e correu.

Corria porque sua vida literalmente dependia disso. Sentiu seu pulmão suplicar por ar, mas não pôde parar, tinha que sair dali ou morreria. Atravessava a floresta densa e úmida ao lado de soldados de rostos desconhecidos.

 Dado um certo ponto o silêncio tomou conta do local, como se seus ouvidos tivessem sido arrancados de sua cabeça.

Ela olhou para trás de si, sem parar de correr, e acabou tropeçando nas raízes de uma arvore gigantesca.

Ergueu-se lentamente apoiando-se em suas mãos e notou um anel curioso em seu anelar direito. A pedra da cor vermelha destoava da sua pele pálida e, agora, suja de lama.

Assim que ergueu o rosto encontrou o homem a quem aquele anel era relacionado.

Ele estava sentado por entre as raízes da árvore e escorado em seu tronco, numa posição consideravelmente confortável. Em suas mãos, o cubo brilhoso de cor azulada, cintilando perigosamente.

— James! – Harriet gritou. – Vamos, largue isto! Temos que sair daqui!

O rapaz, que a pouco tinha a atenção voltada para a correria dos soldados por entre as arvores, virou em sua direção e sorriu ternamente.

— Meu amor. - Ela pronunciou, gatinhando em sua direção. – Querido, precisamos sair daqui!

Assim que sua mão que carregava o anel tocou a mão do rapaz, sua aparência foi se degradando. A sua pele aos poucos apodreceu, adquirindo uma cor esverdeada, um dos globos oculares do rapaz saltou para fora da órbita, de onde escorreu sangue vivo, seu braço direito deslocou-se do ombro, enquanto sua pulsação ia desacelerando até cessar por completo.

Ela gritou em desesperou: - James!

Ele estava morto.

A expressão em sua face representava a dor e o desespero, em uma assustadora sintonia agonizante.

Harriet agarrou-se as vestes ensanguentadas do rapaz aos prantos. Ali estava o corpo sem vida do homem por quem jurara seu amor eterno.

A correria ao redor deles cessou à medida que a vida de James se esvaiu. Os soldados pararam e olharam em sua direção para então desaparecerem, evaporando em fumaça cinzenta.

Os olhos de Harriet estavam embaçados por conta das lágrimas, portanto demorou a perceber que um dos soldados não evaporara e agora andava em sua direção em passadas firmes.

Ela piscou algumas vezes até que enxergasse quem era.

Steve Rogers a puxou pelo braço com violência, cuspindo com ódio na pronuncia de suas palavras de uma forma que ela nunca havia presenciado: - Olha o que você fez! Você acabou com ele, acabou com todos nós!

Steve puxou o queixo da jovem bruscamente, forçando-a olhar para o próprio rosto.

Metade da face de seu amigo estava desfigurada, como se um animal com garras afiadas tivesse as encravado ali e puxado-as, rasgando-o todo. O sangue escorria pelo seu pescoço até chegar em seus pés.

— Você fez isso conosco!

Dito essas palavras ele a jogou de volta ao chão.

 Caída por entra folhas secas notou que o vestido de seda e asas pretas retornaram.

 Ela rolou para o seu lado direito e deu de cara com Howard.

A expressão na face do seu irmão era indecifrável, petrificada. Harriet tocou-o com as costas da mão trêmula, e notou que sua pele estava gélida além de pálida. Ele estava deitado em posição fetal, agarrado aos próprios joelhos.

— Você não estava lá. – Ele sussurrou em sua direção. – Te procurei em todos os lugares. Você não estava lá.

— Howard... – murmurou engasgada.

Anjo da morte. – Dito isso ele sacou uma arma e pôs contra a própria cabeça, disparando-a logo em seguida. Seu crânio estourou, espalhando massa encefálica por todos os lados.

— Não! – Harriet esbravejou desesperada, abrindo os olhos com a respiração ofegante. Seu coração tamborilava em seu peito quase que o esmurrando, subindo e descendo em uma sintonia estressante.

Notou ter retornado ao quarto de paredes branco-gelo de detalhes em dourado e ergueu-se, sentando na cama com uma a mão sob o peito enquanto a outra apertava os lençóis dourados embaixo de si.

 Deslizou a mão que estava no peito para o ombro até chegar em suas costas, constatando que não havia mesmo asa alguma ali.

Suspirou aliviada.

 Ao encarar a mão direita ela finalmente notou a ausência do anel de noivado. Anel o qual ela procurava guardar consigo desde que o ganhara. Mesmo na base de Schimdt, onde ela insistiu por ficar com ele.

Procurou por entre os lençóis e até mesmo embaixo dos travesseiros, não encontrando nada apalpou o macacão dourado colado ao seu corpo. Por fim, deu de ombros.

Sua vida havia mudado drasticamente desde então. Imaginou que possa ter se perdido no espaço.

