Miraculous - Decisões de um Coração Partido escrita por Lia Araujo
POV Adrien
Depois que sai do quarto da Mari, fui para o quarto de hóspedes que estava usando e tomei um banho. Ainda não consigo acreditar que estava com a mulher que eu amo nos braços, que pude beija-la, toca-la, demonstrar o quanto a amo. Quando sai do banho fui pegar uma roupa pra vestir
— Está sorridente, garoto - Plagg falou sentado no travesseiro - Aconteceu alguma coisa?
— Você nem imagina, Plagg - falei vestindo a bermuda
— Imagino, daqui deu pra ouvir os barulhos de vocês - ele falou enquanto eu colocava a camisa e corei com o comentário dele
— Deu pra ouvir? - perguntei um pouco sem graça
— Claramente - ele respondeu - Só fiquei com pena da Tikki, ela ficou mais vermelha do que já é.
— Vamos indo, Plagg - falei e ele voou até meu ombro
Saímos e Plagg foi me guiando até a sala que devíamos ir. Quando chegamos, Alya, Nino e o Guilhermo já estava lá. Era uma sala bem equipada. Havia um enorme telão na parede, na mesa, um computador com três telas e Guilhermo operava aqueles equipamento com muita facilidade.
— Espero não estar atrasado - falei me aproximando
— Não tanto quanto a Marine - Guilhermo respondeu simplesmente
— O que está falando de mim, Guilhermo? - Marinette disse entrando na sala
Guilhermo móvel a cadeira giratória para olha-la.
— Nada demais - ele a observou com cuidado - Está diferente. Conheço essa cara.
— Do que tá falando? - ela perguntou intrigada
— Está mais corada, menos tensa - ele falou e sorriu - Isso só acontece quando você...
— Guilhermo, nos poupe dos seus comentários inconvenientes, por favor - ela falou firme e ele riu erguendo as mãos em sinal de rendição
— Tudo bem, mas depois vou querer saber mais sobre isso - ele falou virando a cadeira na direção dos monitores e a Mari rolou os olhos
— Amanhã, a polícia irá trazer as imagens das câmeras de segurança da cidade, se as crianças reconhecerem algum detalhe, teremos o caminho a seguir para resgatar as crianças - Marinette falou firme, ela estava totalmente focada nisso agora
— E para isso, precisam saber quem temos que resgatar - Guilhermo falou assumindo uma postura tão séria quanto a Mari e logo quinze imagens surgiram no telão da parede - São eles que temos que resgatar.
Haviam treze fotos de adolescentes com os nomes em baixo, uma de um adulto e de uma criança muito parecida com a foto que vi na casa da Mari.
— Quem é esse cara? - Nino perguntou
— Miguel, ele é o guardião raptado - Guilhermo respondeu
— Ele até que é bonito - Alya comentou observando a foto do homem de cabelos castanhos e olhos verdes
— Ei - Nino resmungou e Alya pediu desculpa
— A Mari, tem bom gosto - Guilhermo falou
— Como assim? - perguntei intrigado
— Eles dois já... - ele começou a responder, mas a Marinette interrompeu
— Guilhermo guarde seus comentários e foque no que realmente importa, por favor - Marinette falou o olhando
— Tudo bem - ele falou
— E quem é a menina? - perguntei disfarçando o incômodo daquela última conversa
— Emma, seis anos - Guilhermo respondeu ampliando a foto
— Ela não é muito nova pra estar no templo? - Alya perguntou e o Guilhermo pareceu ficar um pouco nervoso
Ele olhou rapidamente para a Marinette que mexia em alguns papéis e nos olhou.
— É que a Emma, é um caso especial - Guilhermo respondeu nos olhando - Ela cresceu aqui no templo com a gente.
— Guilhermo, poderia mostrar os novos poderes da Rena Rouge e Carapace? - Marinette perguntou e ele assentiu - O Chat Noir vem comigo. O Cataclismo não é algo que deve ser treinado dentro de casa.
Alya e Nino acompanharam o Guilhermo e eu fui acompanhando a Marinette.
— Acho melhor se transformar antes de sairmos - ela falou, olhei pro Plagg que assentiu
— Plagg, mostrar as garras - falei me transformando
Ela saiu e começou a caminhar em direção a um campo cercado por árvores, quando entramos na clareiras vi vários alvos, altos, baixos, objetos espalhados em vários lugares.
— Uso esse lugar pra treinar as crianças a usarem os poderes dos Miraculous - Marinette falou olhando em volta
— Entendi - falei simplesmente
— O que sabe sobre os novos talentos dos Miraculous? - ela perguntou me olhando
— Que a transformação não tem tempo limite e posso usar o Cataclismo mais de uma vez - respondi olhando-a
— Você amadureceu e isso fez seus poderes evoluíram - Marinette falou - Você não precisa ter contato direto com um objeto para destrui-lo.
