O Fim da Inocência escrita por Janus


Capítulo 1
Capítulo 1




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 Era um dia lindo. O céu estava incrivelmente azul, e sem nenhuma nuvem. Eu podia ver claramente alguns pássaros flutuando graciosamente, naquele mar de atmosfera limpa, sem poluição – um viva a tecnologia do século XXX – além da normal, causada pela respiração dos animais.

 - Agüente firme, nós já estamos chegando.

 Eu olho na direção da voz, ou melhor, tento mover minha cabeça, mas ela não obedece. Estranho... será que estou sonhando? Era a voz da Joynah, tenho certeza. Sim... deve ser ela... apesar de ser a única sailor que não posso sentir, sei que ela está por perto, bem perto. Sailor Moon está mais abaixo de mim, junto com a irmã... mas... suas energias estão tão fracas... será que estão bem?

 Estou com sede... muita sede. Tento engolir um pouco de saliva, mas minha língua mal se move... é um sonho? Ou um pesadelo? Onde estou, afinal de contas? Posso ver o céu azul, e nenhuma nuvem. Vejo os pássaros planando com graciosidade, ocasionalmente batendo as asas, apenas para melhorar o seu equilíbrio, já que há muitas colunas de ar ascendente para sustenta-los com o calor do Sol. Hum... agora que estou reparando... os pássaros estão de cabeça para baixo...

 Ainda mal consigo mover o meu corpo. Devo estar sonhando mesmo... acho melhor fechar os olhos e terminar de sonhar... para acordar bem disposta amanhã. Vai ser uma aula difícil, mesmo para mim...

 - Titã... abra os olhos. Não desista ainda... TITÃ!!!!!

 Não grite Serena... eu só quero dormir. Está tão gostoso... o calor que sinto em meu peito e barriga é tão acalentador... há... tudo bem. Só para te deixar feliz. Eu abro os olhos de novo e a vejo, praticamente a poucos centímetros de meu rosto. Agora que reparo que ela está em sua forma de Ethernal, com as grandes asas batendo com força, e carregando a pequena Chibi Moon no colo. Chibi Moon... tome cuidado... CUIDADO!!!

 Com o que? Sei que eu disse isso para ela, mas... estou tão confusa... será que era um sonho anterior a este? Será que ela ia fazer algo perigoso e eu gritei para que ela tivesse cuidado? Não lembro direito... eu tento fixar meus olhos nela, mas acho que estão embaçados. Tem lágrimas saindo deles – dos meus olhos – deve ser por causa do vento... tem um vento muito forte aqui... posso ouvir o sibilar dele em meus ouvidos.

 Não consigo ver os olhos da Chibi Moon. A irmã dela está cobrindo eles. Porque? O que você não quer que ela veja? Será que estou indecente? Eu sei que gosto de roupas sensuais e até sexy demais para a minha idade, mas... o que posso fazer? Eu gosto. Gosto de me exibir... todos vocês sabem disso. Assim como a Diana... acho até que estamos competindo ultimamente... igualzinho a você e Joynah.

 Eu pisco os olhos e... de repente... ela não está mais na minha frente... está mais afastada... posso ver todo o seu corpo agora... seu corpo... sailor Moon... sua roupa está manchada... parece barro ou outra coisa vermelho escura... o que aconteceu com você? Acho que agora, posso mexer um pouco a cabeça... tento olhar para cima, para o céu azul que tinha me dado tanta calma. Mas não vejo ele... apenas... o solo?

 É o solo... correndo com certa rapidez... acho que estou há uns mil metros de altura... dá para ver alguns confeitos de algodão um pouco mais distante, brilhando a luz do Sol... que... lindo... não... não é algodão... são nuvens... mas não importa... ainda assim, são lindas... só vejo elas assim quando estou passeando de transporte aéreo, ou quando Joynah me carregava por ai... nos sábados... quando treinávamos com o pai dela...

 Eu estou voando... é isso! Por isso sinto o vento no rosto, ouço o sibilar deste nos ouvidos, e é por isso que sailor Moon está voando ao meu lado. E, se ela está ao meu lado, deve ser a sailor Terra quem está me carregando. Isso explica os pássaros de cabeça para baixo. Minha cabeça deve estar pendendo para trás. Ela deve estar me carregando no colo, e não ao longo do corpo.

