Firework - Jily jilytober escrita por sheweasley


Capítulo 1
Se beber, não aposte.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/783520/chapter/1

Eu Nunca.

 

Mais uma noite de sexta-feira caía no Comunal da Gryffindor, e com ela, o grupo costumeiro de quatro amigos se reunia perto da lareira carregando consigo algumas -muitas- garrafas de firewhisky contrabandeado. Veja bem, apesar de Sirius ser o mais velho entre os Marotos, nem mesmo ele tinha idade suficiente para beber legalmente, e mesmo que tivesse, aquela ainda era uma escola, bebidas não eram permitidas. Depois de um longo sermão de Remus -que foi completamente ignorado-, James e Sirius se cobriram com a capa e usaram uma das passagens secretas para ir até Hogsmeade e comprar algumas garrafas na surdina.

Eu sei o que você está pensando: “James, você é o Monitor-Chefe, está no sétimo ano, não deveria estar contrabandeando bebidas para dentro da escola.” Bem, você não acha que ele sabe disso? A questão é que James Potter e Sirius Black simplesmente não conseguem evitar quebrar algumas regras pelo menos uma vez por semana. Mas a bem da verdade, o garoto havia amadurecido bastante, como por exemplo, já era quase Halloween e ele ainda não havia pego sequer uma detenção, faltado aula ou infernizado o Ranhoso -por mais que ele merecesse-. O capitão do time da Gryffindor era um novo homem, e não era difícil saber o motivo, ele estava descendo as escadas rindo, ao lado de Marlene, Dorcas, Alice e Mary. 

 

James sorriu ao constatar que Lily havia aceitado seu convite pela primeira vez, e estava caminhando com um sorriso tímido através do Comunal até ele e seus amigos.

 

— Meus olhos estão me enganando ou aquela é Lily Evans e ela está sorrindo para você, Prongs? — Sirius perguntou, tirando um pouco de sarro do garoto de óculos.

 

— É definitivamente a Lily, Pads, agora o motivo dela estar sorrindo para o Prongs é desconhecido — Remus respondeu em seu tom sabichão, abrindo o pacote de copos plásticos para que eles pudessem usá-los — Prongs, não me diga que você drogou a Lils… 

 

James se sentiu na obrigação de dar um cascudo nos amigos no exato momento em que eles começaram a rir de sua cara, os fazendo ficar em silêncio no exato momento em que as meninas os alcançaram. Observou enquanto as meninas e os meninos se cumprimentavam, Mary e Remus eram melhores amigos, assim como Dorcas e Sirius, e Marlene e Peter. A melhor amiga de James era Alice, que esperou alguns segundos constrangedores em que Lily e James apertavam as mãos para finalmente entrar em cena e abraçar o amigo — Sabe, Lils, o Jay não morde. — disse com o braço ao redor do pescoço do amigo.

 

— Há controvérsias — Frank acrescentou, havia acabado de entrar no Salão Comunal, carregava sua vassoura em cima de um dos ombros, e usava o outro braço para abraçar Lily — O que tá rolando aqui, lírio do campo?

 

— O Potter chamou a gente pra beber, e por algum motivo que apenas Merlin sabe, eu aceitei — Lily respondeu abraçando a cintura do amigo mais alto.

 

— Ok, eu vou deixar vocês curtirem a noite de sext… — Frank começou a falar mas foi interrompido por James.

 

— Ei, ei, como assim? Acha que vai escapar de um joguinho saudável de Eu Nunca? 

 

— Acho — Frank rebateu, lançando um olhar completamente assassino para James — eu nem fui convidado, seria penetra, não quero estragar o role de vocês.

 

— Frank, meu querido Frank — Sirius havia se soltado de Dorcas e agora abraçava o ombro do mais alto — Você é o quinto Maroto honorário, você sempre está convidado para nossas bobeiras.

 

— Alto lá, a gente raramente faz bobeiras — James disse fingindo estar ofendido, colocando a mão que não abraçava Alice em cima do peito.

 

— Prongs, absolutamente tudo que a gente faz é bobeira — Remus interveio, levando Mary para a conversa enquanto intercalava o olhar de Alice para Frank como se um dos dois pudesse explodir a qualquer momento.

