A Namorada Do Papai escrita por Thay Paixão


Capítulo 29
Ação de Graças.


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! Eu sei que sumi, não tem sido facil escrever esses dias, por varios motivos. Vou falar um pouco disso lá no Instagram. Me desculpem pela demora, por favor?!

Boa leitura ♥



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Isabella

 

Olhei para o rosto sereno de Edward, decorando bem cada pequena linha de expressão. Ele tinha algumas rugas nos cantinhos dos olhos, com toda certeza causadas pela forma como ele sempre os apertava. A bochecha meio amassada pelo travesseiro. Pela primeira vez em dias, eu vi meu namorado dormir tranquilo, afinal sua filha estava em casa e bem.

Susto não parecia uma palavra boa o bastante para descrever aquele dia. Eu ainda podia me lembrar da sensação de segurar o corpo sem vida de Renesmee e de todo pavor que tomou conta de mim sem saber se ela ficaria bem ou não. Edward havia passado de um extremo a outro durante todo o tempo em que ela esteve internada. Pavor. Medo. Raiva. Estopor. Mais raiva. Determinação.

Poder ver ele dormir tranquilamente era um alívio.

Contudo eu mesma não conseguia relaxar o bastante para pegar no sono. Desistindo finalmente de tentar, me levantei pegando uma blusa dele que estava mais próxima, chegava a metade das minhas coxas o bastante para cobrir o pequeno Short do pijama. Dei uma última conferida nele, que continuava a dormir com a expressão de relaxamento. Andei pé ante pé até a porta, tomei todo cuidado ao fechá-la.

Eu tinha um objetivo muito claro ao seguir pelo corretor: ir para a cozinha e fazer um bolo para o café da manhã. E daí que eram duas da manhã? Se eu não conseguia dormir deveria ser mais produtiva. Antes disso passei pelo quarto de Renesmee: a porta estava entre -aberta, abri mais um pouco para espiar lá dentro, a luz do corredor lançando sombras nas meninas. 

Sim meninas. Além de Jane que tinha tomado para si a tarefa de ser a enfermeira de Renesmee, Maggie, prima da nossa enferma também tinha montado acampamento na casa. Logo que chegou a casa e encontrou a melhor amiga e prima, Renesmee deu um sorriso. Fazia bem para ela ver o quanto era querida e amada. 

Renesmee estava com o rosto tranquilo dormindo virada para a porta. Jane e Maggie eram uma confusão de cobertores, pernas e braços em colchonetes no chão. Coloquei a porta do jeito que estava e segui para o andar de baixo.

Por onde passei me deparei com o bar que ficava entre a sala e a cozinha e tamanha foi a minha surpresa ao ver Tanta ali. Ainda com as roupas finas que havia usado durante o dia para buscar a filha no hospital. Ela estava debruçada sobre o balcão um whisky aberto, copo em mãos. Em me lembrava vagamente de Edward dizer que aquele whisky havia sido um presente de um renomado diretor de filmes, que a garrafa tinha 84 anos…

Meu chinelo arrastou no piso causando um barulho rápido e estridente. Foi o que bastou para despertar Tanya. Ela levantou a cabeça sobressaltada, mas se acalmou ao constatar que era eu.

—Ah, Isabella. - Disse se voltando ao copo.

—Desculpe, não queria… - eu não queria o que? Incomodar a mãe da minha enteada que estava acabando com um whisky caríssimo do meu namorado no meio da madrugada? Eu não deveria me desculpar por andar pela minha casa.

—Tudo bem, eu só fiquei com medo que fosse Renesmee. Não quero que ela me veja assim.

Ela parecia bem lúcida ao falar, não podia estar bebendo a muito tempo ou já tivera tempo o bastante para se recuperar.

—Não acho que ela vá acordar durante a noite, de qualquer forma o médico recomendou repouso, então… -deixei no ar, nós duas sabíamos que Renesmee não desceria ao primeiro andar no meio da noite.

—Queria dormir com tanta facilidade. - Ela comentou.

—E o que a impede? - Perguntei me aproximando. Tanya Danali era de muitas formas como um personagem clássico de uma estória antiga, misteriosa, intrigante. Eu me sentia atraída para mais perto dela, a fim de desvendar seus segredos. 

—Meus inimigos. Eles não dormem. - Sussurrou. Nesse momento levantou  rosto para mim de novo, estávamos mais próximos agora e ela sorriu de forma cansada. 

