— Que barulho é esse? – Snake Noir ouvia explosões mais altas, devido à sua audição apurada, enquanto os outros ouviam apenas alguns estouros que poderiam passar despercebidos.

— Não é nada. – Mayura tentou impedir que ele levantasse, porém mesmo assim ele o fez – Adrien, não!

— Wow, parada aí! – Rena Rouge chegou bem na hora e colocou a sua flauta na frente da vilã. – E que negócio é esse de Adrien?

— Depois a gente descobre. Agora não podemos tirar os olhos dela, raposa. – Queen Bee puxou o fio do ioiô observando Mayura.

— O sistema se segurança. – Snake Noir recebeu a mensagem de Dragon Bug pelo comunicador – Você sabia disso? – encarou Nathalie com indignação. A mulher abriu a boca várias vezes, mas não falou nada. – É claro que sabia. Eu não acredito! – grunhiu de raiva – Hora de acabar com isso. Cataclysm! – o herói estava prestes a destruir o computador central da casa, porém algo bate em seu braço e o derruba.

— Nem... Pensar! – Hawk Moth apareceu na janela, ofegante pelo trajeto de fora da cidade até a sua casa – Vocês vão pagar caro! – vilão avançou. Pegase parou na frente dele, tentando desviar o seu foco de Snake Noir. Rena Rouge e Queen Bee se distraíram, dando espaço para Mayura chutá-las e as derrubar.

— Hawk Moth, não faça isso! – Nathalie tentou alertá-lo, porém ele empurrou Pegase e avançou em Snake Noir. O herói desviou do golpe e encostou a mão envolta pelo brilho negro no computador central, destruindo o sistema da casa.

— Emilie. – Gabriel murmurou e segurou Snake Noir pelo pescoço. Com o sistema da casa danificado, a câmara que mantinha a sua esposa estaria desligada – O que você fez? Seu insolente! – o loiro se debateu sem ar e Hawk Moth o deixou no chão de joelhos.

— Não! – a mulher gritou novamente e tentou ir até os dois, mas foi derrubada por Queen Bee – Vamos acabar com isso. – segurou a mão dele, pronto para retirar o Miraculous do gato.

— Vá em frente... Termine o trabalho... Pai. – disse a última palavra em um tom de desprezo. Gabriel parou imediatamente e arregalou os olhos. Snake Noir aproveitou a oportunidade, girou o seu pulso e segurou a mão de Hawk Moth. Em seguida, puxou o vilão e passou o braço dele ao redor do próprio corpo, o prendendo pelo pescoço de costas pra si. – Vamos acabar com isso. – repetiu a fala de Gabriel e retirou o broche da borboleta.

Uma rajada de ar adentrou o cômodo e deu forma à Dragon Bug – a heroína tinha usado o poder do Miraculous do dragão para sair do esconderijo, enquanto Carapace levava Mestre Fu para um local seguro.

— Não! – Gabriel tentou avançar no filho, porém foi preso pelo ioiô de Dragon Bug.

Rena Rouge retirou o Miraculous de Nathalie também, enquanto Queen Bee a mantinha presa com o fio do seu pião.

— Acabou. – disse Dragon Bug – Pra vocês dois.

Gabriel respirava fundo várias vezes, ainda em choque pelo que tinha acabado de acontecer.

A carga do Miraculous do gato chegou ao final, revelando somente Aspik. Adrien então, se abaixou na frente do pai, atraindo a atenção dele.

— Sass, scales rest! – desfez a transformação por completo. Dragon Bug prendeu a respiração com o ato, sem nem ao menos perceber. Adrien Agreste estava bem ali na sua frente, como prova definitiva de que ele era o seu parceiro.

— Filho... – Adrien não disse nada, apenas encarou Gabriel e em seguida olhou para a sua parceira.

— Obrigado pela ajuda. – ela assentiu e ele ficou de pé – Está na hora de entregá-los às autoridades.

***

— Fico feliz que o senhor esteja bem, Mestre. – Marinette e Fu conversavam em um café qualquer da cidade, quase que escondidos na última das mesas no fundo do local.

— Eu também. O pior já passou, ao menos para nós. Mas agora, Adrien vai precisar de todo o apoio possível. – a azulada encarou o seu café. Tinha tanta coisa para resolver ainda.

— Eu sei. E agora que eu sei sobre a identidade dele, vamos ter que entregar nossos Miraculous? – questionou receosa – Afinal, não tem mais Hawk Moth ou Mayura.

