Miraculous - A Luz Entre As Trevas escrita por Lia Araujo


Capítulo 2
Adeus Papai


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

Boa leitura!



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Uma Semana Depois

Meu pai ficou no hospital depois do infarto, fechamos a padaria até que se recuperasse, a mamãe voltou em casa no domingo dois dias depois que o papai foi internado, ela disse que ele teve que fazer uma cirurgia de emergência para desobstruir a artéria entupida, devido a gravidade da situação ele teve que ser mantido em coma induzido por alguns dias para se recuperar. A pedido da minha mãe continuei a ir a escola só para não levar falta, ficava todas as aulas de cabeça baixa e os professores por saberem permitiam, até a Chloe me deixou em paz, mas todos os dias após a aula ia visitar meu pai. Nenhum akumarizado em uma semana novo recorde do Hawk Moth, agradeci imensamente não teria cabeça para lutar.

— Com licença, professora, desculpe interromper sua a aula - o diretor falou entrando e levantei para olha-lo - Mas preciso conversar com uma de suas alunas

— Sem problema, diretor - a professora falou - Com qual?

— Senhorita Dupain-Cheng - o diretor falou me olhando e suspirou pesadamente

— O que aconteceu? - perguntei temendo a resposta

— Sua mãe ligou e solicitou que fosse imediatamente para casa - o pesar na voz dele e olhar como se dissesse "sinto muito" foi o que bastou para entender o que acontecia.

— Ele se foi, não é? - perguntei e deixei uma lágrima escorrer quando o diretor desviou o olhar

A sala inteira ficou em silêncio, me levantei pegando minha bolsa e comecei a sair da sala, mas senti alguém segurar meu pulso, olhei pra trás e vi o Adrien em pé, ela se aproximou e me deu um abraço sussurrando apenas um sinto muito, assenti chorando em silêncio desfizemos o abraço e sai, caminhei até em casa e quando entrei, encontrei a minha mãe chorando sentada no sofá, me aproximei e nós duas choramos juntas pela perda do meu pai.

Quando eu e minha mãe conseguimos desabafar através do choro, ela disse que havia dado entrada para que o enterro disse realizado na manhã seguinte, mandei uma mensagem pra Alya informando que o horário do enterro, tive fome no resto do dia, mas mesmo assim minha mãe levou um bandeja com uma jarra de suco, uma torta doce, alguns pães e cookies.

— Não estou com fome - falei vendo-a colocar a bandeja na escrivaninha

— Você precisa comer alguma coisa - Ela falou se sentando ao meu lado - Seu pai não iria gostar de te ver assim.

— Porque doí tanto, mamãe? - perguntei deixando algumas lágrimas caírem

— Porque nós amávamos e amamos o seu pai - Ela falou tentando não chorar - Não queríamos perde-lo, mas infelizmente é isso que torna a vida preciosa, o fato dela poder acabar a qualquer momento, por isso temos que aproveitar cada segundo com as pessoas que amamos. Você entendeu?

Apenas assenti secando as teimosas lágrimas que insistiam em cair.

— Vou deixar você descansar, mas por favor, come um pouco - minha mãe falou e assenti novamente.

Ela saiu do quarto, me levantei e fui em direção a bandeja, peguei o cookies e levei pro quartinho de boneca da Tikki e voltei para cama.

— Sei como é doloroso perder alguém que ama, mas não pode ficar assim - Tikki se aproximou e falou de forma doce - Você é forte, vai seguir em frente

— Nesse momento eu não quero pensar em nada, Tikki - falei olhando-a - Desculpa

Ela se aproximou e envolveu a minha bochecha como se me abraçasse. A envolvi com a minha mão e consegui dar um sorriso.

— Obrigada por estar sempre comigo, Tikki - falei e ela sorriu - Vai comer os cookies

— Você também deveria comer alguma coisa - Tikki rebateu me olhando

— Prometo que como antes de dormir - falei olhando-a

— Está bem - Ela falou e foi pro quartinho de boneca

Fiquei sentada na cama, até que ouvi um barulho vindo da varanda, abri a claraboia, sai e vi o Chat Noir em pé, ele se aproximou a passos calmos, quando chegou perto abriu os braços e eu o abracei.

— Sinto muito, Princesa - ele sussurrou enquanto fazia carinho no meu cabelo e me permitia chorar mais uma vez nos braços dele - Podemos entrar? Tá fazendo frio aqui fora.

Assenti e entramos no meu quarto, nos sentamos na minha cama e ele me olhou.