—E quem são? - Instiguei completamente tomada pelo mistério que aquela mulher representava. Mas Tanya era uma advogada, muito conhecida e, preparada.

—Sabe, sempre achei que escritores são, de certa forma, semelhantes a jornalistas; completamente envolvidos por uma boa história. 

—Sinto muito por isso.

—Não sinta, é uma qualidade invejável. Mas não posso te revelar meus segredos, Isabella, quem dera pudesse. Talvez eu conseguisse dormir a noite. Ou só pioraria tudo. - Ela acabou com o líquido em seu copo. - Whisky? 

—Não.

—Está maravilhoso, aposto que tem mais de ciquenta anos.

—Edward comentou que tem uns oitenta e quatro se não me engano.

—Isso não é maravilhoso? - Perguntou de forma retórica.

—O que acontece agora, Tanya?

—Presumo que Renesmee vá querer se mudar de vez para cá. O que é excelente para ela, e um pouco deprimente para mim.

— O que acontece agora com você?—frisei.

—Acho que eu vou sair um pouco de cena. Estou pensando em lecionar na universidade. Ajudar a próxima geração de advogados. Minha filha me inspirou.

—O caso dos abusos sexuais naquele clube...

—Renesmee me inspirou. Me trouxe de volta aquela jovem Tanya que via no direito uma forma de não permitir que a injustiça prevalecesse. Quero voltar a ser essa mulher, acho que o anseio dos jovens vai me devolver isso.

—Então está tudo resolvido? - Ela tinha conversado com Edward logo que apareceu no hospital, mas ele não quis me dar muitos detalhes, o que só me deixou mais curiosa.

Ela me deu um pequeno sorriso e entendi que era toda resposta que eu teria.

  -Você e Renesmee parecem estar indo muito bem. - Ela comentou.

—As coisas acabaram se resolvendo entre nós depois que ela passou o fim de semana comigo em Los Angeles.

—Renesmee sempre foi muito apegada ao pai. O namoro com você a assustou. Estou feliz por ela ter você, ter vocês na verdade.

—Ela também tem você.

 Mais uma vez fiquei com o silêncio como resposta. 

—Então, também vai se mudar para cá? - Gesticulei para a bagunça que ela tinha deixado na bancado do amado bar de Edward. Tinha uma barra de chocolate pela metade, um sanduíche e biscoitos. Ela fez cara de culpada.

—Só por enquanto, se não for incomodar muito. Quero estar perto de Renesmee se ela precisar de mim. E é bom para ela estar perto de vocês. Não acredito que deixei tantas coisas passarem. Jurei que seria uma mãe melhor que a minha, mas veja só, não faço um trabalho muito melhor do que Sasha. -Ela fez uma careta ao pronunciar o nome da mãe.

Eu não queria fazer Tanya se sentir melhor então fiquei quieta.

—Sem sono?-Perguntou para quebrar o silêncio que se instalou entre nós.

—Algo assim. Estava pensando em fazer um bolo. -Acenei para a cozinha.

—Parece uma atividade muito mais produtiva do que gastar o whisky caro do pai da minha filha por quem tenho um enorme carinho. Mãos à obra! -Ela pulou do banco. -Isso é...se você não se importar de ter companhia.

Acrescentou humildemente.

Dei de ombros. O que poderia acontecer?

—Pode me ajudar. Só vamos tentar não fazer muito barulho, Edward não tem uma boa noite de sono há dias.

Ela colocou o dedo nos lábios no símbolo universal do silêncio e sorriu para mim. A sensação que passou por mim foi estranha, me lembrou da faculdade e das amizades que fiz e ficaram por lá.

—Por que disse aquilo antes? Enfatizando que Edward é alguém por quem você tem imenso carinho?

Não prestei atenção a Tanya ao fazer a pergunta, já tínhamos chegado a cozinha e me concentrei em tirar os ingredientes do armário.

—As vezes fico em dúvida sobre o que você pensa sobre mim em relação a ele. E agora eu aqui… não quero passar nenhuma ideia errada.

—Não se preocupe sobre isso. -Banalizei colocando os produtos na bancada com um suspiro.

—Eu sei muito bem o seu lugar na vida de Edward e o meu. Está tudo muito claro para mim e, quanto a você?

Tanya pareceu ligeiramente surpresa, acho que ela não esperava que eu fosse tão direta em uma colocação. Mas como a excelente advogada que era, soube camuflar muito bem sua surpresa.

