Expectativas escrita por Apaixonada sama


Capítulo 1
Bom vê-lo.


Notas iniciais do capítulo

+ Aviso para Beemoov: Não pensem que eu esqueci que vocês tiraram o Armin de mim, tá? Por favor, devolvam meu moreno. O jogo está sem graça, infelizmente.

+ O nome da cidade é fictício, pfvr.



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            A brisa fresca e aromatizada da fragrância que as flores conduziam aos passeantes da pequena cidade francesa ainda agraciava qualquer um que estivesse ali. Os grandes namoradeiros, os viajantes...

            A Ville Poétique não era uma região muito grande, mas tinha o costume de ser um dos preferíveis centros das atrações. O chafariz recreava a água cristalina e a gravidade a compelia para o chão, além das formosas árvores com suas copas extensas e vastas, dava um ar romântico e charmoso para tudo aquilo.

            Mesmo que tenha nascido naquele lugar, ela nunca deixou de admirar todos aqueles detalhes tão minuciosos que agraciavam os olhares dos turistas desinformados, afinal o lugarzinho admirável não era uma rota encontrada nos mapas antigos.

            No primeiro dia após seu retorno, andou calmamente pelas calçadas revestidas em cimento puro e delineado, saltitando levemente. A mochila preta com diversos botons personalizados abalroavam suas costas parcialmente a cada pulsação que seus pés sugeriam ao tocar no chão. Cumprimentava com um aceno todos os rostos que lhe eram familiares, mesmo que não estivesse se reconhecendo por estar fazendo isso.

            Soava como se tivesse deixado sua amargura de lado.

            O cheiro que vinha, após respirar fundo, ainda lhe traziam recordações de sua época no ensino médio. Todas as confusões que viveu, os constrangimentos que havia passado e os amigos que conheceu, estavam interligadas àquele colégio: Sweet Amoris.

            Mal pôde acreditar que o tempo passara tão rápido e mesmo assim, ousou sair do ginásio antes mesmo de terminar o ano seguinte. Por mais que isso fora feito com um sorriso sarcástico de que tudo estaria bem, na verdade queria chorar por ter que deixar tudo de lado. Não tinha culpa se seus pais retornaram a caçar ela e seu irmão... Ou tinha?

            Chutou uma pedra no caminho, logo em seguida abaixou a cabeça. Sentia uma breve pontada no peito por ter ido embora e simplesmente voltou à cidade como se nada tivesse acontecido. Obviamente, os amigos já estavam ingressados numa faculdade... Trabalhando...

            Mas ela queria saber de uma coisa: Sobre ele.

            Negou com a cabeça, impedindo que pensasse nele. Jurou a si mesma que não iria se apegar novamente a essas lembranças, visando que agora era uma mulher formada e decidida. Jamais seria novamente aquela adolescente rude, nojenta que havia sido há seis anos e admitiu até mesmo que sua personalidade era extremamente ridícula.

            É. Admita. Você era ridícula quando pagava de “séria”.

 

            Com o passar dos dias, semanas, meses... A monotonia voltou ao seu devido lugar, como se tivesse desembarcado de seu espaço reservado na mochila da mulher. Os dias haviam deixado suas cores de lado, ficando somente o espaço enfadonho e rotineiro na moradia, que acabavam sendo notados após um dia corriqueiro sem muita opção.

            Acordou cedo, poucos minutos antes do despertador acionar o alarme. Permitiu-se coçar um dos olhos sonolentos, bocejando preguiçosamente. Desde o seu retorno para a cidadela, sua insônia tem feito da ansiedade uma refém carismática e uma visita mais que esperada. Olhou para o edredom da qual estava enrolada, respirando fundo.

            — Mais um dia, aguente. Mais um dia. — Expressou, espreguiçando-se. Sentia como se cada parte de seu corpo acordasse lentamente para um dia duradouro e quase que inacabável.

            Levantou-se da cama, calçando as pantufas e se dirigindo até o armário, retirando do cabide as roupas padrões que havia se submetido a usar. Olhou para o fundo do armário, puxando uma camiseta azul.

            A sua preferida.

            Era de puro algodão e havia um desenho estampado de um modelo atômico, preto e verde. Estava pequena demais para ser utilizada, mas não conseguiu jogar fora por ter uma grande paixão por aquela blusa. Guardou-a no armário, indo até o banheiro e deixando-se levar calmamente pelo calor que o chuveiro a conquistava; Os banhos eram mais prazerosos, afinal das contas.

            Quando encerrou a ducha rápida, vestiu o uniforme do estabelecimento onde trabalhava. Um forte cheiro de café emanava da roupa, por mais que a tivesse lavado há uns dias. Ajeitou o cabelo, mas se fitando bem no espelho, não havia mudado muita coisa.