Puxa.

O espaço.

Sim, ela ainda estava em um planeta diferente do seu e cercada por alienígenas hospitaleiros. E aquelas imagens terríveis que rondavam a sua cabeça fora de um de seus pesadelos.

Ela havia se esquecido do efeito que aqueles malditos pesadelos tinham sobre si. Eles eram tão vívidos que podia crer serem reais se não fosse ainda mais crível a sua atual situação.

Passou a mão pelo rosto e tirou os cabelos grudados pelo suor de sua testa, saltando para fora da cama logo em seguida.

Precisava de água, sua boca estava amarga e os lábios ressecados.

Permitiu-se explorar o lugar em busca do líquido. Assim, saiu pela abertura na parede, tentando lembrar-se do caminho que fez até chegar ali.

Passados alguns minutos que estava perdida por aquela casa de formato estranho, ela pôde ouvir alguém cochichar. Antes que se anunciasse e pedisse que a ajudassem com a questão da água, ela entendeu a palavra terráquea e engoliu suas palavras, para que compreendesse o que os seres da sala ao lado conversavam.

“Soube que a suma sacerdotisa tem planos para ela” revelou um deles.

“Quais planos, torna-la uma de nós? Ainda não sei o que ela possa ter visto de tão interessante naquele ser desagradável. Os humanos são imundos” outro pronunciou com nojo.

“O conselho já deu a ordem, Ayesha tem totais poderes sobre a terráquea, assim como todos os recursos que ela bem quiser para explorá-la”

Espera um pouco, o que?

“O que acha que Ayesha vai fazer com ela? ”.

“ Fazer dela um ser inigualável” revelou um deles em tom de deboche.

Então eles não iam leva-la para casa, queriam fazer mais experimentos nela. Harriet já devia saber, a partir no momento em que a mulher da pele dourada demonstrara tamanho interesse em seus dons.

E ela não permitiria que outro cientista louco inserisse qualquer coisa que fosse em seu corpo, seja humano ou alienígena.

Se afobou, tinha que sair daquele lugar imediatamente, mas como?

Procurou por uma saída, uma daquelas aberturas tinha que dar lá fora.

Ao virar por um corredor, deu de cara com um dos soberanos que andava tranquilamente por ali. Ele estava vestido com roupas igualmente douradas, contudo estas pareciam ainda mais trabalhadas que as dos demais habitantes. Mesmo as de Ayesha.

Ele se assustou ao constatar Harriet no corredor.

— Ora, ora. – Ele pronunciou surpreso. – Deve ser a terráquea a qual todos estão comentando.

Harriet engoliu em seco e respirou fundo.

 Eles ainda não sabiam que ela havia descoberto suas intenções com ela, então procurou se acalmar.

— A própria.

O soberano sorriu ainda mais surpreso.

— Já aprendeu a se comunicar na nossa linguagem, legal!

Harriet franziu o cenho e abriu a boca algumas vezes antes de indagar:

— Estou falando de forma diferente?

— Se está querendo dizer diferente da sua língua-mãe, sim está. – Ele sorriu amigavelmente. – Os soberanos tem uma linguagem própria, a maioria dos outros seres galácticos demoram décadas para aprimorá-la. Estou surpreso que tenha aprendido em pouco menos de um dia.

— Como posso falar uma língua diferente se ao menos percebo isso?

— Talvez seja um de seus dons. – Supôs o rapaz.

— O que sabe sobre os meus dons? – Ela retrocou com a pergunta, arqueando a sobrancelha desconfiada.

— Não muito. – Deu de ombros. – Só sei o que vi pelas ruas. Rajadas cósmicas impressionantes, devo dizer.

— Obrigada. Eu acho – disse hesitante, em dúvida. Então, com a testa franzida, indagou: - Disse cósmicas?

— Sim. – Ele sorriu. – As propriedades das partículas de seus jatos energizados são provenientes de energia espacial.

— E sabe disso só os vendo? Mesmo de longe?

— Eu não sou só o príncipe de Sovereign, faço parte da equipe laboratorial e estratégica de segurança do nosso planeta.

— Eu ao menos sabia que você era príncipe. – Riu anasalada. – Quero dizer, vossa alteza?!

— Por favor, isso não é necessário. – Ele pediu sorrindo gentilmente. - Nós usamos energia cósmica na orbita do nosso planeta para nos proteger de eventuais ataques, então consigo reconhecer a composição á anos luz de distância.

— Então... essas rajadas que saem do meu corpo são energias do espaço sideral? Como isso é possível? – Indagou perplexa.

 - Esteve em contato direto com algum utensilio proveniente do espaço?

— Claro que n... – Ela engoliu a própria fala ao se lembrar do Tesseract. Tal objeto de origem duvidosa que Schmidt endeusava. O cientista louco costumava chama-lo de artefato enviado pelos deuses de outros mundos.