—Claro, Isabella. 

—Por favor me chame de Bella. 

—Bella, como preferir. -Ela olhou em volta, procurando uma saída? - então, eu não sou uma cozinheira muito boa. Vou te dar trabalho.

—Não se preocupe com isso, cozinhar pode ser terapêutico e eu sei conduzir. Mãos à obra!

A madruga avançou e foi realmente produtiva para Tanya e eu. De um simples bolo de chocolate nós preparamos todo um café da manhã para muito mais pessoas do que tínhamos em casa.

—Acho que exageramos. - Tanya disse olhando para a mesa farta. Café, suco, água, bolo de chocolate, bolo natural, ovos mexidos, panquecas, pão, queijo, diversas frutas.

—Foram as suas panquecas. - Provoquei. Eu tinha amado as panquecas de Tanya.

—Já são seis e meia da manhã!

Olhamos juntas pela janela da cozinha, por onde o sol despontava no horizonte de forma preguiçosa.

—Devíamos chamar Esme e Carlisle para o café da manhã. - Sugeri.

—É uma boa ideia, assim não vamos estragar toda essa comida. - Ela indicou a mesa. -Eu chamo Carlisle e Esme, você fica com a parte de acordar as meninas.

—Por que o pior fica para mim? - Resmunguei.

Taya apenas sorriu, me lançou um beijo no ar e saiu da cozinha.

Daquela forma era difícil acreditar que ela estivera presa há dois dias. Ela parecia leve e feliz, completamente diferente da mulher altiva e superior que eu julgava, ou ainda, da triste mulher no bar de Edward. 

 Apesar de termos passado a madrugada na cozinha, e feito algum barulho no decorrer do processo, ninguém havia descido ao primeiro andar em nossa busca, em especial eu me preocupava com Edward; a noite toda sem sentir a minha falta na cama?

Caminhei devagar pela escada, a noite insone finalmente cobrando seu preço sobre mim.

Bocejei algumas vezes, eu iria acabar dormindo o dia todo.

Edward estava dormindo espalhado pela cama, tomando quase literalmente todo o espaço disponível e roncando alto.

Tive que respirar fundo para reprimir a risada, ele parecia um menino. Grande, sexy, mas a expressão de menino.

Subi na cama tomando o cuidado ao passar pelos seus braços e pernas esticados. Me aninhei no seu peito, seus braços automaticamente me apertaram.

—Amor… acorda. - sussurrei em seu peito, espalhando beijos por ali.

—Hum… - ele resmungou.

—Amor… por favor, acorda. - Pedi com a voz mais manhosa. A palma da mão dele desceu pela minha cintura, parando na minha bunda e dando um apertão.

—Por que você está vestida? -Sua voz saiu abafada por um bocejo.

—Estava preparando o café da manhã com Tanya.

—Hum… e agora veio me servir? - levantei o rosto para ver seus olhos brilhando divertidos e sonolentos.

—Eu adoraria, mas seus pais estão vindo para o café da manhã, então… - deixei no ar me afastando um pouco dele para sentar.

Edward pareceu desperto.

—Eu devia me lembrar disso? Marcamos alguma coisa?

—Não. A ideia surgiu agora cedo, fizemos muita comida. 

—Fizeram muita comida… - ele me incentivou.

—Eu não consegui dormir noite passada, resolvi fazer um bolo, encontrei Tanya acabando com seu Whisky.

—Meu Whisky oitenta e quatro anos? -Agora sim eles estava cem por centro acordado.

—Esse mesmo.

—Aquela…

—Edward. Ela está tendo momentos difíceis, releve. Eu o salvei, de qualquer forma.

—Então vocês cozinham juntas? -Ele se ergueu nos braços e sentou.

—Algo assim.

—Tanya não é tão boa cozinheira.

—Ela fez panquecas incríveis. - A defendi.

—Você é incrível. - Ele me puxou e beijou meu pescoço. Me ajeitei no colo dele para beijá-lo nos lábios, nossas línguas se tocaram e, o costumeiro fogo acendeu entre nós.

—Edward… não podemos. Temos que acordar as meninas.

—Só cinco minutos. - Pediu.

—Não.

—Três?

—Não… - ofeguei sentindo seus lábios descendo pelo meu queixo em direção do meu pescoço.

—Trinta segundos?

—Edward! - Reclamei me libertando dos seus braços rindo. Trinta segundos? 

—O que?