— Como a sua mãe tá? - ele perguntou me olhando

— Tentando ser forte - respondi simplesmente - Aguentando melhor do que eu

— E você como tá? - Chat perguntou

— Vou sobreviver - respondi depois de pensar alguns segundos na resposta

Chat Noir que estava sentado na outra ponta da cama se sentou ao meu lado, passou o braço sobre meus ombros me puxando levemente pra ficar mais próximo e deitei minha cabeça em seu ombro. Chat Noir tem me ajudado muito nos últimos dias, sem o apoio dele e dos meus amigos, certamente estaria bem pior ou poderia até mesmo ter sido akumatizada. Até mesmo o Adrien tem se mostrado preocupado, ela sabe a dor de perder alguém, agora percebo o quão forte ele é. Estou feliz com a presença do Chat, mas não pude evitar pensar que era o Adrien que eu queria comigo.

— O que é aquilo? - Chat perguntou curioso, olhei na mesma direção a vi a bandeja

— Minha mãe trouxe pra mim - respondi calma eu estava muito mais tranquila com a presença daquele gato de rua

POV Adrien

Olhei para a bandeja e olhei para Marinette, ela estava abatida, olheiras estavam se formando em baixo dos seus olhos que estavam inchados devido ao choro, mas as roupas usuais dela estavam um pouco mais folgadas que o normal.

— Você tem se alimentado direito? - perguntei olhando-a, mas ela permaneceu em silêncio - Responde, Mari

— Apenas quando tenho fome - Ela respondeu desviando o olhar

— E qual é a frequência que isso acontece? - perguntei porque lembrei que ela não tem comido na escola

— Um vez ao dia ou apenas me forço a comer algo - Ela respondeu e eu suspirei pesadamente

— Já comeu hoje? - perguntei e ela negou com a cabeça

A soltei, peguei a bandeja e coloquei na frente dela.

— Por favor, come alguma coisa - pedi olhando-a

— Tá bem - ela suspirou e pegou um pão de queijo - Come a torta, não vou conseguir comer isso tudo.

Peguei o prato com a fatia de torta e o garfo que estava na bandeja, comi um pedaço do bolo, fechei os olhos e acabei ronronando

— Sem dúvida essa é a melhor torta e toda Paris - falei comendo outro pedaço e Marinette riu pela primeira vez em dias

— Meu pai iria adora ouvi você falando isso - ela falou com um sorriso sincero, pela primeira vez desde que o pai foi para o hospital - Iria ficar todo orgulhoso.

— Achei que seu pai não gostasse de mim - falei lembrando de quando ele foi akumatizado porque falei que não estava apaixonado pela Marinette e tentou acabar comigo - Lembra de quando ele tinha sido akumatizado?

— Aquilo aconteceu porque ele te admirava demais e ficou muito empolgado - ela falou e tomou um gole de suco - E imaginou o "futuro perfeito" pra única filha ao lado do herói de Paris.

— Lembro que ele falou sobre eu herdar a padaria - falei e ela riu mais uma vez

— Esse lugar fecharia em poucos dias a isso acontecesse - ela falou e a olhei sem entender - Pelo de gato na comida iria afastar os clientes.

— Tá muito engraçadinha, Princesa - falei sorrindo e ela retribuiu

— Vou sentir muita falta dele - ela falou secando a teimosa lágrima que escorreu

— É claro que vai e não vou mentir pra você - falei segurando as mãos dela - Vai doer bastante no começo, mas essa dor vai passar, deixando apenas a saudade no lugar. Vai ser difícil a adaptação, mas garanto que vai ficar tudo bem, palavra de gato.

— Confio em você - ela falou me olhando nos olhos e sorriu - Obrigada por tudo.

— É meu dever como herói, Princesa - falei e ela riu - Acho que tá na hora de dormir, amanhã será um dia bem agitado.

— Tá bem - ela falou tirando a bandeja da cama - Já volto

Ela foi até a cozinha e logo voltou, puxou as cobertas e se deitou. Como nos dias anteriores, me sentei ao lado dela fazendo carinho no cabelo dela até ela dormir. Parece que conversar sobre o pai dela a ajudou a lembrar de bons momentos e não apenas da perda, essa noite ela parecia mais calma, tanto que hoje ela não demorou a dormir, queria poder falar sobre a minha mãe com alguém, mas meu pai evita falar sobre ela, sei que a Marinette me escutaria, mas isso faria com que eu revelasse a minha identidade. Se isso acontecesse, certamente a Ladybug me mataria. Ah, My Lady! Se eu pudesse conversar com você sobre minha vida, contar o que sinto, penso...