 

— Não foi isso que… — Sirius começou a responder, mas Dorcas tapou sua boca com a mão enquanto arqueava uma sobrancelha para Remus.

 

— Então, todos a favor do Frankenstein ficar pra beber e jogar com a gente? — A latina perguntou, pergunta à qual, todos os amigos responderam assentindo com a cabeça — Então está decidido, você fica. — ela piscou para o amigo e pegou uma garrafa do chão — Vamos ver se eu entendi, vocês contrabandearam garrafas de firewhisky para dentro da escola, nos chamaram e querem jogar um jogo que consiste única e exclusivamente a se expor e ficar bêbado? — ela perguntou abrindo a garrafa, James assentiu — Adorei.

 

Eles se sentaram em roda, e agradeceram Lily pelos feitiços que ela lançou, garantindo que quem entrasse no Comunal o veria vazio. Dorcas se encarregou de encher todos os copos, os posicionando em frente a cada pessoa na roda.

 

— Ok, eu começo — Marlene disse após um curto período de tempo — Eu nunca fugi de Hogwarts durante a semana para comprar firewhisky em Hogsmeade. — ela piscou para os meninos quando terminou de falar, e bebericou o copo, acompanhada de Dorcas, Sirius, James, Frank e Remus.

 

— Ok, isso não foi nem um pouco justo — Sirius resmungou, colocando o copo novamente em cima do tapete e o completando — Eu nunca me declarei bêbado pra minha melhor amiga ou melhor amigo e depois fingi que não lembrava — dessa vez, apenas Remus e Marlene beberam, o que fez Sirius apontar o dedo para o lobisomem e gritar “A-ha”.

 

— Later, Sirius, later. — Remus murmurou, os olhos fixos em Dorcas, que por sua vez olhava para Marlene com os olhos arregalados. Pigarreou. — Eu nunca entrei em um jogo de “Eu Nunca” sem saber que era um tipo de contrato mágico, onde você automaticamente bebe assim que escuta algo que já fez. — todas as meninas beberam.

 

— Ok, ok, eu nunca levei detenção com a McGonagall por azarar o ra..Snape, por azarar o Snape na aula dela — Lily falou, fazendo com que todos os meninos, Marlene e Dorcas bebessem.

 

— Por que você pode chamar o Ranhoso de Ranhoso e eu não? — James choramingou.

 

— Eu não chamei ele de Ranhoso, James, eu quase chamei, mas eu me corrigi porque eu não vou descer ao nível dele — ela retrucou.

 

— Pipipipopopo — James resmungou gesticulando com as mãos e fazendo caretas — Eu nunca pedi a ajuda do meu lindíssimo melhor amigo James pra tentar conquistar meu outro melhor amigo menos atraente Remus — o castanho precisou se abaixar para desviar do tapa que Sirius desferiu contra ele com a mão livre, enquanto bebia uma quantidade considerável do whisky em seu copo.

 

— Vamos fingir que isso não aconteceu, até porque, eu nunca levei mais de 30 foras da Lily Evans — Sirius disse com a maior tranquilidade do mundo, brindando com o ar e lançando uma piscadela para James.

 

O castanho revirou os olhos, pegando seu copo e o virando de uma vez — Isso apenas não foi justo, nem um pouco, nem era uma novidade — ele rebateu, voltando a encher seu copo.

 

— Mas a ideia é que vocês fiquem bêbados, não que a brincadeira seja justa — Mary respondeu sem pensar, e deu de ombros — Ora, eu nunca considerei ir em um encontro romântico com James Potter porque ele — ela fez sinal de aspas no ar — “amadureceu esse ano” — ela disse tranquilamente, lançando um sorrisinho malicioso para Lily, que naquele mesmo instante pegava o copo à sua frente e bebia um gole generoso.

 

— Espera aí, a Lily, nossa Lily, Lily Evans, falou que estava cogitando a ideia de sair com o Prongs? — Remus perguntou intrigado.