—Trinta segundos?

—Achou muito? Posso fazer você gozar em quinze talvez. - Ele piscou.

—Podemos testar a sua teoria mais tarde. - Cedi. - Mas agora vamos acordar as garotas.

É claro que ele resmungou, era um resmungão de marca maior, mas se levantou para se preparar para o dia.

Foi uma guerra acordar Jane e Maggie, já Renesmee estava acordada olhando para as amigas quando entramos no seu quarto.

Todos desceram de pijama e eu fui rápida o bastante para pegar um conjunto de dormir de calças de moletom e uma camiseta. Nada sexy, nada desleixado demais.

Tanya continuava com as roupas do dia anterior, muito mais amarrotadas e sujas graças ao nosso trabalho na cozinha. Carlisle e Esme estavam ali de pé ao lado da mesa, Carlisle nas suas já costumeiras roupas brancas e Esme muito elegante em um terninho.

Edward estava com um braço em volta de Renesmee a obrigando a andar devagar para a mesa.

Edward se sentou na cabeceira, eu a sua direita e Renesmee a sua esquerda. Ela tinha uma expressão tranquila e serena que me trazia paz. Sem mais surpresas Renesmee, por favor.

—Tanya vai ficar conosco no dia de ação de graças? - Esme perguntou.

—Se você se refere a cadeia, sim eu vou ficar. Não serei mais presa. - Tanya respondeu com tranquilidade, pegou um copo de suco levando a boca.

—E por que não? Foi inocentada? - Jane perguntou. Todos a encaramos um pouco chocados com a franqueza da menina. - O que foi?

—Acho a pergunta de Jane muito sensata. Afinal por que você saiu da cadeia? -Renesmee olhou para a mãe.

—Querida, essas coisas… - Esme quis tomar a frente, mas Tanya a impediu com um gesto de mão.

—Felix matou aquele homem para me incriminar. A promotoria já recebeu as provas irrefutáveis, e logo isso será mostrado no jornal.

—Felix? - Renesmee parecia descrente.

—Não fique surpresa filha. Ele também é sócio do clube.

—Então a culpa foi toda do caso dos estupros que eu pedi para você investigar? 

—Não. Aquilo foi só a cereja do bolo. Mas você tinha razão, não podemos fechar os olhos para o que acontece à nossa volta, só porque existem pessoas poderosas envolvidas. E aquele promotor estava investigando o caso muito antes de você pisar lá. Eles o pegam e me incriminam, assim acertando dois coelhos em um único tiro. 

—Isso é horrível, tia. - Maggie disse.

—Sim, mas não podemos nos calar. Nunca.

Tanya passou a dar mais detalhes sobre a investigação, até que Esme a disse para parar, que poderia ser prejudicial a todos ali presentes. Durante a conversa Renesmee encarava a mão milimetricamente.

Depois do grande susto passado com ela, já não era possível Renesmee nos enganar durante uma refeição, todos ali estava muito atentos ao que ela comeu; uma banda do mamão, duas bananas, um iorgut e dois pedaços de bolo.

Eu diria que nunca a tinha visto comer tanto.

—Acho que os remédios me dão fome. -Se justificou.

—Isso é muito bom, precisa se alimentar muito bem de agora em diante. - Carlisle disse como sempre muito atencioso com a neta.

Na hora de se despedir Esme me puxou de lado para falar apenas comigo.

—Bella, querida, acabou que Tanya não me deixou concluir meu pensamento sobre a ação de graças. É daqui a dois dias!

—Sim. Eu queria mesmo falar com você sobre isso, meus pais estão vindo para cá.

—Isso é maravilhoso! - Eu não podia duvidar do seu olhar sincero.

—Pois é, e eu pensei em fazer o jantar aqui em casa mesmo. Mas vou precisar de alguma ajuda, para não esquecer de ninguém que vocês costumam a convidar. 

—Ah não se preocupe com isso, é sempre a família. Claro que agora temos que incluir o James e esse Peter. - Ela revirou os olhos.

—Jasper. - Falei.

—Como?

—O nome do marido de Alice é Jasper não James. - E a senhora deveria saber bem disso, já que ele é amigo de Edward antes de tudo. - acrescentei mentalmente.

—Jasper claro. É que aconteceram tantas coisas ao mesmo tempo… Ah, sim ação de graças. Vou pedir para o Amun vir te ajudar com os preparativos e, caso você precise de algum utensílio, louça… não hesite em pegar lá em casa!

