Soulwatch escrita por Me Myself and I


Capítulo 3
Capítulo 2 - Na biblioteca municipal




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— Mãe, cheguei! – Percy esperou Nico entrar também antes de fechar a porta da frente e sentar-se para tirar o tênis, seus olhos desviando de tempos em tempos para seu antebraço, onde por baixo do casaco se encontrava o bracelete. Após a colocada do bracelete, Percy e seus amigos foram comemorar em uma lanchonete que ficava perto do apartamento de Beckendorf e dava hambúrgueres de graça para aniversariantes.


Agora eram quase oito horas da noite, então seus pais deviam estar em casa. De fato, apenas alguns segundos depois de avisar que havia chegado, Sally apareceu na sala de estar e fez seu caminho até a entrada, contornando os móveis com dificuldade por causa de sua barriga de quase oito meses de gravidez e se apressando para dar um abraço em Percy.


— Finalmente! Eu sei que hoje é especial, mas você não pode achar algum tempinho para ficar com a sua mãe? – ela se soltou antes que ele pudesse responder, apertou-lhe as bochechas e virou-se para abraçar Nico – Nico querido, é muito bom ver você. Você sabe que está em casa, fique à vontade. Como está sua mãe?


— Ela está melhor, obrigado, tia Sally. Meu pai também pediu pra eu te avisar que ele tem algumas coisas pra resolver com você sobre a herança da vó Reia – Sally abanou as mãos, interrompendo-o.


— Você é muito novo para se preocupar com isso, depois eu falo com o seu pai. Vocês estão com fome? A comida está quase pronta!


Mais tarde, após a janta, Nico e Paul estavam na cozinha lavando a louça, e Percy foi puxado para a sala de estar por sua mãe. Sem acender as luzes da sala, Sally o levou até o sofá, aonde sentou-se e deu três tapinhas sinalizando que era pra que ele sentasse também.


— Você sabe que eu estive me segurando o jantar inteiro pra não falar nisso. – ela confidenciou-lhe. Percy riu, já puxando a manga e esticando o braço para que sua mãe visse o fino bracelete. O cômodo permaneceu silencioso, exceto os ocasionais murmúrios vindos da cozinha, e Percy desejou guardar aquele momento para sempre. Sally tinha uma mão sobre a boca e os olhos marejados, normalmente castanhos como avelã, pareciam um oceano naquele momento, refletindo a luz verde. Percy lembrou-se da noite em que haviam conhecido Paul, e como sua mãe havia parecido em paz e esperançosa, como agora. Ele só podia esperar por um relacionamento tão incrível como o de sua mãe e seu padrasto.


Eles conversaram pelo resto da noite.

 

《♤♡◇♧》

 

Era o dia seguinte, um sábado, e Nico havia conseguido arrastar Percy para a biblioteca municipal, para seu desprazer. Não é que Percy não gostasse de ler. Ele só preferia gastar seu tempo fazendo outras coisas, como nadando ou surfando. Nico, por outro lado, era obcecado por mitologia desde criança, e com o passar dos anos, sua obsessão havia se traduzido em camisetas, filmes, jogos de cartas, e, nos últimos meses, livros relacionados ao assunto.


Agora, Percy se encontrava sentado em uma das mesas de madeira clara no salão principal. Era um cômodo amplo e bem iluminado, pois o edifício havia sido reformado há alguns anos. Grandes janelas na parede leste deixavam os raios de sol entrarem, e o chão era coberto por um carpete azul marinho. Dezenas de fileiras de estantes metálicas rodeavam esse espaço de leitura, e em algum ponto atrás delas Percy sabia se encontrar a gloriosa saída, que ele queria muito estar utilizando agora.


A biblioteca estava razoavelmente vazia, como era de se esperar para um sábado de manhã. Entediado, Percy observava Nico puxando livro após livro da mesma prateleira no corredor sob a placa “Mitos e Folclore”. Ele estava á uns 15 metros de distância, que é o motivo pelo qual Percy apenas conseguia ouvir um murmúrio das palavras que seu primo trocava com uma funcionária loira. Percy mexia em seu bracelete distraidamente, ainda não familiarizado com o peso. De vez em quando, furtava olhares para a luz verde, apenas para confirmar que nada havia mudado. De algumas estantes a esquerda de Nico, um menino de cabelos cacheados saiu correndo, dando a volta nas mesas uma vez antes de se embrenhar em outra estante.


