Pepper contemplava o amanhecer em Malibu, havia sido uma noite de pouco sono e muita reflexão.

Sua anjinha ou madame secretaria como eles gostavam de chamar, ainda dormia serenamente enquanto Pepper tentava digerir tudo que tinha descoberto no dia anterior.

Enquanto esperava a filha acordar, ela pensava como dar a notícia sem causar um choque na pequena.

Seus pensamentos vagavam pelas possibilidades quando ela ouviu batidas na porta.

— Pepper! Precisamos conversar.

— Shhhhhh! O que você está fazendo aqui? Achei que tínhamos concordado que eu falaria com ela sozinha.

— Nós não falamos sobre isso.

— Mas ficou subentendido.

Os dois sussurravam para não acordar a menina.

— Embora não concorde com essa ideia de separação, sei que você é sensata e só está tentando fazer o melhor para nossa filha, por este motivo e agora que tocamos no assunto, aceito fazer da sua maneira.

— Então, porque veio aqui.

— Estou doido para ver a Morgan é tanta saudade…

— Mas?

— Temos que resolver um problema dos grandes antes.

— Como assim?

— Não dá para conversar aqui.

— Ok, vou chamar alguém para ficar com ela. Ela não pode ficar com um estranho.

— Precisamos manter o sigilo.

— Confio na minha amiga, Tony.

Pepper se assustou com um gemido vindo de dentro do quarto e aproveitando a distração dela, Tony que não havia passado da porta entrou.

Morgan mudou de posição, mas não acordou. Ele não resistiu e chegou perto da filha para sussurrar em seu ouvido:

— Te amo mil milhões.

A pequena sorriu, como se soubesse que o pai estava novamente a seu lado.

Ele olhou para Pepper e já saindo do quarto disse:

— Não é louco?

Ela concordou.

— Mas é verdade… -Disse ele.

— Jamais duvidei desse amor, Tony.

— Te espero mais tarde.

Dizendo isso ele sumiu no corredor.

Pepper ainda estava processando tudo aquilo quando Morgan acordou.

— Mamãe! –A menina choramingou

— Estou aqui bonequinha.

— Vamos para casa?

— Vamos sim! Mas primeiro a mamãe precisa resolver umas coisas por aqui.

— Não gosto de ficar aqui, não tem nada para brincar.

— Vamos fazer uma coisa? Enquanto resolvo as coisas aqui, você e a tia Mirian vão fazer um passeio bem legal.

— Aonde? -A pequena perguntou ansiosa.

— Vocês podem ir ao Aquário de Santa Mônica e depois passear pelo Pacific Park.

— Que legal, adoro aquário.

— E eu não sei? Vou ligar para ela e combinar tudo.

Depois da ligação Pepper e Morgan tomaram café, conversaram sobre o passeio e escolheram a roupa que a pequena usaria.

Quando Mirian chegou Morgan já estava arrumada.

— Tia Mirian! -A menina correu para abraçá-la.

— Como você está bonita, princesa.

— Vou buscar minha bolsa. –Disse Morgan ansiosa.

— O que houve? -Perguntou Mirian.

— Não sei, mas ele disse que precisa falar algo importante comigo.

— E você?

— Só quero resolver tudo isso sem afetar a Morgan.

— Sua filha vai gostar da novidade, a parte difícil vai ser vocês dois se entenderem.

— Qual novidade, mamãe? –Pepper ficou sem saber como responder.

Mirian foi mais rápida e respondeu.

— É o aquário, princesa.

— Verdade, mamãe? -Perguntou a pequena desconfiada.

— Sim, bonequinha. O aquário é muito bonito você vai gostar.

Elas se despediram e Pepper ficou com o coração apertado de ter que se separar de sua filha naquele momento.

Tony esperava impaciente quando ela chegou.

— Para onde ela levou minha filha?

— Bom dia, Tony.

— Você entregou minha filha nas mãos de uma estranha.

— Ela não é uma estranha, me ajudou muito a superar tudo que aconteceu.

— E você superou?

— O que você quer falar comigo?

— Superou Potts?

— Não. E para de me chamar assim, que eu saiba meu sobrenome mudou quando casei com você.

— Você é que quer voltar a ser chamada assim.

— Temos assuntos importantes a tratar e vocês discutindo desse jeito não vai ajudar. –Bruce que acabava de chegar, interrompeu.

— Vamos direto ao ponto. –Disse Pepper.

Bruce começou a expor o motivo da crise iminente.

— Descobrimos boatos da recuperação de Tony em sites de fofoca.

— Como isso vazou? -Perguntou Pepper.

