Por Alguma Razão escrita por AfterCloudiaSan


Capítulo 3
Seria o meu caso?




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Os dias se passavam, e o clima casa vez mais esfriava. O inverno já batia a porta. Nessas ocasiões, várias pessoas se encontravam na cafeteria onde Naoya trabalhava, e como de costume, toda tarde Sakuragi aparecia por lá tanto para estudar em um lugar tranquilo com café, quanto para jogar. Nao que já estava em seu horário de expediente, do balcão apenas acenava para a amiga com o seu contagiante sorriso brilhante, e ela ainda sem jeito retribuiu o aceno de sua maneira mais contida.

Quanto aos dois, uma nova atmosfera parecia ter sido criada. Desde a primeira vez que marcaram de se encontrem na casa dela para ter noções dos jogos, isso automaticamente pareceu criar uma porta de entrada exclusiva para ambos. Agora além de jogarem juntos quando tinham tempo, estendiam o assunto para conversas paralelas e do cotidiano. Fosse pessoalmente ou online. O que não queria dizer que excluíram seus outros amigos, mas o elo entre eles, aparentemente estava mais flexível.

Naoya entendia agora que, ela era uma pessoa retraída por questões sociais e familiares. Já havia aceitado aquela personalidade inicial da amiga, mas agora podia absorver sua realidade, e assim por meio de conversas e mais conversas, ela mudou coisas que ele havia a alertado que seria sempre se desculpar e sobre ter mais confiança em si pois ela era maravilhosa e incrível. Bem, esta última parte não colocou em tais palavras, mas era assim que sentia.

Do ponto de vista dela, parecia que nada havia mudado, mas ao mesmo tempo, havia sim. A verdade é que Naoya para ela podia ser considerado um jogo novo que estava em lançamento, ou uma versão nova com atualizações incríveis. Ou seja, ele era a novidade viva. Seu modo de falar, socialização e sempre aquele brilhante sorriso a fazia prender a atenção nele e ao mesmo tempo sentir-se aquecida pela sua presença.

Se fosse para listar algo, seria o fato de que teria que aprender a lidar com a noção de espaço que o amigo algumas vezes perdia. Ou ele se aproximava inesperadamente, ou falava coisas que para ele eram normais, mas para ela seria o motivo suficiente de ficar vermelha até a alma. No fim, eles avançavam no nível de amizade de forma contínua e tênue.

Ainda na cafeteria, Naoya atendia os clientes com a mesma eficiência e simpatia de sempre. Quando conseguiu alguns minutos de descanso cruzou o ambiente com o olhar em busca da amiga que havia chegado a um tempo. Para sua surpresa, para não dizer decepção, ela aparentemente não estava mais lá. Mas da entrada do banheiro feminino saiu aquela jovem de fisionomia já bem conhecida por ele. Seu rosto se iluminou ao ver a garota ainda ali, embora estivesse mesmo se direcionando a porta de saída. Tentando alcança-la, andou o mais rápido permitido no local para chegar ate ela, a alcançando nos degraus da frente do local.

— Kou kun! – chamou a primeira vez, mas não foi ouvido. Havia percebido que ela agora havia colocado seus fones que excluía qualquer ruído externo. – Kou kun...

Mais uma tentativa falha. Ela já estava a uma boa distância, o que o fez dar uma breve corrida até ela que ainda se mantinha olhando apenas para frente. Agora que observava um pouco por trás, estava a estranhando alguma coisa diferente nela. Não tinha exatamente um termo para o que era, mas ela parecia estar... dispersa? 

Finalmente a alcançou segurando pelo pulso levemente fazendo a garota se virar para ele automaticamente em busca de quem poderia ter a segurado. Enquanto Naoya ainda se apoiava no nos joelhos para formalizar a respiração:

— Kou kun, finalmente eu ...- parou abruptamente sua fala quando enfim olhou aquela feição diante de si. Ela não estava surpresa, nem envergonhada. Estava inexpressiva, fora outro detalhe que sua pele alva certamente deixaria em destaque, no caso, seus olhos levemente inchados – Kou kun ...o que... aconteceu?

Nesse mesmo estante, a garota parecia estar voltando a si. Percebia suas bochechas levemente corarem enquanto rapidamente retirava seus fones:

— Nifuji kun, desculpe meus modos, e-eu só estava distraída. Desculpa!

— Ah sim, tudo bem – reagiu com um breve sorriso para o momento – é que, você parecia estar dispersa e me preocupei um pouco... está tudo bem com você?

— Sim. Esta sim. E ... desculpe eu preciso ir agora. – Curvou-se brevemente para ele e saiu em retirada o mais rápido que podia.

 Não era novidade nenhuma para ele que Sakuragi tinha seu modo retraída de ser e algumas vezes ser de poucas palavras, mas aquilo de longe estava perto de ser o que ele considerava “normal”. Ou seja, não, ela não estava bem.   