— Como assim? - perguntei olhando-a e ela pegou uma pedrinha no chão
— Como anda sua mira? - ela perguntou me olhando
— Está boa, eu acho - falei incerto e ela me entregou a pedrinha
— Acerte aquela garrafa - ela falou apontando o objeto há dois metros de distância
Joguei a pedrinha e acertei o objeto.
— Muito bom. Repita isso naquela garrafa - ela falou indicando a garrafa mais a esquerda - Mas dessa vez use o seu cataclismo.
— Como? - perguntei olhando-a
— Se concentre no que quer fazer, canalize a energia do cataclismo e use jogue na garrafa - ela explicou
Respirei fundo e usei o poder. Uma pequena esfera de energia se formou e joguei contra a garrafa que rachou em várias partes e se quebrou em vários pedaços.
— Acho que não tá tão enferrujado assim - ela falou sorrindo
— Você acha? - perguntei pondo as mãos na cintura dela
— Comporte-se, Chat Noir - ela falou me afastando - Você precisa se familiarizar com os novos poderes.
Cedi ao pedido dela, ficamos pelo menos uma hora praticando até pegar o jeito pra controlar a intensidade e acertar alvos distantes. Depois de algum tempo, conseguia usar o poder sem necessidade de falar para aciona-lo e aprendi a desativar o poder sem precisar destruir algo.
— Vamos ver se consegue acertar aqueles - ela perguntou indicando os cinco alvos que ficavam nos galhos altos de algumas árvores
— Não me disse que tinha uma criança no templo - falei acertando o primeiro alvo
— Tem... algumas coisas que ainda não te contei - ela respondeu quando acertei o segundo alvo
— Você e o tal Miguel tiveram alguma coisa? - perguntei acertando o terceiro alvo, ela assentiu - O quê?
— Namoramos por pouco mais de um ano - Marinette respondeu simplesmente
— Amava ele? - perguntei receoso e acertei o quarto alvo
— Eu gostava dele, mas amor? Não, nunca cheguei a ama-lo como ele merecia - ela respondeu suavemente o tom de voz dela me distraiu enquanto disparava no quinto alvo
— Como assim? - perguntei olhando-a
— É que... - ela se interrompeu olhando pra cima - CUIDADO!
Ela se jogou contra mim, me empurrando. Rolamos alguns metros no chão, ela acabou ficando por cima de mim e ouvimos o barulho de algo atingindo o chão. Olhamos da direção e vimos o galho com o alvo no chão
— Você tá bem? - perguntei olhando-a
— Não faça isso novamente - ela falou séria - Uma distração pode custar a vida de alguém e eu não suportaria te perder.
Ela se levantou antes que eu pudesse responder alguma coisa.
— Vamos voltar - ela falou sem me olhar
— Mari? - chamei, mas ela continuou caminhando, corri para alcança-la - Princesa, fala comigo.
— Já falei o que precisava - ela falou séria.
Vi a preocupação em seu olhar, mas ela passou por mim. Seguiu o trajeto e eu a acompanhei em silêncio. Entramos na casa novamente e Guilhermo, Alya e Nino nos viram.
— Deixa eu adivinhar, ele não conseguiu? - Guilhermo perguntou em tom brincalhão
— Pelo contrário, ele é talentoso - Mari respondeu sem olha-lo e começou a subir a escada
— Então por que essa cara? - Guilhermo perguntou observando-a
— Assunto meu - ela respondeu antes de sumi no corredor que levava ao elevador
— O que você fez? - Alya perguntou me olhando
— Esconder garras - desfiz a transformação - Me distrair um pouco
— Eu vou lá falar com ela - Guilhermo falou seguindo o mesmo caminho que ela.
Mesmo não gostando da aproximação deles, não podia fazer nada a não ser esperar. Conversei um pouco com Alya e Nino sobre a evolução dos poderes, mas estava com a cabeça em outro lugar, em outra pessoa pra falar a verdade, inventei uma desculpa qualquer para sair e fui em direção ao andar da Marinette.
— Eu sabia que você e o Agreste iriam se entender - ouvi a voz do Guilhermo através da porta - Está feliz?
Sei que é errado, mas fiquei escutando a conversa deles.
— Na medida do possível estou - Marinette respondeu - Só estarei totalmente feliz quando todos estiverem de volta
— Até quando irá deixa-los as cegas? - Guilhermo questionou e fiquei curioso
— Não posso contar ainda - ela respondeu com certo pesar
— Não pode ou está com medo de contar? - Guilhermo perguntou e ela ficou quieta - Você tem que dizer a eles, Marine.
— Quando for o momento certo, eu conto - ela falou simplesmente
— E quando vai ser isso? - Guilhermo questionou e ela suspirou
— Eu não sei - ela respondeu
— Tudo bem, só quero que pense em uma coisa - Guilhermo falou - É certo entrar em um relacionamento escondendo um assunto como esse?