— Na verdade, eu queria conversar sobre isso também. – Marinette engoliu em seco, imaginando o pior. – Depois que Gabriel Agreste descobriu quem eu sou, não posso mais ser o Guardião. É muito arriscado.

— Mas Mestre...

— E uma opção seria levar os Miraculous de volta para o templo, mas eu acredito que vocês têm feito um bom trabalho com eles aqui.

— Como assim?

— Eu quero que você seja a nova Guardiã, Marinette. – ela abriu a boca chocada com o que tinha acabado de escutar.

— Eu? Mas por quê?

— Você é uma Ladybug completa, se mostrou muito competente e poderosa. E eu sei que pode parecer um fardo pra você, mas você tem alguém com quem dividi-lo.

— Chat Noir. – disse baixo e Fu assentiu.

— Vocês são a dupla perfeita, o Yin e o Yang, feitos um para o outro. Juntos, são mais poderosos do que imaginam.

— Eu não tenho certeza... Eu... Eu não sei. – Marinette sentiu seus olhos marejados. Era estranho Fu dizer que ela e Adrien eram feitos um para o outro, porque parecia uma realidade bem distante agora. Também tinha a emoção, por estar sendo escolhida pelo Mestre e a tristeza em pensar que não veria mais ele, ao menos era o que tudo indicava. – Mas e o senhor?

— Eu não vou embora pra sempre, Marinette. Você sabe, se precisar mim, a sorte dirá aonde me encontrar. – piscou para a heroína. – Ela nunca erra.

***

Ladybug pousou na frente de Luka, que dedilhava o seu violão, no convés do barco. Era noite e tudo o que podia ser ouvido, era o som vindo do instrumento e o barulho da água se movendo.

— Olá.

— Oi. – Marinette respondeu tímida e sentou à frente dele. – Eu queria agradecer pelo que você fez hoje. Se não fosse por você, estaríamos procurando o Mestre até agora. – Luka sorriu.

— Não fui bem eu e garanto que você fez a maior parte. – parou de tocar o vilão para encarar Ladybug. Era estranho conversar com ela assim, embora soubesse exatamente quem estava por trás da máscara.

— De qualquer maneira, a sua parte foi muito importante. Obrigada.

— Não há de quê. – ficaram em silêncio por alguns segundos. Luka pôde notar que a luz da lua realçava os traços delicados de Marinette, a deixando ainda mais bonita. – E como você está? – questionou antes que seu pensamento fosse longe demais. A azulada suspirou pesadamente.

— Bem, eu acho. Mas ainda não acabou e eu tenho muito o que fazer. – massageou as têmporas, casada só de pensar – Preciso conversar com o Adrien sobre o pai dele.

— Imagino que não vá ser fácil.

— Pois é. E também eu sou a nova Guardiã dos Miraculous, então eu tenho uma nova responsabilidade. Mais uma.

— Você vai se sair bem. – Marinette fitou o garoto de cabelos azuis, que mantinha uma expressão calma no rosto.

— Como... O que você faz, pra não surtar? Sabe, não temos as mesmas responsabilidades, mas eu imagino que você tenha algumas. – explicou rapidamente – E como você faz pra ficar de boa com elas? – Luka riu de leve.

— Eu aceito elas. Mas eu também aceito que às vezes eu preciso de tempo pra mim. Então eu pego o meu violão, ou a minha guitarra e toco as minhas melodias. – colocou o vilão de lado e se inclinou para falar melhor com Marinette – Não adianta se matar para cumprir as tarefas e não ter um tempo pra você. O segredo é se cobrar até certo ponto.

— Entendi. Mas... Parece que sempre as pessoas esperam algo de mim, seja como Marinette ou como Ladybug. E é difícil tirar um tempo.

— Nem sempre a gente consegue sozinho, ou às vezes é difícil mesmo. – deu de ombros – O importante é não desistir até que você se sinta bem consigo mesma. – a azulada sorriu.

— Você mentiu quando disse que não era muito bom com palavras, no dia que nos conhecemos. – Luka riu e se recostou no assento.

— E eu não era nenhum pouco bom mesmo. Mas eu acho que ando mais inspirado esses dias.

— Ah é? E o que pode te deixar tão inspirado, ao ponto de ser o mestre das palavras motivadoras? – ironizou e Luka deu um sorriso sincero.

— Você.