Nos dias que seguiram o reencontro entre pai e filha, Morgan não saia de perto, mesmo quando Tony tinha exames e fisioterapia era quase impossível afastá-los. Pepper se preocupava com esse comportamento, pois em breve elas partiriam para a casa nova e ainda não estava definido se Tony iria com elas.

Sempre tentando viver um dia de cada vez ela decidiu não pensar muito em como seria a separação, ao invés disso, resolveu aproveitar cada momento ao lado dos dois.

Naquela manhã eles decidiram tomar o café no jardim e Morgan como fazia quase todos os dias perguntou:

— Papai, quando vamos para casa?

— Precisamos ficar só mais alguns dias, filha. Estamos esperando seus padrinhos e o tio Happy, esqueceu? — Disse Pepper.

— Aqui é chato demais, quero ir para casa. Nem podemos ir à praia.

— Tudo isso vai mudar em breve, Maguna. Precisamos esperar só mais um pouco.

— Não quero esperar, papai. — Disse a menina já chorando.

Enquanto Tony tentava acalmar a filha, Pepper correu para atender o telefone que começou a tocar.

— Já aterrissaram?

— Não, venham direto para cá, precisamos conversar, o mais rápido possível.

Tony que prestava atenção a conversa ficou feliz em saber que finalmente seus amigos haviam chegado.

— Assim que eles chegarem e souberem que estou vivo, podemos convocar a coletiva e acabar logo com isso. Quero reconstruir nossa família bem longe disso tudo.

— Tony…

— Depois de tudo isso nós dois vamos conversar e sei que depois de tudo que tenho para falar você vai entender porque mereço uma segunda chance. — Interrompeu Tony

— Se fosse você, não teria tanta certeza.

— A verdade está do meu lado. — Respondeu com ar de vencedor.

Pepper se pegou pensando que verdade seria essa que mudaria uma decisão tão firme quanto a dela.

Os preparativos para a chegada iminente de seus amigos haviam começado dois dias atrás e no momento que eles foram anunciados na portaria do complexo tudo estava pronto para recebê-los.

Pepper e Morgan esperavam por eles na entrada dos alojamentos, ela já havia instruído sua pequena a não revelar a grande surpresa, mas estava apreensiva, uma criança sempre podia surpreender a todos.

— Dindo! — Morgan correu para abraçar Rhodes.

July, Happy, May e Peter assistiam à cena.

— Você só estava com saudade do seu dindo, né? — Disse Happy cheio de ciúmes.

— Não, eu estava com saudade de você também. — Disse a pequena abraçando Happy.

Pepper que estava apenas observando se pronunciou:

— Para vocês, só existe a Morgan? Eu não conto?

Todos disseram que estavam com saudades das duas, porém ela sabia que depois que se tem filhos não importa o que você faça ou onde você vá, todos só querem saber da criança.

Pepper levou todos para o refeitório onde foi servido um lanche reforçado, afinal àquela hora do dia eles deveriam estar com fome.

Assim que terminou o lanche Happy perguntou:

— Porque você veio pra Malibu, Pepper?

— Eu pedi que ela viesse. — Bruce acabava de entrar no refeitório.

— Por quê? — Perguntou Rhodes.

— Vamos acabar logo com isso? Bruce perguntou a Pepper que concordou.

Todos foram levados ao centro de reabilitação, July que era fisioterapeuta ficou maravilhada com toda a aparelhagem do lugar. Era tudo extremamente moderno.

Bruce fez uma pequena apresentação dos projetos desenvolvidos no complexo e depois começou a contar os avanços feitos no caso do paciente 0.

Todos ficaram abismados com a cura e reabilitação descrita por Bruce que agora explicava o tratamento que combinava o berço de regeneração e o extremis.

— Eu não entendi porque você chamou a Pepper. -Disse Happy.

— Eu explico!

Todos olharam para trás e viram Tony ao lado da Dra. Cho.

— Senhor Stark! Peter correu e abraçou Tony.

Depois de toda comoção causada pelo reencontro, Tony pediu aos amigos que ficassem alguns dias em Malibu.

Enquanto Happy, Rhodes, Bruce, Peter e Tony com uma ciumenta, Morgan no colo, conversavam. July e May indagavam Pepper.

— Como foi o reencontro? — Disse July.

— Um misto de tantos sentimentos que não sei nem explicar.

— Você tirou a sorte grande. — Comentou May

— Estou muito feliz que ele esteja vivo e bem…

— Mas… — July completou

— Eu não pretendo voltar para ele. — Pepper com finalizou.

— O que houve para você tomar uma decisão tão drástica?

— Nada May, eu só não posso expor minha filha as loucuras do Tony.

— É uma decisão muito séria para tomar assim no calor do momento. — Disse July

— Já tomei minha decisão e não vou voltar atrás.

May e July se olharam penalizadas com o rumo que as coisas estavam tomando, quem sabe com o tempo tudo mudasse, porém, naquele momento não podiam fazer muita coisa e pensando nisso decidiram mudar de assunto.

Do outro lado da sala Tony tentava explicar aos amigos tudo que tinha acontecido.

— Meu maior objetivo é recuperar minha família.

