Lonely, Always escrita por Desconhecida


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 6

 

— Não precisa se esconder de mim. Digo me virando na direção da pessoa que vigiava meus passos.

— Me desculpe. Não foi minha intenção te assustar, Sakura. A escuridão me impedia de ver sua face, mas não poderia demonstrar minhas verdadeiras intenções naquele lugar.

Ninguém poderia saber que eu estava com a Akatsuki.

Ele saiu da escuridão com seus cabelos prateados e máscara.

— Vim apenas entregar seu prêmio da barraca em que venceu Naruto. Ele esboçava um sorriso por debaixo da máscara enquanto segurava um pequeno urso rosa de pelúcia.

— Ah... Obrigada, devo ter me esquecido. Tento soar convincente, mas acho que Kakashi percebeu minhas intenções.

— Por que não dá uma volta comigo pelo festival? Ele pergunta e vejo seu braço me convidando a segurá-lo.

Venha me buscar mais tarde, Itachi, por favor. Não deixem que te vejam, fique seguro.

Fiz o meu melhor para parecer amigável e depois de um tempo Kakashi começou a relaxar. Pude observar melhor as decorações e acabei apreciando o silêncio de Kakashi.

Após termos andado por todo festival, Kakashi me chama para tomarmos um chá numa das barracas. Devo admitir que aquele chá estava maravilhoso. Acabei me distraindo tanto que esqueci que Itachi talvez estivesse por perto.

— Sabe, Sakura – Kakashi me encara sério – Queria pedir desculpas pelo que te fiz passar durante nossa viagem a Konoha.

Por algum motivo, acreditei em suas palavras.

— Eu te perdoo, Kakashi. Entendo que achou estar fazendo o certo no momento.

Ele me encarava sério, era quase possível ver as engrenagens em sua mente girando a todo vapor. Por que ele cobria o rosto quase que por inteiro? Seria seu rosto tão feio ou tão cheio de cicatrizes que tinha vergonha que os outros o vissem?

— Eu só não entendo uma coisa – seu tom de voz agora parecia sinistro e me forcei para não demonstrar nada – Durante todos esses anos, por que nunca voltou?

Sabia que não poderia ficar mentindo para Kakashi, ele era um ninja muito habilidoso para isso. Teria que contar a verdade, mas omitindo certas partes comprometedoras.

— Na verdade, até voltar para cá não conseguia me lembrar do meu passado. Vivi na floresta, pois não sabia que um dia morei em Konoha. Eu ainda não consigo me lembrar de muitas coisas do passado, na verdade.

Preciso ganhar a confiança das pessoas aqui, especialmente de Kakashi.

— Acredito que Sasuke tenha lhe contado sobre sua família.

Ele agora me olhava como se tivesse pena. Apenas aceno para responder que sim.

Naquela noite Itachi não veio me visitar. À princípio fiquei com medo que algo tivesse acontecido, mas enquanto olhava pela janela percebi alguém entre as árvores, me encarando de volta. Sabia quem era, então simplesmente abri a janela e esperei que entrasse.

Assim que ele entrou, senti uma pontada no peito. Vê-lo sempre iria me deixar triste?

— Até quando vai fazer isso?

Ele não respondeu e veio se sentar comigo na cama.

— Acham que sou uma ameaça?

Seu olhar me lembrava tanto os de Itachi que me dava raiva e muita vontade de empurrá-lo para longe. Não poderia deixar meu ódio transparecer – sorte que está escuro demais para conseguirmos nos enxergar bem.

— Por que não me responde, Sasuke?

— Tsunade acha que podem estar atrás de você. Me voluntariei para vigiar sua casa para a manter segura.

— Eles acham que essa tal de Akatuski está atrás de mim?

Precisava me fingir de inocente, não conseguiria fugir sem que conquistasse sua confiança. Sabia que Sasuke era apaixonado por mim na infância, poderia usar isso em minha vantagem. Naruto não parecia apresentar problemas. Mas o verdadeiro desafio seria Kakashi, posso sentir que ele ainda tinha dúvidas quanto a minha história.

Sasuke continuou sem responder, mas agora parecia pensar sobre algo triste. Eu tinha que jogar o jogo e agora sabia o que tinha que fazer.

Se itachi não pudesse vir até mim, então eu iria até ele.

