— Karin, você nem está me ouvindo! – Reclamou com a amiga que claramente esta secando alguém, pra variar.

— Desculpa Ino, mas eu achei meu futuro marido.

— Outro? – Ironizou.

— Não, esse não me escapa. Ele é muito gato! Olha, olha! Discretamente...

— Claro! Pra ele não perceber, não é? – Riu da amiga que sequer piscava. A jovem loira levantou-se e sentou em uma cadeira vazia, ao lado de Karin, para poder ver quem estava chamando a atenção dela. E teve que concordar, ela tinha acertado. Era um jovem loiro muito bem vestido, sentado sozinho em um desses bancos que ficam nos corredores do shopping. Estava concentrado no celular, por isso Karin não se preocupava em ser pega.

— Gente, que homem. Preciso de uma desculpa pra chegar nele – Karin murmurou.

— Desde quando você precisa de desculpa pra chegar em alguém?

— Ele não é só alguém, é meu futuro marido. Precisa ser especial pra quando contarmos a história de como nos conhecemos.

Ino começou a rir. Não sabia quem era o rapaz, mas ele estava perdido. Conhecia muito bem a amiga pra saber que qualquer um que fosse o alvo dela, teria dor de cabeça.

— E se ele já for comprometido?

— Nenhuma aliança detectada – A jovem afirmou ajustando os óculos, com as duas mãos, ainda fitando descaradamente o jovem.

— Ele pode só não gostar de alianças – Rebateu.

— Eu me contento em ser a outra.

— Você? A outra? – A loira perguntou confusa. Não existe, na face da Terra, mulher mais ciumenta que ela.

— Só preciso ter esse homem, Ino. Os detalhes a gente acerta depois – A expressão dela era tão séria, que a loira teve que rir – Opa, apareceu alguém pra estragar meus planos.

Ino voltou a fitar o rapaz e observou quando uma jovem morena, também muito bonita, lhe entregou um copo do Starbucks. Ela sentou-se próxima a ele e começaram uma conversa que parecia amigável.

— Certeza que ele é comprometido, Karin

— É uma amiga – Karin enfatizou rapidamente.

— E como sabe?

— Conversa fluida, sorrisos à vontade, sem se tocar... E ela está de aliança. A coitada está na friendzone.

— Que friendzone se ela está de aliança? – Ino rebateu.

— Você olhou direito para aquele homem? – Karin finalmente fitou a amiga, indignada – Não dá pra ser só amiga dele, não.

— Sabe que ele deve um cafajeste, mulherengo, sem vergonha, que não vale nada, não é? Rapazes bonitos normalmente são.

— Quero mesmo assim – Karin afirmou convicta, voltando a fitá-los.

 Ino apenas sorriu da euforia dela e também passou a observar o casal, que conversava.

Em algum momento, o rapaz olhou as horas e levantou-se. Disse alguma coisa pra morena, que apenas concordou. Em um momento de distração da jovem, ele se abaixou e roubou um selinho rápido dela, afastando-se sem dar tempo para uma reação. A jovem ficou muito vermelha e sorriu. Era visível também o sorriso largo no rosto do rapaz.

— Mulherengo – Ino e Karin repetiram juntas, sem querer, então acabaram rindo.

— Meu coração pode aceitar isso e continuar aberto – Karin afirmou sorrindo – Agora, fica de olho nos nossos pedidos, que eu vou esbarrar sem querer nele.

Ino concordou com a cabeça, já que não daria para segurá-la, mas então ouviu seu celular apitar com um lembrete na tela.

— Ah, Karin, já está na hora de pegar o Inojin.

— Vai depois, aqui é caso de vida ou morte menina – Exagerou, já de pé.

— Vai pagar o tempo extra dele lá?

Karin considerou, bufou, e então sentou novamente.

— Foi o que pensei – Ino entregou a ela a nota fiscal com os pedidos – Fica de olho, nada de distrações na minha ausência.

Karin revirou os olhos e Ino apenas saiu.

A área para crianças ficava a dois corredores de onde estavam e Inojin simplesmente amava aqueles brinquedos. Sempre que trazia o pequeno, ele queria brincar ali. O que era ótimo pra ela, pois assim tinha chance de aproveitar também.