Agitei a cabeça para afastar esses pensamentos e olhei em volta no quarto da Marinette, aquele lugar realmente era a cada dela. Delicado e meigo, seu gosto pela moda estava espalhado por todo quarto, tinha uma manequim no canto, tecidos, linhas, a máquina de costura, desenhos de croqui no mural e fotos minhas como Adrien, ela disse que era porque as roupas criadas pelo meu pai eram referência para ela e serviam de inspiração, como eu era o rosto da Agreste Company era compreensível as minhas fotos ali. Me levantei com cuidado para não acorda-la e me aproximei do mural, para ver os desenhos de perto. Mas quando cheguei perto da mesa, um desenho me chamou atenção, era eu. O desenho do meu rosto como Adrien , o desenho estava muito bem feito, fiquei tentado a leva-lo comigo, mas ela daria falta do desenho. Marinette era talentosa, ninguém podia discordar, ela tem muito potencial para fazer sucesso no mundo da moda.

Olhei o relógio, já era quase uma da manhã e decidi voltar pra casa. Sai pela claraboia, fui pulando de telhado em telhado até chegar na minha casa, entrei pela janela do meu quarto

— Esconder garras - falei e desfiz a transformação

— É sério, essas visitas a Marinette me deixam cada vez mais com fome - Plagg falou voando ao meu lado

— Você sempre tá com fome, Plagg - falei abrindo o armário e tirei um pedaço de queijo pra ele

— Oi, meu pegajoso - Plagg falou tirando o queijo fedorento da minha mão - Senti tanto a sua falta

— Vocês formam o belo casal - ironizei sorrindo enquanto ele devorava o queijo

— Não tanto quanto você e a Marinette - Plagg rebateu a provocação

— Não começa, ela é só a minha amiga - falei indo trocar de roupa

— Claro, é por isso que vai visita-la todos os dias? - Plagg perguntou

— Sim, porque sei que ela está sofrendo com toda essa situação - falei terminando de vestir o pijama - Estou fazendo por ela o que eu queria que fizessem por mim quando perdi minha mãe.

— Ah - Plagg ficou em silêncio quando terminei e falar

— Vamos dormir, Plagg - falei olhando-o e ele se deitou no travesseiro ao lado - Boa noite

— Boa noite, Adrien - ele respondeu e logo adormecemos

Seis e meia meu despertador toca lembrando do compromisso dessa manhã, levantei, fui ao banheiro tomei banho e me arrumei para o café da manhã. Dei o queijo do Plagg, ele se escondeu no meu casaco e fui para a sala de jantar para mais uma refeição solitária. Quando cheguei na surpreendi ao ver o meu pai a mesa, era a primeira vez em meses sentado ali.

— Bom dia, Adrien - Meu pai falou sem desviar os olhos do jornal

— Bom dia, pai - respondi olhando-o

Me aproximei, sentei na cadeira a sua esquerda e logo ele pediu que o café  fosse servido. Comemos silenciosamente, assim que terminamos a louça foi removida da mesa.

— Com licença - meu falou se levantando

— Pai - chamei e ele parou me olhando - Posso passar em um lugar antes de irmos?

— Adrien, a reunião de hoje é muito importante e você precisa estar presente - Meu pai falou sério

— Entendo, mas garanto que não chegarei atrasado - falei olhando-o - É importante

— O que seria tão importante? - ele perguntou se aproximando

— O pai de uma amiga faleceu e hoje será o enterro, gostaria de prestar meus sentimentos a ela e a família - expliquei - Conheço bem a dor de perder um familiar, sei o que ela está passando.

— A reunião está marcada para ás 10h30min - Meu pai falou me olhando

— O enterro será ás 9h - falei e meu pai suspirou

— Pode ir, desde que chegue no horário na empresa - ele falou me olhando

— Sim senhor - respondi e ele se virou saindo.

Me levantei indo para o quarto, abri o closet, peguei a camisa social branca, o paletó preto e a calça social e o sapato da mesma cor. Essa roupa serviria para o enterro e a reunião da empresa.

— Não entendo o porque seu pai quer tanto sua presença naquelas reuniões - Plagg falou enquanto eu me despia - Não entendo metade das coisas que falam lá.

— Ele quer que eu aprenda a cuidar dos negócios - falei abotoando a camisa - Quando eu fizer a faculdade de administração, irei assumir essa área da empresa.