 Mas porque? O que aconteceu para ela estar fazendo isso? Será que estou doente? Não sinto nada... nada mesmo... apenas um calor gostoso na região do peito esquerdo seguindo até a cintura, no lado direito... bem, também há um ardor na mesma região... como se eu tivesse me esfolado em algum lugar.

 Eu giro a cabeça para o lado e agora, finalmente, posso ver uma parte do corpo da sailor Terra. Parece que ela também está suja com algum tipo de barro... mas é difícil ver direito com tantas lágrimas nos olhos... será que estou chorando? Estarei triste com alguma coisa? Eu tento engolir minha saliva de novo, mas, novamente, minha língua parece estar rebelde demais...

 Dou mais uma piscada de olhos... estranho... parece que o solo lá embaixo deu um pequeno pulo... como se tivesse se movido mais rápido quando eu pisquei... acho que meus olhos estão um pouco melhores agora... posso ver  outra coisa, que não tinha reparado antes... parece que... algum tipo de líquido está caindo... logo atrás de mim... escorrendo da saia da sailor Terra... o que será que é? Será o suor dela pelo esforço de me carregar? Se for... coitado do Herochi... o dia em que eles ficarem um bom tempo dançando, vai ter que esperar ela tomar banho...

 Eu estou muito cansada... resolvo fechar os olhos de novo, para um rápido cochilo... quando os abro, não vejo mais a terra acima de mim, não sinto mais o vento em meu rosto, nem ouço o seu sibilar. O que vejo, é um teto branco... com luzes muito fortes em meus olhos, quase me cegando...  acho que o sonho acabou, e minha mãe acendeu as luzes para me acordar...

 Já vou mãe... não precisa jogar seu Maremoto em mim... hum... ainda estou muito cansada... meu corpo não está obedecendo... eu viro os olhos para a minha esquerda – minha cabeça não quer se mexer – e vejo a sailor Terra, afastada, com um... enfermeiro... é isso mesmo? Conversando com ela... Joynah... o que aconteceu com você? Sua roupa de sailor... está rasgada... muito rasgada!!! Parece que tem três ou quadro rasgos enormes começando do ombro direito e indo até o seu umbigo... Joynah... seu seio está quase que exposto... melhor trocar de roupa... não... você não precisa mais se trocar... é só reverter a transformação... faça isso... ou sua mãe vai lhe dar um senhor sermão por andar de forma indecente por ai...

 Tem mais alguma coisa nos rasgos... no meio deles... tem... meu Deus... JOYNAH!!!! VOCÊ ESTÁ FERIDA!!!! MUITO FERIDA!!!! Deve ser por isso que o enfermeiro está conversando com você, tentando leva-la com ele... ele deve querer te tratar... vai com ele... esses arranhões que estou vendo no mesmo local dos rasgos da roupa... devem ter sido profundos... vá se tratar... vá... eu estarei esperando você aqui... o que?

 Alguma coisa está na minha frente... não deixando eu ver Joynah... agora saiu... ela ainda está ignorando o enfermeiro... Joynah... essa coisa vermelha na sua roupa... eu pensei que era barro mas... é sangue! Você precisa de cuidar... agora!

 De novo não... quem está colocando esta manta branca na frente dos meus olhos? Eu quero... ?!?! mas... quem é você? Por que não fala alto? Sua boca se mexe, mas não estou ouvindo nada... para que esta touca? E esta mulher ao seu lado... por que está parecendo uma ajudante vestida como se estivesse em  uma sala de cirurgia?

 Eu tento dizer para falarem mais alto, mas... minha boca... minha língua... apenas se movem fracamente... tudo o que consigo é balbuciar... eu pisco meus olhos de novo e... e... por que eles não estão mais olhando para mim? O que estão fazendo na minha barriga? Estou sentindo alguma coisa lá... parece que algum deles está tentando me fazer cócegas... Joynah... faz eles pararem com isso...

 Eu viro os olhos na direção em que a vi e vejo que sailor Moon está do seu lado agora... parece que está segurando sua cabeça em seu peito... e ela... parece... que está chorando... porque? Sei que estes arranhões ai são feios... mas, com sua capacidade de recuperação, devem desaparecer por completo em alguns dias... mesmo assim, você devia trata-los... ou... ou... o que estão colocando na minha cara? Uma mascara? Não vou a nenhum baile a fantasia... e... que chiado é este? Parece com um sopro ou...