Eles ficaram em silêncio por um tempo, me afastei da porta e comecei a caminhar normalmente para dentro da sala
— Desculpem, interrompi? - perguntei me fazendo de desentendido
— Não, eu já estava de saída - Guilhermo falou se levantando do banco do balcão e olhou pra Mari - Pense no que te falei.
Marinette simplesmente assentiu, Guilhermo se afastou e passou por mim saindo da casa.
— Está tudo bem, Princesa? - perguntei e ela assentiu
— Está, só tô com a cabeça um pouco cheia - ela falou pondo os copos do balcão sobre a pia - Acho que preciso de um banho e descansar um pouco.
— Isso é um convite? - questionei em tom brincalhão, mas ela sequer sorriu
— Em outra oportunidade, quem sabe - ela falou se virando na minha direção
— Estou sempre aqui por você - falei abraçando-a - Se precisar de qualquer coisa, me fala.
— Obrigada, gatinho - ela murmurou retribuindo o abraço
— Eu te amo - falei e nos beijamos brevemente com carinho
— Também te amo - ele falou e nos soltamos
Fiquei na cozinha depois que ela saiu. A conversa que ouvi passando na minha mente, o que seria o segredo da Marinette? Decidi deixar isso de lado, ela vai falar quando estiver pronta, fui para o meu quarto tomar um banho. Quando deu o horário do jantar, fui para o refeitório, como a casa estava silenciosa presumi que eles já haviam ido para lá. Entrei no refeitório, me sentei a mesa que Nino e Alya estavam, mas não encontrei a Mari em lugar algum.
Quando terminamos de comer, voltamos para o andar da Marinette. O lugar ainda estava silencioso.
— Onde está a Mari? - Alya perguntou
— Ela disse que estava com a cabeça cheia e disse que ia descansar um pouco - respondi e ela assentiu
— Vou seguir o exemplo da Marinette, tô morto - Nino falou simplesmente
— Foi um dia bem cheio - Alya concordou - Boa noite, Adrien
— Boa noite - falei para os dois que seguiram em direção ao próprio quarto.
Fui em direção a cozinha e comecei a procurar alguns condimentos. Encontrei o pão no armário, abri a geladeira peguei presunto e queijo para preparar um sanduíche. Observei as coisas que tinha na geladeira e sorri, a Mari tem um paladar bem infantil.
Preparei o lanche, enchi um copo com suco, coloquei um potinho de danone na bandeja e segui em direção ao corredor. Bati levemente na porta do quarto da Mari, não demorou muito para que eu ouvisse os passos dela se aproximando da porta.
— Adrien? Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou me olhando
Mesmo estando escuro, pude perceber que os olhos dela estavam levemente vermelhos, como se tivesse chorado a pouco tempo.
— Vi que não jantou, então trouxe um lanche pra você - falei e ela abriu mais a porta pra que eu entrasse
— Obrigada - ela murmurou quando coloquei a bandeja sobre a cama
— Como você tá? - perguntei quando ela sentou na cama
— Não sei, minha mente está um bagunça - ela admitiu, me aproximei, sentei atrás dela e a abracei por trás - As vezes acho que não vou dar conta.
— O Mestre Fu não errou na escolha dele - afirmei suave - Não existe pessoa melhor para ser a guardiã do que você, meu Amor. Só está muito preocupada com tudo isso que tá acontecendo.
Ela se afastou um e me olhou.
— É a primeira vez que me chama assim - ela comentou e pude ver um pequeno sorriso se formar
— De amor? - perguntei e ela assentiu - Já te chamei assim várias vezes.
— O Chat Noir chamou a Ladybug assim várias vezes - ela corrigiu
— Caso tenha esquecido, eu sou o Chat Noir e você é a Ladybug - falei em tom brincalhão, a puxei novamente para que ela encostasse as costas no meu peito e ela deu ar de riso - Você precisa comer alguma coisa.
— Tá bem - ela falou e começou a comer
— Porque estava chorando? - perguntei com suavidade para não assusta-la
— Estou preocupada, Adrien - ela falou após alguns segundos de silêncio - A cada minuto que fico sem notícias deles, não sei como estão sendo tratados, se estão machucados, se...
Ela parou e começou a chorar, eu a abracei forte.
— Não pensa assim, olha pra mim - falei ela se virou e comecei a limpar as lágrimas dela - Nos vamos traze-los, você precisa acreditar que eles estão bem, eu sei que estão
— Como pode ter certeza disso? - ela perguntou me olhando nos olhos
— Porque sempre tivemos a sorte do nosso lado - respondi com um sorriso - Eles estão bem e iremos traze-los de volta.
— Eu não sei o que faria se vocês não estivessem aqui - ela sussurrando quando me abraçou.
Quando desfizemos o abraço, insisti para que ela se alimentasse, levei a bandeja pra cozinha e a coloquei sobre a pia, voltei pro quarto da Mari e ficamos deitados em silêncio apenas aproveitando a companhia um do outro até que dormimos.
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