— Não sabemos, mas acho que agora a melhor atitude a tomar seria se adiantar e evitar que esses boatos tomem proporções maiores antes que possamos revelar a verdade. –Disse Bruce.

— Concordo que essa precisa ser a primeira medida, porém precisamos descobrir e sanar a fonte de vazamento.

— Sim. Pepper. Já estamos tomando medidas nesse sentido.

Tony que até então só observava se pronunciou.

— A questão é, o que vamos revelar? A notícia do extremis ainda não pode vazar.

— Mas como explicar sua cura? –Perguntou Pepper.

— Essa é a questão. -Disse Bruce.

Tony começou.

— Me corrijam se eu estiver errado. Ninguém além de quem estava no campo de batalha me viu depois do estalo, certo?

— Não, o que todos sabíamos é que seu corpo foi cremado. –Disse Pepper.

— Acho que podemos revelar o berço de regeneração. -Disse Tony.

Bruce completou.

— Podemos dizer que você saiu do campo de batalha em coma profundo e apesar de os médicos terem diagnosticado seu estado como irreversível a Dra. Cho apresentou o berço como alternativa. E mesmo sem a Pepper saber, eu que estou à frente dos projetos da Fundação Setembro, decidi tentar.

— É uma boa explicação, mas apresentar o Tony completamente curado de um dano cerebral diagnosticado como irreversível seria difícil de acreditar. –Disse Pepper.

Bruce olhou surpreso para Pepper e respondeu.

— Mas há danos nos membros inferiores e na coordenação motora.

— O Tony estava em pé quando nos encontramos no laboratório. –Disse ela.

— Por esse motivo disse que ele precisava descansar, ficar de pé é um esforço que pode comprometer toda a chance de recuperação dos membros inferiores. Disse Bruce.

— Hoje de manhã ele foi andando até o meu alojamento…

Tony levantou a calça que usava e mostrou a ela um dispositivo.

— Eu não queria que você me visse assim, avisei ao Bruce que não era para falar. –Disse ele olhando com raiva para Bruce.

— Esses dispositivos só vão piorar seu problema. –Disse Bruce.

Pepper olhou para Tony com cara de reprovação.

Tony logo se defendeu.

— Vou te dizer toda a verdade, mas quero que seja uma conversa em particular.

— Tony eu…

— Me dá uma chance, uma única chance.

— Tudo bem, mas precisamos conversar com a Morgan primeiro.

— Concordo.

Bruce interrompeu a conversa.

— Resolvemos o problema da justificativa da sua recuperação, mas temos que pensar qual será a posição de vocês em relação ao relacionamento.

— Como assim? –Perguntaram os dois em uníssono.

— Vocês estarão juntos na coletiva? Como um casal?

Eles se olharam e Tony respondeu.

— Anunciar uma separação seria colocar a imprensa mundial na nossa cola por meses.

— Eu não posso lidar com isso. –Disse Pepper

— Vou cuidar dos detalhes da coletiva. –Disse Bruce já saindo da sala.

Por um minuto os dois ficaram em completo silêncio, parecia que estavam planejando começar um assunto que seria muito difícil de resolver.

Foi Tony quem quebrou o silêncio.

— Almoça comigo.

— Tony, não vamos resolver as coisas desse jeito.

— De que jeito?

— Flertar não vai resolver os nossos problemas.

— Só quero passar mais tempo ao seu lado, gostaria que a Morgan também estivesse aqui, mas você deixou ela sair com uma estranha.

— Vamos começar isso de novo?

— Não, se você confia nela, eu também confio.

Ela riu.

— Ok, almoço com você.

O almoço transcorreu com tranquilidade, os dois conversaram amenidades e apesar de tudo descobriram que a cumplicidade que um tinha pelo outro não havia sido abalada.

O celular de Pepper tocou e ela logo atendeu.

— Mamãe, chegamos. Você está aonde?

— Oi! Filha já estou indo te encontrar.

— Traz ela aqui. –Disse Tony

— Preciso conversar com ela primeiro.

— Conversaremos juntos, como uma família.

— Ela já teve uma crise nervosa, não vou arriscar outra.

— Podemos colocar toda equipe médica de sobreaviso.

Pepper ficou olhando para ele com cara de pensativa.

— Amor, sei que ela vai ficar bem.

— Não sei porque, mas confio em você Tony. Vou buscar nossa bonequinha.

Tony sussurrou.

— Obrigado.

— Me espera no jardim.

Pepper sumiu no corredor e a cabeça de Tony dava voltas só de pensar em rever sua Maguna.