—Pode deixar. - Sorri. 

—Vou adorar conhecer os seus pais.

E eu esperava que meus pais adoraram essa família.

Renesmee estava sendo muito dura com a mãe e eu não sabia se ainda era pela forma como a mãe a tinha tratado naquele dia na cadeia ou alguma coisa nova. Também não tinha muito tempo para pensar naquilo, meus pais chegariam logo e isso era toda a preocupação que eu estava autorizada a ter.

Mas é claro que tudo o que acontecia na casa era captado por mim e eu vi uma Bree arredia entrar com um Diego sorridente pela porta, um Alec sentado na sala com Edward, e uma reunião inusitada entre Edward, Emmett, Jasper.

Eu não pude perguntar durante todo o dia a Edward sobre o que aquilo se tratava afinal, já que eu estava com a cabeça cheia de ‘’compras no supermercado’’ junto com Alice, e a ansiedade de ter meus pais ali.

Mas é claro que quando a noite chegou e finalmente nós ficamos sozinhos eu quis saber de tudo.

—Não foi nada demais. - Ele me disse já em nosso quarto depois de termos feito amor no banheiro. ‘’Nada demais’’ ele dizia, mas sua mandíbula trincada falava outra coisa.

—Emmett parecia bravo. Vocês não estavam falando do Peter, não é? Ele é o namorado de Rosalie agora e ela vai ter um filho com ele. -O lembrei.

—Ninguém falou de Rosalie ou do Peter.

—Então porquê não quer me contar? -Ele observou meu rosto por um momento, suspirou e deu um beijo no vinco entre minhas sobrancelhas.

—Estou preocupado com o que você vai achar, e vai nos impedir.

—Agora eu estou preocupada.

—Não tem motivos para isso. Tudo bem, estávamos falando desse Jacob e como ele agiu com Nessie. Como ele pode manipular a minha filha, e me enganar.

—Edward…

—Você queria saber. Bom, nós vamos dar um susto nele.

—Que tipo de susto?

—Não é nada demais…

—Edward você é um adulto, não aja como um adolescente irresponsável. - O repreendi. -O que você quer dizer com susto?

—Quando menos você souber melhor. - De novo ele tinha a mandíbula trincada.

—Tenho que te lembrar de que a mãe da sua filha acaba de sair da cadeia? Não quer que ela passando pelo o desagrado de ter o pai preso também.

—Ninguém vai ser preso, Bella. Talvez o Black, mas eu não vou ter nada a ver com isso..

—Edward…

—Não se preocupe. Amanhã seus pais estarão aqui, temos que ir buscá-los no aeroporto, levá-los nos pontos turísticos… uma agenda lotada.

—Não consigo pensar nisso sabendo que você e seus amigos estão armando uma.

—Não tem armação nenhuma.

—Já não posso acreditar nisso.

—Apenas não pense em nada disso, ok?

Eu poderia ter existido, mas não dormira direito desde do dia anterior quando perdi o sono e passei a madrugada cozinhando com Tanya. Então me aconcheguei a ele e dormir.

Ver Renée e Charlie caminhando em nossa direção no aeroporto foi até cômico. Minha mãe vinha na frente toda decidida, sorrindo e olhando para todos os lados, Já meu pai parecia concentrado e cauteloso, como se esperasse que um atirador fosse surgir a qualquer momento.

Bem vindos a cidade grande, papai e mamãe.

Sempre era assim quando eles viajavam.

Quando os gritos e os abraços cessaram, Edward nos colocou a caminho do central park, porque a minha mãe apenas tinha que estar lá antes de qualquer coisa.  

Renée que era um fã incondicional de Edward, o manipulou durante todo o caminho, perguntando sobre a cidade, sobre os lugares que ela tinha que conhecer, sobre a família dele e como eles deveriam se comportar na presença deles.

—Sejam vocês mesmos, é claro que meus pais vão adorá-los.-  Edward havia dito aquilo mais de quatro vezes.

Deixamos as malas deles no carro enquanto caminhávamos pelo central park, minha mãe entrelaçou o braço no de Edward e o puxou na nossa frente, meu pai e eu caminhamos mais atrás com passos pequenos.

—Ela está mais animada do que de costume. -Observei.

—Eu posso ter um pouco de culpa nisso. - Charlie fez uma careta.

—O que você fez papai? - Suspirei entrelaçando meu braço no meu pai.