— Espera, se vai cuidar da administração porque ele quis tanto que fosse modelo a maior parte da sua vida? - Plagg perguntou enquanto vestia a calça

— Acredito que era na esperança de que eu desenvolvesse o talento e estilista - falei fechando a calça - E como isso não aconteceu...

— Ele quer que administre a empresa - Plagg completou o raciocínio

— Exatamente - falei colocando o paletó, fui até a gaveta, peguei uma gravata azul escura e coloquei no bolso interno do paletó - Vamos, Plagg

Ele se escondeu no meu paletó e fomos em direção a saída. O Gorila já estava me aguardando no carro para irmos até o cemitério, já era 9h15mim quando cheguei lá. Vi um grupo de pessoas seguindo em silêncio, reconheci o Nino, a Alya, Marrinette e a Sra Dupain-Cheng, consegui me aproximar deles, quando chegamos Marinette me olhou e me olhou agradecida, ela parecia menos abalada que ontem, lágrimas rolavam dos seus olhos, mas não era o choro angustiado de antes. Quando chegamos ao local que iriam enterrar o Sr Dupain, os funcionários da funerária começou a descer o caixão lentamente, Marinette que já estava abraçada a mãe, recebeu o apoio da Alya que se aproximou fazendo um carinho nas costas da amiga tentando transmitir algum conforto.

Quando o caixão foi posto na cova, os funcionários esperavam olhando a Marinette e a Sra Dupain-Cheng darem o sinal para enterrar o caixão.

— Descanse em paz, meu Amor - a Senhora Dupain-Cheng falou com a voz embargada, Mari fechou os olhos deixando lágrimas um pouco mais grossas rolarem e a Senhora Dupain-Cheng assentiu pros funcionários que começaram a jogar cal sobre o caixão.

Quando colocaram a última pá de Cal, as pessoas se aproximaram para dar um abraço de conforto nelas e me afastei um pouco e observei o que acontecia. Um a um, foram saindo após falar com a Marinette e a mãe, restando apenas a Mari, a mãe, Alya, Nino e eu.

— Podem ir, alcanço vocês daqui a pouco - Marinette falou

A senhora Dupain-Cheng saiu acompanhada do Nino e Alya.

— Meus pêsames, Sra Dupain-Cheng - falei me aproximando deles

— Obrigada Adrien - ela falou dando um sorriso triste

Ela seguiu de braços dados com Alya, Nino apenas tocou meu ombro e seguiu as duas, respirei fundo e me aproximei da Marinette que continuava a encarar a lápide.

— Marinette? - a chamei me aproximando e vi que ela segurava uma rosa vermelha

— Oi - ela sussurrou sem desviar o olhar

— Vi como saiu da sala ontem. Como você tá? - perguntei

— Triste, mas vou consegui seguirem frente por ele - me surpreendi pela sinceridade em suas palavras e por não estar gaguejando como sempre faz

— Achei que estaria pior que ontem - falei e ela deu um sorriso triste e tocou a pulseira que dei quando estava como Chat Noir

— Provavelmente estaria, mas um amigo me disse que mais cedo ou mais tarde a dor vai embora, deixando a saudade no lugar - ela respondeu olhando a pulseira - E para acalmar a saudade sempre terei as lembranças do meu pai.

— Parece confiar muito nesse amigo - comentei intensamente feliz por ter ajudado

— Muito. Confiaria a minha vida a ele - ela falou de forma tão sincera que me surpreendeu, ela levou a rosa aos lábios depositando um beijo nas pétalas - Eu te amo. Adeus papai

Ela colocou a rosa sobre a lápide e começamos caminha devagar até a saída.

— O que vai fazer agora? - perguntei quebrando o silêncio que havia se formado

— Vou viver da forma que ele queria que eu vivesse - ela respondeu olhando pro chão - Ele dizia pra sempre lutar para realizar os meus sonhos e vou fazer isso.

— Tenho certeza que ele estaria orgulhoso de ouvir você falando assim - falei e ela deu um sorriso fechado

— Ele vai se orgulhar de mim, onde quer que ele esteja - ela falou quando estávamos chegando a porta do cemitério - Obrigada por ter vindo

— Não precisa agradecer, amigos são pra isso - falei e ela sorriu triste

— É... amigos são pra isso - ela repetiu e começou a se afastar - Até mais, Adrien

— Até - respondi e fui em direção ao carro que me esperava para me levar a empresa


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