— Obrigada por se importar comigo, Sasuke. Acho que você é o único em que posso confiar.

Mesmo no escuro pude ver seus olhos brilhar. Era isso, sabia que daria certo. Tinha que dar certo.

Durante uma semana treinei com o time 7 e aos poucos fui ganhando a confiança de cada um, mas todo esse fingimento estava me deixando esgotada. Cada vez mais eu pensava em Itachi e ansiava pelo seu retorno. Mas nada aconteceu, ninguém veio.

Sasuke continuava vigiando minha casa durante a noite e de vez em quando Kakashi vinha em seu lugar. Eu ainda não havia conseguido ganhar a confiança de Kakashi e isso me deixava frustrada. Na verdade, o estresse me fazia cada vez mais irritada e mal conseguia dormir à noite. Por que estão me mantendo aqui contra minha vontade? Por que é tão importante que eu fique? A vida deles teria continuado a mesma se não tivessem me encontrado aquele dia.

Argh. Por que tinha que ser tão burra e intervir naquela maldita luta? Deveria ter deixado eles se matarem e ter dado meia volta. Desse jeito eu não teria decepcionado e deixado Itachi tão preocupado...

Durante as noites queria estar acordada para caso viessem me buscar, mas uma hora acabava me rendendo ao sono. A solidão cada dia mais me consumia, como uma árvore que as poucos é coberta pelo musgo até que tudo que se vê é o verde. Era assim que me sentia sem minha família, sem Itachi.

Estava sentada na grama afiando minhas kunais e à uns 50 metros de mim estavam Sasuke e Naruto treinando. Olhei ao redor e encontrei Kakashi sentado, escorado em uma árvore enquanto lia seu livro de sacanagens. Naruto havia me contado que ele estava sempre lendo aqueles livros e que um dia descobriu sobre o que eram, desde então vivia caçoando Kakashi por isso, mas o mesmo nem parecia ligar, continua sempre tranquilo a ler. Essa era minha chance. Eu tinha que puxar assunto, tentar parecer ser sua amiga, certo? Mas como? O que eu iria dizer?

Fui sentar ao seu lado mesmo sem ter um plano, talvez improvisar dê certo...

Ele não disse nada e nem mesmo desviou o olhar quando sentei ao seu lado. Tentei olhar ao redor para pensar em algo para dizer, mas só conseguia pensar no quão calor estava.

— Kakashi-sensei, quem envenenou a minha família?

Na mosca. Eu tinha que jogar para o lado pessoal, precisava que ele sentisse pena de mim e abaixasse a guarda. Já sabia a resposta para minha própria pergunta, mas duvidava que Kakashi também soubesse.

O ouvi suspirar e olhar para longe antes de dizer:

— Sinto muito, Sakura. Mas não sei como responder sua pergunta.

Espera. Isso quer dizer que ele sabe a resposta e não sabe como me dizer ou realmente não sabe quem foi o culpado?! Preciso manter a calma e fazer com que ele continue falando.

— Você sabe alguma coisa sobre isso, Kakashi-sensei? Perguntei manhosa, esperando que ele sentisse pena da pobre garota de cabelos róseas que ficou órfã cedo demais.

— Me desculpe, Sakura – ele se virou para olhar em meus olhos – Eu não sei quem fez tal atrocidade com sua família.

— Tudo bem se eu for para casa? Acho que não estou mais com disposição para treinar...

Disse cabisbaixa e ele apenas respondeu que sim.

Durante o caminho, que agora já conhecia bem, minha cabeça martelava com ideias para conseguir ganhar a confiança de todos antes de sairmos em missão. Eu teria que fingir que alguém me sequestrou. Não, deste modo eles viriam procurar por mim com ainda mais ninjas. Pense, Sakura, pense...

Já sei! Tenho que forjar minha morte. Só assim não virão à minha procura. Mas a grande questão é como vou fazer isso de forma convincente?! Tenho que fazer tudo sozinha e com perfeição. Não há ninguém aqui em que posso confiar.

Se alguém soubesse que vivia com a Akatsuki seria presa na mesma hora. Como iria explicar para alguém que precisava voltar para eles? Não tinha nem como dizer que iria voltar para minha família, pois meus pais biológicos estavam mortos há muitos anos

Em meio ao turbilhão de pensamentos, uma imagem de Itachi apareceu. Dessa vez ele estava com os cabelos soltos e estava suado de tanto treinar. Mas ele sorria, e estava sorrindo para mim. Por mais que a lembrança fosse feliz, meu coração apertou por estarmos longe um do outro. Será que ele também sente a minha falta como sinto a dele?

