Pepper pediu licença a todos e saiu, chegou a sua sala o mais rápido que pôde.

— O que houve Bambi?

— Parece que Morgan teve uma crise nervosa na escola e desmaiou, ligaram para avisar que estavam indo com ela para o hospital.

— Que hospital? Ela estava bem de manhã.

Nesse momento Happy que já tinha sido avisado por Bambi estava chegando para buscá-la.

— Eu sei qual é o hospital. Fica calma vai dar tudo certo, você vai ver. Happy disse enquanto chegavam ao estacionamento.

— Como posso ficar calma Happy? É minha filha que está em um hospital. Disse Pepper aos prantos.

Chegando lá encontraram Morgan sedada. A enfermeira disse que o médico viria conversar com ela depois, mas que a menina estava bem.

Pepper ficou ao lado dela acariciando seu cabelo, enquanto a diretora da escola que acompanhava Morgan no hospital, pediu desculpas pelo ocorrido.

Happy estava conversando com outra pessoa que logo foi reconhecida por ela, como a professora da menina.

— O que houve? Pepper indagou.

— Sra. Stark as crianças estavam conversando durante o recreio e a Morgan falou do pai. Um dos colegas começou a dizer que o pai dela preferiu morrer a ficar com ela.

— Mas, porque ele disse isso? São apenas crianças de quatro anos, de onde tiraram tanta crueldade?

— Ele disse que o pai dele havia falado que se o Sr. Stark quisesse, poderia ter ficado com vocês, mas ele nunca ficaria satisfeito com vocês por isso preferiu ser um herói.

Happy abraçou Pepper, que parecia tão frágil naquele momento. Ela estava aos prantos e só conseguiu balbuciar:

— Ele não tinha escolha, a não ser ajudar.

Uma enfermeira veio ao encontro deles e anunciou:

— Sra. Stark o doutor Noah vem falar com a Sra. em alguns minutos. A diretora e a professora disseram que aguardariam notícias no corredor e se despediram.

Pepper pediu que Happy ficasse no quarto, sua mãe, ele e Rhodes eram a única família que ela tinha. Depois que Tony se foi, a amizade entre eles que já era forte, se transformou - se em um laço familiar, ambos faziam questão de cuidar dela e de Morgan.

O médico entrou no quarto e se apresentou:

— Boa tarde! Sou o Dr. Noah, o responsável pela Srta. Stark.

Pepper sorriu lembrando que só Tony chamava sua pequena assim.

— Doutor o que houve com minha filha?

— Nada de mais, ela teve apenas uma crise nervosa.

— Então foi só um susto?

— Por enquanto sim, mas temos que tomar cuidado para que isso não aconteça novamente. Ela é muito nova e isso pode desencadear problemas de saúde mais sérios.

Pepper ficou preocupada.

— Que tipo de problemas?

— Não vamos nos preocupar com os efeitos, se descobrirmos as causas e neutraliza-las, poderemos cortar o mal pela raiz.

 A conversa continuou e o médico indicou que ela evitasse qualquer fonte de stress na vida de Morgan.

Assim que Morgan acordou o doutor Noah deu alta, recomendando que ela se afastasse por um tempo da escola, pelo menos dois ou três dias.

Chegando em casa Happy disse que ficaria com elas, mas Pepper não viu motivo para tanto.

 — Pode ir Happy, sua namorada deve estar te esperando.

— Ela vai entender.

— Eu e a Morgan vamos assistir um filme, jantar e dormir.

A última coisa que eu quero é atrapalhar seu namoro.

— Se é assim eu vou, mas se vocês precisarem é só ligar, e mais uma coisa vocês nunca atrapalham nada. Disse Happy já de saída.

Pepper aproveitou seu tempo livre com a filha para assistir um de seus filmes favoritos.

— O que você quer jantar, filha?

— Cheeseburger!

Acabou se arrependendo de perguntar, porém, naquele dia sua bonequinha merecia. Pediu delivery e às duas jantaram seus cheeseburgers.

Já na hora de dormir, Morgan pediu que a mãe contasse a história de quando ela nasceu e Pepper pegou-se lembrando daquele dia que foi o mais feliz de sua vida…

— O médico precisava pegar você e seu pai não queria deixar ninguém te levar…

— Só ele queria me pegar no colo?

— Só e mesmo quando voltamos para casa ele não deixava ninguém te pegar, só eu e ele.

— Por quê?

— Ele dizia que as pessoas não sabiam pegar você, seu padrinho então, sofreu…

Quando ela olhou a filha já estava dormindo, ela ficou ali olhando sua pequena e lembrando-se de quando sua bonequinha era apenas um bebê e sua família era feliz e completa.

Isso fez ela entender o sentimento que não abandonava o seu peito desde que ele se foi. Agora entendia o quanto a sua vida era triste e incompleta sem ele.

Presa a esses pensamentos pegou no sono e mais uma vez sonhou com ele:

— Hey, miss Potts, acorda!

— Hã!? Tony???

— Eu preciso falar com você.

— Mas você está mor…

— Shhhhhh! Escuta! Tudo que fiz… ou vier a fazer é sempre por vocês, nunca esqueça disso, você e a Morgan fazem parte dos meus pensamentos do momento que acordo até a hora que vou dormir.

— Tony?

— Eu sempre estarei com vocês, ouço a risada, sinto o gosto das lágrimas, mas não posso me aproximar de você agora…

— Eu te amo, sr. Stark.

— Você e a nossa filha são as únicas sem as quais eu não posso viver.

O sonho terminou em um beijo que parecia de verdade e quando acordou ela ainda sentia o toque dos lábios dele, nos seus.

Pepper foi até a cozinha tentando sem muito êxito se recuperar das lembranças adormecidas que o sonho trouxe. Resolveu tentar dormir já que no dia seguinte precisaria acordar antes de sua pequena para responder alguns e-mails urgentes.

Depois que a filha acordasse ela pretendia dar toda atenção a menina. Quando finalmente conseguiu pegar no sono…

— Não! Papai… Solta ele!

— Morgan, acorda!

— Não, não, nãoooooo! A menina se batia e dava socos no ar.

— Filha!!!

Pepper falou um pouco mais alto na tentativa de acordá-la.

— Mamãe???

— Estou aqui. Ela abraçava a filha com a intenção de acalma-la.

— Ele prendeu o meu pai. Ele disse que nunca mais ia deixar o papai fugir.

 — Ele quem? Morgan chorou e se aninhou no colo da mãe até que finalmente voltou a dormir.

Mas uma noite, pensou Pepper.

Como evitar o stress na vida daquela criança?

Se até dormindo a pequena sofria as consequências de tudo o que aconteceu na vida delas.

Podia demorar, mas algum dia encontraria uma solução, o problema era que sua bonequinha não podia esperar esse tempo.

Tony sempre dizia: “Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor. ” Ele sempre usava essa frase de Walt Disney, quando alguém dizia que algo era impossível e até aquele momento ela não conhecia um desafio que ele não havia vencido, exceto Thanos.

Seu desafio também beirava o impossível, devido ao pouco tempo que tinha, mas seguindo o exemplo de seu marido ela ia vencê-lo.

Ela e Morgan passaram os 4 dias seguintes em um clima de mãe e filha, vendo filmes, brincando no quintal, cozinhando juntas e fazendo a jardinagem.

Aquela era a rotina de uma família que tentava superar a ausência, porém elas descobriram que mesmo nos piores dias há possibilidade de alegria e apesar da dor da perda, dos pesadelos e das palavras cruéis que tinham que ouvir, naqueles dias elas tiveram pequeninos momentos de felicidade.