 Ou... ... eu... entendi. Eu devia estar com muita falta de oxigênio para não ter percebido antes... estava divagando... aquele líquido que eu vi espirrando da saia da sailor Terra... o barro que eu vi na sailor Moon e o sangue que estou vendo na sailor Terra... não era líquido, e nem barro... e o sangue não devia ser, pelo menos, em sua maioria, da sailor Terra...

 Por isso que ela estava cobrindo os olhos da irmã... ela não queria que ela visse... a mim... no... estado em que devo estar...

 O cansaço, a falta de força e os meus músculos se recusando a me obedecer... o sangue... devia ser meu sangue. Eu... devo estar em uma mesa de cirurgia... e... estão mexendo dentro de mim... tentando remendar meus orgãos internos lesados... tentando salvar... minha... vida...

 Me sinto muito sonolenta de novo... sinto meus olhos se fechando mais uma vez... e agora... eu me pergunto... se eles irão se abrir novamente...

 

 

 - Viu só? Eu não disse que não ia doer?

 O sorriso encabulado do menino foi a melhor recompensa que ela podia obter. Isso e a satisfação de constantemente ser chamada na rua por "titia Amy" pelos seus "clientes". Apesar da pediatria não ser sua principal área de atuação, ela não recusava cuidar das "pestinhas".

 Cerca de quarenta por cento dos que iam até a clínica eram crianças. E pensar que tudo começou por causa dos filhos de suas amigas. Como aqueles peraltas quase sempre acabavam se machucando em suas andanças por ai, era natural serem vistos com relativa freqüência por lá. Isso chamou a atenção dos outros pacientes, que, lentamente, começaram  a pedir para que ela desse uma olhadinha neles também.

 Agora, já pensava seriamente em abrir uma outra clínica, apenas para cuidar das crianças. Já estava ficando um pouco difícil ter de tratar de tanta gente. Era considerada como a médica da família para muitos - cerca de trezentas famílias – e, ainda era a principal responsável por manter as sailors em forma, embora estas quase sempre pudessem se recuperar sozinhas.

 - Obrigado, titia Amy... – disse a pequena criança para ela.

 - É o meu trabalho – sorriu de volta – você escovou os dentes hoje?

 Ele balançou a cabeça para cima e para baixo, várias vezes.

 - Que bom – ela foi até sua escrivaninha ao lado e abriu a primeira gaveta. Deu uma olhada com um olhar um pouco sedutor para o menino, e pegou algo da gaveta, fechando-a em seguida – tome – disse ela entregando-lhe um bombom – mas é só para depois do almoço, entendeu?

 Feliz da vida, ele agradeceu. Logo em seguida, a mãe dele o pegou no colo e o pos no chão, empurrando-o gentilmente pela nuca para induzi-lo a sair do consultório. Amy os acompanhava até a saída, como sempre fazia com todos que medicava. Era parte de sua gentileza para com os seus pacientes, um tipo de tratamento vip todo especial. Pode parecer pouco, mas, ter um médico que o acompanha até a saída é sinal de respeito, e de compromisso.

 Ela foi levar a mão para abrir a porta para a mãe e seu pequeno filho, quando, inesperadamente, esta se abriu, e sailor Moon, e sua forma de Ethernal, entrou por ela, segurando-a nos ombros, o rosto em uma única súplica.

 - Amy... precisamos de você... rápido.

 Ela começou a puxa-la para fora, segurando em suas mãos. Parecia que não ouvia seus protestos ou suas perguntas sobre o que estava acontecendo. Ela só dizia que precisava dela, agora, naquela hora, de qualquer forma. Ela tinha que vir, só ela podia fazer alguma coisa.

 - Sere... sailor Moon, o que aconteceu?

 - É TITÃ!!!! – gritou ela, completamente desesperada – ELA ESTÁ MORRENDO!!! VAMOS!!!!

 Ela precisou de um tempo para absorver suas palavras, tempo este que sailor Moon usou para agarra-la pela cintura e voar com ela, muito rapidamente, deixando os pacientes e transeuntes que viram a cena completamente chocados. Horas depois, os sistemas de notícias e jornais virtuais estariam dando a manchete: "Sailor Titã gravemente ferida, médicos requisitados em várias partes de Cristal Tókio".