 

— Sim, ela falou sobre isso por vários dias seguidos, e depois que a Marlene ameaçou bater nela, ela simplesmente parou de tocar no assunto — Mary respondeu quase instintivamente, já que não costumava esconder nada do melhor amigo — mas ela aceitou vir aqui hoje, certo? — a garota de cabelos castanhos arqueou uma sobrancelha.

 

— Acho que esse é o momento perfeito para mudarmos o jogo para um jogo de verdade ou desafio — Sirius disse se ajeitando no lugar.

 

— Ah claro, você faria o quê? Desafiaria o Remus a te beijar? — Lily rebateu presunçosa.

 

— Ou desafiaria você a ir em um encontro romântico comigo — James resmungou.

 

— O que disse? — Lily perguntou — Está me desafiando, Potter?

 

James pareceu ver uma oportunidade naquilo, já que endireitou a postura e arqueou a sobrancelha esquerda, dando um sorriso ladeado — E se eu estiver?

 

— O que eu ganharia com isso? — Lily perguntou, transparecendo um pouco mais de entusiasmo do que pretendia, afinal, claro que havia considerado a possibilidade de sair em um encontro com James, ele era ridiculamente atraente, engraçado, e realmente se importava com ela, mas ele também era extremamente irritante e arrogante, e jamais a deixaria esquecer se percebesse que ela estava cogitando realmente a possibilidade de sair com ele.

 

— Se você for em um encontro romântico comigo e não se apaixonar por mim — James começou, ganhando a atenção de toda a roda, que agora olhava de um para o outro atenta, como quem assiste a um jogo decisivo de tênis, tentando não perder sequer um lance — eu grito com o feitiço amplificador no meio do salão principal que sempre impliquei com o Ranhoso porque tinha uma queda com ele…

 

Lily que parecia estar segurando a respiração durante todo esse tempo, a soltou lentamente enquanto mordia o lábio inferior — E se eu me apaixonar por você?

 

James arqueou uma sobrancelha, exibindo seu melhor sorriso ladeado possível — Bem, Evans, se isso acontecer, você estará apaixonada por mim, o que mais eu poderia querer? — a voz do capitão da Gryffindor soava extremamente maliciosa e atraente, mas acima de tudo, tentadora, era como se Lily não fosse capaz de negar qualquer coisa que aquela voz sugerisse.

 

— Certo, me parece uma aposta justa, eu aceito — a ruiva respondeu, estendendo a mão para o castanho e ignorando os olhares chocados de seus amigos enquanto o fazia.

 

James pegou sua mão, a apertando como quem sela um contrato — amanhã às 20h no Salão Principal? — perguntou como quem não quer realmente muita coisa.

 

— Pode ser, cavalheiro — Lily respondeu em tom de deboche.

 

— Ótimo, traga seu casaco, talvez roupas em sua bolsa, vamos à Londres — James disse satisfeito enquanto enchia seu copo com whisky, e o virava sem sequer um pouco de precaução.

 

— Londres? — Lily perguntou confusa e um pouco apreensiva.

— Você nunca foi a um encontro comigo, Lily Evans, mas se eu levo garotas comuns a Hogsmeade, eu definitivamente preciso te levar à Londres. — James respondeu com uma piscadela.

 

O resto da noite correu como se nada realmente tivesse acontecido, o jogo de verdade ou desafio rendeu um beijo entre Frank e Alice, que a bem da verdade, pareciam estar contendo a vontade de fazer aquilo há muito tempo, uma declaração de Sirius para Remus, dizendo toda a verdade sobre como estivera apaixonado por ele desde o primeiro ano em Hogwarts, 7 minutos no paraíso para Dorcas com Marlene, e por fim, um almoço entre Mary e Peter, que também não pareceram realmente incomodados pelo desafio de Remus. Quando a noite acabou, todos os amigos se dirigiram para seus respectivos dormitórios, com a promessa de se verem no dia seguinte, e um frio na barriga para o qual nenhum deles realmente tinha explicação.

 

London Eye.