Quem garante que ele não adicionou resíduos do próprio Tesseract no soro que pediu para Alex inserir nela quando ainda estava no hospital se recuperando da explosão da execução do Projeto Renascimento.

— Está tudo bem? – Ele indagou.

— Está sim. – Garantiu ainda com a testa franzida. – Quando fizemos testes lá na terra, não sabíamos dizer ao menos se ficaria viva porque a composição dessa propriedade era de origem duvidosa e estava se alastrando pelo meu organismo. Nunca poderíamos imaginar uma coisa como tal.

— Desculpe dizer, mas era para você estar morta.

— Como disse? – Rebateu estupefata.

— Digo, para que você consiga manipular energia cósmica, de duas uma: você fora projetada para nascer com esse dom ou sofreu uma absorção completa de uma quantidade deste resíduo. Na última das alternativas, era para estar morta assim que o resíduo tivesse entrado em contato com o seu organismo. O organismo humano não tem capacidade de suportar esse contato.

— Está dizendo que eu não sou humana? – Indagou assustada.

— Não sei. – Ele riu descontraidamente. – Pode ser, mas se for, algo aconteceu para que suas células se tornassem tão resistentes.

A explosão.

— Nossa! – Suspirou aliviada e comentou distraída: – Gostaria de saber o que realmente aconteceu com meu corpo. Digo, eu era completamente normal e a cada dia venho adquirindo habilidades anormais por conta dessa composição.

— Podemos descobrir o porquê. – Disse. – A cápsula embrionária pode fazer um scanner do seu corpo e dizer exatamente quando e como os resíduos se consolidaram.

Harriet mirou o rapaz dourado desconfiada, lembrando-se dos comentários anteriores.

— Por que eu deveria confiar em você? Por que quer me ajudar?

O rapaz sorriu contido.

— Não têm de confiar em mim, eu só estou curioso com essa sua composição celular. Além de te ajudar a saber sobre a origem dos seus dons essa pesquisa poderia me mostrar como desenvolver energia cósmica proveniente de outros princípios além do espaço. – Ele deu de ombro para explicar em seguida: –  Nosso meio de coleta de energia cósmica vem desencadeando alguns problemas tóxicos em nosso povo.

Harriet mordeu o lábio inferior duvidosa. Ela não podia confiar em um deles, mesmo que parecesse inofensivo.

Contudo, saber o que andava acontecendo com seu corpo... ela precisava compreender isso.

— Depois que os resultados saírem você pode fazer o que quiser. – O rapaz garantiu.

— Até mesmo retornar ao meu planeta? – Indagou, perspicaz.

— Nada mais justo. – Ele sorriu.

— E você vai em ajudar a voltar para lá? – Questionou séria. – Se prometer que vai me enviar de volta ao meu planeta assim que saírem os resultados, eu entro naquela coisa esquisita.

O ser dourado analisou as suas opções rapidamente e assentiu, esticando a mão na direção de Harriet: - Dou a minha palavra, terráquea.

Harriet mira a mão no ar e pensa o quão aquilo era perigoso, mas ela não tinha outra alternativa. Não havia encontrado outra maneira que pudesse leva-la para longe dali. Então apertou a mão do rapaz e assim que o fez, teve uma forte sensação de que ele estava sendo verdadeiro em seus dizeres.

Franziu o cenho e mirou-o nos olhos, tão transparentes quanto as águas cristalinas dos rios de seu planeta. Seu rosto gritava honestidade.

Eles soltaram as mãos e logo o ser dourado a indicou o corredor pelo qual eles poderiam seguir.

Antes que saíssem para o lado externo, o rapaz a parou repentinamente.

— Só um detalhe, - disse ao se despir da sua capa de coloração dourada, e jogá-la por cima de Harriet. – Coloque isto. Para não chamar a atenção dos seguranças.

Ele arrumou a touca sob a cabeça da terráquea e a capa de modo que a cobrisse por inteiro. Harriet observava como delicadamente ele ajeitava seu cabelo para dentro da capa.

— Eu ao menos sei o seu nome, príncipe. – Ela soprou.

— Por favor, me chame apenas de Callisto. – Ele sorriu ao finalizar.

— Sou Harriet.

— É um prazer, Harriet. – Disse antes de segurá-la pela mão e saírem porta afora.

 


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Notas finais do capítulo

Olá caros leitores, espero que todos estejam bem!

Mais um capítulo aí em janeiro para vocês, adiantado, e espero que goxxxtem!
Se você gostou deste capítulo, considere deixar seu voto e/ou comentário. Seja sobre a impressão de vocês com o personagem novo ou opinar sobre como a Harriet vai sair dessa. Adoraria ler o que estão achando!!!

Beijos de luz, vejo vocês depois.



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