Os Encontros da Nossa Vida escrita por Foraquel


Capítulo 7
Dois Anos ATRÁS




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A sorte estava sorrindo para Pax. Ou seria para mim? Com certeza para mim. Como meu irmão disse estou realmente me comportando como um homem recém casado. Minha mulher. Era maravilhoso ela ter escolhido ficar ao meu lado. Mesmo com todos os problemas que enfrentou ainda a vejo sendo todos os dias pela manhã forte, encantadora e mal humorada. Admiro-a. O fato de ela continuar comigo e se esforçar para ajudar Pax aumenta meu orgulho por ter ela. Descubro e aprendo a cada dia sobre sua personalidade e qualidades. Acredito que desde a primeira vez que a vi me apaixonei, mas a situação e minha falta de maturidade não deixaram que eu percebesse. Estamos dando certo juntos e isso era o mais importante.

E Pax, minha doce e maravilhosa ilha, tendo sua oportunidade de crescer em todos os sentidos.

— Você está rindo que nem um bobo desde que voltou para casa. – comentou Bee. Ela estava linda de calça jeans e regata, cozinhando o que parecia ser miojo. Ri novamente. Quando meus pais não ficavam em casa, nós dois só comíamos besteira ou miojo. Dona Anelise, exigia que todos os membros deste lar comessem coisas saudáveis.

— Uma empresa fez uma proposta bastante ousada, que pode fazer com que a economia e outras áreas de Pax darem um salto. – falei animado. – Já pensou uma ponte que nos liga até o país mais próximo? – perguntei. – Será revolucionário. As crianças que fazem faculdade em outro país não precisaram mais vim de avião para casa, o turismo poderá crescer, atrairemos mais investidores para Pax e nossa medicina poderá avançar muito com o intercambio de médicos! – falei rapidamente. Olhando para Bee. Ela desligou o fogo. Colocou o miojo nos pratos que eu separei. Peguei o queijo ralado e orégano, espalhei sobre o macarrão. Esperando, pacientemente, por alguma reação dela.

Franziu o cenho e me olhou. Sua reação nunca decepcionava. As pessoas riam quando eu falava que ela era o cérebro do governo. Mas quando fizemos a votação para aposentadoria do meu pai, logo propuseram para elegerem o próximo monarca. Não fazíamos propaganda política, cada candidato mostrava os projetos realizados e seus resultados, a partir disso, o povo votava.

Por ter “direito ao trono” eu fiz esse processo de apresentação, porque se os cidadãos de Pax não aprovassem, automaticamente, estaria fora da monarquia e outros candidatos concorreriam ao trono.

Mesmo sendo aprovado, fiquei meio perdido no começo, já que o país estava parado no mesmo lugar a muito tempo. Pax tem leis rigorosas para não só estrangeiros, mas para o comércio. Então, Bee ajudou na elaboração de um projeto de lei para abrimos o comércio para o exterior e intercambio universitários, já que a tínhamos o melhor curso de Biologia. Na verdade, minha esposa, foi o cabeça do projeto, porque ela tem uma visão de 360º, então sempre calcula erros, dúvidas e resultados.

— Uau! Estou admirada, mas... – começou olhando pra mim, depois de um agradecimento rápido. – Temos que ver os riscos e compartilhar com os vereadores e os representantes dos comércios e escolas da ilha, né?!

— Eu sei, eu sei – disse divertido enrolando o miojo no garfo – Semana que vem teremos a apresentação do projeto em detalhes deles. Você tem participar.

— Não posso, lembra? – perguntou – Com seus pais e Yure fora terei que visitar as quatros partes da ilha, já que você tem está reunião e as visitas do orfanatos e a universidade. – disse sua agenda. – Quem sabe na outra semana?

— Sim! - respondi um pouco desanimado. Ela com certeza notaria pontos negativos na apresentação que ninguém veriam. – Vou assistir, mas só votaremos depois que você vê, okay?

Bee assentiu já que estava com a boca cheia com o miojo mais gostoso que eu já vi.

A semana passou rápido com as discussões sobre o contrato, as visitas nas instituições, a chegada dos meus pais e do Yure, o jantar fora no sábado, que nem deu para descansarmos direito. Então, Bee e eu resolvemos que a votação seria depois da última apresentação da proposta da empresa. E quarta-feira foi o dia escolhido.