 

Na manhã seguinte, Lily acordou com uma leve ressaca, realmente havia passado dos limites na noite anterior, e se não estava alucinando, aceitara sair com James Potter, eles haviam combinado de ir para… LONDRES? Lily só podia estar realmente drogada quando aceitou aquilo, precisava se livrar dessa roubada, mas… era um desafio, ela havia aceitado e a bem da verdade, James havia mudado bastante nos últimos meses. Foi levada por seus devaneios e se levantou da cama, indo até o banheiro do quarto e abrindo o registro para encher a banheira de água. Entrou na água quente cheia de sais de banho, deixando que todas as suas preocupações fossem levadas por ela. Fechou os olhos, usando sua varinha para começar a tocar a música “Blow your mind” de uma cantora trouxa de quem gostava muito, nunca contara para ninguém, nem mesmo para sua melhor amiga, Mary, mas todas as vezes que ouvia o refrão daquela música, ela pensava em James. 

 

Achava engraçado como o refrão da música soava como o garoto lhe fazendo as perguntas que nunca fez, e a verdade era que se ele as fizesse a garota não saberia responder, não fazia a menor ideia de porque ele estava constantemente em seus pensamentos, de porque não conseguia ignorá-lo completamente como fazia com todos os outros, ou do motivo para se preocupar tanto com ele. Claro que pegava no seu pé por causa das pessoas que eram atingidas por suas brincadeiras sem graça, mas acima de tudo, ela pegava em seu pé porque sabia que McGonagall o daria detenção, e não queria vê-lo sendo prejudicado quando tinha plena consciência de todo o seu potencial.

 

Passou mais de uma hora enfiada na banheira, pensando a respeito de James e da aposta que fizeram, debatendo internamente se deveria ir em frente ou não, até que um pensamento a atingiu — Eu não posso voltar atrás, eu aceitei a aposta durante um jogo de verdade ou desafio bruxo, não há nada nesse mundo que faça ser possível eu não ter que ir nesse encontro hoje, a não ser que um de nós dois morra, e eu definitivamente não quero isso — ela pensou alto, mordendo os cantos internos das bochechas — Droga, Potter, você sabia o que estava fazendo.

 

Durante todo o dia a garota ficou em absoluto silêncio, falando apenas quando finalmente resolveu escolher as roupas que usaria no encontro, pedindo a ajuda de Dorcas e Marlene, escolhendo, por fim, um vestido preto básico, um casaco jeans e all star, não sabia onde James pretendia levá-la, mas tinha certeza que aquilo seria bom para 90% das possibilidades.

 

Quando a noite finalmente caiu e a garota já estava cansada de ouvir as piadas das amigas sobre como aquele era o primeiro encontro de muitos, a ruiva se trocou e se maquiou, indo para o Salão Principal no horário marcado, uma troca de roupas em sua bolsa -na qual ela havia usado o feitiço indetectável de extensão- e, por fim, uma poção que acabava com os efeitos do álcool, para o caso de James passar dos limites.

 

Encontrou o castanho parado ao lado da porta, ele usava uma camisa preta de botões que parecia ser um número maior que ele -o que fez Lily acreditar que era de Remus, tornando a situação dez vezes mais adorável do que vinte minutos atrás, o garoto realmente havia colocado todo o seu esforço naquilo-, seus cabelos estavam costumeiramente bagunçados, e por algum motivo, naquela noite em especial, a ruiva achou aquilo charmoso, ele também levava consigo sua vassoura, o que definitivamente deixou ela preocupada — você pretende me levar nisso? — perguntou um pouco incrédula e receosa.

 

— Qual é, Evans, eu sou o capitão do time, eu sou chaser, eu já voei em uma vassoura, debaixo da minha capa, em alta velocidade, para pegar o cigarro da sorte do Sirius da mão da McGonagall, você realmente acha que corre perigo voando comigo? — o garoto retrucou com um sorriso presunçoso no rosto.

 

— Ok, você tem um ponto, mas eu juro, Potter, se eu cair dessa vassoura e morrer, eu vou te assombrar para o resto da vida — ela respondeu com um beicinho manhoso no rosto.

 

James riu, oferecendo o braço para ela enquanto se virava para deixar o castelo. Lily o acompanhou para os jardins, e então eles seguiram para a saída em cima da vassoura, até, por fim, estarem fora dos limites do castelo e poderem desaparatar — feche os olhos, Evans, é uma surpresa.

 

— Surpresa? Espera — ela disse chocada — você quer nos desaparatar? 