 - Sailor Moon... Serena... o que aconteceu?

 - Nós estávamos passeando... – balbuciava ela - no parque nacional... minha irmã estava junto, e também Haruka e Diana. Era só um passeio sem compromisso nenhum... nem em sonhos imaginávamos que podíamos esbarrar nele...  foi apenas uma coincidência... uma... uma coincidência!!

 Ela estava chorando agora. Amy reconheceu os sintomas. Ela estava em choque. Devia ter presenciando algo muito terrível, se controlado na hora e, só agora, estava sentindo os efeitos.

 - Minha irmã... ela viu tudo... meu Deus... ela viu ela ser rasgada... viu o seu coração pulsando pelas costelas partidas... como será que ela vai encarar isso?

 - Serena... – ficou apavorada quando ela disse aquilo - do que... quem?

 Ela não disse mais nada. Tinham começado a descer e Amy tentou saber onde seria. Naquela região só havia um hospital infantil, para tratar das crianças que moravam na periferia da cidade. Nada muito sofisticado – mesmo porque, era desnecessário para os acidentes que normalmente ocorriam na região.

 No entanto, se elas tinham deixado Titã lá para ser tratada, e, se ela realmente estivesse tão ferida assim, eles não teriam nem condições nem gente com experiência suficiente para faze-lo. Por isso que ela tinha ido pega-la. Devia estar tão desesperada e em pânico que não percebeu que havia um outro hospital, melhor aparelhado e com pessoal com experiência suficiente bem mais próximo que a sua clínica.

 Havia uma certa multidão na porta de entrada do hospital. Amy, que normalmente sempre mantinha seus sentidos e sua mente abertos a tudo o que a cercava, desta vez, estava sem prestar atenção neles. Tudo o que conseguia visualizar era Anne, a menininha que tinha criado como filha, estirada em uma mesa fria, acéptica, cercada por vários médicos tentando costura-la por dentro. Imaginava o que iria encontrar pela frente, ao mesmo tempo em que se lembrava dos momentos difíceis em que ela tinha lhe dado sustos.

 - Por favor... saiam da frente – dizia sailor Moon quase que implorando – por favor.

 Elas atravessaram o – ainda – pequeno grupo de curiosos, que estavam sendo mantidos do lado de fora por seguranças do próprio hospital. No chão, Amy viu o rastro de sangue. Era pelo menos quatro fileiras contínuas de gotas de sangue, seguindo o mesmo caminho que ela agora estava percorrendo. Atravessava a porta de entrada, e seguia pelo corredor amplo. Podia ver que as vezes o rastro fazia um tipo de zig-zag, indo de um lado a outro do corredor. Mesmo sem querer, ela avaliava o porque disto... devia ser quando a carregaram para dentro, pelo corredor... eles tiveram de desviar de pessoas que estavam caminhando neste.

 Mas não era nada disso que sua consciência via. Sua mente podia estar trabalhando em cuidar de andar e observar ao redor, mas, em seu interior, o que ela estava vendo era Anne, quando garotinha. Lembrava-se da primeira vez que começou a cuidar dela... ela tinha dois anos então. A primeira prova de que era inquieta aconteceu duas semanas depois. Ela tinha tentado subir na pia, abrindo as gavetas de forma a estas formarem uma escada, e tinha escorregado e batido a cabeça no chão.

 - É aqui! – disse sailor Moon.

Ela olhou para a porta. A trilha de gotas de sangue fazia um arco no chão, acertando algumas paredes, inclusive a porta. Deviam ter entrado correndo com ela ali. Era o centro de emergências. Ela abriu a porta e ambas entraram de forma apressada. Sailor Terra estava ali. Suas roupas estavam rasgadas e com muito sangue. Mas ela parecia estar bem. Estava com as mãos espalmadas em uma vidraça, que permitia que pudesse ver o que estava ocorrendo na sala de cirurgia de emergência, mas não era para visitantes. Bem... ia ser mesmo difícil alguém conseguir tira-la de lá.

