Os pais de Esme não ficaram muito felizes quando ela decidiu que ia fazer filosofia na faculdade. Como a primeira mulher da família a ir para a universidade, eles esperavam que ela fosse fazer algo mais glamouroso. Mas ela adorava questionar as coisas e pensar sobre questões que ninguém mais pensava, debater ideias… No curso de filosofia ela se apaixonou duplamente: por dar aula e pela física. Descobriu que a filosofia da física era uma das suas paixões. Assim, ao se formar, resolveu emendar uma segunda graduação e embarcou na aventura que foi sair de um curso de humanas para um de exatas. Definitivamente não foi fácil, mas ela sempre foi boa aluna e, principalmente, sempre foi muito determinada.

Esme estava no terceiro período quando o burburinho começou. Pelos corredores todas falavam sobre o novo professor de introdução à teoria das cordas, mas pelo jeito, o Dr. com honras em Cambridge era tão alheio aos burburinhos quanto ela. Se Esme não estava nem um pouco interessada em flertes sem sentidos, Carlisle não queria confusão para o seu lado, e envolvimentos com alunas só poderiam significar uma coisa: muita confusão.

Não que os dois vivessem como celibatários. Longe disso. Esme sabia aproveitar bem as festas que a universidade promovia e era conhecida por suas duas melhores amigas, Carmen e Makenna, por partir o coração de todos os pretendentes. Já Carlisle também gostava bastante de uma boa festa, mas evitava lugares que pudessem ser frequentados pelos alunos. Enquanto os amigos Alistair e Charles estavam querendo sossegar, o amigo ainda era conhecido por ter uma conquista por noite e por não se apegar.

No semestre seguinte, tudo mudou. No primeiro dia de aula de teoria das cordas Esme não conseguiu controlar o frio na barriga e nem desviar seu olhar dos olhos verdes mais intensos que ela já vira na vida. Sem falar naquele sotaque sexy que devia ser proibido. Depois dos 90 minutos de aula ela teve que pedir para ver as anotações de Makenna, porque não tinha a menor ideia do que tinha acontecido. Só sabia que estava muito ansiosa por ver o Dr. Cullen de novo. Ao longo do ano letivo os debates entre aluna e professor ficaram famosos no departamento de física da Universidade de Nova York. Enquanto Carlisle era totalmente cartesiano e via na teoria das cordas a solução para a física moderna, Esme enxergava a teoria como um processo inacabado, cheio de controvérsias e incapaz de ser testado de forma empírica. E não era só nos debates que Esme gostava de provocar o britânico, certa vez, em uma prova, ela o pegou a encarando por longos segundos e não pestanejou em escrever no final da última resposta: “vai continuar só olhando até quando?” E logo ao lado o número de seu telefone. Mas Carlisle nunca ligou.

Na véspera do recesso do final de ano Esme se olhou no espelho pela última vez antes de sair de casa; no rosto seu olhar era mais determinado do que nunca. A aula de teoria das cordas foi intensa como sempre. Mesmo sendo a última aula do semestre Carlisle não pegou leve com os alunos e Esme não tirou o pé em seus questionamentos sobre sua fragilidade teórica. Quando Carlisle dispensou a turma, desejando boas festas para todos, Esme esperou até que os colegas saíssem e então se aproximou da mesa onde o professor se encontrava, juntando seu material. 

“Além de problema com a teoria estudada, você tem problema de visão também, professor?” - ela perguntou, sentando-se no canto da mesa, cruzando as pernas.

“Perdão?” - ele perguntou, esforçando-se para não encarar as pernas expostas bem diante dos seus olhos.

“Há algumas semanas eu te passei meu telefone. Você sabe o que isso significa?”

“Eu fico muito lisonjeado, Srta Platt, mas não saio com alunas.” - Carlisle respondeu pegando sua pasta e já se encaminhando para a saída da sala.

“Então ficará satisfeito em saber que não voltarei semestre que vem. Estou me transferindo para a Cornell University - disse descendo da mesa e passando por ele, chegando primeiro na porta de saída da sala. - “Espero que não me deixe esperando demais, Dr. Cullen.”

Seis meses depois os dois estavam noivando e assim que Esme se formou ela e Carlisle se casaram. Um ano depois nascia Emmett, um ano e meio depois era a vez de Alice nascer. O casal não podia estar mais feliz. Um ano depois de Alice chegou Edward e quatro anos depois, quando eles já não pensavam mais em recomeçar, chegou Garrett. Carlisle continuava dando aula na Universidade de Nova York, enquanto Esme se tornou professora na Cornell University e os famosos debates da sala de aula continuavam em casa, mas os dois tinham um trato, que ensinaram desde cedo para os filhos, na casa dos Cullen ninguém ia dormir brigado com o outro.

Às vezes Carmen, Makenna, Alistair e Charles perguntavam qual era o segredo do casamento dos dois. Esme costumava dizer que era a cumplicidade e a regra do nunca dormir brigado. Já para Carlisle era o fato de sua esposa nunca ter perdido aquela determinação que ele vira no seu olhar naquela sua última tarde na Universidade de Nova York.