 

— Sim, Evans, eu vou nos desaparatar porque é uma surpresa, agora se puder relaxar e me dar esse braço, eu agradeço — ele responde parecendo um pouco impaciente mas também esperançoso ao oferecer a mão para ela.

 

— Certo — ela suspirou mordendo o canto do lábio inferior e segurando a mão dele, um choque atravessando todo o seu corpo quando suas peles se tocaram, e suas pernas automaticamente se transformando em gelatina. Ok, James Potter definitivamente mexia com ela.

 

Ouviu-se um estalo e Lily se sentiu ser sugada por seu próprio umbigo, sensação à qual conhecia muito bem. Fechou os olhos respirando fundo, e decidiu confiar plenamente em James naquele momento, se deixando ser guiada por ele. Ouviu novamente a voz do garoto quando seus pés tocaram o chão, ele a pedia para abrir os olhos, informando que eles haviam chegado em seu destino. A boca dela se abriu em um perfeito “o” quando ela abriu os olhos e identificou onde eles estavam, a enorme roda-gigante parecia ainda maior assim tão perto, e o cheiro da comida londrina invadia suas narinas — James Fleamont Potter, você me trouxe à London Eye?

 

— Pode apostar, Lily Evans, um encontro com você definitivamente merecia grande planejamento — ele respondeu a puxando pela mão -a qual a ruiva só percebia agora que ele ainda segurava- para a barraca mais próxima e comprando uma maçã do amor para ela.

 

— Eu não acredito que você planejou tudo isso sozinho, Potter — ela disse, aceitando o doce que o garoto a oferecia e tentando conter o sorriso bobo que insistia em se apoderar de seu rosto.

 

— Eu venho planejando isso desde o quarto ano, Lily, uma hora você teria que aceitar um de meus convites — ele piscou para ela enquanto a guiava para o guichê do brinquedo, pagando suas entradas e então a guiando para dentro do cercadinho.

 

— E se eu nunca aceitasse? — ela perguntou com uma sobrancelha arqueada.

 

— Eu sou irresistível, Evans, eu sempre soube que eventualmente você aceitaria. — ele rebateu, um sorriso convencido no rosto enquanto a ajudava a passar pela pequena pontinha de madeira.

 

— Ok, vai sonhando que isso é verdade — ela revirou os olhos, fingindo não estar completamente encantada com o momento — pelo menos me deixe pagar minha entrada, certo?

 

— Eu já paguei, Evans, apenas aproveite o momento, pode ser que seja a única vez que saímos juntos — ele disse com uma expressão um pouco preocupada no rosto. 

 

Foi naquele momento que Lily finalmente admitiu para si mesma que o garoto realmente se importava com ela, olhou ao redor com os olhos semicerrados, amenizando a expressão a cada instante. Olhou novamente para James e sorriu genuinamente — Certo, sou toda sua essa noite, Jay — ela disse em tom ameno, percebendo automaticamente o modo como a expressão do garoto se amenizou e seus olhos brilharam. Tinha plena consciência que aquela era a primeira vez que usava seu apelido para falar com ele, e talvez aquele fosse o motivo para tanta surpresa em seu olhar — Vamos? — ela disse estendendo novamente a mão para ele.

 

Eles entraram e escolheram uma cabine, James se certificou de que o cinto de Lily estava bem posicionado pelo menos vinte vezes, arrancando algumas risadas tímidas da garota. 

 

Quando a roda-gigante parou com eles lá em cima, ela não conseguiu evitar o sorriso bobo que se apoderou de seu rosto, a vista era realmente de tirar o fôlego, e ela se pegou segurando a mão dele em sinal de gratidão — obrigada por me trazer aqui, Jay.

 

James sorriu, uma onda de imensa felicidade que nunca havia sentido antes tomando conta de seu corpo, não só estava em um encontro com Lily Evans, como estava a ouvindo chamá-lo por um apelido e o agradecer por estar ali — estive esperando para te trazer aqui há muito tempo.

 

— Me desculpe, eu vim o mais rápido que pude — ela respondeu virando para olhá-lo e entrelaçando seus dedos — o que você planejou fazer depois que sairmos daqui?