— Como assim?

Tony aproveitou que Morgan tinha ido ficar com a mãe e disse a Rhodes:

— A Pepper quer o divórcio.

— O que você fez Tony? — Perguntou Happy

— Nada!

— Ela não tomaria uma atitude tão seria à-toa. Disse Rhodes.

— Fica tranquilo, amigo. Eu não vou deixar ela ir embora.

— Acho que você devia dar espaço a ela. - Happy aconselhou.

— Para perdê-la de vez?

— A Pepper te ama, uma hora ela volta. - Rhodes completou.

— E se não voltar?

— Ela ainda ama você, por isso vai voltar. —Completou Happy.

Tony sabia que os conselhos de seus amigos eram sensatos, mas era difícil abrir mão da mulher que ele amava na esperança de que ela voltasse um dia.

A noite terminou com um jantar, eles comeram, conversaram e relembraram os velhos tempos.

Assim que todos foram dormir Tony procurou Pepper, eles precisavam conversar e decidir se seguiriam como uma família ou se assumiriam a separação. Se ela decidisse pelo afastamento ele aceitaria, pelo menos por enquanto.

— Hey, Pepper!

— Tony!?

— Precisamos conversar, a coletiva é amanhã e preciso saber como vamos lidar com isso.

— Não mudei de ideia, quero o divórcio!

— Sem nem ao menos me ouvir?

— Nós já conversamos sobre isso…

Tony se perdeu nos próprios pensamentos, lembrou de Rhodes falando que ela só precisava de espaço para ponderar. Ele esperava que esse tempo fosse suficiente para que ela entendesse de uma vez por todas que eles jamais seriam felizes separado.

— Fiz o meu melhor e embora saiba que o melhor de mim nunca foi suficiente para você, não consigo imaginar que seremos estranhos novamente.

— Jamais voltaremos a ser estranhos.

— Existem alternativas Pepper, podemos descobrir o que está errado e encontrar uma maneira de acertar.

— Não consigo, tudo isso parece que criou um obstáculo entre nós.

— Sempre atravessamos todas as barreiras que apareceram, essa é apenas mais uma.

— Não é tão fácil.

— Sei que o que fiz foi demais, mas naquele momento ou dava tudo de mim, ou não estaríamos aqui tendo essa conversa.

— Foi demais… essa é a definição. Tudo isso me paralisa, pensar que eu e ela podemos ter que passar por tudo aquilo de novo.

— Sempre estrago tudo, mas pensei que o que tínhamos era maior. Só queria encontrar uma maneira de acertar…

— Sei disso e sei também que nunca vou deixar te amar.

— Mas não quer ficar comigo. Por que acabar em adeus?

Pepper respondeu com os olhos cheios de lágrimas.

— Não sei, mas gostaria que tudo fosse diferente.

— Vou encontrar uma maneira de ficarmos juntos.

— Preciso de espaço Tony.

— Vou te dar esse espaço e você vai descobrir que nós dois não damos certo separados.

Antes que Pepper pudesse falar algo, ele sumiu no corredor.

Ela fechou a porta e deixou o pranto correr.

O dia seguinte transcorreu como se aquela conversa fosse um sonho, eles se trataram cordialmente, porém dava para perceber um afastamento.

A semana foi de muita conversa, era tempo de matar a saudade dos amigos e reforçar laços. Naquele ambiente de descontração, eles quase esqueceram da coletiva que se aproximava e era a maior preocupação de todos.

Não conversaram mais depois daquela noite, Tony parecia ter entendido a esposa e estava afastado. Ficou decidido que ela não participaria da coletiva e, ao mesmo tempo que isso a tranquilizava era motivo de preocupação não saber o que seria dito a imprensa.

Aos poucos foi divulgado detalhes do tratamento de Tony e por fim foi divulgado quem era o “paciente 0” da nova divisão da Stark industries. Isso foi um dia antes da coletiva e a imprensa estava em polvorosa com a notícia.

Quando eles chegaram ao lugar reservado a coletiva, Tony estava nervoso sabia que teria que responder a muitas perguntas, mas apenas uma era o motivo de preocupação. Não era a pergunta, mas a resposta que teria que dar que o deixava ansioso.

Foi em meio a seus pensamentos que Tony ouviu a primeira pergunta dirigida a ele:

— Tony, como uma tecnologia experimental pode ter curado ferimentos tão sérios?

— Acho que a equipe médica pode responder melhor que eu, mas o que posso adiantar é que o berço de regeneração da Dra. Cho já havia mostrado um alto índice de cura em ferimentos.

— E, porque essa tecnologia milagrosa não está ao alcance de todos?

— Estamos em fase de experimental, mas pretendemos, disponibilizá-la a todos em menos de um ano.

Muitas perguntas depois e eles chegaram ao final da coletiva, mas antes um dos repórteres tinha que fazer uma última pergunta.

— Tony vimos você falar dos planos para a empresa, do futuro com sua filha e amigos, mas sua esposa não está nos seus planos?

Essa era justo a pergunta que não queria responder.

— Eu e a Pepper estamos nos separando.

Ele respondeu e saiu, mas não sem perceber o burburinho causado pela revelação.