Depois de patrulhar a cidade durante a noite, Ladybug e Chat Noir decidiram descansar um pouco em cima de um prédio qualquer. Afinal, até o momento, tudo parecia tranquilo e nada melhor que ficar sentado na companhia um do outro em uma noite tão bonita.

Adrien notou que a azulada estava mais quieta que o normal durante o trajeto pela cidade. Então aproveitou a oportunidade para perguntar o motivo. Se preocupava com ela.

— Sei que não gosta de falar sobre coisas pessoais, mas você parece meio tristinha hoje, Bugaboo.

— Não é nada. – tentou sorrir, mas Chat Noir sabia que havia algo errado, visto que ela nem se incomodou em ser chamada de Bugaboo.

— Não minta para o seu parceiro incrível. Pode contar, eu juro que não falo pra ninguém. Promessa de gato. – ergueu a mão e ela riu. Marinette deu de ombros. Confiava em Chat Noir, então poderia desabafar com ele sem problema nenhum.

— Já que você insiste... – virou para ele – É que eu estava pensando, amanhã é dia dos namorados e...

— Você quer passar o dia comigo, mas não sabe como dizer? – Ladybug empurrou o parceiro de leve.

— Não. É justamente por não ter quem passar, que eu fico meio pra baixo. – Marinette tinha seu crush enorme em Adrien, mas já tinha se conformado com a atual situação da relação deles e não criaria esperanças – Sabe, todas as minhas amigas namoram. E não é que eu esteja com inveja, só que é meio triste ser a solteira do grupo nesse dia.

— Entendo. Me sinto do mesmo jeito. – pensou em dizer mais uma cantada, mas aproveitou o momento de sinceridade e confessou algo que também o incomodava. – Meus amigos também namoram. Bem, quase todos.

— E não é meio triste ser a vela?

— Totalmente. – se bem que mal saía com eles, pois seu pai quase não permitia. Porém quando saía, se sentia assim. Tudo bem que quase sempre tinha Marinette para conversar, no entanto tinha quase certeza que ela namorava Luka, ou ao menos tinha algo com ele.

— Desculpa deixar o clima meio triste.

— Não, tudo bem. Fico feliz que você tenha confiado em mim pra ter falado disso.

— Eu confio em você. Só não falo muito sobre a minha vida pessoal, porque você é muito espertinho e pode descobrir a minha identidade. – bateu no guizo, fazendo Chat Noir sorrir.

— Então admite que eu sou esperto, my lady?

— Nunca disse que você não era. – Ladybug cruzou os braços – Mas já disse que você é chato. E continuarei dizendo. – o loiro riu.

— E eu já disse que você é linda. E continuarei dizendo. – aproximou seu rosto do dela com um sorriso pretensioso, fazendo ela corar.

— Gato bobo! – o afastou com o indicador sobre o nariz dele.

— O gato bobo tem uma solução perfeita para o seu dia dos namorados não ser triste. – Ladybug o encarou sabendo mais ou menos aonde aquilo daria – O que acha de sair comigo?

— Chat...

— Eu sei, eu sei. Você gosta de outra pessoa. – deu de ombros – Mas você vai sair com ele? – Marinette negou – Então!

— Mas... – parou para pensar. Talvez não fosse uma total loucura. Obviamente não sairia com Adrien, então ter um encontro com Chat Noir não era uma ideia ruim. Afinal, os dois passavam pelo mesmo momento solitário no dia dos namorados. Só não podia dar falsas esperanças para o parceiro, e teria que deixar isso bem claro antes de qualquer coisa – Ok. Pode ser.

— Por que nã... Espera o quê? – se surpreendeu ao notar que ela tinha aceitado, sem que ele precisasse insistir.

— Eu disse que podemos sair.

— Não acredito que fiz uma lista mental de motivos pra você sair comigo e não vou precisar usar! – exclamou impressionado, fazendo Marinette rir.

— Mas antes de tudo, eu quero deixar claro que não será nada demais. Não quero te dar falsas esperanças e...

— Shh! – colocou o polegar sobre os lábios dela, recebendo um olhar irritado de Ladybug – Não estraga o momento, Bugaboo.

— Já estou começando a me arrepender.

— Não, não, não. Você aceitou, não tem como voltar atrás. – Ladybug suspirou. Em seguida lembrou de um detalhe muito importante.

— Mas como isso vai funcionar? Acabei de perceber que heróis não vão a encontros. Por razões óbvias. – seria bem estranho Ladybug e Chat Noir saírem como um casal comum, não sendo um casal e nem comuns. A confusão com a Rainha Repórter tinha os traumatizado.

— Nem tinha pensado nisso. – admitiu. Sempre pensou até a parte de Ladybug aceitar, sequer lembrou do resto.

— Acho melhor esquecermos essa ideia.

— NÃO! – gritou, fazendo a parceira arregalar os olhos. – Nós vamos sair, sim.

— Mas como?

— Já sei. Um piquenique na Torre Eiffel à noite. O que acha, my lady?

— Parece uma boa ideia.

— É bem romântico.

— E por isso vamos descartar a ideia. – voltou atrás. Chat Noir deixou seus ombros caírem.

— O que esse cara que você gosta tem que eu não tenho? – questionou com uma expressão emburrada. – Eu não sou "namorável" o suficiente pra você?

— Não é isso.

— Então o que é? Aposto que eu seria um namorado incrível! – ela riu – Do que está rindo? Estou falando sério.

— É que você é... Sabe... – começou a gesticular, fazendo o loiro arquear uma sobrancelha. Era difícil definir algo do tipo em palavras, porém Chat Noir parecia querer uma explicação – Tipo... Você não é sério. – não era bem isso, mas foi o máximo que conseguiu sob pressão.

— Você quer dizer que eu tenho senso de humor?