 

— Pensei em jantarmos no Allyn Williams, o que acha? — ele respondeu com um sorriso quase esperançoso no rosto, aguardando a resposta dela com brilho nos olhos.

 

Ela mordeu o canto do lábio inferior por alguns segundos, pensativa — Eu adoraria James, mas não é muito caro? — perguntou com certo receio, realmente queria ir, mas não queria que James gastasse todo o seu dinheiro em um encontro que talvez não desse em nada.

 

— Para nossa sorte, o dono do restaurante é um dos melhores amigos do meu pai — ele disse, assumindo novamente o sorriso ladeado convencido que irritava tanto a garota em situações cotidianas, mas naquele momento da história, era absurdamente atraente, sério, ela pensou que deveria ser crime alguém ser tão tentador assim apenas com um sorriso.

 

— Certo, se é assim — ela respondeu com um sorriso.



Depois que desceram da cabine, os dois jovens seguiram para fora do parque de mãos dadas, gesto que pareceu tão natural para Lily, que ela demorou a notar. Seus dedos entrelaçados pareciam ter sido feitos para caber perfeitamente nos dedos do outro, e o assunto não parecia acabar nunca, ela nunca achou que seria capaz de passar mais do que vinte minutos sozinha com o garoto sem querer estrangulá-lo, mas aparentemente ela estava errada nisso também.

 

Assim que chegaram no restaurante um garçom sorridente veio atendê-los, alegando que a mesa deles já estava pronta, Lily lançou um olhar acusador para James, o repreendendo silenciosamente por fazer a reserva sem ter certeza de que ela aceitaria. No momento em que avistou a mesa na qual eles foram colocados, ela sentiu um frio na barriga, estava tudo absolutamente perfeito. A mesa ficava em um canto mais afastado do restaurante, longe de todo o movimento de famílias e casais, haviam velas, um vaso com margaridas, uma garrafa de champanhe e duas taças, ao fundo tocava “Can’t help falling in love with you”, e as luzes estavam no que a garota chamava de clima romântico, era simplesmente o encontro mais perfeito no que ela já fora, e pensar que ela só havia aceitado por causa de uma aposta.

 

Se sentou à mesa, observando enquanto James se sentava na cadeira de frente para ela — James, isso é… eu não tenho palavras… mas novamente: e se eu não tivesse aceitado?

 

— Eu ainda viria e tomaria o champanhe choramingando na cabeça do meu grande amigo Jorge aqui — ele disse apontando para o garçom — fico feliz que tenha gostado, quer dizer, eu presumo que não ter palavras seja algo bom… — ele piscou para ela — O que quer comer?

 

Lily riu baixo, pegando o cardápio e passando os olhos ali — Eu vou querer um antepasto de berinjela e uma salada grega — disse com um sorriso gentil entregando o cardápio para o garçom, agora nomeado como Jorge.

 

— Certo… E você James? O de sempre? — Jorge perguntou enquanto anotava o pedido de Lily.

 

— Acho que vou acompanhá-la na salada grega, mas por favor, traga a minha em dobro — o castanho disse antes de entregar o cardápio que tinha em mãos para Jorge, e assim, os dois estavam sozinhos novamente.

 

Durante toda a noite os dois conversaram e riram, em alguns momentos o assunto ficou mais sério, nesses momentos eles falavam sobre seus valores, seus sonhos, e até mesmo sobre a guerra iminente. Lily pôde conhecer um lado de James que jamais imaginou existir, o lado responsável, que se preocupa com os amigos, que planeja levar o filho aos jogos de quadribol nos sábados a tarde, era como se estivesse o conhecendo pela primeira vez depois de todos aqueles anos o vendo diariamente na escola e assumindo que ele não passava de um mauricinho mimado.

 

No fim da noite, eles caminharam pelas ruas de Londres de mãos dadas, até que, por fim, a garota se virou para ele e o puxou para um beijo, exatamente onde eles haviam desaparatado horas antes, o primeiro beijo deles foi testemunhado por todos aqueles que estavam em cima da London Eye, e por alguns segundos ela sentiu como se fogos de artifício explodissem atrás deles.