—Só pedi a sua mãe que desse tempo para conversar com você.

O que Charlie queria de mim que não poderia ser dito na frente de Edward?

—Aqui estamos. -Apontei para nossos pares que caminhamos entusiasticamente bem a nossa frente. 

—Você está feliz, Bella? - Ele perguntou muito sério, parecia pedir a confissão de um crime. Relaxei o abraçando pela cintura.

—Muito feliz mesmo, pai. Essa é a minha vida, a vida que eu escolhi. Eu amo Edward, amo tudo sobre ele. Essa… é a minha casa. o pacote completo; Edward.

Charlie ficou em silêncio me olhando, acho que comparamento o que eu havia dito sobre Edward com o que ele uma vez havia dito sobre Renée. Só que meu pai tinha sido um pouco mais franco:’’ela é doida, mas é a mulher que eu amo.’’

—Devo ter medo do restante da família Cullen?

—Não mesmo, eles são todos muito legais. - O tranquilizei.

—Então eu perdi mesmo a minha filha para Nova York?

—Eu vou estar onde Edward estiver, pai. E eu gosto de Nova York. 

Minha mãe amou Esme, e estava muito impressionada com o fato dela ser juíza, mãe e esposa, e se tratando de Renée Swan ela não deixaria de falar isso. Mas Esme lidou com tudo muito bem, dizendo que o segredo era manter as crianças tão ocupadas quanto ela.

—Mas você não sentia falta delas? - Minha mãe perguntou naquela tarde na casa de minha sogra. - Eu dou aula para o jardim de infância, Bella estava agarrada em mim enquanto pode. Quando tive que deixá-la ir para a escola regular me vi inventando desculpas para passar na frente da sala dela.

—Mãe. - reclamei.

—É verdade bebê.

Esme pareceu meio desconcertada e não respondeu a pergunta de Renée mudando de assunto. Minha mãe encheu Renesmee de atenção e um pouco de sermão, sobre dietas e namorados, que eu tive que conter com muita vergonha, mas a minha enteada parecia tranquila e relaxada com meus pais, sendo muito simpática com eles. Eu teria que agradecê-la quando tivesse a oportunidade. Vi Charlie conversando com ela na sala de música de Edward quando passei por lá, e quis entrar, mas eles pareciam ter uma conversa profunda, e não quis quebrar o clima. Meu pai podia ser muito bom com as palavras e isso poderia trazer algum bem a Renesmee. 

No dia seguinte para o nosso jantar de ação de graças, tivemos alguns convidados surpresas e Amun e Alice sorriam para mim como quem compartilha um segredo; ainda bem que estávamos preparados.

Emmett veio, a convite de Esme e parecia não se intimidar pelo namorado de Rosalie, Petter, até conversando com ele. Rosalie parecia que iria explodir nessas horas eu tive que conter a vontade de rir. 

Eu não esperava pelo irmão de Jane, Alec. Mas ela havia aparecido com ele a tira colo dizendo que o dia de ação de graças não existia em sua casa. 

A mãe de Tanya, Sasha apareceu com a filha Irina, o genro Laurent e a neta Maggie. Sasha Danali parecia frágil, mais magra, mas a expressão continuava altiva. Contudo havia uma tranquilidade em seu rosto que imaginei ser recente.

Finalmente a grande mesa de jantar de Edward foi usada para a grande família que representavamos. 

Eu vi as trocas de olhares entre Rosalie e Emmett durante o jantar, Rosalie parecia que a qualquer momento pegaria uma faca e lançaria na direção do Ex. Edward também notou, e ria para mim quando pegava o meu olhar na direção de sua irmã e de seu amigo.

Laurent era simpático e divertido, mantinha uma conversa incluindo meu pai, Carlisle, Peter, Jasper e até mesmo o jovem Alec.

Jane estava super a vontade com a minha mãe, falando sobre uma banda adolescente de interesse das duas. Vez ou outra Renesmee comentava algo com as duas, mas estava mais presa a uma troca de olhares com Alec e uma conversa paralela com sua prima Maggie. 

Tanya conversava mais baixo com a mãe e a irmã, todo o barulho da mesa camuflando a conversa das três. Pelas expressões ora surpresas (de Tanya e Irina) ora sentimentais, imaginei que a mãe devia pedir desculpas a elas.

