Revezo o olhar entre o menino de 16 anos me encarando assustado e a faca enterrada até o cabo em mim e uma onda de fúria me invade. Quero matá-lo e vou fazê-lo. Ou pelo menos pensei que sim até ele desabar num choro alto sentando-se, encolhendo-se e tremendo inteiro enquanto repete:

— Eu não queria.

A banheira está toda suja de sangue assim como suas roupas, seus braços e embaixo das unhas, mas não estou sangrando.

Por que, diabos, tudo tem que ser tão confuso?

Sento-me vis-à-vis a ele. Já não quero mais matá-lo, só quero que o choro pare.