 

Rondas.

 

Fazia uma semana desde o encontro de James e Lily, o garoto ainda não podia acreditar que ela realmente havia o beijado, repassava a noite inteira por sua cabeça o tempo todo, todos notavam que algo o estava distraindo, ele até mesmo errou uma pergunta de McGonagall durante a aula -o que nunca acontecia- porque achou o movimento dos cabelos da garota ainda mais hipnotizante naquele dia. 

 

Todos os dias nas rondas eles trocavam olhares, e em alguns momentos eles até mesmo flertavam deliberadamente, fazendo com que todas as pessoas que presenciavam a cena os olhassem curiosas, já que, uma semana antes, James apanharia por fazer aquele tipo de comentário. Por mais que aquilo tudo fosse estranho para terceiros, não se comparava com quão bizarro era para James, afinal, era como se seus sonhos mais impossíveis estivessem se tornando realidade, não só ele pôde ir a um encontro com Lily, como pode beijá-la, não não, ser beijado por ela, ele pôde ser beijado por ela, aquela era a melhor parte, a iniciativa foi dela. O momento em que seus lábios tocaram os da garota definitivamente foi o momento mais mágico de toda a sua vida, foi como se o mundo todo parasse para vê-los, como se a maior orquestra do mundo tocasse todas as canções mais cafonas que já foram escritas, e nem mesmo elas fossem capazes de descrever o que estava acontecendo no coração dele naquele momento, fogos de artifício explodiam no ar atrás deles, e de repente, ele não precisava mais de uma vassoura para voar. James sabia de muitas coisas na vida, mas nunca teve tanta certeza de algo, quanto teve certeza de que queria se casar com Lily, era certo, eles haviam nascido para se conhecer e se apaixonar, brega, ele sabia, mas não se importava em soar brega naquele momento, afinal, nunca estivera tão feliz, estúpido ou apaixonado, o que no final, era a mesma coisa.

 

Naquela tarde de sexta feira, ele se arrumou um pouco melhor para suas rondas, decidido a conversar com Lily sobre o encontro, o beijo, o que sentia, tudo. Ele havia praticado o dia inteiro em frente ao espelho enquanto ouvia os resmungos de Sirius sobre Remus -resmungos aos quais James respondeu com um discurso enorme sobre a guerra que estava chegando, e como as coisas poderiam mudar tão rápido que deixar de ficar com quem ama simplesmente por ego ou pirraça, pareceria ridículo e era-, sabia exatamente o que queria falar para o furacão ruivo que vinha bagunçando seus pensamentos desde sempre.

 

Assim que as duplas se separaram para patrulhar os corredores, James seguiu Lily lado a lado, apertando as pontas dos dedos enquanto tentava se lembrar do discurso perfeito que havia praticado a tarde toda, falhando miseravelmente — Lily… com você conversar eu — ele falou a primeira coisa que veio à sua mente, percebendo segundos depois que havia sido completamente estúpido, e desejando poder voltar no tempo. Pigarreou, respirando fundo — Ok, isso foi patético — ele disse constatando um sorrisinho debochado no rosto da garota — pode rir, eu aceito, mas isso não muda o fato de que precisamos conversar.

 

O sorriso debochado deixou o rosto da garota, dando lugar ao que James chamava de “expressão de sermão”, que era basicamente a expressão que Lily assumia quando estava prestes a matar alguém, esse alguém sendo normalmente ele. — Certo, eu sei, desculpa ter adiado isso. — a voz dela soou fraca, e isso apenas aterrorizou ainda mais o garoto, talvez ela não tivesse gostado tanto do beijo quanto ele, talvez tivesse gostado do beijo mas não sentisse nada por ele, era possível, muito possível, naquele momento parecia inevitável.