Alice tagarelava sem parar comigo e com Rosalie sobre precisarmos preparar as coisas para a chegada do bebê (que só iria acontecer dali a muitos meses, então por que a presa?), que quando ela ficava animada demais Jasper colocava a mão e seu ombro como se a transmitisse calma através do toque. Quando isso acontecia ela parava de falar, ria, e quando voltava parecia mais calma.

Edward chamou atenção de todos tocando sua taça de vinho com um garfo.

—Já que pela primeira vez o jantar de ação de graças é na minha casa… nossa casa. - Ele parou para pegar a minha mãe sobre a mesa, a levar aos lábios depositando um beijo ali. - Acredito que cabe a mim o discurso da noite. Depois todos terão a oportunidade de agradecer.

‘’Esse é um dia realmente diferente dos outros e esse ano eu tenho muito mais a agradecer do que nos outros. Primeiro, a minha filha que eu quase perdi’’. - A voz dele ficou embargada por um momento. ‘’-Foram os momentos mais aterrorizantes da minha vida e não desejo essa sensação a nenhum de vocês. E depois, quando descobrimos o que a levou a isso, o que levou o seu corpo a lançar um pedido de socorro tão agudo… eu me senti o pior homem do mundo por não ter visto isso.’’

O silêncio na mesa era geral. Todos compartilhamos de certa forma da dor dele.

‘’-Eu sempre quis ser o tipo de pai que a minha filha procuraria quando estivesse com um problema, a primeira pessoa para quem ela pediria ajuda. Mas eu não fui esse tipo de suporte para ela no seu momento mais escuro. E eu me senti um merda por isso. Eu pensei que perderia você.’’- Ele disse a última frase olhando para a filha que tinha o rosto molhado por lágrimas. Uma rápida olhada em volta da mesa confirmava outros casos de choro; Alice, Rosalie, minha mãe, Esme - embora de forma contida - meu pai parecia limpar algo dos olhos. Não preciso acrescentar que eu chorava abertamente. 

—‘’Então hoje eu quero agradecer pela vida da minha filha. Pedir que ela tenha uma vida longa e feliz. Que o seu caminho seja cheio de vitórias e conquistas, e quando eu for muito velho e caduco, você me enterre e não o contrário. Nenhum pai ou mãe deveria enterrar seu filho.’’

Ele fez outra pausa, e todos continuamos em silêncio.

—‘’Agradeço por essa linda mulher ao meu lado, que tem me ensinado tanto todos os dias. Eu amo você, obrigado pela sua paciência e amor. -Ele se inclinou e seus lábios tocaram os meus. - Agradeço pelos meus pais, e irmãs. Minha sobrinha que em breve estará correndo por essa casa!’’ - todos riram quebrando o silêncio.

—Como sabe que é uma menina? -Rosalie perguntou.

—É só um palpite. Eu sou bom em palpites. Sou grato a cada um de vocês, e principalmente a Renée e Charlie por terem criado a mulher da minha vida. -Meu pai acenou para Edward.

—Obrigado por estarem aqui, obrigado por serem família.

Todos aplaudimos seu discurso emocionado.

Os demais falamos sem grande discurso emocional, todos eram gratos por algo naquele ano e principalmente pela vida de Renesmee e,... Sasha. Esse foi o discurso de Tanya que surpreendeu um pouco aos que a conheciam melhor.

—...e eu quero que saiba que é a minha mãe. E eu a amo e estou feliz que esteja lutando contra o câncer, porque quero ter mais tempo com você.

O jantar se estendeu madrugada a dentro, ninguém parecia querer ir embora. É claro que os mais velhos acabaram dando a deixa para que todos se retirassem, e por fim os adolescentes eram os únicos na sala juntos comigo e Edward. Meus pais tinham subido para o quarto que seria deles enquanto eles ficassem.

—Jane, já está na nossa hora. - Alec disse para a irmã.

—Eu não te contei? Vou dormir aqui, sou a enfermeira de Nessie. - Ela disse passando um braço em volta da amiga.

—Não parece que ela precisa de uma enfermeira. - ele disse divertido.

—É aí que você se engana, meu intelectual irmão. Nessie está convalescente e precisa muito de mim nesse momento. -As duas o olharam com os pidões.

—O que o senhor Cullen vai pensar? você meio que mora aqui. - Alec disse exasperado. 

—Na verdade, Alec sua irmã é sempre bem vinda em nossa casa, e realmente ela tem ajudado muito com Nessie. - Edward disse. -Ela pode ficar.