— Oii, eu vim pegar o meu filho, Inojin.

— Claro. Identidade, por favor – A atendente pediu cordial. Ino lhe entregou a identidade, que confirmou a autorização para retirar a criança – Só um instante.

— Traz o meu filho também, por favor? – Ino ouviu uma voz masculina chamar atrás dela, e qual não foi sua surpresa quando o jovem loiro, cobiçado por sua amiga, apareceu ao seu lado.

— Claro – A atendente voltou – Qual o nome dele? Preciso da sua identidade.

— Boruto – Ino observou quando ele entregou a identidade e tentou, disfarçadamente, ver o nome.

— Pronto, eu volto logo – A atendente se afastou e os deixou ali, sozinhos.

— Era você que estava sentada com uma garota ruiva agora a pouco, não? – Ele disse, deixando Ino sem graça.

Ele tinha visto.

— A-ah... Sim – Sorriu envergonhada – Ela meio que ficou enfeitiçada por você. Muito, na verdade.

— Ah, foi isso? – Ele sorriu largamente – Bom, eu lamento decepcionar sua amiga, mas sou comprometido – Falou mostrando uma aliança.   

Ino ficou surpresa. Ele não estava de aliança momentos antes. Ele era mesmo um safado! Mas, se era mesmo, porque estava dispensando sua amiga? Talvez estivesse interessado na jovem morena... A suposta amiga.         

Ino ficou pensando em várias situações até ele mesmo esclarecer.

— É a segunda vez que venho fazer outra. Sou meio desatento – Falou dando de ombros.          

Bom, isso explicava porque ele estava sem. Mas e aquela morena? Seria ela? Quem não arrisca...

— Minha amiga achou que tivesse uma chance quando viu que você não tinha aliança... Mesmo depois de você ter beijado aquela jovem, que apareceu depois... Ela inventou que ela era só uma amiga, na friendszone de um perfeito mulherengo.

O rapaz gargalhou e Ino riu também.

— Bem, ela acertou só uma coisa, ela é minha melhor amiga.

Ino o fitou curiosa, já que isso não explicava o beijo. Mas não tiveram mais tempo de conversar. A atendente voltou com duas pequenas crianças loiras e eufóricas em seus braços.

— Eles se divertiram muito e ficaram super amigos – Falou, entregando as crianças.

— Obrigada pelo cuidado – Ino agradeceu e ouviu quando o rapaz também agradeceu.

— Papai, ele é meu melhor amigo! – O garoto que era uma mini cópia do pai, dizia com a voz mais fofa do mundo – Ele gosta muito de azul como eu!

— É mesmo? Então ele é meu melhor amigo também! – Ele disse animado e se voltou para a jovem loira que ainda estava ali – Sou Naruto Uzumaki, e esse é meu filho, Boruto.

Ele estendeu a mão que foi prontamente recebida.

— Ino Yamanaka... Esse é o Inojin.

— Bate aqui, Inojin – Ele disse alegre levantando a mão, incentivando a pequena criança nos braços de Ino a fazer o mesmo. E eles bateram as mãos, fazendo brotar um sorriso cheio de dentes na criança.

— MAMÃE! – Boruto gritou e se agitou nos braços do pai. Ele olhou na direção que o filho apontava e o soltou, observando-o correr até a mesma jovem morena, que Ino tinha visto minutos antes.

— A mãe do seu filho é sua melhor amiga? – Perguntou confusa.

— Sim... Ah, ela é minha esposa também – Falou sorrindo novamente. Um sorriso ainda mais bonito que os outros que a loira tinha visto.

— Bem, faz sentido – Ino comentou, sorrindo – Sua família é linda.

— Obrigado. Até outro dia Ino, Inojin... – Falou já se afastando.

Ino apenas acenou com a cabeça e observou o homem se aproximar e pegar na mãozinha do filho, e ambos andaram cada um segurando uma mão do pequeno sortudo.

— É uma família realmente muito bonita... – murmurou. Voltou seus olhos para o pequeno em seus braços e disse – Vamos destruir os sonhos da tia Karin?

— Vamos!! – Inojin disse inocente, fazendo Ino sorrir.