— Bobby! – uma voz feminina exclamou em tom de sussurro. Uma mulher alta e magra como um graveto saiu apressada de onde o menino havia fugido, olhando em volta freneticamente. Ela tinha cabelos castanho-claros e segurava dois livros grossos contra o peito. Percy notou a luz vermelha vinda de seu pulso, o que significava que ela já tinha uma alma gêmea. Percy estava prestes a lhe apontar na direção em que “Bobby” havia corrido quando ele reapareceu em outra estante na sessão de mitologia, um pouco mais longe de Percy. Ele vinha correndo em velocidade máxima, e soltou uma exclamação abafada quando deu um encontrão com outra garota, que o segurou bem a tempo de impedir sua queda. Era uma menina da faixa etária de Percy, com longos cabelos loiros e um uniforme de escola particular. Ela tinha acabado de por um livro na estante e não pareceu notar sua carteira caindo da bolsa no impacto. Bobby hesitou por um segundo antes de se soltar, correndo em direção a saída e sendo seguido de perto pela mulher morena que tentava repreendê-lo.


Percy viu a garota observar por alguns segundos a direção para a qual Bobby tinha corrido antes de tomar o mesmo caminho, sem parar para recuperar o item caído no chão. Percy teria que admitir que demorou alguns segundos a mais do que devia para se dar conta de que tinha que avisá-la da carteira, e talvez fosse por isso que quando sussurrou um “Hey! Loira!” a menina não tenha ouvido. Ela já estava a quase 30 metros agora, indo em direção a saída. Levantando da mesa em que estava, Percy deu uma pequena corrida e recuperou a carteira caída, se virando logo em seguida. A garota loira, no entanto, já havia desaparecido.


Com um suspiro, Percy se dirigiu para onde seu primo estava absorto na conversa. Rodava desculpas para ir embora dali na cabeça. Chegando ao lado de Nico, no entanto, percebeu duas coisas que o distraíram de seu objetivo: a primeira é que a funcionária com quem seu primo conversava era na verdade um homem, de cabelos compridos e olhos bem azuis. A segunda é que esses olhos azuis encaravam Nico com muito interesse para uma interação que deveria ser tão casual. Percy ficou parado por alguns segundos vendo o funcionário loiro encostar de leve no ombro de Nico, e como pela primeira vez em muitos anos seu primo não parecia se importar com o contato físico de um suposto desconhecido. Em um choque maior ainda, Percy percebeu que Nico mantinha um pequeno sorriso no rosto, quase imperceptível, mas que definitivamente estava lá.


Percy tinha uma certa ideia do que estava acontecendo, e ficou na dúvida sobre o que fazer, mas decidiu que precisaria interromper a estranha interação alguma hora, então seguiu em frente. Ao ver seu primo se aproximando, Nico murmurou algo para o funcionário, que imediatamente parou de falar e voltou-se na direção de Percy.


—Bom dia, posso te ajudar com algo? – o rapaz loiro perguntou. Agora que estavam perto um do outro, Percy pode notar que seu crachá dizia «William Solace».


— Esse é o meu primo Percy. – Nico comentou, tirando um livro da estante. William que antes parecia confiante ficou vermelho como um tomate, o que apenas serviu para aumentar as suspeitas de Percy.


— Ahn, p-prazer. Meu nome é William mas você pode me chamar de Will. – os três rapazes ficaram em silêncio por alguns segundos, e Percy viu Nico por a mão no rosto discretamente. Tentando acabar como o silêncio constrangedor, Percy estendeu a carteira perdida na direção de Will.


— Uma menina deixou cair ali no corredor H03. – Will pegou a carteira cinzenta e a abriu, provavelmente procurando por alguma identidade. Nesse meio tempo, Percy aproveitou para encarar Nico, mas seu primo mais velho estava ativamente evitando seu olhar.


— Aaah, Annabeth. Ela frequenta bastante a biblioteca, eu posso devolver pra ela facilmente. Obrigado. – Will estendeu a mão para um aperto mas acabou decidindo pelo contrário e se virou para Nico. – Bom, tenho que voltar ao trabalho. Até a próxima, Neeks. – e saiu apressado antes que alguém pudesse responder. Percy observou seu primo por alguns segundos.


—Neeks? – disse finalmente, tentando segurar o riso. Nico soltou um grunhido desconfortável e tentou esconder o rosto vermelho, mas Percy puxou o livro de suas mãos. – Parece que você tem algumas coisas pra me contar.


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Notas finais do capítulo

Oioi, pessoas! Espero que estejam bem. A primeira metade do capítulo já estava pronta a algum tempo, mas com o final do período eu quase não tenho tempo para respirar. Eu senti uma pequena diferença na escrita de uma metade pra outra, mas pode ser só paranoia. Pela primeira vez eu tenho uma ideia bem clara do que eu quero fazer com uma história, então eu estou confiante de que essa vai ser terminada, mesmo que existam períodos com poucos updates. Enfim, obrigada por lerem e comentarem. :)



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