A noite Naoya se encontrava na casa do irmão mais velho Hirotaka. Este estava trancado no quarto enfiado nos jogos de computador como se nada mais existisse ao seu redor.

No entanto ele, mesmo deitado no sofá, sentia-se inquieto por dentro. Vez ou outra trocava mensagem com seus dois amigos, mas a mensagem que ele tanto esperava não vinha. Desde que se despediu de Kou a tarde, não teve mais noticias dela. Chegou a mandar mensagens, mas esta não o respondeu. Nessas horas só conseguia se lembrar de quando eles ficaram sem se falar por uma semana por conta de um mal-entendido. A questão era que, naquela época, ele sabia o que estava acontecendo entre os dois, mas dessa vez ela apenas fugiu dele e não tinha dado mais sinal de vida.

 Teria ele feito alguma coisa com ela e não sabia? Havia a magoado? Por que ela não falava com ele? por que ela estava com aquele rosto abatido? Eram questionamentos assim que o faziam suspirar profundamente e correr as mãos entre as madeixas loiras em sinal de preocupação. Tinha que entender o que estava acontecendo.

Acontece que não queria levar exatamente essa questão para seus dois amigos, que certamente não entenderiam o contexto do assunto. Narumi poderia estar ocupada e não queria importuna-la. Bem, só havia uma pessoa naquele momento que poderia recorrer a alguma ajuda embora não fosse a melhor das ideias:

— Nii chan? Posso falar com você? – espiava ainda da porta se o mais velho estaria em um intervalo de jogo. Por sorte, o pegou no momento certo ainda se espreguiçando.

— Bom, se a conversa durar o equivalente ao intervalo de tempo do jogo enquanto carrega, sim. – Não esperava uma resposta diferente dele. – e então?

— Bem, é que ...- sentou-se na beira da cama ainda coçando a nuca sem jeito de como perguntar aquilo. – Ahn, como você sabe quando a Narumi chan está triste?

— Eh? – Embora fosse sempre inexpressivo, era notável como essa era a ultima pergunta que esperava ouvir - Bem por essa eu não esperava. Mas porque a pergunta?

— É só que... hoje fiquei um pouco intrigado com uma coisa da minha amiga gamer – Hirotaka pareceu se lembrar de quem se tratava - E até agora não nos falamos ainda. Quer dizer, ela que não me respondeu ...

— Você fez alguma coisa idiota com ela por acaso?

— Não – falou levantando ambas as mãos – digo, não que eu saiba... – seu rosto pareceu se fechar novamente em uma expressão triste. Mesmo não transparecendo, Hirotaka ainda se preocupava com o mais novo. No caso, esse momento pedia sua atenção. Fechou por um momento a aba do jogo e virou-se na cadeira em direção ao irmão:

— Quanto à sua pergunta, costumo saber seu estado de espirito só em olhar.  Ela costuma ser bem expressiva na verdade, mas não é apenas olha-la. Não é novidade para você que eu sempre a observei, mas sei que quando se costuma gostar de alguém, você grava até seus mínimos detalhes. Não seria esse seu caso?

Prestava atenção ao que o mais velho havia dito. De fato, achava incrível o nível de percepção que ele tinha sobre a rosada. Pelo visto, não deixava de observa-la um minuto sequer. Isso era o que chamavam de amor, não é? Ai que entrava a pergunta final do irmão sobre isso. Ele gostava dela?

— Que? Do que está falando Nii chan? Ela é só minha amiga! – falava enquanto sentia o rosto em chamas. Hirotaka em contrapartida não entendia o porquê daquela reação:

— ...E? Narumi também era minha amiga de infância. Hoje ela é minha namorada. O que interfere? – tais palavras só serviram para faze-lo corar ainda mais. Não sabia que o irmão falaria coisas assim.

— Ah, já foi. Acho que já conversamos o suficiente. Obrigado! – já ia sair em disparado dali ate que foi chamado de novo:

— Naoya. Ela esta sem falar com você e ainda está achando que está diferente, não é? Não prolongue muito isso. Se precisava falar com ela, faça isso pessoalmente então. – Naoya tinha que admitir, seu irmão estava falante até demais em relação a isso. Mas não iria recuar agora. De fato, se precisava falar com ela, que fosse pessoalmente. Esse era o gatilho que precisava.

— Obrigado, nii chan! – pegou a bolsa dele e foi para casa deixando um irmão mais velho pensativo.

Este suspirou se acomodando melhor na cadeira e pensou no que havia dito ao mais novo. Se fosse a um tempo atrás, talvez tivesse ignorado a conversa e fixado nos seus jogos. Mas com certeza, os últimos meses o fez pegar um pouco da influência daquela garota que estava ao seu lado na foto da tela de descanso do PC. No caso, o dia que foram ao parque.

“Você teria dito algo assim para ele, não é, Narumi?


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