— Não. Você é... Você.

— Excelente observação. Se não fosse por você, eu não teria percebido.

— É disso que eu falo. – apontou – Não acho esse seu jeito ruim como sua amiga, só não sei se acharia bom como sua namorada. – Marinette suspirou. Por que tinha que se enrolar tanto nas palavras? – E só porque não é bom, não seria necessariamente ruim, mas... – Chat Noir sorria de um jeito bobo, como se não estivesse escutando – Está me imaginando com sua namorada só porque eu disse, não é?

— É claro. Soou perfeitamente agradável pra mim. – ela revirou os olhos. – O ponto é, eu sou o namorado perfeito pra você.

— Como? Não conseguimos nem pensar em como sair em um encontro.

— Está mesmo interessada em saber como? – a encarou com uma expressão sugestiva. 

— Esquece.

— Impossível! – Chat Noir levantou e estendeu a mão para a parceira.

— O que está fazendo?

— Você já vai saber. – Ladybug estranhou, porém aceitou a ajuda do herói e ficou de pé de frente para ele. – Eu seria o seu namorado perfeito, porque quando estivesse triste com algo, eu faria de tudo para você se sentir melhor. – pousou a mão no rosto dela. Marinette se surpreendeu, mas não recuou – Também seria o namorado perfeito, porque entenderia quando você precisasse sumir pra derrotar um akuma. Até porque eu estaria lutando ao seu lado. E não deixaria nada acontecer com você. – sorriu, acariciando o rosto da parceira de leve, era sua chance de demonstrar o quanto se importava com ela – Eu seria o namorado perfeito, porque eu te abraçaria se estivesse com medo depois de assistir um filme de terror. – o loiro se aproximou mais. Marinette estava tão imersa nas palavras deles que sequer chegou a recuar. – Eu seria o namorado perfeito, porque quando você precisasse de mim eu faria de tudo para estar lá. – seus rostos estavam próximos, fazendo as respirações se chorarem – E eu seria o namorado perfeito, porque você seria a namorada perfeita. E não merece menos do que isso.

— Chat...

— O que foi? – sussurrou sem se afastar – Ainda não está convencida, my lady? – Ladybug não respondeu, apenas encostou seus lábios nos de Chat Noir, que se surpreendeu e paralisou por alguns segundos.

Marinette notou o estado do parceiro e colou os lábios de vez, o acordando. Então, ele segurou o rosto dela e aprofundou o beijo – ainda se perguntando se aquilo era real.

Eles se afastaram depois de alguns segundos, um tanto quanto atônitos.

— E é assim que eu te beijaria se você fosse o meu namorado. – Ladybug deu alguns passos para trás e riu nervosa, não acreditando que tinha beijado Chat Noir. Pela terceira vez. Mas a primeira era apenas para salvá-lo do Cúpido Negro e a segunda... Bem, essa ela não fazia ideia. Mas estava sem memória graças ao Oblivio.

O herói permanecia parado no mesmo lugar, com a mão sobre os lábios.

Marinette olhou para os lados, sem saber o que fazer ou dizer – na verdade queria fugir dali, mas sabia que não era certo. Ela não planejava que a noite de patrulha da dupla tomasse esse rumo.

— Hã... Chat? – olhou para ela, porém não disse nada – Acho melhor eu ir. – ok, talvez fugir não fosse tão errado. Pelo menos tinha avisado que sairia.

— Não. – chamou a atenção dela. – Não pode me beijar e fugir.

— Pff! – balançou a mão – Eu não ia fugir. E não era um beijo... Beijo. Era uma demonstração. Sabe, caso você fosse o meu namorado. – Chat Noir não disse nada, apenas se aproximou de Ladybug, fazendo com que ela recuasse até bater as costas na estrutura de concreto.

— Me pare quando quiser.

— O que está fazendo? – seu rosto estava próximo ao dela novamente.

— Minha vez de demonstrar. – a beijou de maneira delicada. Ladybug se surpreendeu, mas não demorou muito para fechar os olhos e aproveitar a sensação dos lábios do parceiro sobre os seus.

O beijo foi se tornando mais intenso, até que Marinette sabia que já não tinha mais controle sobre a situação. Estava beijando Chat Noir, e estava adorando.

Adrien se afastou um pouco e a encarou com expectativa. Se já não tinha levado um tapa na cara, era lucro.

— Me acha namorável agora?

— Não.

— O quê? – piscou os olhos.

— Vou precisar de uma segunda demonstração. – segurou o rosto dele, iniciando outro beijo.

Se fosse um sonho, Chat Noir desejava que não o acordassem.

— Já tenho o meu veredito. – disse Ladybug, ao se afastarem.

— Não vai precisar de mais demonstrações? – disse com a voz baixa e ainda com rosto próximo. O loiro escorou o braço na parede, com o corpo quase colado ao dela.

— Não preciso. Mas eu concluí que você seria um namorado perfeito.

— Mesmo? – sorriu.

— É. – Ladybug saiu dos braços dele – Sua namorada com certeza será uma garota de sorte. – deu leves batidinhas no ombro dele e saiu, o deixando parado no mesmo lugar, confuso e decepcionado. Logo, sentiu os braços da azulada ao redor de si e a cabeça dela encostando nas suas costas – É brincadeira. Não é você que tinha senso de humor? – o loiro suspirou aliviado.

— Não se brinca desse jeito, my lady. – colocou a mão no peito, fazendo ela rir ainda mais.

— Não pude evitar. – ele sorriu – E o piquenique na Torre Eiffel amanhã à noite? Ainda está de pé?

— Não é romântico demais pra você? – virou na direção dela.

— Ah, kitty... – sorriu de lado e aproximou o rosto do dele, quase encostando seus lábios – Eu vou ficar decepcionada se não for.