 Em sua mente, Amy continuava a relembrar. Ela tinha ficado com um grande galo na cabeça, e chorou por toda aquela tarde. Foi só o primeiro incidente. Aos seis anos, ela e as amigas estavam jogando vôlei no meio da rua. Bem, a rua tinha mesmo pouco movimento... só que Suzette tinha lançando a bola muito longe, de forma que caiu em uma casa com muro alto. E o dono não estava lá na hora. Logicamente, ela ignorou o aviso de que havia um cão bravo por lá...

 - Doutora! Que bom que chegou... – disse uma enfermeira, que ela não sabe de onde tinha vindo - a situação é crítica... nós não estamos equipados para cuidar dela, não neste estado. Nem temos médicos com competência suficiente. Basicamente nosso quadro é só de estagiários. Que bom que pôde vir.

 Ela começou a conduzi-la para uma sala adjacente, onde os médicos e enfermeiros se vestiam para realizar as cirurgias, e, sem pedir nenhuma licença, começou a retirar o seu jaleco branco e a vesti-la imediatamente com a roupa do hospital. Um traje branco azulado.

 - Ainda não conseguimos estabiliza-la. Há lesões no coração, pulmão, diafragma...

 Sua mente ativa catalogava cada item mencionado por ela. Sua mente consciente, contudo, continuava a relembrar. O incidente com o cachorro chegou a ser grave, mas nem tanto. Ela saiu de lá com a bola de vôlei, e uma senhora assinatura dentária do cachorro no traseiro. Era tão perfeita, que podia-se até tirar um molde desta, e compara-la com a arcada dentária original. Desta fez, contudo, ela não chorou. O cachorro é quem fez isso, pois ela tinha revidado a mordida.

 A enfermeira empurrou as suas mãos para dentro dos dois pequenos orifícios da máquina de esterilização. Imediatamente, jatos de água e líquidos anti-sépticos começaram a banha-las, preparando-as para ficarem esterilizadas o suficiente para a delicada tarefa que tinha pela frente. Ela continuava falando da situação da paciente. Já estava entubada, e tinham ventilado os seus pulmões. Estavam suturando as principais veias rompidas, mas, com sutura, e não o “cola carne”, pois haviam claros sinais de uma infecção se alastrando pelos ferimentos.

 Foi até engraçado quando ela foi levada ao hospital. O médico de plantão queria ver a carteira de vacinação dela, para saber se o cachorro estava fora de perigo... ela foi muito valente na ocasião, e ficou contando a história de como tinha mordido um cachorro bravo por vários meses, sem contar que, quando alguém discutia com ela, ameaçava morde-lo.

 Amy retirou as mãos do aparelho e estas já saíram totalmente esterilizadas e recobertas com uma película plástica especial. Não se usavam mais luvas cirúrgicas já faziam séculos. A enfermeira colocou uma máscara translúcida em sua boca e uma touca especial em seus cabelos, e a conduziu até a sala de cirurgia. Haviam pelo menos umas doze pessoas ao redor da paciente, de tal forma, que ela nem sabia onde estava a cabeça. Rapidamente a enfermeira informou ao médico chefe quem era ela e este, gentilmente – na verdade ele estava era aliviado – convidou-a a tomar  o seu lugar.

 O próximo incidente grave na carreira de dores de cabeça que Anne tinha lhe causado, tinha sido bem mais assustador, mas, como das outras vezes, não chegou a ser grave. Ela tinha cismado de correr atrás de um cachorrinho na rua, este passou por entre uma grade com pontas na parte superior, e a bobinha tentou pula-la. Fez um arranhão feio no braço, tão feio que precisou levar pontos. Suas mães lhe deixaram de castigo por um mês.

 Quando finalmente ela viu como ela estava, todas as lembranças cessaram. Por um mero instante, ela teve de lutar contra a vontade irresistível de soltar um grito de agonia, e de abraçar sua querida criança, que estava ali, em estado tão.. tão.. não... não devia pensar nisso. Sailor Titã precisava de ajuda, e a sua mãe de criação teria que ficar do lado de fora da sala. A partir daquele instante, apenas a doutora Amy ficaria ali, consciente, concentrada, lutando de todas as formas para salvar a vida dela.

 A vida da sailor Titã, a lunar senshi.

 A vida de sua preciosa filhinha “quase” adotiva.


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