—Viu? -Jane mostrou a língua para o irmão.

—Você também pode, Alec. - Renesmee disse e o pai a olhou de modo censurador. 

—Muito obrigado pelo convite, mas preciso estudar. Aro e Sulpicia devem estar em casa amanhã cedo se perguntando onde estão seus filhos.

—Só se eles quiserem nos mostrar para alguém, como se fossemos um objeto ou coisa assim.- Jane disse para o irmão, que apertou os lábios uma linha rígida, mas não respondeu. Alec se levantou.

—Eu te acompanho até a porta. - Renesmee disse.

—Nada disso, você está de repouso. -Edward a contradisse se colocando de pé para acompanhar Alec até a porta. Ele se despediu de todas nós e seguiu Edward.

—Sabe que você é minha melhor amiga, mas precisa ser menos óbvia no seu interesse pelo meu irmão. - Jane disse e por um milagre minha enteada corou.

—Eu só estava sendo simpática. 

—Simpática, sei. E toda essa simpatia te colocaria na cama do Alec?

—Jane! - Renesmee reclamou olhando para mim alarmada.

—Não se preocupe comigo. -Ergui as mãos em sinal de rendição. -Mas se quer a minha opinião é melhor pegar leve nos relacionamentos por um tempo.

—Humpf. - Foi toda a resposta que eu tive dela. 

—Vocês ainda estão acordadas? Ou é uma festinha do pijama para a qual não fui convidada? -Tanya apareceu na sala com uma camisola preta que deixava pouco para a imaginação.

—Não mãezinha, você é sonâmbula é está sonhando que estamos aqui. - A resposta de Renesmee foi ácida.

Tanya fechou a cara para ela.

—Já estamos indo dormir, Tanya. -expliquei me levantando do sofá.

Edward retornou a sala, olhou para Tanya franziu o cenho e veio para perto de mim.

—Vamos? - falou para que só eu ouvisse.

—Aimeudeus, amiga! Eles vão transar! -Jane gritou.

—Eca, Jane! Meu pai não transa!

—Amiga, eu aposto que transa. Por que a Isa parece muito transavel.

Eu queria que o chão se abrisse e me engolisse.

—Já passou da hora das duas princesas irem para a cama. -Edward disse sério.

—Tudo bem, vamos Princesa Ana. - Jane se pôs de pé estendendo a mão para Renesmee que recusou.

—Eu sou a Elsa. - Renesmee disse seria.

—Não pode ser a Elsa, eu que sou. Eu sou loira até! Somos perfeitas Elsa e Ana, loira e ruiva!

—Mas o seu humor é totalmente o da Ana!

—E daí? Eu quero ser a Elsa!

—Meninas, menos, ok? - Pedi.

—É vocês não tem mais cinco anos. - Tanya disse. Porém olhando as expressões das duas, elas estavam verdadeiramente aborrecidas sobre quem era quem em Frozen.

—Já que a princesa Ana não precisa de ajuda para subir eu vou na frente e uso o banheiro do quarto! - Jane disse e correu escada acima.

—Jane! - Renesmee gritou, mas a outra não deu ouvidos.

—Nada de correr pelas escadas. - Edward a lembrou.

—Eu sei. - suspirou. Renesmee caminhou em nossa direção e tomou a nós dois em um abraço. - Hoje foi muito legal, obrigado a vocês dois por tudo.

Senti um nó em minha garganta.

—Por nada. - sussurrei.

—Que bom que está feliz.

—Eu só agradeci por não ter morrido lá na mesa, mas eu queria agradecer também por vocês. Pelo pai incrível que você é, e por você ser tão boa para nós Bella.

Era tarde demais, eu iria chorar de novo.

—Nessie… você é uma boa menina. Estou feliz por termos muito tempo pela frente.

Edward beijou a testa dela, e eu dei um beijo em sua bochecha. Ao passar pela mãe, Renesmee parou e deu um abraço apertado nela.

—Eu amo você. Tente não ser presa de novo. - Disse, e seguiu devagar pelas escadas.

 


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Notas finais do capítulo

Foi um capitulo bem curtinho, eu sei. Mas ele está cheio de pontinhas... quem pescou? O que será que Edward, Emmett e Jasper estão tramando para Jacob? E vocês tinham razão afinal, foi o Felix...ou é só o que a Tanya disse...

vejo vocês nos comentários e por ai. quem tem twitter me segue lá pra nós surtar junto @missthayy
bjs