— O que você está dizendo? Tasha tem sentimentos por você? – Meg tentava absorver o que Reade acabara de dizer. – E você, Reade? Sente ou já sentiu alguma coisa por ela?

Reade decidira ter essa conversa com Meg. Ele não deveria ter deixado esse relacionamento chegar tão longe. Os dois funcionavam bem, mas as vezes faltava aquele frio na barriga e a ansiedade para encontrá-la. Isso era o que ele sentia sobre Tasha. Enquanto ela estava fora cada vez que ouvia o toque do telefone o coração disparava com a possibilidade de ser ela, mas nunca era. Ele também não associou essa ansiedade com amor, julgava ser apenas saudade da amiga, mas hoje sabia que não era só isso. Com Meg as coisas andaram muito rápido, um pouco pode ter sido pela vontade que ele sentiu de ajudá-la a conseguir a cidadania americana, que agora estava a um passo de ser concluída, também poderia ser por puro comodismo dos dois.

— Pelo seu silêncio, deve ser um sim. – Meg se sentiu muito triste, porém não tomou como traição, pois Tasha chegara na vida dele muito antes dela e se os dois sentiam algo um pelo outro não seria ela a ficar no caminho.

— Olha, nem eu sabia disso. Me desculpe deixar chegar até esse ponto com você e terminar dessa forma.

— Tudo bem. Vou arrumar minhas coisas.

— Meg, não estou te expulsando. Eu posso ir pra um hotel até você conseguir um lugar pra ficar.

— Não é necessário. Eu me viro.

Reade saiu para o trabalho totalmente arrasado. Por mais que não sentisse amor por Meg ele queria vê-la bem. Mas ao mesmo tempo ela era uma mulher forte e conseguiria sair bem dessa.

Já fazia três dias desde de Tasha conversara com Reade. Ela sentia um vazio no peito pela distância dos dois, talvez fosse melhor assim. Eles se viam todos os dias no trabalho, mas conversavam apenas o necessário. Com o tempo poderiam retomar a amizade. Tasha queria se conformar com o casamento iminente de Reade com Meg, mas ainda se via chorando tarde da noite quando se deitava pensando nele.

Estava trabalhando com Patterson em alguns relatórios quando sentiu o telefone vibrar.

— Keaton? – Era seu chefe. Ela estava trabalhando em parceria com o FBI, mas respondia à CIA.

— Preciso conversar com você. Pessoalmente. – Parecia importante pelo tom que ele usava.

— Tá. Onde você pensou?

— Chego de viagem em dois dias e te espero na minha casa às 19:30. – Keaton foi preciso nas informações.

— Tudo bem. Estarei lá. – Ela não conseguia imaginar sobre o que ele queria falar. Mas devia ser importante.

— O que houve? – Patterson perguntou assim que Tasha voltou pra perto dela.

— Keaton quer conversar comigo. Não deve ser nada demais.

— Você se sente feliz na CIA? Não pensa em voltar pro FBI? – A loira sentia saudades da amiga, pois mesmo trabalhando em parceria não era como antigamente.

— Já pensei algumas vezes, mas não sei se encontraria meu lugar de volta. – Tasha se referia não apenas ao trabalho, mas também ao seu lugar na antiga equipe que já foi uma família e ela não sabia se ainda eram.

— Seu lugar sempre estará aqui. – Patterson sorriu com sinceridade.

Tasha sorriu com um pouco de tristeza para a amiga que era como uma irmã.

— Uma promoção com transferência? – Keaton propôs a Tasha um cargo superior na CIA, mas ela teria que se mudar definitivamente para Langley. – Eu tenho um tempo para pensar?

— Tasha, esse é um cargo de extrema confiança que está sendo oferecido a você devido à sua fidelidade desde que entrou na Agência. Eu só te indiquei porque vi como você estava se sentindo deslocada em seu trabalho junto com o FBI.

— Deslocada? Não estou executando um trabalho bem feito? Não é isso que esperam de mim? – Tasha se sentiu indignada com a maneira como ele se referiu à volta dela à equipe. Mas, sinceramente, ela as vezes se sentia assim.

— Você tem dois dias pra me dar a resposta. Se estiver pronta me ligue pela manhã.

A morena passou a noite quase em claro pensando na proposta recebida e ponderando sobre as possibilidades que teria. O trabalho em parceria com o FBI estava chegando ao fim e seu coração lhe dizia pra ficar e tentar a vaga pra voltar ao FBI, mas a razão dizia que o FBI não era mais uma opção pra ela por tudo que havia acontecido desde que saíra e como as coisas estavam agora. Ela não conseguiu parar de pensar em Reade. Ela sentia falta da parceria dos dois, mas sabia que era praticamente impossível recuperar o que tiveram no passado agora que confessou seus sentimentos.

Tasha estava muito ansiosa. Ainda não respondera a Keaton, mas já tinha sua resposta. Hoje seria o último dia dela no FBI, mas ela não contara a eles que iria embora, não queria despedidas, mas achava que precisava falar com Patterson, pois não era justo trabalhar ao lado dela o dia todo e sair assim.

— Patterson, você sabe que hoje é o último dia da parceria FBI CIA nesse caso, não e? – No final da tarde quando estavam só as duas no laboratório Tasha resolveu contar à amiga.

— Sim. Você deveria voltar definitivo pro FBI. Já sabe o que vai fazer?

— Recebi uma proposta. Vou voltar pra Langley. Amanhã estarei partindo.

— Tasha... É o que você quer mesmo? Já falou com Reade?

— Não vou falar. Não quero me despedir dele. É o melhor a se fazer. – Tasha sentiu as lágrimas chegando a seus olhos e tentava segurar pra não caírem. – Semana passada contei a ele como me sinto em relação a ele.

— E o que ele disse? – a loira gostava muito dos dois e não queria ver Tasha sofrendo assim.

— Eu não deixei ele falar muito e me afastei. Ele não precisa de mim. Ele tem Meg.

— Eu não sei. Sempre achei que vocês tivessem uma ligação muito forte.

As duas conversaram um pouco mais e Tasha despediu da amiga com um abraço apertado prometendo que viria logo visitá-la. Antes de sair Tasha olhou para a sala de Reade, ele ainda estava lá, pois a luz estava acesa. Ela apenas secou uma lágrima, virou as costas e foi embora.