Mais tarde naquele mesmo dia, estava admirando a vista pela janela, mas não admirava as casas, e sim a floresta atrás do muro. As árvores estavam verdes e dançavam com o vento. Logo ficaria escuro e então passariam a dançar tristemente. Imaginava se agora todos estariam na base e se estivesse, estariam tristes por mim ou pensando num modo de me trazer de volta?

Não importava o quão bonito fosse meu palácio, ainda era uma prisão. Eu tinha que ver aquelas pessoas todos os dias e fingir ser a Sakura que um dia conheceram.

O som do trovão, alto como duas rochas se chocando bem perto de meus ouvidos, me fez acordar repentinamente. Estranho como um dia tão bonito e quente se transformou nessa tempestade escura e fria.

Olhando pela janela, procuro por ele, Itachi. Mas ele novamente não veio. Um vislumbre de esperança me atravessou quando percebi alguém escorado numa árvore observando minha casa. Infelizmente, quando um raio iluminou o céu pude ver quem era.

— Não acredito que vou fazer isso...

Suspirei e abri a janela. Por coincidência, quando aterrissei no chão, o barulho do trovão veio.

Ele ficou me observando de braços cruzados enquanto andava calmamente em sua direção. Os galhos e folhas da árvore não o impediam de ficar encharcado. Me amaldiçoei pelo que estava prestes a fazer.

— Vamos...

Peguei em sua mão e o puxei para dentro de casa comigo. Nós dois molhamos a entrada da sala toda enquanto entrávamos.

— Espere aqui.

Disse e fui em meu quarto buscar uma toalha. Quando a entreguei, ele olhou em meus olhos e não disse nada.

— Você pode se enxugar ou se quiser pode tomar banho no quarto de hóspedes. Vou tomar banho e depois desço para fazer um chá para nós.

Enquanto a água quente caia sobre minha cabeça, raiva subiu pelo meu corpo. Não quero ter que fazer isso. Onde está você, Itachi?

Sinto falta até mesmo de Deidara, aquele loiro safado sempre me fazia rir. Por que me deixaram neste lugar? Se lágrimas tivesse cor, as minhas agora seriam vermelhas.

Enquanto enxugava o cabelo, procurava em meu armário algo grande o suficiente que coubesse num homem. Pensando agora, não faço ideia de quem colocou estas roupas aqui desde que cheguei em Konoha. Pareciam ser novas, então Tsunade deve ter mandado alguém preparar a casa para mim enquanto estava no hospital no dia em que cheguei.

Encontrei apenas uma bermuda que ficava muito larga em mim e uma blusa também um pouco maior. Talvez fiquem pequenos nele...

Descendo as escadas pude sentir um cheiro de chá de hortelã vindo da cozinha, inspirei mais me deliciando com o cheiro. Eu sempre fazia chá de hortelã para os meninos.

— MEU DEUS! Por que está pelado na minha cozinha?!? Imediatamente me virei para não ver mais aquela cena.

Ele se virou tranquilamente e olhou para baixo como se fosse a coisa mais comum do mundo.

— Estou preparando chá e não estou pelado. Estou de toalha.

Argh. Apenas joguei as roupas que trouxe para ele e gritei para que se vestisse logo.

A raiva foi substituída pelo ódio. Como ele acha que isso é aceitável?! Fui bufando colocar o bule e as xícaras na sala. Servi chá para mim mesma e fiquei esperando. Meu deus. Acho que eu nunca tinha visto um homem tão sem roupa antes. Sei que outras meninas teriam achado seu corpo musculoso incrível, mas homens, que nem deveriam ser chamados de homens, abusaram demais de mim enquanto eu ainda era uma criança. O único homem por quem não sentia repulsa que me tocasse era Itachi. Não queria que mais ninguém me tocasse além dele.

Seus passos me tiram de meus devaneios e ele se senta à minha frente.

— Espero que minhas vestes estejam mais agradáveis agora.

Era até um pouco cômico, minha blusa estava bem apertada nele e minha bermuda parecia mais um short agora.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando da fic até agora



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