Quando Bee e eu entramos na sala de reuniões, percebi que só faltava a gente. Andei até o nosso lugar, puxei a cadeira de Bee e sentei na minha. Desbloqueei o tablet, colocando no documento do contrato.

Senti um aperto no meu braço. Olho pra Bee. Seus lábios estão apertados como sua mão no meu braço. Pego sua mão e entrelaço meus dedos nela o apertando.

— O que foi? – perguntei baixinho, pois já começaram a apresentação final do contrato.

Bee balança a cabeça. Teríamos um tempo antes da votação. Até lá eu deveria ver se não tinha nada errado com o contrato, então aceitei o pedido dela de deixar pra lá. Talvez Bee até relaxasse.

Ela não relaxou. E não fez nenhuma anotação. Nenhuma crítica. Nenhum franzir de cenho. Estava começando a ficar preocupado de verdade. Eu não fazia ideia do que a incomodava. Anotei alguns pequenos detalhes e o recém Secretário do Comércio Exterior se levantou e disse que depois de um pequeno intervalo votaríamos. Os vereadores e os representantes dos comércios e escolas da ilha se levantaram e dispersaram pelo corredor do Palácio Amarelo. Puxei Bee junto comigo para o nosso gabinete fechando a porta, logo em seguida.

— Amor, você precisa me contar o que está te incomodando – disse colocando ela de frente pra mim e pegando suas mãos frias. – Passei a reunião inteira imaginando o que fez você ficar assim.

Bee respirou fundo.

— Não podemos fechar este contrato – respondeu rápido. Larguei suas mãos como se tivesse levado um choque de um jeito ruim.

— Como não? – perguntei franzindo o cenho. - Todos estão vendo que é uma ótima oportunidade para o país e você viu a apresentação só faltam dois ou três detalhes.

— Você não entende! – disse e puxou o ar. – Aquele símbolo, eu o conheço. Já o vi na minha infância. Algo não está certo com essa empresa. Temos que pesquisar mais sobre ela. Conversar com outros clientes.

— Já fizemos isso! E você sabe – rebati com a confusão virando raiva. – Eles nos passaram antigos clientes.

— Mas talvez fossem comprados pela empr... – começou.

— Não comece! – a cortei. – Isso não tem nada haver com ele e ninguém da sua família.

— Eles não eram minha família. – gritou.

Desta vez, eu é que respirei fundo. Tentei acalmar a minha mente.

— Okay! Eu não deveria ter falado disso. Foi meu erro, tudo bem? – disse tentando acalmar ela também. Esperei seu olhar, que estava com uma mágoa direcionada a mim, se levantar e continuei – Bee, por favor, entenda. Ele está morto. Acabou. Ele não pode mais nos atingir. Essa empresa não tem nada haver com ninguém. É só uma empresa! Estamos seguros em Pax! Nada pode acontecer. Você precisa parar com está insegurança, senão vai cair novamente.

Se fosse possível o olhar dela ficou com mais mágoa e um toque de decepção. Atingiu-me em cheio, podia ter dormido sem essa. Porém, eu não estava errado.

— Merda! – xingou – Você não entende... – disse balançando a cabeça.

— O que eu não entendo? – perguntei já irritado. – Então me conte para começar a te entender! Tem mais alguma coisa que você precisa me contar?

— Como se você fosse acreditar – cuspiu – Só pela sua reação quando eu falei que não deveríamos fechar o contrato, percebi que não vale a pena falar nada com você.

Uma batida na porta.

— Alteza, dois minutos para a votação – Roberto avisou – Não encontro a rainha.

— Ela está comigo – respondi – Daqui a pouco estaremos lá.

Ouvi seus passos se afastando.

— Depois da votação discutimos sobre isso – disse e comecei a andar para a porta de costas para ela.

— Eu não irei. – declarou – Me recuso participar disso.

— Ótimo! Estamos em um impasse, certo? Você não quer falar sobre isso e não irá participar da votação. – ironizei me virando pra ela. – Que bom que não precisamos de você para votar.

— Que bom, que está respeitando a minha decisão de não falar – disse irônica, mas mudou para seria quando chegou perto de mim – Que fique bem claro, eu avisei.

E saiu da sala. 

 


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