 

Ele limpou a garganta e abriu uma sala vazia — Entra, por favor — ele pediu em tom ameno e segurou a porta aberta para que ela pudesse entrar, a seguindo quase imediatamente — Em primeiro lugar, eu preciso que você me escute antes de mais nada porque eu estive ensaiando esse discurso o dia inteiro, e eu preciso falar, eu venho querendo te falar a maioria dessas coisas a minha vida inteira — ele disse de uma vez, um tom de súplica em sua voz, era a primeira vez que ele baixava toda sua guarda perto de alguém que não fosse os três melhores amigos, James Potter estava à mercê de Lily Evans, e em alguns segundos saberia se ela iria fazê-lo o homem mais feliz ou mais triste do mundo. — Quando eu te vi pela primeira vez no salão principal, eu te achei a garota mais linda do mundo, e eu ainda acho isso, mas eu também achei que você seria uma garota superficial e arrogante, como eu estava errado… Lily Evans, você é a pessoa mais doce, generosa, gentil, cuidadosa, altruísta, talentosa e inteligente que eu conheço. Quando você entra em um lugar, tudo fica mais claro, quando você sorri o mundo parece um lugar bem menos difícil de viver, e quando você fala, é como se anjos cantassem. Você me inspirou a ser uma pessoa melhor, mesmo que não saiba disso, você me incentivou a ser mais maduro, e me ensinou a diferenciar o certo do errado, ok, nessa parte eu tenho que dar os créditos para o Remus também, mas você me entendeu… Eu nunca achei que realmente teria uma chance real de sair com você, eu sei que eu errei muito no passado, e você tem todo o direito de me achar o cara mais babaca de todo o mundo, mas eu queria te dizer que mesmo que a sua resposta aqui e agora seja um enorme “não” como têm sido nos últimos 7 anos, eu ainda serei grato pelo que vivemos sábado. Eu estou tão apaixonado por você que chega a ser patético, eu realmente sinto que entendo o que todas aquelas músicas trouxas estavam tentando dizer, você é a pessoa mais incrível que já pisou nesse solo, e eu me encontro constantemente encantado com tudo o que você faz. Quando você me beijou, eu senti como se tudo estivesse certo no mundo, e eu não posso continuar andando pelos corredores dessa escola sem antes saber se você gostaria de começar a sair comigo, e de me beijar novamente, porque...— ele não conseguiu terminar a frase, a garota a sua frente havia se aproximado, e agora o beijava da mesma forma que beijara dias antes. 

 

Quando o ar faltou, ele rompeu o beijo murmurando um “uau” e abraçando a cintura dela com zelo — Desculpe, Jay, meu namorado fala demais e eu estava me segurando para não beijá-lo desde que ele começou a falar, mas ele simplesmente escolheu as palavras certas — ela disse, pegando James desprevenido. 

 

— Namorado? — ele perguntou com uma sobrancelha arqueada.

 

— Bem, o que eu tinha para te falar era que eu provavelmente estou apaixonada por você há muito tempo, mas foi preciso te ouvir falando sobre seus amigos, sua família, sobre o filho que você quer levar para voar e para jogos de quadribol, para que eu finalmente admitisse isso para mim mesma. Você é um cara incrível, James Potter, e eu me sentiria honrada se você aceitasse ser meu namorado — Lily tinha um sorriso ainda mais encantador que o normal no rosto, ela passou os braços em volta do pescoço de James enquanto olhava em seus olhos, as orbes dela eram de um verde-mar penetrante, e ele sentiu como se pudesse se perder ali para sempre.

 

— Não sei, preciso pensar… — ele respondeu em tom brincalhão.

 

— Ah… ok — ela respondeu parecendo um pouco envergonhada.

 

— Eu estou brincando, Evans, nada me faria mais feliz do que ser seu namorado — ele afirmou selando seus lábios rapidamente. 

 

— É Lily, James, ou amor, você escolhe — Lily provocou com um sorriso maroto no rosto.

 

— Acho que só vou te chamar de namorada daqui em diante — James brincou, parando em seguida para olhá-la nos olhos. — Eu te amo, Lily Evans.

 

— Eu te amo, James Potter — ela respondeu sem rir, como se aquilo fosse uma promessa, e de certa forma era — Ok, precisamos voltar pras rondas, temos todo o tempo do mundo para nos beijarmos.

— Certo, as rondas, importante. — James disse — só uma coisa primeiro… — ele murmurou e então selou seus lábios, um beijo lento e carinhoso, que poderia durar a vida inteira por tudo que ele se importava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Firework - Jily jilytober" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.