            Ainda era um pouco mais baixa, mas o longo cabelo marrom ainda imperava em seu reino pequeno. Os olhos esverdeados e a pele corada estavam como sempre. Passou ao menos um delineador no canto do olho, tentando disfarçar as olheiras que sua insônia lhe trazia de presente.

            Preparou uma refeição rápida, saindo de casa tranquilamente. Observava curiosamente o fato de adultos estarem indo ao ponto de ônibus, acompanhados de outras crianças uniformizadas. Um sorriso mal pôde ser evitado vendo aquela cena tão banal que lhe soava familiar.

            Assim que o ônibus chegava ao seu ponto, sinalizou para que ele parasse. Pegou o passe-livre que a permitia andar sem pagar nada e o aproximou do visor da máquina de cartões. Esta liberou, anunciando o som na catraca. Atravessou, sentando-se em um dos bancos ao fundo, mexendo no celular.

            O caminho até seu trabalho não era tão longe, mas ir a pé era cansativo para si, ainda mais que havia adquirido um instinto sedentário. Contemplar a paisagem lá fora optando por se tornar meros borrões não havia preço algum – mesmo que literalmente. Quando o ônibus parava no semáforo, constatava as vestimentas das pessoas que subiam outras que desciam. Não se via no direito de julgá-las, porém o fazia mentalmente por puro sadismo e prazer.

            Após um tempo de cabeça baixa, ergueu o rosto.

            Em seguida, ficou descrente com o quê acabara de ver. Não exatamente o quê. Mas... Quem.

            Sentia os lábios tremularem e os olhos marejarem de forma leve, ao ver a figura de alta estatura adentrar o veículo. Usava um gorro roxo e uma camiseta preta com um símbolo popular da franquia de Star Wars, mantendo em volta do pescoço um cordão pequeno. As pulseiras em seu pulso estavam lá, como se nunca tivessem o abandonado desde o ensino médio.

            O cabelo pardacento e liso estava protegido pelo gorro, mas ainda algumas mechas caíam pelo rosto branco. Os olhos azulados esboçaram uma reação surpresa ao ver que estava sendo observado, dando um sorriso e acenando com a grande mão.

            Ela queria perguntar a ele como estavam indo as coisas.

            Ela queria muito perguntar onde estava o resto do pessoal.

            Seu desejo era intenso, de segurá-lo ali e abraçar apertado, até que seus ossos se desintegrassem inteiramente.

            Não, não faz isso. Ele provavelmente esqueceu você.

            Não conseguia desviar o olhar impressionado daquele homem. Que afinal, não era apenas um homem. Era sua paixonite, um ex, se pudéssemos dizer assim dele. Para ela, Armin não era apenas uma paixão que foi se afundando no fundo do coração... Era apenas uma memória que jurou não recordar.

            Mas ao vê-lo novamente de pé ali em sua frente, a fez querer tê-lo novamente só para si. Ele olhou para o lado, corando de forma leve, passando a mão atrás do pescoço como de costume. – Não havia abandonado esse hábito esquisito.

            Muitos assuntos prováveis se passaram pela sua cabeça, porém não conseguia abrir a boca para cumprimenta-lo. Havia congelado ali mesmo: Impossibilitada de desviar o olhar e de até mesmo falar. Sentia suas bochechas flamejarem ao analisa-lo inteiramente, algo que não era para acontecer.

            O coração batia velozmente e suas mãos tremiam. Aos poucos a respiração que seguia um compasso perdeu a linha, ficando visivelmente alterada, ainda a proibindo de falar algo.

            Será que ele se lembra de quando ela roubou seu PSP? Ou de outras memórias fúteis de adolescentes?

            Na verdade, assuntos não eram o que faltava. O que lhe escapulia no momento, era a coragem que sempre teve. Toda aquela ousadia acompanhada de ironia e má fé parecia ter escapado, ao ver o moreno ali, pendurado em um dos filetes de segurança do ônibus.

            Armin ainda olhava com um sorriso bobo, mas não tomou a iniciativa de sentar no banco vago que tinha ao lado dela. Preferiu ficar em pé, fazendo esse maldito jogo de olhares. Olhou para frente, vendo que seu ponto já estava a caminho. Suspirou tranquilamente, elevando o portfólio e parando perto da porta, mais próximo ainda dela.

            Que ainda mirava incrédula.

            Ao parar no lugar indicado, o mundo pareceu fechar para ambos:

            — Oi Nath, linda. Bom te ver. Fica com Deus, ‘tá?

            E desceu do ônibus, deixando-a desnorteada e sorrindo igual idiota, como fazia ao vê-lo todos os dias na escola, por mais que forçasse para não sorrir assim.

            — Se cuida, Armin... — Pronunciou minimamente, abaixando a cabeça. Havia sido covarde mais uma vez.

            E passou a aguardar para vê-lo no dia seguinte... Por mais que não soubesse se haveria um ou se o encontraria novamente.


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